sexta-feira, 3 de junho de 2022

Os sonhos de José


“... Acharíamos um homem como este em quem haja o Espírito de Deus?” Gn 41;38

Faraó impressionado com José; aquilo que fora um desafio insolúvel para todos os sábios do Egito, para ele estava transparente, visível, revelado. Tanto que, não só o soberano, mas mesmo os que falharam ante o enigma, concordaram que fora correta a interpretação. “Esta palavra foi boa aos olhos de Faraó e de todos os seus servos.” v 37

Não houve uma revisão processual para relaxar a prisão, tampouco, uma “liminar” ao STF pleiteando a soltura de José. Deus o estava exaltando; isso encerrava a questão. “... Pois que Deus te fez saber tudo isto, ninguém há tão entendido e sábio como tu. Tu estarás sobre minha casa; por tua boca se governará todo meu povo, somente no trono eu serei maior que tu.” vs 39 e 40

Não se fez menção mais à prisão: “Por tua boca se governará todo meu povo.” A cadeia era passado; o trono, nova realidade produzida por Deus.

Não poucas vezes ouvi pregações sobre os “Sonhos de José”, exortando as pessoas a “sonharem grande” para terem a sorte daquele.

Dois problemas expressivos ante essas pregações. Primeiro: os sonhos dados a José não refletiam desejos, anseios dele, como seriam os “sonhos” dos incautos que dessem ouvidos a tais mercenários. Foram revelações dadas por Deus, sobre o que o Eterno faria através dele; não o fundamento de uma doutrina, tipo: Quem sonha grande, Deus realiza.

Isso remete ao segundo problema; A Palavra de Deus nos aconselha a não devanearmos com grandezas terrenas; “... não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios em vós mesmos;” Rom 12;16 “... Acautelai-vos, guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui.” Luc 12;15 Então, “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo.” Fp 2;3 “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à Destra de Deus.” Col 3;1

Sonhar com grandezas terrenas, em demanda dessas, fazer grandes $acrifício$, como ensinam esses ladrões travestidos de pregadores, nada tem a ver com aprender com o exemplo do filho de Jacó.

O que podemos aprender da saga de José é que não devemos condicionar nossa fidelidade ao usufruto de circunstâncias favoráveis. Ele fora obediente ao seu Pai, enquanto, seus irmãos eram dissolutos, rebeldes; fora fiel na casa de Potifar, mesmo a esposa desse o chamando à infidelidade; seguira íntegro na cadeia, mesmo preso sem culpas; sua fidelidade não lhe trazia nenhum proveito imediato, exceto, paz de espírito, silêncio da consciência.

Esse negócio de embasar nossas más ações na maldade alheia circunstante é só um subterfúgio de quem já é inclinado ao mal. “Sou bom com quem é bom comigo”; “todos sonegam, por quê eu pagaria?” “Quem chega primeiro bebe água limpa”; etc. Quem jamais ouviu coisas assim? Cada um escolhe parâmetros com os quais se identifica.

Somos indivíduos, nossas digitais são únicas; “Ele (Deus) sela as mãos de todo homem, para que conheçam todos os homens a sua obra.” Jó 37;7 A administração de nossa alma é uma pasta intransferível; “De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.” Rom 14;12

Desde quando, o pecado do meu vizinho deve servir de estímulo ao meu? “... se tu, ó Israel, queiras prostituir-te, contudo, não se faça culpado Judá;” Os 4;15 O erro de um não faz, necessariamente, o descaminho do outro.

Não seria mais saudável, que eventuais virtudes de meus semelhantes despertassem às minhas?

Devemos nos espelhar em José sim; na sua resiliência em ser fiel, mesmo quando a vida parecia lhe punir por isso. Fidelidade é uma índole, uma “marca d’água” do caráter; não uma negociata em busca de vantagens duvidosas.

Isaías nos desafia a isso mesmo ante as circunstâncias mais desencorajadoras; “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do Seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor, firme-se sobre o seu Deus.” Is 50;10

A busca por vantagens rasteiras em nome da fé, mostra exatamente o oposto; a incredulidade. A fé sabe que onde está o coração aí está o tesouro e que devemos ter o nosso nos Céus.

Eventualmente, alguns passam por lugares altos aqui; como, a seu tempo, José. Mas, lugares “baixos” no Reino, inda são mais excelentes que os altos da terra. Como disse Spurgeon, “Não trocamos de lugar com reis em seus tronos, a menos que eles também conheçam a Jesus.”

Quem já está em alturas excelsas assim, por quê se inclinaria ante coisas biodegradáveis?

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