domingo, 20 de dezembro de 2020

De hábitos e loucos


“O homem que, muitas vezes repreendido endurece a cerviz, de repente será destruído sem que haja remédio.” Prov 29;1

Uma síntese do que Deus dissera no início dos provérbios já; “Atentai para minha repreensão; pois, derramarei abundantemente do Meu Espírito e vos farei saber Minhas Palavras. Entretanto, porque clamei e recusastes; estendi Minha Mão e não houve quem desse atenção... Então clamarão a Mim, mas não responderei; de madrugada Me buscarão, porém, não acharão.” Cap 1;23, 24 e 28

Por essas e outras que a mensagem de salvação sempre é apresentada em “regime de urgência”; “... Se ouvirdes hoje Sua Voz, não endureçais vossos corações...” Heb 3;7 e 8 “Porque diz: Ouvi-te em tempo aceitável socorri-te no dia da salvação; eis aqui agora, o tempo aceitável, eis aqui agora, o dia da salvação.” II Cor 6;12

Ou seja: Reajam a ela na hora, pois, poderá chegar o tempo em que isso será impossível, como bem disse certo poeta: “Conheço muitos que não puderam quando queriam, porque não quiseram, quando podiam.”

Nem sempre confluem vontade e oportunidade; se esses rios se encontrarem no momento oportuno, dali em diante formarão um só curso para a salvação.

Quando O Salvador ofereceu libertação aos que permanecessem nas Suas Palavras, alguns objetaram: “Nunca servimos a ninguém.” Então, eram servos do pecado, do inimigo de Deus e dos romanos; mas, nem percebiam as coisas como eram.

"As cadeias do hábito são, em geral, pouco sólidas para serem sentidas, até que se tornem fortes demais para serem partidas."
Samuel Johnson

A rejeição ao Salvador não se pautou em lapsos intelectuais, como se Seus Ensinos fossem obscuros, imprecisos, difíceis de entender; antes, porque eram luz, e desafiavam a uma mudança de hábitos que eles se recusavam, preferiram seguir com suas algemas; “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20

Oferecer salvação mediante renúncias a quem deseja aprovação no erro sempre causará atrito, rejeição. Foi assim e ainda é.

Então, estar habituado ao pecado e à servidão, pode fazer parecer, eventual libertador, um enxerido que se mete em sua vida. O Salvador não se metia em vidas, antes, sabia que falava com mortos, aos quais desejava ressuscitar; “Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; os que a ouvirem viverão.” Jo 5;25

Hábitos, sejam virtuosos, sejam viciosos, não são coisas simples de se mudar. Demandam todo um processo lento de desabituação; não podem ser cambiados de chofre, como disse Mark Twain: “Você não se liberta de um hábito jogando-o pela janela; precisas tomá-lo pela mão, abrir a porta e descer com ele a escada, degrau por degrau.”

Que nojo quando vemos certos ministros propondo mudar tudo com uma “oração forte”. Forte é a paciência de Deus que não fulmina esses salafrários.

Se, salvação é dádiva imediata ao que se arrepende e confessa a Jesus Cristo, santificação é um processo lento; demanda desaprender paulatinamente os maus hábitos e aprender de Cristo; “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Ped 2;2

Hábito deriva de habitar; é um modo de ser que nos habita, de tal forma que para mudar isso precisamos fazê-lo “sair da casinha”. Não é um labor impossível, como fugir da sombra, que vai onde formos por estar “grudada”; mas parece-se um pouco. Daí a necessidade de se tomar a cruz todos os dias.

Pois, todo aquele que ousar andar rumo à conversão, necessariamente se fará um “fora da casinha” uma vez que, os hábitos maus recusando-se a sair, sairá ele; “Negue a si mesmo”.

Todo o verdadeiramente convertido padece certo grau de loucura; “Porque a Palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus... Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.” I Cor 1;18 e 21

Se, nos pareceu ousada a afirmação de Isaías que nem os loucos errariam o caminho, Is 35;8, Paulo foi além, dizendo que só os loucos acertariam. “Ninguém se engane. Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio.” I Cor 3;18

Portanto, às favas os maus hábitos, o “sempre foi assim”; Deus chama ao novo; Evangelho é a aglutinação aportuguesada de palavras gregas que significam, boas novas.

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