“Como cantaremos a canção do Senhor em terra estranha?” Sal 137;4
Os judeus cativos ouvindo pedidos dos caldeus que os escravizavam, para que cantassem os “Cânticos de Sião”; salmos de louvor ao Eterno. Então responderam como vimos acima. Estavam em terra estranha, sem motivos para cantar.
Quão estranha era aquela terra? Nos dias atuais, com os meios disponíveis, uma distância facilmente percorrível num dia de viagem. Com as estradas atuais, cerca de mil quilômetros de distância entre Jerusalém, e as ruínas de onde foi Babilônia, no atual Iraque.
Pelos caminhos da época, certamente a distância amentaria uns 20%, no mínimo; o que tornaria uns 1200 quilômetros.
Para a marcha de então, uma distância interminável! Esdras quando reconduziu o povo a marcha durou exatos quatro meses. “No primeiro dia do primeiro mês, foi o princípio da partida de Babilônia; no primeiro dia do quinto mês, chegou a Jerusalém, segundo a boa Mão do Seu Deus sobre Ele.” Ed 7;9
Uma marcha de 120 dias, andando em média dez quilômetros por dia. Onde estaríamos hoje, se estivéssemos a quatro meses de casa?
Aquele povo fora liberto do Egito sob a promessa da “Terra Prometida”; estar alienado dela significava juízo, consternação, dor, invés de motivos para cantar.
Na Antiga Aliança chamou Abrão, “Sai da tua terra e dentre tua parentela para uma terra que te mostrarei...” a Nova anunciada pelo Salvador mirou mais alto: “Arrependei-vos porque é chegado O Reino dos Céus.” Não mais uma terra a um povo específico, antes um reino a todos os povos, mediante conversão.
Antes, a comunhão com O Eterno poderia exibir vínculos geográficos; tipo, prosperar na terra da promessa sob a bênção do Eterno, ou padecer em terra estranha sob Seu juízo. Na Nova Aliança, a questão geográfica perdeu relevância.
Quando a mulher samaritana inquiriu sobre o lugar certo para adoração, se em Gerizim ou Jerusalém, Jesus foi categórico. “... Mulher, crê que a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis O Pai; ... os verdadeiros adoradores adorarão em espírito e verdade; porque O Pai procura tais, que assim O adorem.” Jo 4;21 e 23
O “endereço” da benção é adorar em espírito e verdade, qualquer alternativa que tiver digitais de mentira, ou da carne, será “terra estranha” a tolher os motivos para cantar.
Se dentro de nós, tudo estiver bem, nossa paz com Deus restabelecida em Cristo, preservada na obediência à Palavra, capacitados pelo Espírito Santo, mesmo que ao nosso redor tudo ameace ruir, ou mesmo venha a desmoronar, ainda poderemos louvar ao Eterno, em comunhão com Ele, como tinha com Adão, antes da queda.
Paulo e Silas estavam acorrentados no cárcere, em Filipos; mesmo sem os demais presos pedirem, os fizeram ouvir cantando louvores a Deus. O Eterno moveu-se por tal fidelidade, fez a terra tremer, e abriu a prisão em socorro dos Seus.
Não devemos confundir mercenários que fingem louvar, em demanda de metais, pois esses, mesmo em “terra estranha”, alienados do santo cantam mais que rouxinóis, com supostos louvores; os de Mamon nada têm com O Eterno. “Ninguém pode servir a dois senhores; porque, ou há de odiar um e amor outro, ou se dedicará a um e desprezará outro. Não podereis servir a Deus e a Mamon.” Mat 6;24
Os judeus escravos penduraram suas harpas nos salgueiros à beira do rio; se recusaram a cantar, por não ver motivo para isso. Pois, os cativos da mentira, da carnalidade, amor ao dinheiro fariam bem se também silenciassem, até receber a libertação que O Salvador propicia; “Isto é; Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a Palavra da reconciliação.” II Cor 5;19
Os louvores que os “Babilônios” aplaudiriam, não são os do Senhor.
Rodou o mundo no século passado a música “Rivers of Babilon” do grupo Boney M, inspirada nesse incidente. O mundo dançou e aplaudiu muito; Deus não foi louvado por isso. Os louvores Dele são exclusivos. “... o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.” Luc 16;15
O que fora impossível em terra estranha, se faz abominável em espírito estranho. Antes de se apressar a louvar, deve o pecador aprender a se lavar.
O salmo primeiro está no saltério como se fosse o porteiro da festa, onde mais 149 convidados viriam louvar a Deus. Ele explica aos “calouros” como devem se portar antes da apresentação: “... não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.” Sal 1;1
Sem esses cuidados indispensáveis, não importa a interpretação, letra ou melodia dos louvores; não passa de entretenimento raso para o vão aplauso dos babilônios.