sexta-feira, 2 de setembro de 2022

A leveza do pecado


“O que no seu coração comete deslize, se enfada dos seus caminhos, mas o homem bom fica satisfeito com seu proceder.” Prov 14;14

Duas esferas distintas; uma, no coração; outra, visível da área dos fenômenos, o proceder.

Os religiosos dos dias de Jesus se contentavam com a restrição ao mau procedimento; sua vigilância era meramente exterior; das ações.

O Salvador ensinou que o mal nasce antes delas. “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos Digo: Qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo...” Mat 5;21 e 22 “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos Digo: Qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.” vs 27 e 28 Nuances dos que “no coração cometem deslizes...”

Mesmo não praticada a ação, uma vez abrigada no coração é já a semente do mal prestes a germinar. “Cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; o pecado, sendo consumado, gera a morte.” Tg 1;14 e 15

Assemelha-se a uma gravidez; a vontade “transa” com o pecador que engravida do desejo; dando à luz o pecado, não é só ele que nasce; também, sua consequência. “Porque o salário do pecado é a morte...” Rom 6;23

O pecado é “dado à luz” antes de ser cometido; “havendo a concupiscência concebido dá à luz o pecado...” isto é: Quando decido fazer determinada coisa errada, ainda antes de fazê-la sou informado na consciência de que não devo. Se ignorar esse aviso e for em frente, então consumarei o pecado; “... o pecado sendo consumado gera a morte.”

Invés de expulsar o mal aqui ou acolá, como ensinam os falastrões espirituais alienados da verdade devemos purificar nossos corações; origens de todas as atitudes. “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Prov 4;23 “Com que purificará o jovem (o homem) o seu caminho? Observando-o conforme Tua Palavra.” Sal 119;9

Uma consciência culpada produz inquietações; mesmo não praticado ainda, o pecado já faz estragos no estado de ânimo do seu hospedeiro; “O que no seu coração comete deslizes se enfada dos seus caminhos...”

Quem nasce de novo herda a vida espiritual que aviva a consciência, antes amortecida; mas, é comum a incidência de certa ambiguidade; o homem espiritual se alegra nas coisas de Deus; “Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na Lei de Deus;” Rom 7;22

Entretanto, ainda está vivo o homem exterior, a carne com seus desejos suicidas. Tiago adverte que a duplicidade acaba tolhendo a paz que devem desfrutar os regenerados; “Adúlteros e adúlteras, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus... Chegai-vos a Deus, Ele Se Chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; vós de duplo ânimo purificai os corações.” Tg 4;4 e 8

“... o homem bom fica satisfeito com o seu proceder.”
Embora só Deus seja essencialmente Bom, o homem fiel é reputado bom, pela identificação com Ele mediante a obediência.

Quando a samaritana do poço de Jacó apresentou objeções exteriores, preconceitos entre judeus e samaritanos, local correto para adorar, nesse ou naquele monte, O Salvador apontou para dentro de cada um, como o “local de culto;” “Mas a hora vem, agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade; porque o Pai Procura tais que assim o adorem. Deus é Espírito; importa que os que O adoram O adorem em espírito e verdade.” Jo 4;23 e 24

Não se derive disso, contudo, a legitimação ao egoísmo dos “desigrejados” que se dizem templos eles mesmos, como justificativa pro seu afã separatista; em Cristo aprendemos a amar e perdoar; “sirvo a Deus à minha maneira” é só papel bonito embalando atitude feia; quem disse que as coisas poderiam ser feitas à humana maneira foi o canhoto; ninguém pode servir a Deus obedecendo ao Diabo.

“Se alguém diz: Eu amo Deus, e odeia seu irmão é mentiroso. Pois quem não ama seu irmão, ao qual viu, como pode amar Deus, a Quem não viu?” I Jo 4;20

Eventualmente, sermos relapsos na purificação dos nossos próprios corações nos faz intolerantes com imperfeições alheias.

Enfadados dos próprios caminhos, transferimos a culpa para os descaminhos de outrem. Não significa que, eventualmente os outros não estejam errados; mas, que não devemos deixar erros de terceiros pautarem nossa caminhada. Apenas agindo segundo A Luz Divina em nós, poderemos nos achar satisfeitos com nosso proceder.
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