terça-feira, 30 de setembro de 2025

Tempo de misericórdia

 

“As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque Suas misericórdias não têm fim; novas são cada manhã...” Lam 3;22 e 23

Jeremias apresentou essa qualidade Divina como natural. Como o nascer do sol, a novidade que se repete cada manhã. Não estava aludindo a um modo de agir de Deus; antes, a uma nuance do Divino Ser. Deus é misericordioso sempre. Até quando castiga.

Habacuque, antevendo uma severa situação de juízo, orou nesses termos: “... na Tua ira lembra-te da misericórdia.” Hac 3;2

A Palavra não apresenta a ira como parte da Divindade. Os movimentos emocionais do Santo são bem estabelecidos, em face dos motivos que os despertam; “Tu amas a justiça e odeias a impiedade...” sal 45;7

Invés duma repetição cíclica, como apresentou a misericórdia, a manifestação da ira espera por um dia específico. Advertiu Paulo aos que viviam impiamente; “Segundo tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus;” Rom 2;5

Embora, pontualmente, a ira Santa acenda todos os dias, por causa de resiliência humana na maldade, “Deus é Juiz Justo, um Deus que se ira todos os dias.” Sal 7;11 Nessas situações, lembra-se da misericórdia, como orou Habacuque; age em longanimidade; embora, o ímpio entenda mal esse rasgo da misericórdia que espera por eventual arrependimento e mudança; dele abusa em prejuízo próprio. “Porquanto não se executa logo o juízo sobre a má obra, o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para fazer o mal.” Ecl 8;11

Quando Jeremias escreveu assegurando da Divina misericórdia que se renova diariamente, o fez num cenário de total devastação da cidade e do templo. Jerusalém se encontrava em ruínas; passeando sôfrego entre elas, o profeta das lágrimas ainda conseguia ver nuances da bondade Divina. Ele estava vivo, apesar de tudo e a grande maioria do povo, também; embora tivessem sido levados cativos para Babilônia.

Poderia ser pior, pensou; poderíamos ter sidos destruídos, mas a Divina graça não permitiu. “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos...”

O mesmo Jeremias fora instrumento de reiteradas mensagens exortando ao arrependimento, para que o juízo que então se ameçava, não fosse necessário. Quando cansara de falar à “raia miúda” não sendo ouvido, decidiu buscar pelos líderes, esperando que com esses fosse diferente, mas se decepcionara; “... estes são pobres; são loucos, pois, não sabem o caminho do Senhor, nem o juízo do seu Deus. Irei aos grandes, e falarei com eles; porque eles sabem o caminho do Senhor, o juízo do seu Deus; mas estes juntamente quebraram o jugo, romperam as ataduras.” Cap 5, vs 4 e 5

Ninguém melhor que ele sabia, que o juízo ainda tinha saído barato, poupando a um povo tão rebelde da destruição, e deixando uma janela futura aberta para a vindoura restauração.

Em geral, costumamos ver a Bondade Divina quando as coisas acontecem conforme desejamos; no entanto, mesmo em momentos adversos, Deus não muda Seu Ser. Até nesses nos abençoa, como ensina Paulo: “Sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo Seu propósito.” Rom 8;28

Eventualmente, O Eterno acena com Sua Ira, para que consideremos quão grave é o pecado, e dele nos apartemos, como se deu em Nínive nos dias de Jonas. O Senhor enviara dura mensagem de juízo; dado o arrependimento e mudança dos ninivitas, tratou-os em misericórdia.

Somos chamados em Cristo a sermos também misericordiosos para com aqueles que falharam conosco e se arrependeram; como disse Tiago: “Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa do juízo.” Tg 2;13

No nosso caso a misericórdia não é parte do nosso ser; em geral somos vingativos; mas é um aprendizado que carecemos adquirir.

A bondade Divina sempre terá um espaço acolhedor para quem reconhecer suas falhas, se arrepender e buscar perdão. 

Misericórdia, pois, não é licença para pecar; antes, leniência gratuita para quem pecou e se arrependeu. Demanda uma mudança de atitude como testemunha de que o arrependimento é veraz; “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque os Meus pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos os Meus, diz o Senhor.” Is 55.7 e 8

“Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia”. Mat 5;7 Se, é vero que a misericórdia Divina se renova diariamente, também é, que, estará de férias no dia do juízo. “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.” Is 55;6

O discurso grave do amor


“Porque teus inimigos fazem tumulto, os que te odeiam levantaram a cabeça. Tomaram astuto conselho contra Teu povo; consultaram contra os Teus escondidos. Disseram: Vinde e desarraiguemo-los para que não sejam nação, nem haja mais memória do nome de Israel.” Sal 83;2 a 4

Grassam denúncias contra os tais “discursos de ódio”, que seriam feitos pelos cristãos. A simples defesa do que acreditamos, e a aversão a determinadas posturas contrárias ao ensino da Palavra de Deus, seria nosso “ódio”, que, disseminaríamos contra os que pensam diferente. A divergência, presto é adjetivada como intolerância, violência; será mesmo assim?

Acima, temos uma breve demonstração do ódio das nações vizinhas ao povo de Israel. Invés de um compilado de discursos discordando desse ou daquele ponto, os que os odiavam apregoavam sua destruição. “... desarraiguemo-los para que não sejam nação...”

Além do ódio como “motor”, tinham a pilhagem dos bens, como segundo motivo; “... Tomemos para nós as casas de Deus em possessão.” V 12

Muito do que se camufla em ideologia, filosofia, fé, tem as posses como real motivo, vergonhosamente.

Há poucos dias o conservador Charlie Kirk foi assassinado, como todos sabem, em Utah, USA; ele seria um difusor de tais discursos. Sempre se dispôs ao debate com quer que fosse; ateu, feminista, gay, islâmico... tolerava toda sorte de discordâncias; muitas, ofensivas, até, sem nunca ofender; apenas discordava, ancorado em sua fé.

Inegável que alguns dos seus oponentes acabavam envergonhados nos debates, não porque esse fosse o objetivo de Charlie; antes, porque defendendo posições insustentáveis, eventualmente, suas incongruências é que os colocavam em maus lençóis, não, eventual ódio de quem os confrontava.

Desconheço um cristão genuíno que pregue a extinção de quem quer que seja. Discordar de uma postura e avisar disso abertamente, por crer que ela induz seu praticante à perdição, é uma eloquente forma de amor. Acaso um pai, quando atua visando afastar um filho das drogas, o faz por ódio? Não é justamente seu amor paterno que o leva a confrontar as escolhas do filho, e na medida do possível dissuadi-lo?

Os que supostamente combatem tais discursos, usam qual antídoto? Perguntemos a um estudante primário, qual o oposto do ódio; certamente apontará seu dedo para o amor. É assim que os que discordam dos conservadores os têm confrontado? Tivemos atentado contra Bolsonaro, Trump, Charlie Kirk... todos intentando ceifar as vidas; o último, conseguiram.

Não parece uma maneira estúpida de combater ao ódio? Na ONU, Lula, em seu discurso exortou à necessidade do “multilateralismo”; pois, quando Netanyahu subiu a falar representando Israel, nossa delegação e de todos os países igualmente “amorosos” saíram do ambiente para não ouvir ao premiê israelense. Quem se mostrou intolerante e avesso ao diálogo multilateral?

Odiar ao povo escolhido por Deus nunca foi uma opção sábia; ao patriarca Abraão, quando o chamou, O Eterno prometeu: “Abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra.” Gn 12;3

Isso não significa, necessariamente, concordarmos com tudo o que Israel faz. Agora, nos alinharmos a terroristas, comprarmos sem análise às narrativas fajutas de uma mídia majoritariamente dominada pelos globalistas amorais, seria insano.

A ONU surgiu de um pacto internacional após a segunda guerra mundial, visando justamente tolher a existência de genocídios como o infringido contra os judeus, então; como se tornou um antro de intolerância e caixa de ressonância de posturas indignas, contra aquele povo?

Na verdade, esse é o grande “mal” que o conservadorismo faz a um mundo de valores voláteis, que se movem nas asas dos interesses. Nós continuamos a chamar às coisas pelos seus nomes, a despeito das narrativas convenientes dos que não as querem mais, daquele modo.

O Salvador ensinou o motivo pelo qual alguns querem distância Dele: “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20

Como esses escolheram agir de modo réprobo, precisam redefinir às coisas para soem palatáveis; então, “... ao mal chamam, bem; ao bem, mal; fazem das trevas, luz; da luz, trevas; fazem do amargo, doce; e do doce, amargo!” Is 5;20

Como nos recusamos a adotar suas inovações, afinal, somos conservadores, nossa resiliência em defesa da verdade é redefinida como ódio. Ao bem, chamam, mal.

Respeitamos todas as escolhas, mesmo discordando frontalmente. Apenas, queremos o direito, o mesmo que oferecemos a todos, de expressar livremente nossa visão de mundo. Nosso discurso certamente traz um contraponto; jamais, ódio.

Temos compromisso com O Santo, vetando que nos amoldemos às rasteiras conveniências humanas. Afinal, “O que justifica o ímpio, e o que condena o justo, tanto um quanto outro, são abomináveis ao Senhor.” Prov 7;15

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Tens referências?


“Vendo todos os homens de Israel, que estavam no vale, que haviam fugido, que Saul e seus filhos eram mortos, deixaram suas cidades e fugiram; então vieram os filisteus e habitaram nelas.” I Cron 10;7

Ante a morte de Saul e seus filhos, o povo debandou. Impossível exagerar a importância de se ter bons referenciais. Quando aqueles que estão em posição de destaque capitulam, os que neles punham o olhar como exemplos de lideranças, quedam “órfãos”, e não raro, abandonam o caminho.

Tomemos como exemplo o filho pródigo: Deixou a solidez dum viver centrado e próspero, para se aventurar em demanda de prazeres venais. Quando essa temeridade lhe apresentou a conta, se viu sem posses nem amigos. Na humilhação entre porcos, lhe ocorreu um possível refúgio; voltar arrependido à casa paterna.

Como seria se, invés de ter perseverado na constância de um viver sóbrio, seu pai e o irmão também tivesses escolhido a insanidade? Tudo estaria perdido; eventual arrependido sequer teria para onde voltar. Assim, os que permanecem fiéis, mesmo em momentos de dificuldade, naturalmente se fazem referenciais, para outros que capitulam à sedução das tentações.

No caso de Saul e seus filhos eram referências de um reino terreno; mesmo assim, sua derrota dispersou aos que os seguiam; tal sina, figura de modo bem didático o que ocorre com muitos trânsfugas, em relação ao Reino de Deus. Vendo lideranças caírem, também abandonam à fé. Caídos os referenciais, caem os que os tinham como exemplos.

Aqueles, “... deixaram suas cidades e fugiram; então vieram os filisteus e habitaram nelas.”

Se fosse viável uma neutralidade enquanto a fé fraqueja... Não é possível deixar o crer em “stand by”, enquanto avaliamos nossas conveniências sobre seguir obedecendo, ou, apostatar. Nossas “casas” serão ocupadas por outros.

Ao menor sinal do fraquejar, presto surgirão muitos “filisteus” para habitar onde outrora habitou uma alma salva, consorte de salutar confissão de fé. Nossa ausência na vereda da virtude, acabará nos arrastando ao caminho largo dos vícios.

Como naquela saga literal, o abandono das cidades foi um convite aos inimigos para que se apossassem delas. Assim, nossa apostasia será um sinal vermelho ao inimigo, (essa é a cor do seu, ‘siga’) para que usurpe os valores das nossas almas, levando junto a paz e a segurança de quem repousara em Cristo.

Na verdade, a escolha de Saul como guia fora uma decisão rebelde do povo; a pretexto de “aliviar” o peso dos anos a Samuel, e evitar a má índole dos seus filhos, acabaram rejeitando ao Eterno, na pessoa do profeta.

O homem consequente sabe que todas as ações trarão seu fruto. Pelo menos, deveria saber. Nossa limitação ao imanente, ao que está diante dos olhos, “patrocina” temeridades, como se soubéssemos o que há de vir. O conselho bíblico é categórico: “Confia no Senhor de todo teu coração; não te estribes no teu próprio entendimento.” Prov 3;5

Talvez, se pudessem antever ao rei desobediente morrendo em combate junto aos filhos, e aqueles imitadores das nações vizinhas não tivessem sido tão enfáticos em seus desejos por um rei. “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são caminhos da morte.” Prov 14;12

Embora a fé tenha seu consórcio firmado com o ouvir, eventualmente, o que vemos também concorre; seja, para estímulo, seja, para arrefecimento da nossa vida espiritual.

Aquele cristão de bom porte, inevitavelmente será visto pelos do seu convívio. O que passou por uma transformação drástica na conversão, será uma mensagem viva a convencer quem vir, seu antes e depois de Cisto; “Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs meus pés sobre uma rocha, firmou os meus passos. Pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos o verão, temerão e confiarão no Senhor.” Sal 40;2 e 3

Tanto podemos ser referências, quanto, carecemos de bons referenciais. Quem andou menos que nós nesse caminho, por certo pode aprender algo observando nossos passos, dado que esses estão firmados no Senhor; o que já tem maiores experiências que nós, emprestará seu exemplo e nos será um lumiar, como um selo de qualidade, pelo probo viver.

Infelizmente para efeito de vitrines, os escândalos se mostram mais buscados que os bons exemplos. Não nos enganemos, contudo; há muitos que nos observam e tem nossa firmeza como avalista das suas. Se caíssemos lhes faríamos mal, também.

Mesmo aos que nos observam num sentido negativo, desejando nossa queda para darmos “razão” aos seus descaminhos, até a esses, eventual viver probo fala de modo eloquente, como prescreveu O Salvador. “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5;16

Mortos; de preguiça


“... levou-o para fora da aldeia...” Mc 8;23 “Não entres na aldeia, nem o digas a ninguém na aldeia.” Mc 8;26


Jesus Cristo curando a um cego em Bestaida. Por alguma razão, O Senhor não o queria naquela vila. Quando estava cego, tomou-o pela mão é o retirou para fora; uma vez curado, ordenou-lhe que para lá não voltasse.

Malgrado, a Divina onipresença, há ambientes impróprios para a Obra de Deus. O Salmo primeiro alista algumas inconveniências: “Bem aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.” Sal 1;1

Evitar estas coisas não é presunção; antes, profilaxia da alma.

Quando cegos espirituais, carecemos ser conduzidos “pela mão”, dada a nossa condição. Todavia, O Salvador nos cura, e chama a andarmos segundo Sua Palavra, sem necessidade de maiores estímulos. Se Ele não nos quer no mundo, basta que nos diga: "Não
 entres na aldeia”. A responsabilidade de ouvir, é nossa.

Os que, tendo conhecido ao Senhor e sido por Ele iluminados, ainda carecem ser levados para lá e para cá, se mostram relapsos em conhecer, à Divina Palavra. Pois, depois de arrolar aquelas inconveniências, o mesmo contexto nos prescreve o que convém: “Antes, tem seu prazer na Lei do Senhor; na sua lei medita de dia e de noite.” Sal 1;2

Os que se mostram negligentes nisso, se tornam presas fáceis de “profetas” que apresentam suas doenças travestidas de “revelações”. Há poucos dias, tivemos um desses na África do Sul, que marcou a volta de Jesus para 24 de setembro. Pior que isso, foi que multidões acreditaram no doidivanas. Um vendeu tudo, dando aos pobres; foi entrevistado depressivo, sem saber o que fazer da vida.

Tivesse atentado à Palavra do Senhor, teria cruzado com textos bem claros: “... Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo Seu Próprio Poder.” Atos 1;7 ou, “Porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite;” I Tess 5;2 etc.

Acaso o ladrão avisa a data em que irá à casa de alguém? Vem de surpresa, leva o que de valioso encontra e só se percebe seu feito, depois. Assim será a volta do Senhor. Mas, os que preferem andar “pela mão” de terceiros invés de investigarem por si mesmos à Palavra, sabem a quem culpar, quando forem enganados pelas doenças alheias.

A negligência quanto ao conhecimento da Palavra da Vida produz enorme dano. “Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar os primeiros rudimentos das Palavras de Deus; vos haveis feito tais que necessitais de leite, não de sólido mantimento.” Heb 5;12

Os que se dedicam a andar na luz, e buscam por mais dessa, para suprir seus lapsos, serão recompensados com o necessário discernimento que os livrará da sanha dos enganadores. “Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto, o mal.” Heb 5;14

A ignorância voluntária sobre O Deus vivo, custou caro ao rei Belsazar: “E tu, Belsazar, que és seu filho, não humilhaste teu coração, ainda que soubeste tudo isto.” Dn 5;22 Soubera de tudo o que Deus fizera ao arrogante Nabucodonosor, seu pai, e nada aprendera daquilo.

O efeito colateral mais danoso a quem se omite no conhecimento de Deus, é que acaba “conhecendo” em Seu lugar um monte de futilidades que de nada valem nas horas de amargura. “... deste louvores aos deuses de prata, ouro, bronze, ferro, madeira e de pedra; que não veem, não ouvem, nem sabem; mas a Deus, em cuja Mão está tua vida, de quem são todos os teus caminhos, a Ele não glorificaste.” V 23

Um intérprete idôneo das Escrituras é um profeta ministerial que Deus usa como difusor da Sua luz. Os que, invés disso, que dá trabalho, preferem sair contando o que “Deus lhes mostra”, nada mais evidenciam que sua nudez preguiçosa atinente aos valores espirituais. “Mas, se estivessem no Meu conselho, então teriam feito Meu povo ouvir as Minhas palavras; o teriam feito voltar do seu mau caminho e da maldade das suas ações.” Jr 23;22

Interessante que na cura do cego, O Salvador passou saliva em seus olhos. Gesto simbólico evidenciando que nossa cegueira deve ser curada à partir do que sai da Sua Boca.

Alguns preferem permanecer cegos achando melhor esmolar que trabalhar. Invés de estudarem à Palavra de Deus, correm após “profetas” que não valem nada. “Vai ter com a formiga, ó preguiçoso; olha para seus caminhos e sê sábio.” Prov 6;6

domingo, 28 de setembro de 2025

O desejo dos justos


“Aquilo que o perverso teme sobrevirá a ele, mas o desejo dos justos será concedido.” Prov 10;24

O temor do perverso lhe sobrevirá, não porque temer seja ocasionar, como advogam alguns; antes, porque a íntima distinção entre bem e mal, adverte das más ações; dá origem ao temor, relativo às consequências. 

Numa cidade em guerra, sujeita a bombardeios aéreos, ao ouvir a sirene as pessoas buscam abrigo. Assim, os ímpios ao escutarem as consciências advertindo dos maus passos, também fogem.

Agir de modo injusto e acreditar que não terá um retorno é estúpido; até, no rasteiro ambiente da justiça humana. “... se fizeres o mal, teme, pois, (a autoridade) não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, vingador para castigar quem faz o mal.” Rom 13;4

Eventualmente, autoridade é exercida por gente má, comprometida com o mal; ainda assim, há mais altos que eles com poder para desbancá-los. Também esses “poderosos” acalentam temores, porque bem sabem o que fizeram.

O que dizer da perfeita justiça de Deus? Pode Ele, permitir que soframos injustiças por determinado período. Porém, no tempo que O Altíssimo julgar oportuno, “Ele fará sobressair tua justiça como a luz, e teu juízo como o meio-dia.” Sal 37;6

O temor dos ímpios já os coloca em fuga antes mesmo que a justiça terrena os busque. Apenas a acusação íntima dos seus erros acaba sendo uma “ameaça” suficiente para patrocinar apressados descaminhos, na inglória tentativa de escapar das sombras das próprias culpas. “Os ímpios fogem sem que haja ninguém a persegui-los; mas os justos são ousados como um leão.” Prov 28;1

Há uma diferença abissal entre a “coragem” teatral que vocifera ameaças, brada falácias, como se nada temesse, e a coragem sóbria e tranquila, de quem, deveras, nada teme. Aquele teatro é já um disfarce do medo, erigindo uma cabana de palha que será desfeita ao sopro da verdade.

A acusação íntima das nossas falhas é como um sistema antivírus de um computador, que, adverte cada vez que identifica uma ameaça. Quem atende a essa advertência, se arrependendo e abandonando o mau agir, “escaneia” o aparelho e isola a ameaça; removido o “vírus” do pecado retorna à segurança, o “sistema”.

Por isso a preservação duma consciência saudável é indispensável à manutenção da fé. “Conservando a fé e a boa consciência, a qual, alguns, rejeitando naufragaram na fé.” I Tim 1;19

Assim, o temor dos ímpios só lhes sobrevém porque recusam-se a dar ouvidos às consciências, abandonando o viver ímpio. “Se a consciência não for um freio, ela será um chicote.” Samuel Bolton.

“... o desejo dos justos será concedido.” Antes de entrarmos no mérito da afirmação, uma distinção necessária. O que Deus chama de justo não é o mesmo que homem pensa.

A justiça própria e a de Deus são muito distantes uma da outra. Dos religiosos judeus está dito: “Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus, procurando estabelecer sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça Divina.” Rom 10;3

O Salvador ensinou acerca das orações do fariseu e do publicano; aquele estava inchado de orgulho pela justiça própria. Esse, apenas rogava misericórdia. Seu desejo foi atendido, não o do presunçoso.

O “justo” segundo Deus não é alguém perfeito, que jamais peca; antes, o que reconhece suas injustiças, se arrepende, confessa e busca pelo perdão Divino. A quem assim faz, a justiça de Cristo lhe é atribuída; é justificado, doravante, reputado justo, malgrado, o que tiver feito.

Seus desejos serão concedidos, porque ensinado pela Palavra de Deus, evita desejar coisas contrárias aos Santos Ensinos. Antes de querer coisas, quer Deus; “... porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe, e É galardoador dos que o buscam.” Heb 11;6

Mais que agradarmos a Deus, precisamos nos agradar Dele; “Deleita-te também no Senhor, Ele te concederá os desejos do teu coração.” Sal 37;4

Um “justo” segundo Deus, invés de estar admirando vitrines em busca dos lançamentos da moda, costuma avaliar a própria alma, à luz da Palavra da Vida, em busca das melhorias, que, sabe necessárias.

Esse tipo de bens, que são do Divino interesse para nós, como Ele nos recusaria? “Se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lhe pedirem?” Lc 11;13

Portanto, antes de desejarmos coisas, aprendamos a desejar Deus; Seus justos caminhos, Seus sábios ensinos. Invés de filosofarmos nos botecos sobre a supremacia das coisas que o dinheiro não compra, aprendermos, deveras, o que tem valor. “Porque a sabedoria serve de defesa, como de defesa serve o dinheiro; mas a excelência do conhecimento é que sabedoria dá vida ao seu possuidor.” Ecl 7;12

sábado, 27 de setembro de 2025

Corações formosos

 



“Dei-te um rei na Minha ira, e tirei-o no Meu furor.” Os 13;11

O Eterno governava através de homens que escolhia; os juízes de Israel. Nos dias que essa função estava sobre Samuel, o povo o rejeitou, querendo ser governado semelhante às nações vizinhas.

“... Eis que já estás velho, teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações.” I Sam 8;5

Tinham “bons” argumentos; Samuel envelhecera, os filhos dele não manifestavam a mesma índole do pai. Então, desejaram ser como as nações vizinhas.

Óbvio que O Eterno sabia disso. Da idade de Samuel, bem como, das ações dos filhos dele. Todavia, caberia a Ele agir, quando julgasse oportuno. Bons argumentos quando se fazem patrocinadores de maus intentos, deixam de ser bons. Como dizia Spurgeon, “Uma coisa boa não é boa, fora do seu lugar.”

Deus não viu naquela rejeição, uma atitude previdente, calcada em sadios motivos; antes, foi ao cerne da questão: “... Ouve a voz do povo em tudo quanto te dizem, pois, não te têm rejeitado, antes, a Mim têm rejeitado, para Eu não reinar sobre eles.” V 7

Assim, quando O Eterno “concorda” com algo do qual discorda, está atuando em juízo, não, em graça. “Dei-te um rei na Minha ira, e tirei-o no Meu furor.” Muitos inda carecem aprender o que significa, “Seja feita a Tua vontade.”

Quantos, embora chamados a ser imitadores de Cristo, se fazem imitadores do mundo, a pretexto de contextualizar. Não rejeitam aos obreiros probos que laboram segundo Deus; antes, rejeitam ao próprio Senhor, profanando às coisas santas.

O Eterno advertiu mediante Samuel, dos pesados impostos e explorações diversas, que um reino humano imporia, e concluiu: “Então naquele dia clamareis por causa do vosso rei, que vós houverdes escolhido; mas, o Senhor não vos ouvirá.” V 18

Contudo, seguiram obstinados; “Porém, o povo não quis ouvir a voz de Samuel; e disseram: Não, mas haverá sobre nós um rei.” V 19

Certamente, os reis das nações circunvizinhas eram de meia idade, atléticos, grandes guerreiros. Tanto que, usaram a idade avançada de Samuel, como “motivo.”

Então, O Eterno resolveu encher suas enganosas medidas. Escolheu ao jovem Saul, de compleição física avantajada e beleza singular. “... era Saul, moço, tão belo que, entre os filhos de Israel não havia outro homem mais belo que ele; desde os ombros para cima sobressaía a todo o povo.” Cap 9;2

Que rei melhor poderiam desejar? “Então disse Samuel ao povo: Vedes já a quem o Senhor escolheu? Pois, em todo o povo não há nenhum semelhante a ele. Então jubilou todo o povo, e disse: Viva o rei!” I Sam 10;24

Cabe pontuar que, embora contrariado pela rejeição, O Eterno não mandou Saul sozinho. Antes, colocou Seu Espírito sobre ele para o capacitar. Tanto que, até profetizou entre os profetas da época.

Não obstante isso, conhecemos como acabou seu reinado, pela desobediência. Então, o mesmo Samuel foi enviado a Belém, à casa de Jessé para ungir novo rei, quando da rejeição de Saul.

Se, o velho profeta ao ver os filhos de Jessé, bem feitos no aspecto físico, imaginou que o novo rei seria semelhante ao primeiro, se enganou. Deus lhe disse: “... Não atentes para sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o Senhor não vê como vê o homem; pois, o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.” I Sam 16;7

Embora a distinção necessária entre coisas espirituais e naturais, tenha sido amplamente ensinada, nem sempre as escolhas práticas atentam para elas. “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.” I Cor 2;14

Em muitos casos, invés de escolher pessoas sadias no espírito, a despeito da idade e dos dotes físicos, a igreja moderna parece olhar para as “nações vizinhas”; desejar obreiros “sarados” como os programas de TV, exibem.

Tais, poderão se revelar atraentes, sedutores a uma geração que parece ter apenas olhos onde deveria ter ouvidos. Invés de poder espiritual, truques de marketing, invés da Palavra de Deus, motivações antropocêntricas ao estilo coach. Por certo, os ajuntamentos desses se fazem volumosos; mas, quantos reconciliam com Deus?

Velhinhos ultrapassados, do Senhor, continuam por aí. Como O Eterno preza o coração, sobretudo, e esse não envelhece, aliás, melhora com o tempo, há mais frutos onde ecoa menos barulho. “Os que estão plantados na casa do Senhor florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice ainda darão frutos; serão viçosos e vigorosos.” Sal 92;13 e 14

sexta-feira, 26 de setembro de 2025

O pranto dos palhaços

 

“O homem sábio é forte, o homem de conhecimento consolida a força.” Prov 24;5

Não são dois homens; o sábio e o de conhecimento; antes, dois matizes do mesmo. Quem possui a força do saber, e, conhecimento de como usá-lo, isso o solidifica; faz firme, perene.

Os insetos mimetistas assumem a cor do ambiente onde estão, seja o tom que for. Não significa que possuam todas as cores; a rigor, não possuem uma definida. São dotados da capacidade de refletir as nuances circunstantes. Assim, os homens sem caráter. No afã de agradar a todos, acabam não sendo úteis a ninguém.

Nossas almas na forja da vida balançam numa espécie de pêndulo emocional, que, oscila do triunfo às privações, às angústias. Da euforia à comiseração, com intermédios de monotonia, tédio.

Nos eventos auspiciosos, os louvores que recebemos nos hão provar; “Como o crisol é para a prata, e o forno para o ouro, assim o homem é provado pelos louvores.” Prov 27;21 Quem se derrete a um elogio é casa sem trancas, contra os ataques da lisonja.

No outro extremo do figurado pêndulo, temos os momentos difíceis que acabam por testar nossas têmperas; “Se te mostrares fraco no dia da angústia, tua força será pequena.” Prov 24;10

Se, o sábio é o forte, o fraco durante a angústia, necessariamente, será aquele que reagir de modo estúpido.

Outro dia vimos a indecência de um “tribunal” onde bufões togados encenavam um julgamento, incapazes de se manter nos limites solenes e sóbrios que a ocasião demandava. Enquanto decidiam sobre destinos alheios, como se fossem brinquedos seus, se mostravam jocosos, faziam piadas, brincavam sobre futilidades espúrias ao processo.

Agora, que há indícios de que estão sendo empurrados para o outro lado, muitos daqueles bufões se revelaram aptos para o ofício de carpideiras. Chora Barroso; chora Gilmar Mendes; soluçam Xandão e Zanin...

Se mostraram réprobos em ambas as situações. Riram num momento que exigia seriedade respeitosa; choraram infantis, noutro, onde a firmeza resignada faria melhor figura.

Quando os “grandes” numa área nobre como a que deveria cuidar do direito, são desse tamanho, inevitável que recordemos um vaticínio de Isaías: “... o mundo enfraquece e murcha; enfraquecem os mais altos do povo da terra.” Is 24;4

Eles podem ser altos pela posição a que foram guindados, sem que estejam, necessariamente, aptos para ela. “A estultícia está posta em grandes alturas, mas os ricos estão assentados em lugar baixo.” Ecl 10;6

Quando alguns discípulos do Senhor pareceram duvidar da firmeza de João Batista, O Salvador o defendeu nesses termos: “Partindo eles, começou Jesus a dizer às turbas, a respeito de João: Que fostes ver no deserto? uma cana agitada pelo vento?” Mat 11;7

Óbvia figura de linguagem, retratado aos que mudam de posição, uma vez alteradas as circunstâncias. Tais, não são fortes, tampouco, sólidos. A excelência da maturidade é passarmos, de certa forma, incólumes, aos elogios e às vaias. Esses vertem de estados emocionais espúrios; não temos que ser atingidos por febres alheias.

Sabemos, os cristãos, que nossa força não é estritamente nossa; “No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do Seu Poder.” Ef 6;10

A luz espiritual preceitua que saibamos disso e nisso confiemos; “Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3;5 a 7

Paulo aludiu a um “freio” que lhe foi posto para que não se exaltasse por ter vivido uma experiência ímpar; ter sido arrebatado e visto coisas inefáveis nos Céus. Chamou ao tal, figuradamente, de “espinho na carne”; depois pormenorizou: “Um mensageiro de Satanás”. Orou a Deus para que tal óbice fosse removido, porém, não foi atendido; antes, escutou: “... A Minha Graça te basta, porque o Meu Poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o Poder de Cristo.” II Cor 12;9

Portanto, um homem sábio é forte porque conhece a própria fraqueza; sabe que não pode confiar no seu braço. Consolida essa força quando se dispõe a agir segundo a mesma. Quando está fraco em si, é fortalecido pela atuação do Espírito Santo no seu espírito.

Quem assim atua, tanto em momentos venturosos, quanto, noutros, angustiosos, há de se portar de modo probo; pois, para isso O Santo o capacitará.

Esses de almas enfermas que oscilam do escárnio ao choro, em breve intervalo temporal, nada valem em termos de sanidade das almas. São canas agitadas aos ventos, que se dobram aos ditames de rasos interesses, quando, deveriam estar firmados em valores.