quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

A Terra Sarada


“O Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela, da casa de teu pai, para a terra que Eu Te mostrarei.” Gen 12;1

Esse aspecto da fé que desafia a deixar o certo pelo “duvidoso” é seu traço mais marcante.

Os nãos, eram precisos; não mais “tua terra, tua parentela, nem a casa de teu pai...” o sim, ainda encoberto sob a cortina da confiança em Deus; “a terra que te mostrarei.”

De um modo simplista, o galardoado com o dom da fé abstrai-se à realidade e passa a andar segundo uma “utopia”. Na linguagem usada em Hebreus, fica “firme como que vendo, o invisível.”

Nesse prisma que o vero saber se traveste de “loucura” como definiu Paulo: “Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é O Poder de Deus... Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação... Porque a loucura de Deus é mais sábia que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte que os homens.” I Cor 1;18, 21 e 25

Quando do relato que Deus criou o homem do pó da terra, isso, para os céticos não passa de um “mito”. Contudo, analise-se a constituição dos nossos corpos; encontrão neles, água, ferro, cálcio, magnésio, zinco... todas substâncias encontráveis na terra. Assim, sem o “sopro de vida” que O Criador legou seremos meros amontoados de terra, o que os corpos se tornam, breves dias após a morte.

Desde a queda que “nossa terra” foi invadida por um elemento espúrio, o pecado; a harmonia, antes natural com O Criador se perdeu, dado o concurso dos desejos autônomos, a “terra” que antes fora boa, passou a produzir espinhos.

De outro modo; nossos corpos, antes inclinados à santidade e comunhão com O Eterno, passaram a ser reféns de novo “Senhor”, hospedeiros de vícios que antes desconheciam. 

Esses tinham sua fortaleza na vontade, faculdade da alma, cuja expressão escravizou os corpos.

Restou dentro de cada escravo um desejo impotente pelo caminho de antes, (a consciência) e servidão aos descaminho pecaminosos; de certo modo, o inimigo que nos levou a pecar “comprou nossa terra” uma vez morto nosso espírito; “Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado.” Rom 7;14

Não apenas nossa terra particular, (nosso corpo) com a submissão, toda a “Matrix” foi contaminada. “Maldita é a Terra por tua causa!” Disse O Criador a Adão, nosso pai.

Nossa alma morta-viva passou a adotar valores autônomos, pensamentos humanos com seus conceitos rasos, uma vez perdida a comunhão com A Luz, O Criador.

O Remédio a esse mal foi vaticinado por Isaías: “Deixe o ímpio o seu caminho, o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar. Porque Meus pensamentos não são os vossos; nem vossos caminhos os Meus, diz o Senhor.” Is 55;7 e 8

Como as almas residem em corpos, elas não podem migrar à salvação sem esses; então, a “chamada de Abrão” se repete para nós; “Sai da tua terra...” ou, “Negue a si mesmo...”

Dados esses dois passos, a mudança da mente autônoma para a submissa, e a negação dos apetites do corpo, (cruz) surge-nos então a “terra que te mostrarei” a doutrina que regenera, a salvação. O “Pródigo” volta pra casa; O Espírito nasce de novo.

“Mas, a todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome; os quais não nasceram do sangue, nem da carne, nem do homem, mas de Deus.” Jo 1;12 e 13

O novo nascimento da Água e do espírito converte medo em confiança, inimizade em reconciliação.

Invés de buscarmos uma moita para nos escondermos ante à Voz de Deus, como Adão, sentimos vontade de louvá-lo porque, finalmente Ele "Sarou nossa terra”.

Durante o cativeiro dos hebreus, os babilônios tendo solicitado que eles cantassem hinos eles recusaram; e o fizeram por um motivo: “Como cantaremos a canção do Senhor em terra estranha?” Sal 137;4

Se, para eles era impossível cantar alienados da terra natal, só quem foi regenerado pelo Eterno, na “Terra que nos mostrou”, a salvação, pode cantar com gratidão.

Os olhos da fé que veem o invisível têm bem claro o que Deus lhes fez: “Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs meus pés sobre uma rocha, firmou meus passos. E pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos verão, temerão e confiarão no Senhor.” Sal 40;2 e 3

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