domingo, 19 de junho de 2022

Morte ao traidor!


“Eis que a mão do que me trai está comigo à mesa”. Luc 22;21

A sina do traidor geralmente é uma proximidade distante; pode estar fisicamente junto, enquanto o coração fica longe; se alinha com os inimigos, coautores da traição.

A lealdade não usa máscaras, diferente da perfídia; “Leais são as feridas feitas pelo amigo, mas os beijos do inimigo são enganosos.” Prov 27;6 Sendo inimigo, por quê beijaria? Por necessidade da camuflagem de amigo, sob a qual, poderia esconder a espada da vileza.

Só “amigos” traem; inimigos são fiéis. “Deus me livre dos meus amigos, que dos inimigos eu me cuido.” Voltaire.

A impressão de amizade nos deixa confiados, com defesas abaixadas; assim, facilmente podemos ser atingidos, se nos deixarmos convencer por aparências fabricadas; “Aquele que odeia dissimula com seus lábios, mas no seu íntimo encobre o engano; quando te suplicar com voz suave não te fies nele, porque abriga sete abominações no seu coração.” Prov 26;24 e 25

O normal seria que a boca falasse do que o coração está cheio; no caso do dissimulador em apreço, com o coração cheio de ódio, inveja, maldade, fala diverso disso, suave; seu cuidado não atina a não ofender, antes, a não se trair deixando patentes suas rasteiras intenções.

Uma das características do Cidadão dos Céus é “Aquele que anda sinceramente, pratica a justiça; fala a verdade no seu coração.” Sal 15;2

Nem mesmo laços de sangue bastam para evitar esse mal; na verdade os de perto são os primeiros a manifestarem uma distância fria, no quesito lealdade; “Porque o filho despreza ao pai, filha se levanta contra sua mãe, nora contra sua sogra; os inimigos do homem são os da sua própria casa.” Miq 7;6 “Assim os inimigos do homem serão os seus familiares.” Mat 10;36

Acaso convidaríamos à mesa, um inimigo? Conscientemente não. Mas, ingenuamente, geralmente o fazemos; pois, faltam-nos habilidades para irmos, como Deus, além das aparências. “... Não atentes para sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o Senhor não Vê como vê o homem; o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor Olha para o coração.” I Sam 16;7

Num mundo moralmente poluído como esse, nem sempre será possível estarmos entre amigos. Mas, quem atingiu certa maturidade espiritual há ver as coisas como são; “o que é espiritual discerne bem tudo, e de ninguém é discernido.” I Cor 2;15 ou, “o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto o mal.” Heb 5;14

Não significa que não nos assentaremos à mesa, se nela houver alguém assim; mas, quem pode ver pelos olhos espirituais, também saberá com quem se assentou; como O Salvador. “... a mão do que trai está comigo, à mesa.”

O convívio com pessoas más é necessário, num mundo onde a maldade predomina; se, eventualmente tivermos em comum, a mesa, o ambiente, que nosso agir, nosso caráter não sejam contaminados; antes, preservem a identidade em Cristo. “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens...” Mat 5;16

Eventualmente, a separação é filosófica; “... não anda segundo o conselho dos ímpios...” outras vezes, física mesmo; nos apressamos em deixar ambientes polutos; “... nem se detém no caminho dos pecadores...” e sendo de Cristo, certamente seremos seletivos ao escolhermos nosso lugar de lazer; “... nem se assenta na roda dos escarnecedores.” Sal 1;1

Isso sobre a traição fora de nós; a mais perniciosa e comum, é a dos que traem a si mesmos. Eis que os pensamentos convenientes do que me trai estão comigo, em minha mente doentia.

Quando O Senhor ensinou que, à vinda da luz os homens preferiram as trevas por maior identificação com o mal, denunciou que eles traíam a si mesmos, se condenavam; “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más.” Jo 3;19

A quilômetros enxergamos os lapsos de caráter de Judas; mas, são os nossos, os vícios que acariciamos dentro de nós, para com os quais somos lenientes, que nos podem matar. Se possuo perspicácia para ver as falhas alhures, certamente a tenho também, para identificar os erros em mim.

Ocorre-me uma frase de Oswaldo Cruz; “Observando os erros alheios, o homem prudente corrige os seus.” Pois, por outro lado eu diria que, o mau hábito de só ver os erros alheios, torna o homem insensato, incapaz de cuidar dos seus.

Quando houver tanto de Cristo em nós, que o si mesmo não arbitre, não haverá espaços para traição. O traidor assentar-se-á comigo à mesa, mas será mortificado na cruz.

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