quarta-feira, 10 de maio de 2017

Coragem de saber-se fraco

“Eis que chegou um dos principais da sinagoga, por nome Jairo, e, vendo-o, prostrou-se aos seus pés, e rogava-lhe muito, dizendo: Minha filha está moribunda; rogo-te que venhas, lhe imponhas as mãos, para que sare, e viva.” Mc 5;22 e 23

A rejeição ao Salvador era ácida nos meios religiosos de então. Corriam risco de ser expulsos das sinagogas os de posição que confessassem crer Nele. Segui-lo era coisa para a gentalha, não para os de elevada posição. Entretanto, no texto acima, temos um dos principais, prostrado diante de Jesus. O que o fez romper barreiras das convenções sociais e se aproximar assim, de alguém, oficialmente, “persona non grata?”

O texto mostra que Jairo se humilhava suplicando graça, em favor de uma filha moribunda. Um bem maior, a vida estava em jogo, e isso bastou para que ele mandasse às favas a opinião da torcida, e fosse à luta pelos seus anseios mais caros.

Não que a vida em sociedade seja danosa, ruim, mas, quando invade as plagas de nossas consciências, deixa de ser convívio de indivíduos para ser abolição dos mesmos, aos ditames das conveniências comuns, massificação.

Isso vige como nunca com as lupas xeretas e sempre ciosas do “politicamente correto” tentando impor ao ímpar, o “establishment” social, em detrimento das convicções individuais de cada.

A maioria se deixa persuadir pelas pressões temendo as pechas de radical, fundamentalista, fanático, etc. Acontece que a massa, tanto no prisma intelectual, quanto, moral, espiritual, nunca foi grande coisa. “A multidão é ignorante”, diziam os gregos. Todavia, os berrantes tocam para que sigamos a ignorância, invés de deixarmos viçar a beleza ímpar que Deus implantou em cada um de nós.

Somos psiquicamente drogados e nem percebemos o que está em jogo; nossas vidas. O Chamamento do Salvador é à ruptura, mesmo expondo-se à pecha de “soldadinho-do-passo-certo” por não marchar no ritmo da galera. Disse O Senhor: “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição; muitos são os que entram por ela; porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, poucos há que a encontrem.” Mat 7;13 e 14

Bastou para Jairo, a questão ser de vida ou, morte, para que rompesse com os ditames de uma sociedade religiosa e hipócrita, como, então. Mas, só pode ver a gravidade do que estava em jogo, porque sua filha estava morrendo. Senão, O Príncipe da Vida passaria, e ele olharia de longe, apenas.

Na verdade, salva alguma variação em atenção ao tempo, bem se aplica a cada um de nós, a mensagem que Isaías, o profeta entregou ao rei Ezequias, certa vez; disse: “...Assim diz o Senhor: Põe em ordem a tua casa, porque morrerás. Is 38;1

Esse tempo que nos resta após termos certo conhecimento dos caminhos de Deus, é para que bem ordenemos nossas casas; nossas vidas, pois, a morte nos espera logo ali, onde, individualmente, não, em massa, seremos julgados. Nossas escolhas contarão, não, o aplauso da turma. “...cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.” Rom 14;12

Há casos, como o de enfermidades graves, em que a morte inda vem lenta dando certo tempo para arrependimento; outros tantos, em que vidas são ceifadas de repente, onde, as escolhas feitas não podem ser mais mudadas. Por isso, o apelo do Amor de Deus sempre nos é apresentado como urgente, um desafio presente, não, uma possibilidade futura, diz: “Enquanto se diz, hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais vossos corações...” Heb 3;15

Às vezes as pessoas mascaram sua obstinação de ceticismo, ignorância, quando, no fundo, é apenas opção pelo comodismo. Jairo não se prostraria ante Jesus rogando pela vida da filha, se, não soubesse que O Senhor poderia curá-la; se sabia, por que não iria após O Salvador mesmo sem essa urgência? Porque seria bem mais cômodo não se indispor com seus confrades de hipocrisia.

Assimilemos uma coisa, pois: Salvação e comodismo são excludentes. Quem ousa negar a si mesmo e tomar sua cruz, terá oposição dos familiares, da sociedade, e ódio do inimigo. Entretanto, terá um “Contraponto” Majestoso; a assessoria Bendita do Espírito Santo de Deus, que o fará passar vitorioso a tudo isso, se, tão somente obedecer à Voz Dele.

Se, é vero que Deus amou o mundo ao dar Seu Filho, também o é, que salvará uma minoria apenas; não por Sua Vontade, mas, por nossas inclinações serem mais para o pecado que para a justiça. 

A coragem de Jairo para romper com os seus derivou do medo de perder a filha; que a nossa derive do amor próprio, do temor de alienar-se eternamente, da Fonte da Vida, Jesus Cristo.

terça-feira, 9 de maio de 2017

A segunda casa

“Os utensílios que te foram dados, para serviço da casa de teu Deus, restitui-os perante o Deus de Jerusalém.” Esd 7;19

Artaxerxes estava soltando os judeus cativos, comissionando Esdras para a reconstrução do templo em Jerusalém; entre outras coisas, ordenou que se restituíssem utensílios consagrados para serviço ao Senhor.

O Espírito do Senhor movera ao rei, pois, o tempo determinado chegara. Um aprendizado deriva aqui, para os servos de Deus que querem as coisas no seu tempo, não, no do Senhor. No nosso, nada acontece de produtivo; no Dele, até quem não O serve, eventualmente, O serve. Isto é: O Senhor usa quem quiser, para abençoar-nos.

A profanação daqueles utensílios sagrados fora causa da morte de Belsazar, e, derrocada dos babilônios, quando, o domínio passou a ser medo-persa.

Embora tenha sido um fato histórico, traz um simbolismo espiritual que atina à sina de todos nós. Aqueles viraram cativos por desobediência ao Eterno; pois, servir a Deus lhes pareceu difícil, foram feitos servos de tiranos para experimentar a diferença. Em sua escravidão, o culto deixou de ser prestado, e os utensílios santos passaram para mãos estranhas.

Afinal, cativos por desobediência tem sido o lugar da humanidade toda, após a queda. “Todos pecaram e destituídos estão, da Glória de Deus.” Embora, o “assessor” da queda tenha prometido divinização, independência, autonomia, o que se verificou foi, morte espiritual, separação de Deus, escravidão ao domínio do traidor. Nossos melhores talentos e dons, que deveriam ser usados para Glória de Deus, agora foram profanados e passaram a profanas mãos.

Entretanto, o mesmo Espírito Santo que movera o rei para soltura dos servos de Deus, cumprido o tempo determinado, gerou no ventre de uma virgem, um corpo humano ao Rei dos Reis, Pois, os sacrifícios do Velho Testamento, embora, devessem ser associados ao arrependimento dos pecadores, não eram bastantes para os reclames da Justiça Divina.

Além de propiciarem reconciliação aos arrependidos, pois, eram tipos proféticos de Outro, esse sim, que satisfaria plenamente Ao Altíssimo. “Por isso, entrando no mundo, diz: Sacrifício, oferta, não quisestes, mas, corpo me preparaste... Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, tua vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o segundo.” Heb 10;5 e 9

Assim, na Cruz de Cristo, O Sacrifício perfeito, temos o “Alvará de Soltura” de todos os cativos do inimigo. A “carta de alforria” aos que se arrependem e se deixam transformar Pelo Espírito e pela Palavra.

Cada um que se converte, deixa o cativeiro dos pecados, e recebe permissão Real, meios, para construção de novo templo, em si mesmo, para morada de Deus. “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual, sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.” I Ped 2;5

Nossos “utensílios” antes, usados de modo profano, agora, são consagrados para serviço santo. “Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências; tampouco, apresenteis vossos membros ao pecado por instrumentos de iniqüidade; mas, apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos; vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça.” Rom 6;12 e 13

Claro que, nossos membros são vassalos dos cérebros! Antes de agirmos, do modo agradável a Deus, pois, carecemos aprender a pensar como Deus. Por isso, o indispensável da conversão é o “negue a si mesmo”; nas palavras de Isaías, deixe seu modo de pensar, e aprenda o Divino, pela Palavra. “Deixe o ímpio o seu caminho, o homem maligno seus pensamentos, se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para nosso Deus, porque grandioso é em perdoar. Porque meus pensamentos não são os vossos, nem, vossos caminhos os meus, diz o Senhor.” Is 55;7 e 8

Claro que isso é um tratamento invasivo, o despejo do ego, para morada de Deus no Espírito, por isso, a necessidade da cruz. Mediante Ezequiel, O Senhor figurou a conversão como sendo um transplante de órgãos: “Dar-vos-ei um coração novo, porei dentro de vós um espírito novo; tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. Porei dentro de vós meu Espírito, farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos, os observeis.” Ez 36;26 e 27

Claro que a edificação terá oposição, com teve aquela. Fizeram a fundação e pararam, por um tempo, mas, Deus enviou profetas para que a obra fosse retomada. Assim é hoje; quantos começaram bem e pararam sem acabar? Ouçam a voz do Espírito, pois, certamente o abandono não proveio Dele. Dele se diz: “Aquele que em vós começou a boa obra aperfeiçoará até o dia de Cristo”.

domingo, 7 de maio de 2017

Mestres da Ignorância

“Os cachorros só ladram a quem não conhecem.”
Heráclito

Acho engraçado quando ouço, ou, leio, pessoas que vivem ao sabor do próprio umbigo, recitando textos bíblicos e dizendo como as coisas Divinas são. A impressão que me passam é que estão a receitar um remédio que jamais tomaram, ou, como os cães de Heráclito, estão latindo a um desconhecido.

Oscar Wilde tinha uma ironia genial sobre a crítica vazia, dizia: “Nunca leio um livro que vou criticar, pois, temo ser influenciado.”

Desse calibre, muitos críticos da Palavra de Deus; jamais a leram, se o fizeram, não praticaram; entretanto, arvoram-se em juízes.

Como sei que não leram, ou, se leram não praticaram? Não estarei eu, agora, latindo ao desconhecido? Não. Bebi o remédio, conheço a eficácia e efeitos colaterais; aliás, O Salvador desafiou Seus ouvintes nesses termos: “...Minha doutrina não é minha, mas, daquele que me enviou. Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina conhecerá se é de Deus, ou, se falo de mim mesmo.” Jo 7;16 e 17

Qualquer que ousar fazer a Vontade Divina, conhecerá O Caráter Santo, Excelso, do Eterno; jamais atribuirá a Ele, imperfeição alguma, sequer, erros, lapsos, em Sua Palavra.

Não que crítica, em si, seja ruim; antes, chamamos crítica, à reles rejeição, infâmia, maledicência. Crítica é bem superior a isso. Segundo entendidos, a palavra deriva do grego Kritikos, e significa, “capacidade para fazer julgamentos”, do verbo krinei, “separar, decidir, julgar”.

Normalmente se associa à reprovação, quando se diz que algo ou alguém, foi criticado. Além disso, costuma-se fazer distinção entre crítica construtiva e destrutiva; mas, isso merece apreço crítico também. Destrutiva é a inveja.

Crítica, nada mais é que uma análise criteriosa, com conhecimento de causa, sem predicados de ser construtiva, destrutiva; apenas, sapiente.

Quando se diz que determinado filme foi um sucesso de crítica, não significa que foi muito rejeitado, antes, que foi aprovado por quem entende do assunto.

A maioria das pessoas associa mera opinião com crítica; havia um quadro no Programa Silvio Santos, onde pessoas eram vendadas, apalpavam determinados animais, e tinham que dizer quais eram; às vezes apalpavam um lagarto e diziam que era uma cobra, ou, vice-versa. Assim, a opinião também apalpa no escuro, traz suas cobras e lagartos onde deveria haver luz.

Segundo o Senhor, o obstáculo à luz espiritual não é intelectivo, antes, volitivo. N’outras palavras: Não falta inteligência, falta vontade livre, uma vez que a dos pecadores está presa ao deleite das más obras, disse: “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20

Filósofos, como Heráclito, eram homens de inteligências aguçadas, que, invés de latir para o desconhecido, analisavam as coisas que viam; partindo delas formavam seus conceitos. Não dispunham, como nós, de Revelação, contudo, muitas coisas às quais chegaram são fantásticas, pela semelhança a conceitos Bíblicos ulteriores.

Aliás, foi falando a duas correntes deles, Estóicos e Epicureus, no Areópago, que Paulo usou a figura do que apalpa no escuro, no caso, para encontrar Deus; e cogitou que isso fosse, em parte, possível. “De um só sangue fez toda geração dos homens, para habitar sobre toda face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se, porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17;26 e 27

Alguns imbecis construíram certo biombo: “Política, futebol e religião não se discute”; mas, só recorrem a ele, quando sentem-se em vias de perder uma discussão. Jesus é muito mais que uma religião, É Uma Pessoa, É Deus!! Não se importa em ser criticado, isto é, analisado com critério, tampouco, que ponham à prova Sua Doutrina, como vimos, desde que, no final triunfe a Luz, o conhecimento da Verdade.

Mesmo entre os crentes, a correção e a exortação, só fazem sentido, se, oriundas daqueles que obedecem deveras, à Palavra; dos que bebem as mesmas doses que receitam. Paulo o disse, assim: “Estando prontos para vingar toda a desobediência, quando for cumprida vossa obediência.” II Cor 10;6

Enfim, quem pretende ensinar o que não sabe, não passa de um hipócrita mascarado, querendo para si o bônus de cristão, sem o ônus da cruz. E mais grave que apalpar nas coisas espirituais pela ignorância da revelação, é estar cego para a própria falsidade, ansiando mais o aplauso humano que a aprovação Divina.

Um pouco de silêncio contrito e honesto será muito mais producente que agredir ao desconhecido.

Síndrome de Estocolmo

“O boi conhece seu possuidor, o jumento a manjedoura do seu dono; mas, Israel não tem conhecimento, meu povo não entende.” Is 1;3

Humilhante situação, onde, seres humanos são sobrepujados por animais, na questão do entendimento. Vulgarmente se diz: “Gato escaldado tem medo de água fria”. Isso ilustra que, uma experiência infeliz basta para que o bicho mantenha distância daquilo que se lhe mostrou, danoso.

Entretanto, o homem não aprende com seus erros, tampouco, com os alheios, a evitar maus caminhos; quando neles envereda, avisado da má sorte de outrem nos mesmos, mente a si mesmo e acredita que consigo será diferente.

Se, somos o cume da “evolução” como, defendem alguns, essa faceta da vontade rebelde deixou de evoluir a muito.

A Palavra de Deus, que não pretende ser nenhuma teoria, antes, Revelação mesmo, apresenta uma inelutável má direção, desde a queda do homem. “a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois, não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, pode ser. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus.” Rom 8;7 e 8

Acontece que, a insurreição contra Deus e Sua Lei foi causa de todo drama humano. A sugestão do inimigo, “vós mesmo decidireis o bem e o mal”, encerrava um “Fora” ao Criador. Os animais, por serem instintivos, não, racionais, arbitrários, não “caíram” como nós; assim, preservaram seu “entendimento” a despeito de nosso desajuste espiritual suicida.

Muitos imaginam a conversão como algo superficial, mera mudança de opinião; de religião, de ambiente.

Se, a carne, nossa natureza, não pode sujeitar-se a Deus, precisa ser removida para que novo poder nos seja dado. Aqui entra a cruz. A carne nela é mortificada, para que, mediante “Novo nascimento” pelo Espírito Santo, possamos, enfim, agir outra vez, como filhos de Deus. “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas, de Deus.” Jo 1;12 e 13

Assim, vera conversão, embora encerre mudança de mentalidade, ambiente, amizades, é muito mais radical que isso; é fonte sem água que passa a verter; vara morta que floresce; ossos secos que recebem O Espírito; o milagre da vida, no ambiente da morte. “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, não entrará em condenação, mas, passou da morte para a vida.” Jo 5;24

Mediante a pregação da Palavra vêm as dores de parto; O Espírito Santo dá à luz; arrependimento dá uns tapinhas na bunda, para que o rebento chore, abrindo os canais da respiração; e o recém nascido descobre sem mais nem menos, apetite, até então, ausente, pela Palavra de Deus. “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Ped 2;2

A consciência, que antes, cauterizada, ou, morta, é revivida, passa a mostrar coisas as quais, ignorava. Como Herodes sentindo seu reino ameaçado tentou assassinar ao menino Jesus, começam os conflitos entre duas naturezas, carne e espírito. A primeira quer voltar ao controle, O Segundo, manter o renascido em submissão ao Senhor.

Esse passa a ter mais entendimento, não apenas, que os animais, mas, que inimigos, mestres naturais, anciãos, que desconhecem ao Eterno. “Tu, pelos teus mandamentos, me fazes mais sábio do que os meus inimigos; pois, estão sempre comigo. Tenho mais entendimento que todos os meus mestres, porque os teus testemunhos são a minha meditação. Entendo mais que os antigos; porque guardo os teus preceitos.” Sal 119;98 a 100

Desse modo, além de guindar da morte à vida, a conversão encerra um “upgrade” intelectual, pois, a vontade enferma do pecador caído recusa-se a ver até o que está patente. A Criação mostra O Criador. “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lhes manifestou. Porque suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto, Seu Eterno Poder, quanto, Sua Divindade, se entendem, claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;” Rom 1;19 e 20

Como Adão escondeu-se quando O Eterno o chamou, no Éden, esses disfarçam a ruptura com teorias inverossímeis, cobrem a vergonha de sua nudez com desculpas esfarrapadas, transferem culpas, como o primeiro casal, mas, seguem resilientes na sugestão do inimigo que os faz “deuses” mortos, onde deveriam ser filhos de Deus, redivivos. Gatos escaldados em busca de águas termais.

A vontade sequestra o entendimento; o resgate foi pago, mas, a vítima em sua doentia “Síndrome de Estocolmo”, afeiçoa-se ao algoz, mais que, ao Libertador. Os bichos fazem melhor que isso.

sábado, 6 de maio de 2017

Jesus não foi "O Cara"

“O nome de Arão escreverás sobre a vara de Levi; porque cada cabeça da casa de seus pais terá uma vara.” Núm 17;3

O contexto era a disputa do sacerdócio, que fora entregue pelo Senhor aos levitas, e, rebeldes acusaram a Moisés de nepotismo, invés de reconhecer o mandado Divino.

O Eterno ordenou que se pusesse perante a Arca, uma vara para cada tribo; a que florescesse durante a noite, seria sinalizada como escolhida, coisa que, Moisés não poderia fazer; confirmando, assim, a origem Divina da escolha.

A vara de Aarão não levaria seu nome, antes, o do patriarca da tribo escolhida, Levi. Esse viés de sermos partículas de um coletivo que representamos, sempre foi normal na cultura hebraica. Mesmo O Senhor, foi chamado Filho de Davi, ancestral distante. O indivíduo era expoente de uma tribo, família. Assim, Aarão não era o irmão de Moisés, estritamente, antes, era Levi.

Esse prisma, porém, em nosso tempo de individualismo, onde, pessoas precisam de muitos “amigos” virtuais, para postarem seus desaforos dizendo que não precisam de ninguém; esses títeres imaginários para os quais postamos tantos conselhos, frases filosóficas, religiosas, para depois, lhes dizermos que não se metam com nossas vidas; enfim, a idéia do indivíduo ser parte de um corpo maior, funciona, se, esse corpo for de admiradores, “seguidores”, senão, “não rola”.

Não que sejamos ermitões que não gostam da companhia de outros, antes, somos orgulhosos demais para admitirmos falhas, imperfeições, e, feito isso, crescermos juntos, com tropeços, acertos, incentivos, correções mútuas.

Outro dia uma “amiga” postou uma frase onde dizia que se a base for, Deus, “nada é possível”; tinha umas dezenas de “curtidas” já, pois, junto postara uma foto sensual; eu, Ingenuildo de Oliveira tentei ajudar. Avisei de seu equívoco dizendo pensar que ela quisera dizer, “Impossível”; ela corrigiu e apagou meu comentário para que ninguém visse que não é perfeita. Poderia ter dito, valeu. Seria educada e humana, mas, quem quer ser humano se a Net pode fazer deuses? Pois é. Para certas pessoas só um “comentário” é aceito: “Lindaaaa!!” Eu com minha doentia e ultrapassada mania de tribo. Cáspita!

São inegáveis os benefícios do domínio tecnológico; porém, tem malefícios também. O fato de podermos “interagir” com tantos, sem precisar ninguém por perto, nos desumaniza, automatiza, perdemos o jeito para lidar com pessoas reais, de imperfeições e méritos.

Interessante que a imensa maioria desses intocáveis, são “cristãos” pelos muitos textos bíblicos que postam, compartilham. Entretanto, os cristãos são desafiados à entrega do Ego, “Negue a si mesmo”, esse demônio num corpo, vampiro de almas alheias, incapaz de gestos de empatia.

Devemos nos presumir membros de um corpo, com inter-relação tal, que as emoções de outrem, sejam, em parte, nossas. “Para que não haja divisão no corpo, antes, tenham, os membros, igual cuidado, uns dos outros. De maneira que, se um padece, todos padecem com ele; se um membro é honrado, todos se regozijam com ele.” I Cor 12;25 e 26

Porém, essa coisa de iteração real, é muita “babação”, não viemos a esse mundo maravilhoso para ter pena de coitados, auxiliarmos aos fracos; gostamos mesmo é dos “feras”, basta ver nossos heróis, quais são. Os que se destacam pelo talento, mesmo que, sem caráter; podem bater no peito dizendo, “Esse cara sou eu”, nós curtimos, adoramos aos tais.

Tapetes vermelhos para atletas de vida promíscua, Mcs que vendem pornô music, BBBs craques em intrigas, sacanagens; a fama é uma deusa que “canoniza” tudo. Tiramos Selfies com o Goleiro Bruno, ou, Suzanne Von Richtoffen; afinal, são famosos, por isso, devem estar certos.

Nesse prisma, egoísta, alienado, lamento dizer, mas, Jesus não foi “O Cara”. Sempre se importou com dores alheias, nunca deixou de por o dedo na ferida dos hipócritas; nunca curtiu um “post” fora da casinha para manter amizades, e mais, atribuiu Sua Missão, a Outro Nome: “Eu vim em nome de meu Pai, e não me aceitais; se outro vier em seu próprio nome, a esse aceitareis.” Jo 5;43

Enfim, não nos enganemos; não há lugar para a humildade de Cristo, o “manso e humilde” e o pavão, do si mesmo, na mesma alma. São coisas excludentes. 

Os que são refratários a eventuais, ensinos, podem postar uma página bíblica por dia, seguem espiritualmente mortos, adormecidos. Quando identificou alguns assim, em seus dias, Paulo “deu um soco na mesa”: “...Desperta, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá.” Ef 5;14

Quando O Santo confirma, até vara morta revive e floresce, como fez com Aarão; senão, ainda que tragam a pompa dos jardins suspensos da Babilônia, não passam de flores mortas. Quem não “curtir” à cruz, por doces que sejam seus comentários, Deus o excluirá.

domingo, 30 de abril de 2017

Jó diante do Trono

“Ah, se eu soubesse onde O poderia achar! Então, chegaria ao seu tribunal. Exporia ante Ele minha causa, e, minha boca encheria de argumentos.” Jó 23;3 e 4
Temos Jó, no auge de sua amargura, desejando depor no Tribunal de Deus. Tal era a confiança em sua integridade que não temia diante de uma situação que assustaria a imensa maioria dos viventes; aliás, desejava-a.

Há dois prismas em que nossa pretensa justiça pode ser mensurada; no horizontal, nossa relação interpessoal, e, no vertical, diante do Senhor do Universo. Se, no primeiro caso, alguém íntegro como Jó poderia estar mesmo, confiante, no segundo, quem?

Quando, por fim, O Eterno concedeu a anelada oitiva, fez umas dezenas de perguntas sobre as obras da criação, e demandou do infeliz patriarca, onde ele estava quando tudo fora feito. Falando do cavalo, perguntou por que aquele não teme a morte, antes vai a um combate como se, a uma festa; “Escava a terra, folga na sua força, sai ao encontro dos armados. Ri-se do temor, não se espanta; não torna atrás por causa da espada” Cap 39;21 e 22

Ou, quis saber quem ensina o melhor habitat para as aves, por exemplo; “Voa o gavião pela tua inteligência, e estende as suas asas para o sul? Ou se remonta a águia ao teu mandado, e põe no alto o seu ninho?” VS 26 e 27 Mencionando a imponência do crocodilo, lembrou: “Brincarás com ele, como se fosse um passarinho, o prenderás para tuas meninas?... Ninguém há tão atrevido, que despertá-lo se atreva; quem, pois, é aquele que ousa erguer-se diante de mim?” Cap 40; 4 e 10

Não estava, O Senhor, acusando Jó de impiedade, antes, de temeridade; de, sendo criatura finita, mortal, estar questionando os juízos do Eterno. Aliás, quando foi chamada a “senha” de Jó, perante O Santo Juiz, O Meritíssimo apresentou como acusação, ignorância. “Quem é este que escurece o conselho com palavras sem conhecimento?” cap 38;2

Assim, por melhores que sejam nossos caracteres, mais relevantes nossas boas obras, ainda resta uma separação abissal, entre a criatura inclinada a pecar, e O Criador, “Tão puro de olhos, que não pode contemplar o mal.” Hc 1;13

Esse abismo moral, não só desqualifica nossas obras como meio de salvação, como, declara inútil qualquer sacerdócio praticado por homens, presos no mesmo vale que nós.

Por isso, o Amor de Deus não fez menos que o necessário para colocar a Salvação ao nosso alcance, Jesus Cristo. “Este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo. Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles. Porque nos convinha, tal, Sumo Sacerdote, Santo, Inocente, Imaculado, Separado dos Pecadores, feito mais sublime do que os céus; que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, depois, pelos do povo; porque isto fez ele, uma vez, oferecendo a si mesmo. Porque a lei constitui sumos sacerdotes, homens fracos, mas, a palavra do juramento, que veio depois da lei, constitui ao Filho, perfeito para sempre.” Heb 7;24 a 28

Óbvio que, quando diz que Cristo éSeparado dos pecadores” refere-se ao Seu Ser, Sua Santidade; entretanto, como Sacrifício substituto, deu-se por nós; como Mestre, comeu, andou, com pecadores, socorreu-os; como Sumo Sacerdote Eterno intercede por aqueles que Nele confiam. Sua Intercessão filha do Seu amor atribui aos arrependidos, pureza, inocência que só Ele tem. 

Daí que, fraquejando nossas justiças, por melhores que sejam, como era a de Jó, resta o socorro do Senhor, Justiça Nossa. “Nos seus dias Judá será salvo, Israel habitará seguro; este será o Seu Nome, com o qual Deus o chamará: O Senhor Justiça Nossa.” Jr 23;6

Se, boas obras, contudo, são irrelevantes para a salvação, não significa que sejam más; apenas, insuficientes. Uma vez que, sem Cristo seriam praticadas por pessoas espiritualmente mortas; o que faria, delas, igualmente, mortas. Por isso, a primeira “Obra” que o Eterno requer, é operada pela fé. “Jesus respondendo disse-lhes: A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que Ele enviou.” Jo 6;29

Feito isso, os crentes “nascem de novo” pela fé, então, obras derivadas daí, como frutos da salvação, serão aceitas como “cheiro suave ao Senhor.” “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais, Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;10

sábado, 29 de abril de 2017

"Greve Geral", manipulação parcial

“Tudo isto vi quando apliquei o meu coração a toda a obra que se faz debaixo do sol; tempo há em que um homem tem domínio sobre outro homem, para desgraça sua.” Ecl 8;9

O sonho de consumo de tantos políticos, o “exercício do pudê” deplorado nas falas de Salomão, como uma desgraça.

Usando redes sociais, telefone e outros meios de comunicação, pressionamos, e o projeto da Lei de Abuso de Autoridade, que foi feito para proteger corruptos, não foi aprovado de modo a intimidar investigadores, como queriam seus proponentes. Reivindicação dos brasileiros que, usam verde e amarelo, quando se manifestam, e não incendeiam nada.

Ontem, porém, eram os sindicalizados, os vermelhos, que obstruem o direito de ir e vir dos cidadãos, minorias que se apossam do todo, e incendeiam pneus, veículos de transporte em defesa dos “direitos dos trabalhadores”. Fui parado num bloqueio desses, entre Tio Hugo e Soledade, e pelo perfil da maioria dos “manifestantes” se via tratar-se de incautos manipulados carregando bandeiras de seus donos, e gritando mantras, sentindo-se cidadãos engajados.

Sou trabalhador, e 90% do que foi proposto nas reformas trabalhistas tem meu apoio, apesar de não morrer de amores pelo Governo Temer. Principalmente, o fim do imposto sindical. Mas, pergunte- aos manifestantes de ontem, contra qual aspecto estavam protestando, e sequer saberia dizer exatamente contra o quê, era, exceto, que era pelos “dereitos, e contra o Governo golpista”.

Todos temos direito, de ser contra, ou, a favor disso, ou, daquilo. Em geral, a reforma proposta é boa. Se, alguns pontos são controversos, podemos usar os mesmos mecanismos de pressão que usamos contra a lei do “Abuso de Autoridade”, para fazermos valer nossa cidadania, sem interferirmos nos direitos inalienáveis de nossos semelhantes.

Tinha dois tipos de pessoas nas manifestações: Os manipuladores, os que tocam o berrante, e os incautos manipulados que recitam seus mantras, e a pretexto de construírem um país melhor, ajudam a destruir parte, do que existe. Temos desemprego como nunca, e só um imbecil pensaria combater isso olhando apenas pelo prisma dos possíveis empregados, não dos empregadores. Certas leis abusivas que inibem a livre iniciativa tolhem novos postos de trabalho, mais, que preservar direitos.

Estrondoso silêncio se ouviu contra o câncer nacional, a corrupção; tampouco, menções de apoio à Lava Jato que tanto tem feito para punir culpados; então, fica fácil perceber, que tipo de forças estava trancando ruas, ontem.

O lixo residual de um sindicalismo corrupto, desviado dos fins a serviço de partidos de esquerda, invés de classes trabalhistas, como deveria ser; um estigma social, “Walking Dead” carrapatos no couro do Brasil pretextando cidadania, e buscando a vida fácil dos desocupados fartos, mascarados atrás de pretextos legítimos.

Reitero, não acho O Governo Temer, grande coisa, é resto do Governo Dilma, eleito pelos mesmos que protestaram ontem, mas, salvos alguns pontos mais sensíveis, as reformas são boas e necessárias; pergunte-se a um trabalhador mesmo, não um sindicalista safado, se ele prefere ser um desempregado com “direitos” ou, ter uma fonte digna de renda.

Odeio mentira e injustiça. Uma década depois de estarem no poder, os canhotos ainda atribuiam certos males a FHC que os deixara. Agora, são oposição há poucos meses, de seu próprio vice, e não têm mais culpa das dívidas, crise, corrupção, desemprego, tudo voltou a ser culpa “das elites”; canalhas, assassinos dos fatos, inimigos da verdade! Até quando seremos tolerantes com essa safadeza sem limites?

Claro que os professores, policiais, e demais servidores têm direito de receber em dia, e a reforma da previdência como tem sido proposta precisa ser combatida, rejeitada; mas, isso, podemos fazer via mandatários que elegemos, pressionando-os para que nos representem, sem precisar da violência invasiva que foi cometida ontem. Se, vista pelo prisma do dano, a coisa foi vultosa; pelo de pessoas aderindo, pífia. Minorias de tranca-ruas, violentos, em defesa de seus umbigos gordos, disfarçados de cidadãos.

Alguém sabe dizer por que, após treze anos no poder, o partido dos Trabalhadores, que era a favor da Reforma Agrária ainda tem os Sem Terra? Porque são vagabundos profissionais, milícias de aluguel, que não querem trabalhar, baderneiros profissionais a serviço do PT. Num país sério estariam presos.

Com o incremento das redes sociais, o conto da carochinha socialista não cola mais. Aqueles que mandavam prender e soltar, eram donos das ruas do Brasil, hoje são uma súcia ridícula, sem crédito, que causa asco, invés de admiração, estão nus e ainda não perceberam.

Avisa lá que a farra das urnas eletrônicas acabou; que a mamata do imposto sindical também; que está mais que na hora desses “trabalhadores” aprenderem a trabalhar. Direitos legítimos devem ser preservados, lutaremos por eles; mas, para isso, não carecemos “representantes” ilegítimos.