segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

A Febre da Fama


"Tente ser uma pessoa de valor, não de sucesso" (Albert Einstein)

Há dois aspectos opostos que orbitam à palavra fama; um é saudável, cujo significado é reputação; a presunção do bom caráter à partir de um histórico conhecido; nesse caso, a fama é desejável. Salomão disse: “Melhor é a boa fama, (reputação) que o melhor unguento."

O outro é enfermiço, febril. A fama como renome, como objetivo a ser alcançado a qualquer custo. Do jeito que se nos apresenta hoje é inócua, amoral, quando não, imoral.

Quantos não se importam de parecer ridículos, para participarem dos “Realitys Shows” estilo BBB, cujo “talento” necessário é uma aparência “sarada” e habilidade para manipular pessoas fazendo intrigas!

Decorridos uns meses, os tais, passam a frequentar os sites de notícias sobre famosos, eventos etc. Sendo a maioria sem talento algum; apenas, “canonizado” pela santa mídia.
No primeiro caso a pessoa é conhecida por seus atos, ideias, relacionamentos; no segundo, mediante superexposição é guindada, apesar de faltar caráter, talento, ser obtusa, etc. Sua “qualidade” mais acentuada, é o fato de ter aparecido muito na Tela.

O Guiness Book, o livro dos recordes, está repleto de feitos que deixaram pessoas famosas, uns lícitos, a maioria, fraudulentos.

O que considero um Record honesto? Aquele que deriva da excelência no que se faz; é consequência da busca pela qualidade, não por fama.

Por exemplo: Lá consta que Pelé ao longo de sua carreira fez 1283 gols; um feito desses não tem como se buscar artificialmente. É preciso trabalhar em nível de excelência durante todo tempo, o que torna o tal, honroso.

Agora, se reunirem 300 alunos de uma escola de natação, chamarem juízes para cronometrar e baterem o recorde mundial de mais tempo ficarem nadando numa piscina, por exemplo, é de uma boçalidade titânica.

Cheio está o mundo de “Recordes” assim; o maior bolo de aniversário, o maior comedor de hot dogs, etc. 

Claro que qualquer pessoa honesta gostaria de ser reconhecida pelo talento, quando faz bem, alguma coisa; entretanto, nada faz para isso, senão buscar aprimorar os feitos, segundo seus dons.

Muitos dos grandes gênios da humanidade, só ficaram famosos após a morte; a fama não lhes fez falta alguma.

"A fama é para os homens como os cabelos - cresce depois da morte, quando já lhe é de pouca serventia." (Albert Einstein)

O problema da fama febril é que, certos que seus “cabelos” não vão crescer, os calvos fazem implantes; pessoas fúteis podem obtê-la; e aí, futilidades viram notícias.

Outro dia um site trazia a alimentação especial que certa “talentosa” usava para manter sua bunda; não sei como eu tinha vivido até agora sem saber disso.

A brasileira que vendeu a virgindade na Austrália, está sendo cogitada para posar na Playboy, afinal dado seu “talento” tornou-se uma celebridade; aquilo que deveria ser vergonhoso, virou escada para a fama. Como nos tornamos assim tão imbecis?

Tinha um quadro no SBT, se não me engano que se ocupava de buscar o que está “bombando” na Net; assim, foi chamada para se “apresentar” uma especialista em arrotos, pois, tinha milhões de acessos no Youtube.
Quantidade é o aferidor da qualidade do “artista”.

No filme, “Náufrago” com Tom Hanks, seu personagem ao mandar comprar um CD do Elvis disse: “Quarenta milhões de pessoas, não podem estar erradas”. Na hora me pareceu inteligente aquilo; mas, depois, pensando melhor, ele advogou quantidade como se fosse qualidade, se bem que Elvis era excelente cantor mesmo.

Todavia, outro dia li por aí uma frase sarcástica e didática sobre isso que dizia: “Coma merda, cem bilhões de moscas, não podem estar erradas.”

É o que nossa geração tem feito. Infelizmente, os tche tche re re tche tche, bará bará berê berê; le le le le, quero tchu quero tchá e assemelhados, estão na boca do povo, pois a “máquina de entortar homens” trabalha a todo vapor, vendendo suas “novidades” a cada semana; contrário ao dito que só mudam as moscas, aqui nem elas mudam.

Quando busco a excelência no que faço, estou respeitando os que serão atingidos por meus feitos e a mi mesmo; quando busco o renome a qualquer custo, recordes de plástico, a única coisa que importa é minha vaidade, que como o nome diz, não infrói nem diminói, é vã.

Suspeito que os poucos famosos dignos, nem se inflamem muito com isso; apenas, suportem.

Afinal, mais sábio que deixar os pés na calçada da fama, algo biodegradável, seria deixar alguma marca nas almas com as quais convivemos; pois, mesmo anônimos aos olhos do mundo, teremos pegadas nas ruas de ouro da eternidade.

“A grandeza foge de quem a persegue, e persegue a quem foge dela”. ( Prov Judaico )

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