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segunda-feira, 25 de setembro de 2017

A Rapidez Lenta

“...eu irei como guia pouco a pouco, conforme o passo do gado que vai adiante de mim...” Gên 33;14

O temido encontro de Jacó com Esaú, onde os desejos de vingança desse tinham arrefecido já; encarou seu irmão em paz e o convidou para que fosse com ele, ao que o pastor demonstrou cuidado em não forçar a marcha do rebanho, dizendo que seguiria no ritmo do gado.

Embora tivessem a mesma idade, eram gêmeos, não é difícil imaginar que havia acentuadas diferenças físicas entre o pastor, de lenta locomoção e um caçador e guerreiro como Esaú acostumado a mover-se com agilidade. Seria como comparar um atleta com um executivo; óbvio que suas marchas eram diferentes.

Esaú liderava quatrocentos guerreiros; Jacó, rebanhos, mulheres e crianças.

Essa diferença figura, de certa forma, as discrepâncias entre nossos anseios e a realidade. Os sonhos são atléticos, “marombados,” velozes como Esaú; porém, a realidade é soturna, monótona, anda no passo de um gado moroso como a marcha de Jacó.

Contudo, na jornada espiritual não conta pontos quem chega primeiro; antes, quem atinge o alvo no tempo de Deus.


Nossas almas, malgrado, a promessa de vida eterna atuam como se tivessem pouco tempo; o anseio por felicidade, broto de uma raiz emocional, suplanta, não raro, a submissão ao processo necessário para nosso aperfeiçoamento, a escolha racional.

Noutras palavras: Não queremos nos preparar para as bênçãos; ansiamos que elas estejam preparadas para nós.

Pedro ensina que, “O Senhor não retarda Sua Promessa, ainda que muitos a têm por tardia”; assim, o mesmo fenômeno é visto de modo diferente por perspectivas diferentes. Para os discípulos era urgente que O Senhor fosse em socorro a Lázaro que estava enfermo; para Ele faltavam quatro dias ainda. Ante a visão humana, se ele morresse já era; para O Salvador era desejável que assim fosse; queria revelar O Poder de Deus sobre a morte.

Então, quando O Santo nos nega o “lógico” não o faz por ter deixado de nos amar; tem coisas melhores reservadas, para se manifestarem no devido tempo. “Porque eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz, não, de mal; para vos dar o fim que esperais. Então me invocareis, ireis, orareis a mim e vos ouvirei. Buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo vosso coração.” Jr 29;11 a 13

A coisa certa no tempo errado pode deixar de ser certa também. Imaginemos um remédio forte, tarja preta, que, deva ser tomado um comprimido por dia durante uma semana e o paciente resolva tomá-los todos de uma vez apressando o “tratamento”; o risco é morrer de overdose.

Assim, o Senhor me dar bens, antes de implantar em meu ser a devida têmpera para resistir aos riscos que o mau uso deles me traria; pode me fazer mais mal que bem, tal bênção. A Palavra é categórica: “A bênção do Senhor enriquece e não traz consigo dores.” Prov 10;22 “Por isso, o Senhor esperará, para ter misericórdia de vós; Ele se levantará para se compadecer de vós, porque o Senhor é um Deus de equidade; bem-aventurados todos os que nele esperam.” Is 30;18

Embora essas citações tenham lá seus liames contextuais, são nuances do trato de Deus com o homem; como Ele não muda, parece lícito e necessário relacionar isso a nós também.

Zacarias e Isabel, mesmo justos e honrados eram avançados em idade e sem filhos, coisa que na cultura hebraica era tido por opróbrio, vergonha, quando não, maldição. Entretanto, no tempo do Eterno lhes coube a honra de gerar o maior de todos os profetas, João Batista.

Quantas vezes seus corações frágeis como os nossos foram tentados a duvidar da Bondade Divina? Afinal, desejavam algo lícito, normal, um filho; contudo, seu desejo secava no deserto do tempo.

Porém, para O Senhor que tira água da rocha, fazer rios no deserto é coisa fácil. “Então os coxos saltarão como cervos, e a língua dos mudos cantará; porque águas arrebentarão no deserto e ribeiros no ermo. A terra seca se tornará em lagos, a terra sedenta em mananciais de águas; nas habitações em que jaziam os chacais haverá erva com canas e juncos.” Is 35;6 e 7

Então, invés de nossas orações serem meras reivindicações tentando abreviar o tempo de Deus, sejam, antes, pedidos de sabedoria para melhor haurirmos as lições que necessitamos nessa escola. Quanto mais rápido crescermos, mais nos aproximaremos dos bens que O Senhor reservou para nossos dias de adultos.

Um coração cordato, submisso, andando “no passo do gado” chega antes ao Objetivo Divino pra nós, a Estatura de Cristo, o “Manso e Humilde”. O Bom Pastor não busca por atletas, mas, ovelhas.