“Todo
o homem é embrutecido no seu conhecimento; envergonha-se todo o fundidor da sua
imagem; porque sua imagem fundida é mentira, nelas não há espírito. Vaidade é;
obra de enganos: no tempo da sua visitação virá a perecer.” Jr 10; 14 e 15
Aquele, cujo projeto foi: “...Façamos o homem à
nossa imagem, conforme a nossa semelhança;...” Gên 1; 26 agora aparece fazendo
suas próprias imagens, refém da mentirosa promessa: “Sereis como Deus”. O
ateísmo é uma doença moderna, dos últimos duzentos anos; outrora, um que
cogitasse a inexistência de Deus era mero tolo, desprezível. “Disse o néscio no
seu coração: Não há Deus...” Sal 14; 1
A ideia original do inimigo era o
politeísmo; melhor: Propondo a deidade aos humanos, queria ser obedecido em
lugar de Deus, dado que a divindade humana seria falsa. Queria ser Deus também,
em igualdade com o Eterno; “Tu dizias no teu coração: subirei ao céu, acima das estrelas de Deus
exaltarei o meu trono, no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte.
Subirei sobre as alturas das nuvens, serei semelhante ao Altíssimo.” Is 14; 13
e 14 O primeiro ídolo “esculpido” foi a imagem de satanás pensando-se Deus.
A
autonomia que ele propôs ao homem se revela falsa na própria confecção de
imagens. Se, o homem fosse mesmo como Deus, por que careceria de uma imagem de
culto, a quem recorrer em horas difíceis? Embora rica a imaginação que o
Próprio Criador nos deu, tais frutos são classificados como, vaidade, obras de
engano nas quais não há espírito. Pois, o homem original recebera o Espírito.
Esse era o “espelho” onde a “Imagem de Deus” poderia ser vista. A morte imediata
à queda foi aí. O homem seguiu vivendo no plano natural, mas, fadado à morte
física e desde então, morto espiritual. Desse modo, as imagens que passou a
forjar, não poderiam ser diferentes dele. Vãs, mentirosas, sem espírito.
Nos
salmos, aliás, se amaldiçoa aos idólatras nesses termos; “Os ídolos deles são
prata e ouro, obra das mãos dos homens. Têm boca, mas, não falam; olhos, mas,
não vêem. Ouvidos, mas, não ouvem; narizes, mas, não cheiram. Mãos, mas, não
apalpam; pés, mas, não andam; nem som algum sai da sua garganta. “A eles se
tornem semelhantes, os que os fazem, assim como todos os que neles confiam.”
Sal 115; 4 a 8
Para consertar o erro onde o homem foi instigado a ser o que não
é, O Salvador teve que, por um momento, agir como não sendo o que É. “Sendo em
forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas, esvaziou a si mesmo, tomando a forma de servo,
fazendo-se semelhante aos homens;” Fp 2; 6 e 7 Vemos que, para O Santo ficar
semelhante a nós teve que descer; desse modo se entende a queda. Sair de um
lugar de pureza, justiça, verdade, paz, vida eterna; para um plano de mentira, vaidade,
engano, morte.
Isso se deu por ter o homem adotado para si as palavras do
inimigo; o reparo Divino começa aí; abdicar de nossas errôneas concepções, imaginações vãs, em prol da Palavra de Deus. “Deixe
o ímpio o seu caminho, o homem maligno
os seus pensamentos, se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para
o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar. “Porque, meus pensamentos não são
os vossos pensamentos, nem, vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor.” Is
55; 7 e 8
Assim, a conversão não é um ajuste entre ideias humanas e Divinas, uma
busca de pontos de contato com eventuais religiões terrenas, antes, uma ruptura
radical. A queda nos deixou “presos na mina” como os mineiros do Chile.
Precisaram escavar 700 metros para resgatá-los.
Nossa queda nos afundou bem
mais. “Porque assim como os céus são mais altos do
que a terra, são os meus caminhos mais altos do que vossos caminhos; os meus
pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.” Is 55; 9
Não importa nossa
habilidade de escultores, tampouco, se nossas imagens são ídolos, literalmente,
ou, “esculpimos” religiões, filosofias, culturas, ações humanitárias, etc.
Ainda que possa haver proveito temporal,
horizontal, o lapso seguirá, exceto, se encontrarmos o novo nascimento em Cristo.
“O qual, sendo o resplendor da sua glória, a expressa imagem da sua
pessoa; sustentando todas as coisas pela
palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos
pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas;” Heb 1; 3
Platão
denunciou, no Mito da Caverna, aos que tinham sombras por realidade; o homem
caído, via engano tem uma imagem muito boa de sua “mina”; detesta que lhes
apareçam imperfeições. Mas, só iluminado
poderá receber a cura.