quinta-feira, 2 de junho de 2022

Nossa maldade "alheia"


“Quem pode entender seus erros? Livra-me Tu dos que me são ocultos.” Sal 19;12

Pergunta de Davi: Quem pode entender seus erros? Temos muita facilidade, perspicácia, para percebermos erros alheios. Como é a frase aquela? “Reconhecemos um louco sempre que o vemos; nunca, quando o somos.”

Quando oramos para que Deus nos livre da maldade, invariavelmente pensamos na maldade alhures, não, na nossa. Alguns inventaram uma “vacina” contra má índole de terceiros: “Que Deus te dê em dobro tudo o que me desejares.” Ou, deseje-me apenas coisas boas, senão, meu Deus te pega. 

A Bíblia ensina diferente: “... se teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre sua cabeça. Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.” Rom 12;20 e 21

O problema com a maldade alheia que torna contraproducente nossa intervenção é que ela é alheia. “... cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.” Rom 14;12 Óbvio que, quem milita na área do ensino espiritual, de certa forma deve “ingerir” na tentativa de ajudar na cura das almas; mas, estritamente cada um responde por si. Cada humano fará uso de seu arbítrio em cima do qual, fará suas escolhas.

Se, sou mordomo exclusivo de minha alma, dessa que devo cuidar. Terei que responder pelas minhas ações não, pelas de terceiros. Como disse Isaías ao Rei: “... Põe em ordem a tua casa, porque morrerás...” Is 38;1

Nunca fomos tão afetáveis como agora. Tudo é ofensivo, preconceituoso, invasivo; toda e qualquer palavra parece ser friamente calculada, para ferir os melindres da geração mais melindrosa de todas as eras, a atual. Até mesmo a pregação do Evangelho, com seus ensinos e correções, em muitos casos é reputada como “discurso de ódio.”

Ensinar que determinados comportamentos são erros, invés disso ser tido como amor pela verdade é visto como “fobia” aversão. Ora se fosse assim, ao vermos alguém a quem desprezamos errando o caminho, bastaria deixar o tal seguir, até se perder. Mas, silenciar ante o perigo de perdição do semelhante seria o silêncio do ódio. Quem ama não pode calar.

Essa doença de que o erro é um defeito alheio apenas, jamais foi tão evidente, quanto agora. Ao menor sinal de um ensino qualquer, presto as “ovelhas” mostram suas “peles” de porcos-espinhos: “Só dê palpites na minha vida depois que pagares minhas contas.”

Parece que, o fato de alguém pagar suas contas o “blinda” contra qualquer conselho ou ensino. O problema é que o desafio ao arrependimento para salvação é necessário por sermos todos devedores eternos, perante Deus. Cristo pagou nossas dívidas com Seu Sangue; mesmo assim, não Fala conosco para nos cobrar; antes, para nos convidar à vida.

Pagar contas é o mínimo necessário para o exercício da nossa cidadania. Agora, para a cidadania Celeste, devemos submeter nossas vidas ao Único que “carimba” passaporte para lá; O Salvador. “... ninguém vem ao Pai, senão por Mim.” Jo 14;6

Além dos nossos muitos erros habituais, a incredulidade se torna o maior de todos, por trazer uma blasfêmia; “... quem a Deus não crê mentiroso O fez, porquanto não creu no testemunho que Deus, de Seu Filho Deu.” I Jo 5;10

O risco de sermos mui perspicazes com os erros alheios é acabarmos julgando nos outros, os nossos. Davi foi chamado pelo profeta Natã o sentenciar um homem rico que recebera uma visita; invés de matar uma de suas muitas ovelhas tomou a única de um vizinho pobre.
O rei irou-se. Disse que o tal era digno de morte. Então, o profeta fez saber, que era ele. Pois, apesar de suas mulheres e concubinas várias, deixara-as para adulterar com a esposa de Urias. 

Os erros “alheios” que ele julgara tão severamente eram dele mesmo. Felizmente sua sentença de morte não foi aplicada. Ver II Samuel cap 12.

Então, esse incidente pode tê-lo inspirado sobre a cegueira para com os próprios erros.

Ao aprender isso, pediu livramento pela maldade escondida; “Quem pode entender seus erros? Livra-me Tu dos que me são ocultos. Também da soberba guarda teu servo, para que se não assenhoreie de mim. Então serei sincero, ficarei limpo de grande transgressão.” Sal 19;12 e 13

Pelo fato inegável da nossa maldade, somos desafiados a uma higienização de alma, antes de participarmos do “Corpo de Cristo.” “Examine-se, pois, o homem a si mesmo; assim coma deste pão e beba deste cálice.” I Cor 11;28

O homem prudente, pois, dirige sua perspicácia em julgar contra si mesmo, sabendo que, “... de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo.” Mat 12;36

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