terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Mecanicamente


“Como ajudaste aquele que não tinha força, sustentaste o braço que não tinha vigor! Como aconselhaste aquele que não tinha sabedoria, plenamente lhe fizeste saber a causa, como era! Para quem proferiste palavras? De quem é o espírito que saiu de ti?” Jó 26;2 a 4

Jó usou ironia sobre as inúteis falas de Bildade; ‘Foi muito válida tua ajuda, precioso teu conselho!’ Depois deu uma situada: “Para quem proferistes palavras?” Por fim, acusou ao pretenso sábio de estar repetindo falas alheias; “de quem é o espírito que saiu de ti?” Ou, a quem estás plagiando, copiastes de onde?

Sempre que o mote é “pensar” lembro o dito de Henri Ford: “Pensar é o trabalho mais duro que há; essa é, talvez, a razão pela qual tão poucos se dedicam a isso.” 

Não estaria eu plagiando-o? Se dissesse que as palavras são minhas; como cito-o, por me identificar com o conteúdo, apenas, somos consortes nisso.

A rotina mecânica e mecanicista, do que, apenas repete coisas sem se ater às múltiplas possibilidades do pensamento, ou da arte, foi chamada por Saint-Exupérry de “máquina de entortar homens”; e ele viveu no início do século XX; foi morto pelos alemães na segunda guerra mundial. Como sumiu num bombardeio aéreo contra os nazistas, a presunção que seu avião foi abatido pelo inimigos é razoável.

Se vivesse hoje veria a pujança da máquina de modo assustador. Não somos apenas mecanizados em processos produtivos como então; somos controlados por máquinas.

A cada instante uma mensagem invade meu fone dizendo quais vantagens ganhei, ou perdi; o que disponho em créditos; o que “ela sugere” que eu faça para obter vantagens mais.

Portanto, repetir um espírito alheio, como estaria fazendo o infeliz conselheiro seria coisa do passado; agora podemos repetir máquinas, obedecer comandos mecânicos. Embora, haja um espírito no sistema que as produz.

Abro meu Face e está lá a pergunta: “Em quê estás a pensar, Leonel?” Sim, me chama pelo nome como se fôssemos íntimos. Eventualmente me dá ordens: “Escreva algo para ...;” ou, “Hoje é aniversário de fulano(a) não esqueça de cumprimentá-lo(a).”

Cheia está a rede de joguinhos das máquinas que “sabem” quem fui ‘noutra vida’; qual o animal que me simboliza; (sempre um felino vivaz ou uma águia, nunca um burro ou uma preguiça) qual minha maior virtude; meu maior defeito; (geralmente ser bom demais) o que me acontecerá no ano novo; isso e muito mais da mesma estirpe;

numa centena de adulações que algum salafrário constrói e vende como se aquilo abarcasse ao universo de sete bilhões de pessoas ímpares que existem e tivesse algum nexo com a verdade. Pior, tem quem consulte e partilhe.
Vê-se de longe, o quanto o Henri Ford tinha razão.

Se voltarmos ao início da saga, ao Jardim do Éden, veremos duas árvores em destaque: A da ciência, vetada; a da Vida, sugestiva, franca. O primeiro casal, acossado pelo “profeta” da ocasião fez a má escolha.

Não que Deus seja contra o conhecimento, a ciência; antes, porque “Não há sabedoria, inteligência nem conselho contra o Senhor.” Prov 21;30 Tudo o que vai Contra Ele, não é sábio.

Assim, a ciência autônoma, independente avessa à Sua Vontade, acabou se tornando uma fraude, uma farsa; Contra essa, Paulo advertiu a Timóteo: “... guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos, profanos e oposições da falsamente chamada ciência.” I Tim 6;20

A ciência veraz procede do Senhor; é um dom do Seu Espírito; “A manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil. Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;” I Cor 12;7 e 8
Muitos obedecem máquinas e desdenham-nos por obedecermos Ao Senhor.

Seu hábito será útil ao inimigo, quando, por privado da Onipresença usará máquinas para ser adorado em todas as partes; “Foi-lhe concedido que desse espírito à imagem da besta, para que também a imagem falasse, e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da besta.” Apoc 13;15

Essa geração robotizada perdeu a noção. Muitos partilham porções bíblicas concomitantes com exibições, quase pornográficas; quando não, derivadas de crenças opostas aos ensinos bíblicos. Oportuna a pergunta de Jó: “De quem é o espírito que fala em ti?”

O Espírito Santo não partilha Seu templo com outro; “Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes?” Tg 4;5

As coisas profundas de Deus são para quem obedece; aos demais resta uma questão: “Que fazes tu em recitar Meus Estatutos, e tomar Minha Aliança na tua boca? Visto que odeias a correção...” Sal 50;16 e 17

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