domingo, 13 de maio de 2018

Sabor de Sal

“Todas tuas ofertas de alimentos temperarás com sal; não deixarás faltar à tua oferta de alimentos o sal da aliança do teu Deus; em todas tuas ofertas oferecerás sal.” Lev 2;13

Naquela época sem energia elétrica, um dos poucos conservantes usados era o sal. A carne salgada pode resistir por muito tempo em condições de ser consumida; seu uso inibia a putrefação, processo célere em climas quentes, sobretudo.

Como os sacrifícios deveriam subir perante O Senhor em “cheiro suave”, Ele ordenou que se fizesse assim. Além disso, há um tipo profético apontando para “sacrifícios” futuros da Nova Aliança, onde, piedade, testemunho, constância e gravidade dos salvos foram figuradas usando o sal como parâmetro. “Vós sois o sal da terra; se, o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens.” Mat 5;13

Paulo aludiu à linguagem sadia esperável dos salvos usando a mesma figura: “Vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um.” Col 4;6

Infelizmente, muito da “piedade” humana é biodegradável; isto é: Não resiste à ação do tempo, nem, as adversidades que testam-na. Camões, o poeta disse: “A verdadeira afeição na longa ausência se comprova”. Aquele que É Amor, Deus, por certo não se contentará com algo que não seja vera afeição; correspondência real ao Seu Amor. Mas, como reagirá nosso sentimento em relação a Ele, em caso de demorada ausência? Seguirá conservado na redoma da constância, como se, carne temperada com sal, ou, apodrecerá indefeso ante o calor da provação?

Na Parábola do Semeador O Senhor figurou os meramente emotivos como sementes que caíram sobre pedras; presto nasceram e ao primeiro calor secaram. Como crianças que “desgostam” de um brinquedo assim que divisam outro diferente, se portam os que fazem calorosas profissões de fé em momentos de abalos emocionais e saem de fininho ao primeiro sinal de luta.

O exemplo de Jó, que, privado de todos os seus bens preservou sua integridade é o que O Santo espera dos Seus. Ele não permitiu aquilo tudo que Seu servo fiel sofreu por algum rasgo de sadismo em Seu Caráter Santo; antes, para desbancar falácias do inimigo e nos ensinar algo sobre a fé que Ele aprecia.

O Mesmo Senhor, aliás, depreciou nuances de “piedade” tão tênues, que comparou ao orvalho, o qual foge rápido com a chegada do sol; “Que te farei, ó Efraim? Que te farei, ó Judá? Porque a vossa benignidade é como a nuvem da manhã, como o orvalho da madrugada que cedo passa.” Os 6;4

Em Platão também encontramos algo interessante sobre o caráter; disse mais ou menos o que segue: “Quando alguém for considerado justo, virtuoso, lhe caberão elogios, louvores, aplausos; e, não saberemos se, o tal, é justo por amor à justiça, ou, aos louvores que recebe; Convém testá-lo numa situação em que todas essas coisas lhe sejam negadas; se, ainda seguir sendo justo ama a justiça”.

Pois, na caminhada com O Senhor somos desafiados a uma peregrinação entre adversários, e ainda levando nossas cruzes; não há aplausos, louvores, reconhecimento algum, enquanto, na Terra. Ainda há situações em que o Próprio Senhor parece se distanciar para infundir em nossas almas a preciosa têmpera da fé; “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor; firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10

Entretanto, há pregadores melosos, de um lado, outros, espancadores inchados na carnal compreensão, com ênfase doentia em usos e costumes pensando que falta de educação seja sal. Felizmente há saudáveis também, claro! Mas, a carne viva detesta sal; arde. “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus; não é sujeita à lei de Deus, nem, pode ser.” Rom 8;7

Devemos, os ministros, aprender com o exemplo de Davi que recusou-se a oferecer ao Senhor sacrifícios que não lhe custassem nada. Assim, antes de nos candidatarmos à fala, emprestarmos ouvidos apurados e submissos à Palavra de Deus; quem sai por aí espalhando mel ainda não aprendeu o valor do sal. Aquilo que cheira suave ao paladar natural se faz nauseabundo às Narinas de Deus.

Aplausos e facilidades terrenas onde deveria ser campo de batalha, não mostram que Deus alargou a porta, antes, que há ímpios usando verniz.

Quem ama a justiça faz réu a si mesmo todos os dias; policia-se revendo seus passos e busca perdão sempre que falha; pois, quando despertar no além anseia seu parecido com o Pai; “Quanto a mim, contemplarei tua face na justiça; me satisfarei da tua semelhança quando acordar.” Sal 17;15

sábado, 12 de maio de 2018

O Senhor é o Teu Pastor?

“Crescia a palavra de Deus; em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé.” Atos 6;7

Efervescência da Igreja recém nascida, que, contemplava logo ali, a vergonha do Calvário; mais perto ainda, a erupção de Pentecostes.

O componente emocional, devidamente direcionado ajuda na propagação da fé. Porém, esse mesmo fator, acometido da febre oportunista patrocinara imprudências dos que abdicavam das posses imaginando a volta iminente do Senhor. Quando essa não se verificou muitos estavam apostatando.

Se, durante o Ministério do Messias foram os religiosos a maior oposição, agora, “... grande parte dos sacerdotes obedecia à fé.” O que faz alguém migrar da condição de oponente a seguidor?

O Sinédrio via em Cristo uma ameaça ao seu poder; constrangiam às pessoas comuns dizendo que seriam expulsas das sinagogas se, dessem crédito ao Nazareno. A sede de poder, que, mesmo se fossem potáveis as águas de todos os oceanos não bastaria para curar essa doença humana ímpia.

As pessoas eram reféns, pois, “amavam mais a glória dos homens que a de Deus”. Sabemos que para amar algo, ou, alguém, necessitamos conhecer. A ação do Espírito Santo derramado em profusão sobre muitos, propiciou uma visão melhor do Senhor e ocasionou essa mudança interior. A coisa não se deu apenas entre o povo comum, já inclinado de antemão a certa simpatia pelo Salvador; eram da classe sacerdotal muitos dos convertidos.

Eles obedeciam à fé; um corpo doutrinário inda incipiente, mas, que demandava certa postura dos que pretendiam pertencer ao Senhor.

Hoje, muitos se perdem no barateamento da Graça, como se, coisas como obediência e disciplina fossem resíduos de legalismo.

O “Ministério do Espírito” possibilitado após o Bendito Resgate do Calvário é mais rigoroso em suas demandas que a Lei. Aquela requeria algo mais simples; pecou? Ofereça um sacrifício e está perdoado.
A Lei vetava matar; Cristo ordenou nem odiar; a Lei tolhia adulterar; O Senhor mandou sequer, cobiçar, etc. A diferença na Era da Graça é que o mesmo sacrifício é eficaz para todas as falhas, se, houver arrependimento e confissão.

Porém, a pureza demandada é muito mais que algo exterior. Para aquela “purificação” até sangue animal servia; entretanto, tivemos um salto na escala de santidade requerida; “Vindo Cristo, Sumo Sacerdote dos bens futuros, por maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação, nem por sangue de bodes e bezerros; mas, por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, e efetuou eterna redenção. Porque, se o sangue dos touros e bodes, a cinza de uma novilha esparzida sobre imundos, os santifica, quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu imaculado a Deus, purificará vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?” Heb 9;11 a 14

Impureza que nos permeia, obras mortas; o desafio é para que sirvamos ao Deus Vivo. Mesmo a fé, se não tiver obras será morta. A fé sadia enseja obediência naquilo que passamos a crer.

Entretanto, quando enfatizo obediência, nem de longe cogito da “Ungidolatria” que grassa, onde auto-proclamados líderes requerem obediência cega aos seus ensinos e mandingas, mesmo que afrontem à Sã Doutrina.

Quando dizemos: “O Senhor é O Meu Pastor”, pensamos na maioria das vezes num provedor de pastos verdes e águas tranquilas; Ele É. Entretanto, se perguntarmos em que consistem esses bens, a maioria dos “crentes” apontará para as coisas do ventre. As “Palavras de vida eterna” não precisamos receber do Senhor; o bispo A, apóstolo B, missionário C nos dizem o que devemos fazer; será?

Passou o tempo em que um homem ficava quarenta dias no monte para ouvir a Voz de Deus. Mesmo um texto como esse, de pouco mais de setecentas palavras é insuportável à maioria. Somos a geração manchete, vídeo; de preferência, vídeos engraçados. Enquanto rimos de tolices e nos empanturramos de cultura inútil deixamos de conhecer a Deus; aí, como poderemos amá-lo a ponto de obedecer?

Há espaço e tempo oportuno para todas as coisas; mas, se Deus não for prioridade para nós, não obedecemos à fé; enganamos a nós mesmos.

Sempre oportuno lembrar a exortação de Daniel a Belsazar, que gastara tempo com um monte de futilidades e nada, relativo à vida; Por isso a perdeu. “... deste louvores aos deuses de prata, de ouro, de bronze, de ferro, de madeira e pedra; que não vêem, não ouvem, nem sabem; mas, a Deus, em cuja mão está tua vida, de quem são todos os teus caminhos, a Ele não glorificaste.” Dn 5;23

É melhor ser um oponente sincero que um “seguidor” relapso; aqueles, se convencidos mudam; esses são convencidos demais para isso.

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Estás em paz com Deus?

“Em toda a angústia deles Ele (Deus) foi angustiado; o anjo da sua presença os salvou; pelo seu amor e sua compaixão, os remiu; os tomou e conduziu todos os dias da antiguidade. Mas, eles foram rebeldes, contristaram seu Espírito Santo; por isso se lhes tornou em inimigo; Ele mesmo pelejou contra eles.” Is 63;9 e 10

Dois aspectos interessantes: O Eterno, graciosamente se identificando com as necessidades do povo escolhido; e, esse, por sua rebeldia entristecendo ao Santo e ensejando a inimizade.

A relação afetiva com O Senhor, onde há, é sempre intensa; seja, nas provisões graciosas do Seu amor, seja, na oposição ferrenha que arde em Seu zelo, ao ser desprezado. Simplificando: Ou, somos amigos de Deus, ou, inimigos, não há meio termo.

Um pouco antes, mediante o mesmo profeta O Senhor dissera que, as aparentes restrições de Sua Força, eram, na verdade, traços da inimizade gerada pelas transgressões. “Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem, agravado Seu ouvido, para não poder ouvir. Mas, vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; vossos pecados encobrem o Seu rosto de vós, para que não vos ouça.” Cap 59;1 e 2

Por isso, o Evangelho é, antes de tudo, uma mensagem de reconciliação. A inimizade se estabelecera e estacionara; o amor Divino deu o primeiro passo; e que passo! “Eu vim para que tenham vida...”Jo 10;10 disse O Salvador.

A contrapartida esperada dos reconciliandos é que também eles, reconhecendo suas culpas, abdiquem da autonomia sugerida e caminhem em direção ao Salvador; tomem consigo Seu Jugo; “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para vossas almas.” Mat 11;28 e 29

Podemos inferir, sem forçar, pois, que a situação de inimizade com Deus traz cansaço psicológico aos seus agentes. Quantas doenças psicossomáticas, (que começam na alma e atingem ao corpo) tipo, estresse, pânico, depressão, podem ser oriundas de uma alma assim, cansada de navegar contra as ondas?

A Carta aos hebreus também sugere um descanso espiritual aos salvos; “Portanto, resta ainda um repouso para o povo de Deus. Porque aquele que entrou no seu repouso, ele próprio repousou de suas obras, como Deus das suas.” Heb 4;9 e 10

Embora pareça contraditório, uma vez que Jesus nos desafia a tomarmos Seu Jugo, a conversão nos livra de um peso esmagador; as consequências letais do pecado, no fim, e, temporalmente, à medida que tolhem a leveza das almas que teriam paz, se, alinhadas ao querer Divino. “Porque o meu fardo é leve, e o meu jugo suave”. Mat 11;30

Em suma, a rebelião gera inimizade com Deus; entristece-O, no caso daqueles que tinham um compromisso firmado; e a pretensa autonomia de definirmos por nós mesmo as noções de bem e mal nos coloca compulsoriamente a serviço do mal, da carne, do mundo, e do príncipe do mundo; a liberdade prometida se mostrou escravidão.

Sob o Jugo de Cristo, a cruz, a amizade se restabelece mediante os Méritos Dele; a paz outra vez nos é legada trazendo junto a leveza do descanso espiritual.

Assim, qualquer Evangelho cujo foco não priorize a reconciliação Divino-humana, por bonito, instigante que pareça é uma fraude. Jesus Cristo, O Senhor, não é Mediador entre emprego e desemprego; entre miséria e posses; entre subalterno e chefe, nem, entre cônjuges em desalinho; Sua Bendita presença pode fazer diferença nas soluções de muitas coisas como essas, mas, Sua Mediação que custou Seu Sangue, é entre o homem pecador e O Deus Santíssimo; “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem.” I Tim 2;5

O Evangelho sadio não é um apelo para melhorar de vida; antes, um desafio à reconciliação, para, enfim, ter vida. “Tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo e nos deu o ministério da reconciliação; isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; pôs em nós a palavra da reconciliação. Somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamo-vos da parte de Cristo que reconcilieis com Deus.” II Cor 5;18 a 20

Fazendo isso, o Amor Divino se identificará com nossas necessidades e angústias; passará conosco pela água e pelo fogo; senão, estaremos por nossa conta, mercê do assassino príncipe do mundo, em inimizade com O Santo.

“Homens restringem a verdade. Eles a escondem, eles não querem entendê-la por causa de sua inimizade contra Deus e seus desejos de viver livre de Sua regra.” Paul Washer

sábado, 5 de maio de 2018

O Limão da Dor

“Melhor é a mágoa que o riso, porque com a tristeza do rosto se faz melhor o coração.” Ecl 7;3

Notemos que a superioridade da mágoa não tem a ver com a coisa em si; mas, com o resultado que a tristeza produz. Melhora o coração.

Tendemos a ver a dor, invariavelmente, como, feitora de certo juízo, no rigor dos seus açoites. Contudo, nem sempre é assim. Em muitos casos é a ceifa do nosso plantio desastrado; mas, tem ainda a função profilática de prevenir dores maiores; didática, de modo a nos ensinar quão ditosos são os momentos sem ela; e, se, sua incidência pode melhorar nossos corações tem ainda certo ministério atinente à edificação.

Nos meus primeiros passos na vereda da fé muito ouvi de cristãos mais “experientes” a seguinte assertiva, sobre conversão: “Quem não vier pelo amor virá pela dor.” Abstraída a boa vontade dos que pensavam ser isso um estímulo à salvação, se, fosse verdade faria O Senhor um chantagista, cujos valores e ética não seriam superiores aos do Capeta. Não fosse a ignorância, pois, seria blasfêmia.

Primeiro que, salvação não é salvo conduto em relação à dor; antes, um desafio a nos identificarmos com o “Homem de Dores” tomando nossas cruzes. “No mundo tereis aflições...” “... sofre comigo...” “... os que piamente querem viver em Cristo padecerão perseguições...” etc. porções da Palavra que evidenciam o necessário concurso da dor na nossa saga.

Portanto, se a salvação fosse pra fugir da dor dessa vida, os que buscam os lenitivos eventuais e enganosos dos prazeres do pecado seriam “mais salvos”, que, os que sofrem as agruras da cruz.

Porém, A Palavra não tem em estima a esses, antes, denuncia-os: “Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo; cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre e a glória é para confusão deles que só pensam nas coisas terrenas.” Fp 3;18 e 19

Não é a caminhada, um lugar de ansiarmos comodismos; antes, uma empresa rumo à chegada. Daqueles “o fim é a perdição” disse Paulo. Não é o caminho, estritamente, que o aquilata em seu valor, mas, para onde conduz; pois, “Há caminhos que ao homem parecem direitos, mas, no fim se revelam caminhos de morte.”

Deus não se equipara ao homem sem noção que, tendo filhos rebeldes ignora isso e se incomoda com as rebeldias dos filhos do vizinho; antes, um Pai Zeloso que disciplina sim, aos filhos do Seu Amor. “Porque o Senhor corrige o que ama; açoita a qualquer que recebe por filho. Se, suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, não, filhos.” Heb 12;6 a 8

Notemos que a dor, nesse caso, não é para que um errante venha para o caminho da salvação, mas, para que um que já está no caminho e se porta mal, aprenda a devida seriedade de se invocar a Deus como Pai e ande como é digno da vocação de filho.

Não que os salvos sejam masoquistas indo ao encontro da dor, enquanto, os ímpios fogem dela; mas, são mais sábios, pois, entendem como necessário o concurso eventual das dores, num cenário de oposição a Deus, para serem tidos par dignos do lugar onde, enfim, “Deus enxugará toda a lágrima, não haverá mais morte nem dor.”

Na verdade, para amar é necessário conhecer; e, para conhecermos ao Senhor precisamos caminhar um tanto ao Seu lado; por melhores que sejamos somos maus; assim, nossa entrega inicial acontece porque Ele É Salvador, não, Senhor. Digo, há mais de amor próprio, certo egoísmo escapista, que O Santo tolera, em nossa anuência, que amor. Ele suporta isso, até que, andando consigo aprendamos amar a Si, Seu Caráter, Justiça e Santidade.

A suma é que, não vamos a Deus para fugir da dor; os fugitivos aceitam aos prazeres enganosos do pecado como casamata; tampouco, vamos por amor, antes, certo interesse. Depois que aprendemos, andando com O Senhor, e, que O Espírito Santo nos é dado, os primeiros traços de correspondência ao amor Divino surgem.

Dado que nos fez arbitrários, os caminhos do Senhor são consequentes, não, fatalistas. Os que arrostam valores eternos para fugir da dor agora tê-la-ão mais intensa na eternidade, como fruto desse plantio. Se, a dor, como vimos, pode melhorar nossos corações, e, são deles que fluem as fontes da vida, os homens sábios fazem desse “limão” uma limonada.

“O prazer não é um mal em si; mas, certos prazeres trazem mais dor do que felicidade.” Epicuro

domingo, 29 de abril de 2018

De onde vêm as decepções?

“Talvez as pessoas não me decepcionem. Talvez o problema seja eu, que espero muito delas.” Bob Marley

As decepções e suas causas. Estariam em nós, ou, nas pessoas? Eventualmente usamos um sinônimo; desilusão. Essa palavra, amiúde, sinaliza uma espécie de cura. Sendo a ilusão um engano, uma miragem aos olhos da alma, ser livre dela seria salutar. Entretanto, lamentamos as desilusões como se fossem perdas; nunca as vemos como feitoras de saúde psíquica. Noutras palavras: As desilusões não nos aliviam; pesam.

Parece que, para usar uma palavra da moda, não desapegamos de certo apego, mesmo que, os fatos demonstrem que era ele, doentio.

Facilmente me desiludo com as pessoas por atribuir a elas como preciosas coisas que são valiosas a mim. Mas, ao menor escrutínio de valores constato que, os bens que aquilato valiosos, nem sempre são assim ao apreço alheio.
Tipo; coerência; falar sempre a mesma coisa sobre determinado assunto; senão, expor o motivo da mudança; ou, honestidade intelectual; fazer concessões num debate respeitando aos fatos mais que as opiniões; mea culpa; a admissão do erro quando demonstrado de modo cabal sua incidência, etc.

Dizem que o diabo é mais perigoso por velho, que, por diabo. Quer dizer: Ao curso do tempo aprendemos um pouco, e, ao divisarmos em alguém esses lapsos morais desistimos de dar murros em ponta de faca. Simplificando: Não discutimos nem debatemos mais com gente desonesta.

Num pleito filosófico entre os gregos, por exemplo, um argumento bem posto era tido como um tijolo assentado e solidificado; não se mexia mais nele; antes, servia como tribunal de apelação, se, no curso do debate um fato novo contradissesse aquilo que, por ambos os litigantes fora tido como justo.

Se não fosse assim, “Sophia” se perderia na areia movediça das paixões. Há uma grande diferença entre buscar pela verdade e impor uma opinião. Aquela tem seu firme consórcio com os fatos; essa, apenas emerge fortuita dos pântanos inconstantes da índole particular.

Aí, aquele que tem uma mente filosófica atrelada às regras que a própria filosofia estabelece, caso tente debater com outrem que entra nos domínios do saber como moleque de tênis embarrados em sala limpa, sempre perderá; não o debate, que, sequer se estabelecerá, pois, um peso-pesado não lutaria contra um peso-pena; mas, perderá o seu tempo, sua paz, seus esforços em demonstrar luz ante uma toupeira.
Salomão ensinou: “Não respondas ao tolo segundo a sua estultícia; para que também não te faças semelhante a ele.” Prov 26;4 Para um pretenso sábio, nivelar a um tolo seria uma perda enorme.

Há casos de ignorância legítima, onde, dissipadas as brumas pelo conhecimento o litigante cresce junto conosco; suas objeções derivam das limitações do saber, que, uma vez ampliado deixam de existir. Também, outros em que a escuridão está em nós, e, à luz de outrem que vê mais longe precisamos abdicar de algumas “certezas”; e, ainda sermos gratos a quem nos libertou da insipiência pontual.

Assim, num gládio onde os oponentes são honestos, sempre haverá o risco de “ferroadas” para ambos; de a razão estar do outro lado, digo; entretanto, há a certeza que compensa enfrentar tais “abelhas” pelo seu sumo; o néctar do conhecimento.

Por outro lado, disputar com os desregrados amantes das opiniões, aqueles, seria como buscar mel entre marimbondos. As ferroadas estão garantidas e são mais dolorosas que as das abelhas; porém, de mel, nenhum sinal haverá.

Nas faltas em jogos de futebol se permite o recurso da barreira, um arranjo para dificultar o objetivo do adversário. Pois, um apaixonado, num debate não vê ao oponente como legítimo litigante; antes, adversário; e, o calor da paixão acaba sendo a barreira que dificulta, ou, impede o livre curso da luz.

É proverbial que o tonel vazio faz mais barulho que o cheio; igualmente, nos domínios do saber. Uma vez mais, Salomão, o sábio: “O homem prudente encobre o conhecimento, mas, o coração dos tolos proclama a estultícia.” Prov 12;23

A vida cada dia cunha suas lições em alto relevo para quem desejar aprender. Contudo, somos a geração vídeo; onde, tudo busca parecer; quase nada se importa em ser. Aí, mesmo as frases de conteúdo profundo que saltitam, nada mais são, que, “selfies” estudadas; caras, bocas e decotes da alma que quer parecer culta, invés de se esforçar para ser veraz.

Seria erro nosso impor às pessoas defeitos que não têm; ingênuo, presumi-las hospedeiras de qualidades que desconhecem.

Enfim, paixão é uma doença que todos padecem; uns, mais, outros, menos; a rigor, é fogo cujas chamas produzem calor sem o benefício da luz. E, como diz uma frase que circula por aí, chega uma hora na vida em que preferimos ter paz, a ter razão.

sábado, 28 de abril de 2018

Os "Teólogos" Comunistas

“No suor do teu rosto comerás o teu pão...” Gên 3;19

Alguns interpretam erroneamente, como se, o trabalho fosse punição por causa do pecado; não. Foi acrescida a dor, espinhos, cardos, consequências da maldição, mas, trabalho havia antes da queda.

Administrativo, intelectual; Adão deveria dominar sobre tudo e dera nome a todo ser vivente. Isso, em perfeita comunhão com Deus. A queda derivou de o homem aquiescer à sugestão maligna, dando uma espécie de brado de independência, autonomia.

Assim, disse O Criador, não sou mais responsável pela tua manutenção; peito n’água; faça por ti. “No suor do teu rosto comerás o teu pão.”

Onde há ociosidade concorre o vício também. Como seria se não houvesse trabalho? Na verdade o trabalho é uma bênção, tanto pela dignidade que confere aos seus frutos, quanto, pela têmpera que infunde nas almas.

Uns têm aversão a ele, sabemos; porém, disse Paulo: “Quem não quiser trabalhar, que não coma.”

Quando nos desafia a sermos solícitos com as demandas dos pobres O Senhor nos constrange ao amor; em momento algum Seu Reino autoriza que sejam cometidos ilícitos violando propriedades em favor de socorrer carências.

Essa balela de “justiça social” simplesmente inexiste. Tanto o rico quanto o pobre podem e devem ser justos perante Ele, pois, “a vida de cada um não consiste na abundância do que possui”; Seu conceito de justiça excede ao domínio de determinadas posses.

Quando desafiou ao jovem rico, apenas o ajudou a ver sua incoerência; onde estava seu coração; no entanto, jamais ensinou, ou, corroborou salvação mediante obras. “A Obra de Deus é essa: que creiais naquele que Ele enviou.” Disse.

Quando Tiago pontuou que a fé sem obras é morta ecoou justamente isso; dizemos crer em Deus que nos desafia ao amor; mas, não amamos; nossa fé está morta. Afinal, como disse o rabino Israel de Salant, “As necessidades materiais do teu próximo são tuas necessidades espirituais.”

Entretanto, segue sendo um desafio ao amor, fogo que só posso acender com minha lenha.

Alguns que pretendem defender ao “comunismo cristão” pontuam que no início da Igreja eles tinham tudo em comum. É vero. Vendiam suas propriedades e deitavam a soma aos pés dos apóstolos. Todavia, era espontâneo, nunca foi ordenado.

Ao avarento Ananias que mentiu a Pedro foi dito, de suas posses: Mesmo vendida estava em teu poder. Por que viestes mentir ao Espírito Santo? Era proprietário de seus bens; só, não tinha carta branca para mentir solenemente lançando pernicioso precedente sobre a Igreja iniciante.

Aquilo era precipitação; não derivou de uma geração que amou como nenhuma outra; antes, de um componente emocional que nem sempre é bom conselheiro. Permitiram o esvaziamento das posses pensando que O Senhor voltaria naqueles dias; passado o furor das emoções enganosas estavam apostatando. Numa carta enviada aos Hebreus foram desafiados à perseverança: “Não rejeiteis vossa confiança, que tem grande e avultado galardão. Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, possais alcançar a promessa.” Heb 10;35 e 36

Se, ao calor inicial das emoções vemos os crentes Hebreus doando seus bens em favor do bem comum, algum tempo adiante encontramos o apóstolo Paulo fazendo coleta nas igrejas da Ásia Menor em favor dos “Crentes pobres da Judeia”. O “liberalismo” daqueles acabou se revelando imprudência, invés de um gesto de amor.

Portanto, estão a anos-luz da Luz, os comunistas profanos que advogam a formação de quadrilha como meio de implementar o Reino de Deus na Terra. Primeiro, embora tenha reflexos sociais é espiritual, pessoal; Deus trata com cada um nos termos da Sua Palavra. Quem toma sua cruz, deveras, volta-se para as riquezas do alto, não comete ilícitos em busca de poder terreno.

Trágico é que tem umas bestas desse calibre que se dizem teólogos. A mula de Balaão sabe mais teologia que essas cavalgaduras do século 21.

Se, O Eterno faz sol e chuva descerem sobre justos e injustos, igualmente, faz frutificar o trabalho de ambos. O devido fruto do labor é a justiça eventual, até do injusto, que, num plano maior não liga para Deus.

Bens terrenos são meios de certo conforto e sobrevivência nesse vale de lágrimas; a reconciliação com O Criador é o alvo, pelo qual Cristo pagou tão alto preço.

Na verdade esses patifes usam o termo “Reino de Deus” como verniz para suas cobiças totalitárias; cordas douradas com as quais manipulam imbecilizados úteis.

Enfim, o acesso ao Reino não se oculta sob bandeiras, sejam do matiz que for; o Único Bem Alheio que somos instados a auferir é a Bendita Justiça de Cristo, que Ele imputa aos que tomam a cruz e submetem-se ao Seu Governo. Os demais servem a outro deus...

domingo, 22 de abril de 2018

Ouro de Tolo

“Não te fatigues para enriqueceres; não apliques nisso a tua sabedoria. Porventura fixarás os teus olhos naquilo que não é nada? porque certamente criará asas e voará ao céu como águia.” Prov 23;4 e 5

Dois pontos de vista antagônicos; a um, certas coisas, bens, parece ser riqueza; a outro soa como, nada. Infelizmente, muitos desavisados fazem má leitura dos meios acabam aquilatando-os como se fossem o fim.

Em suas horas de ginástica filosófica a imensa maioria diz preferir o ser, ao ter; entretanto, na hora da verdade, das escolhas escudadas pelos valores, as posses, os bens, enfim, o interesse imediato prevalece sobre os valores, antes, elogiados.

Certo é que os bens, circunstancialmente trazem conforto, e, até podem figurar nossa estrela no “Hall da fama” dos, erroneamente presumidos ricos. Entretanto, uma preciosidade de vigência eterna, como a vida, não pode ser apreciada à luz de um momento, como é nossa duração terrena, dada para que busquemos e reconciliemos com O Criador.

Sobre nossa relação com os bens efêmeros O Salvador ensinou: “Buscai primeiro O Reino de Deus e Sua Justiça; as demais coisas ( necessárias ) vos serão acrescentadas.” Mat 6;33

Quanto à riqueza perene, verdadeira, a Sabedoria dissera: “Aceitai a minha correção, não, a prata; o conhecimento, mais do que o ouro fino escolhido. Porque melhor é a sabedoria do que os rubis; tudo o que mais se deseja não se pode comparar com ela... Melhor é o meu fruto do que o ouro, do que o ouro refinado, os meus ganhos mais do que a prata escolhida. Faço andar pelo caminho da justiça, no meio das veredas do juízo. Para que faça herdar bens permanentes aos que me amam e eu encha os seus tesouros.” Prov 8;10 e 11, e 19 a 21

Mineradores inexperientes se alegram sem nada diante do que parece precioso, mas, a uma análise especialista, se revela vulgar; de igual modo, incautos superestimam o poder de compra do dinheiro; quando carecem riquezas que lhe escapa do alcance descobrem tardiamente quão pobres são.

O progredir, prosperar é a nossa inclinação natural; contudo, como diz o ditado, não se pode vestir um santo e desnudar outro. Ou seja: Prosperar num aspecto e se fazer miserável em outro.

É belo o crescer de alguém, quando, fruto do trabalho honesto. Nenhum tijolo de sua casa tem nada a dizer contra sua honra. Porém, quando o mesmo deriva de falcatruas, malversações, corrupção, roubo, etc. aquele amontoado reluzente que, o tal, presume ser riqueza é apenas um rol de testemunhas que patenteará sua miséria no Eterno Tribunal.

A Bíblia jamais disse que o dinheiro é um mal; apenas, que “O amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males.” Vemos que o problema não está nas coisas, mas, na valoração que o homem faz delas. O Amor é o mais belo dos sentimentos, base de toda a Lei de Deus. Entretanto, deve ser direcionado, primeiro, ao Senhor, depois, ao semelhante.

O amor pelas posses, pelo comodismo é um subproduto do excesso de amor próprio; é como se, uma faculdade que nos foi legada de berço, a capacidade de amar, errasse o rumo, o alvo.

Às vezes, inda nessa vida, a verdadeira riqueza consegue um tiquinho de nossa atenção; “Houve uma pequena cidade em que havia poucos homens, e veio contra ela um grande rei, e a cercou e levantou contra ela grandes baluartes; e encontrou-se nela um sábio pobre, que livrou aquela cidade pela sua sabedoria; ninguém se lembrava daquele pobre homem. Então disse eu: Melhor é a sabedoria do que a força...” Ecl 9;14 a 16

Aqui temos a prevalência da Sabedoria sobre o poder bélico, porém, sobre o dinheiro também prevalece; “Porque a sabedoria serve de defesa, como de defesa serve o dinheiro; mas, a excelência do conhecimento é que a sabedoria dá vida ao seu possuidor.” Ecl 7;12

Ocorre-me uma frase de Drummond: “Muitos pensam que os cofres dos bancos escondem riquezas; tem apenas dinheiro lá.”

Por fim, se do ponto de vista meramente filosófico, o amor ao dinheiro é já enfermiço, o que dizer das “Igrejas” que, de posse de todas as diretrizes da Sabedoria, A Palavra de Deus, usam a mesma para promover a enfermidade onde deveriam estimular à saúde? Ou, da outra que, por simpatia ao comunismo, invés de pregar a reconciliação do homem com Deus mediante O Evangelho, ensina o esbulho das alheias posses, como se, o Reino de Deus fosse estabelecido inda aqui, e por meios injustos?

São os cegos guiando a outros cegos; o excesso de bagagem impedirá o embarque de muitos, pois, ocuparam-se prioritariamente disso, quando, deveriam ter se ocupado, sobretudo, de “comprar” a passagem.