domingo, 15 de maio de 2022

Deus Criou o mal?


“Porventura o contender contra O Todo-Poderoso é sabedoria...?” Jó 40;2

Em nome da Soberania Os calvinistas defendem que Deus decretou tudo de antemão; “eleitos e perdidos”; de modo que, embora o teatro de nossas vidas traga constante desafio a alinharmos nosso viver à Vontade Divina, no fundo, tudo já está decretado; o que tem que ser, será.

Assim, dada a Onisciência do Eterno, tendo Ele criado o anjo que se tornou Satanás, Ele sabia e ainda assim, fez; levada essa “lógica” às últimas consequências, Deus teria criado o mal.

A Palavra traça um limite para as “excursões teológicas” que convém observar; “As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, porém, as reveladas pertencem a nós e nossos filhos para sempre...” Deut 29;29

Nosso escrutínio observável se restringe aos nossos dias; ninharia aos olhos do Eterno; fora disso especulamos. “... mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem que passou...” Sal 90;4 “Os dias da nossa vida chegam a setenta anos; se, alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o orgulho deles é canseira e enfado, pois cedo se corta, vamos voando.” v 10

Na saga de Jó, em suas queixas evocou seu tratamento aos pobres, órfãos, viúvas, sua retidão em questões morais, seu respeito à dignidade das mulheres, sua fé... tudo, como não poderia ser diferente, coisas atinentes aos dias de sua vida.

Quando O Eterno resolveu falar, a primeira das dezenas de perguntas que fez o deslocou ‘um pouco;’ “Onde estavas tu, quando Eu Fundava a terra?” Jó 38;4 Depois, uma série de questões mais, do mesmo calibre.

Então, ficou visível ao infeliz patriarca que há pleitos bem maiores que, a breve vida humana, disputas que remontam à eternidade, das quais desconhecemos as minúcias.

Depois de Jó ter se arrependido e reconhecido sua temeridade, Deus cuidou dele restituindo seus bens em dobro.

Nossa atuação, embora reputemos restrita à nossa existência terrena, também respeita a coisas que a excedem. Uma plateia eterna nos assiste; “Para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus”. Ef 3;10 “Aos quais foi revelado que, não para si mesmos, mas para nós, ministravam estas coisas que agora vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o Evangelho; para as quais coisas os anjos desejam bem atentar.” I Ped 1;12

Pois, ante os anjos, a dona tentação também desfilou garbosa, quando um deles inflamou em orgulho por causa da sua formosura, se tornando Satanás. “Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei, diante dos reis te pus, para que olhem para ti.” Ez 28;17

O Todo Poderoso, Onisciente, sabia de antemão que isso aconteceria. Mas, estancarmos O Divino Saber aí, é temerário, imprudente.

Acaso O Eterno não sabia também da necessidade do Calvário? O que significa quando diz que “O Cordeiro foi morto antes da fundação do mundo?” Quando aceitou a missão, aos Olhos Eternos, foi morto. Assim, quem acusa ao Santo de ter criado o mal, deve acusá-lo também de ter enviado O Redentor.

Mas, por quê proveria um “remédio” de tão alto custo, para nos redimir do mal, se, Ele tivesse algum interesse na criação do mesmo?

Como quem se submete a uma cirurgia, quimioterapia, ou similar, em busca da saúde, sabe dos transtornos que terá; mas, em vista do bem final, a saúde, “paga o preço” necessário.

Um dos “Problemas” do Eterno é que Ele É Amor; e o amor, “... não busca seus interesses...” I Cor 13;5 Como o pai do Pródigo, bem sabia onde a esbórnia do filho inquieto daria; mas, seu amor proibiu de proibir a excursão.

O Eterno É Culpado de nos amar tanto, que nos “condenou” à liberdade; embora Ame também à justiça, o que nos força a sermos consequentes.

Tivesse criado seres impecáveis (incapazes de pecar) em quê seriam superiores aos robôs? Se fizesse meros autômatos que nós também podemos, em quê nos seria superior?

Frutos que dão na Árvore da Ciência não são os mesmos da Árvore da Vida.

Acaso nós, chamados por Cristo ao “Negue-se” fazemos isso por gostar dos custos da renúncia, ou, pelo prêmio eterno prometido aos fiéis?

Mais facilmente sucumbem os seres criados perfeitos, à inquietação de conhecer algo novo, como anjos e o homem caíram, que outros, reciclados, que, conhecem as dores da alienação a Deus, desejariam voltar à miséria de onde foram tirados.

Quem disse que o Trabalho do Criador acabou? Cada feixe de luz que acende ante teus olhos é um chamado para galgares um degrau mais, rumo ao lugar onde Ele te quer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário