quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Volta por baixo


“Tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão e aqui pereço de fome!” Luc 15;17

O Filho pródigo de ressaca, após a esbórnia dos prazeres fugazes, “ouvindo” argumentos de ordem diversa dos que estivera a ouvir. Na “monotonia” do cumprimento do dever, embora, no usufruto de uma vida abastada, surgiram os devaneios pela busca de prazeres e lhe deram impulso, para desejar a posse precipitada de sua herança.

“A herança que no princípio é adquirida às pressas, no fim não será abençoada.” Pov 20;21

Tendemos a fantasiar grandezas pintando anseios a despeito dos fatos; e menosprezar bens reais, que, estão disponíveis; quando nossos pés pensam ser os de Hermes, o mensageiro dos deuses, providos de asas.

Geralmente nessas obscuras cavernas costuma se esconder o réptil do, “eu era feliz e não sabia.” Por avaliarmos mal, tanto a realidade, quanto a possibilidade de sucesso na excursão rumo ao desejo de aventuras, deixamos o estável pelo duvidoso; o sólido pelo gasoso.

Nosso jovem em apreço deixara a casa paterna, lugar de estabilidade e conforto, embora com trabalho, responsabilidade, em busca do prazer sem custo; boa vida sem “efeitos colaterais.”
Passados alguns meses o encontramos de novo, privado dos bens, herdados na marra, sem alegrias, prazeres, tampouco, amigos; pior: Sentindo fome.

Iniciara sua diáspora no colorido barco a vela dos anseios mirabolantes; voltava agora, “encorajado” pelos sisudos conselhos da fome.
Salomão filosofou a respeito: “A alma farta pisa o favo de mel, mas para a alma faminta todo amargo é doce.” Prov 27;7

O mesmo pensador aconselhou a prudência de se fazer a coisa certa ainda em tenra idade; pois, na velhice seria mais difícil; “Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento;” Ecl 12;1 Pois, mesmo ainda moço, o desventurado pródigo já conhecia alguns dias maus.

Foi o desejo por novas experiências, mesmo habitando O Paraíso, em plena comunhão com O Criador, que estimulou o primeiro casal a colocar à prova a Divina Palavra; deixando a vida plena, por mera existência, fadada à morte.

É menos ruim quando descaminhos, nos levando, ainda permitem um retorno ao lugar de onde nem deveríamos ter saído; no entanto, quantos se fazem reféns de vícios, num grau de escravidão tal, que sequer desejam voltar; apenas saciar os maus hábitos que os devoram.

Esses caminhos sem volta também são desaconselhados; “Há um caminho que ao homem parece direito, mas no fim, são caminhos da morte.” Prov 14;12

O coração natural, sede de toda sorte de enganos, sempre se coloca como piloto, quando deveria ser mero passageiro; daí o conselho: “Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal. Isto será saúde para teu âmago; medula para teus ossos.” Prov 3;5 a 8

Alguém cunhou a frase que, “quem não vier (a Cristo) pelo amor, acabará vindo pela dor.” Me permito discordar por duas razões simples: a) Todos que vão A Ele o fazem por necessidade, não por amor; depois, conhecendo-O Melhor, alguns poucos aprendem amar.
 
b) muitos possuem uma índole tão endurecida, que nem mesmo eventual dor, os demove de suas incredulidades.

Podendo nós, reparar o telhado enquanto o sol brilha, seria estúpido deixar para tapar goteiras durante a chuva.

Não precisamos cair na escravidão dos vícios, nem no insano caminho da promiscuidade, ou, corrupção dos valores, para entendermos que somos maus, privados da Glória de Deus, e que carecemos Dele com urgência. Podemos cuidar de nossas “despensas” antes que a fome nos venha acusar de relapsos.

O pródigo se sentira infeliz na nobre posição de ser um dos três chefes da fazenda; então, após o desperdício forjado pelos enganos, se sentiria aliviado na condição de simples empregado.

O cinema imaginou diversas vezes a “máquina do tempo.” Essa permitiria visitar passado e futuro, conforme o desejo do “viajante”. A Palavra de Deus, por ser Eterna, é alheia à ação de Chronos; e adverte aonde, cada caminho leva.

Cheia está A Palavra de Deus, bem como a vida que nos cerca, com exemplos de gente assim; que, deixam lugares altos, como Adão e Eva, e, convidados a um upgrade, acreditando, acabam em desgraça.

Em nossos dias fartos “Sophia” costuma falar às paredes; quando as privações pedem a palavra, geralmente já não há paredes em nosso redor.

“Quem guardar o mandamento não experimentará nenhum mal; e o coração do sábio discernirá o tempo e o juízo.” Ecl 8;5

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