domingo, 30 de abril de 2023

Novos salteadores



“Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não os ouviram.” Jo 10;8

A Palavra menciona dois; Flávio Josefo alista alguns mais, que surgiram antes de Cristo, com pretensões messiânicas. “Porque antes destes dias levantou-se Teudas, dizendo ser alguém; a este se ajuntou o número de uns quatrocentos homens; o qual foi morto; todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos, reduzidos a nada. Depois deste levantou-se Judas, o galileu, nos dias do alistamento, e levou muito povo após si; também este pereceu e os que lhe deram ouvidos foram dispersos.” Atos 5;36 e 37

Ladrões e salteadores pretendendo o lugar de Cristo não faltaram. “... mas as ovelhas não os ouviram.”

Ovelhas que conhecem à voz do Pastor, não seguem estranhos, é cada vez mais raro, infelizmente. Há muitos com um histórico relevante de serviços prestados que, pouco a pouco foram caindo da solidez doutrinária; agora fazem o trabalho da oposição, defendendo coisas que condenaram, quando interpretavam sadiamente à Palavra. Salteadores surgidos depois de Cristo.

Pedro viu os precursores desses e advertiu: “Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se o seu último estado pior que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado; deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao próprio vômito, a porca lavada ao espojadouro de lama.” II Ped 2;20 a 22

Uns defendem a “eleição incondicional”; “uma vez salvo, sempre salvo”, a Palavra não traz essa doutrina; antes, adverte do risco de perdição, para os que abandonam o Santo Caminho. “Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, provaram o dom celestial, se tornaram participantes do Espírito Santo, provaram a boa Palavra de Deus, as virtudes do século futuro, e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois, eles, de novo crucificam O Filho de Deus, e O expõem ao vitupério.” Heb 6;4 a 6

Podem falar igual aos fiéis, fazer semelhantes obras também, não sendo um dos tais. Essa encenação “cristã” lhes abre muitas portas na terra; a dos céus segue sem uso, por quem não abandona às práticas ímpias. Quem entra por Cristo, necessariamente, muda. “Se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5;17

O Salvador ensinou: “Muitos Me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em Teu Nome? em Teu Nome não expulsamos demônios? não fizemos muitas maravilhas? Então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade.” Mat 7;22 e 23

Antes havia a expectativa de um Ungido Libertador, cujo nome era ignorado; assim, qualquer um, adoecido pela febre da pretensão, poderia sair apregoando de si mesmo, achando-se, dizendo-se o tal.

Depois do Salvador, essa “diversidade” deixou de ser possível; “Em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.” Atos 4;12

Os farsantes, não podendo mais apresentar seus pífios nomes, passaram a se dizer representantes do “Nome que É sobre todos os nomes.”

Embora sejam necessários e devamos reverenciar pastores humanos, só devemos nos submeter a eles, à medida que eles estão submissos ao Sumo Pastor. Em última análise, “O Senhor É o meu Pastor...”

Qualquer ensino que discorde da sã doutrina, não importa a credencial que seu proponente envergue, pastor, bispo, reverendo, apóstolo... é uma voz estranha ante quem tem discernimento; não deve ser seguida.

A Palavra ensina que o próprio canhoto se transfigura em anjo de luz, os ministros dele, em ministros de justiça. Quem anda pela fé, não por vistas, como devem os salvos, não se deslumbra ante figuras; “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, a prova das coisas que se não veem.” Heb 11;1

Os ataques contra a fé não se dão quanto ao direito de crer; mas, quanto ao objeto de nossa crença, como advertiu Judas: “... tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos. Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça Divina; negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo.” Jd vs 3 e 4

Nosso risco não é deixar de crer; mas, passar a crer diferente do ensinado pelo Único Pastor. Ele diz: “O justo viverá da fé; se ele recuar, Minha Alma não tem prazer nele.” Heb 10;38

sábado, 29 de abril de 2023

Os excluídos



“Com muitas outras palavras isto testificava e exortava, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa.” Atos 2;40

Acusam o cristianismo de causar divisões, não ter unificado, pacificado o mundo. Deveriam investigar, para ver se nosso alvo é esse; se, isso foi prometido por Deus, faz parte da Palavra Dele, ou, se a Doutrina de Cristo traz mesmo uma ruptura, uma separação entre os que a abraçam, e os que decidem seguir alheios.

A iniciante Igreja de Cristo trouxe isso que lemos acima: Um desafio aos crentes para se separarem dos que andavam segundo seus próprios caminhos. “Salvai-vos dessa geração perversa!” Uma separação voluntária por amor-próprio.

O que Cristo falou sobre o montante dos salvos? Seriam muitos, todos? Ele disse: “Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, espaçoso o caminho que conduz à perdição; muitos são os que entram por ela; porque estreita é a porta, apertado o caminho que leva à vida, poucos há que a encontrem.” Mat 7;13 e 14

O Salvador disse que Sua doutrina traria harmonia, paz? “Cuidais vós que vim trazer paz à terra? Não, vos digo, antes, dissensão; porque daqui em diante estarão cinco divididos numa casa: três contra dois, dois contra três.” Luc 12;51 e 52

Quando legou Sua Paz, fez questão de a diferenciar da paz do mundo; “Deixo-vos a paz, Minha paz vos dou; não vos dou como o mundo a dá. Não se turbe vosso coração, nem se atemorize.” Jo 14;27 Essa Paz é uma posse interior, um silêncio na consciência por ter sido perdoado, regenerado e estar novamente em comunhão com Deus.

A do mundo pode se firmar em muitas coisas; conveniências, interesses, poderio bélico, arranjos políticos divorciados da justiça, etc.

A paz com os semelhantes é uma coisa boa que devemos buscar, malgrado, diferenças de credos, opiniões, gostos; entretanto, nem sempre é possível; Paulo ensinou: “Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.” Rom 12;18

A paz com Deus requer Cristo como mediador, a virtude do Seu Sangue imaculado como fiador; “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a Palavra da reconciliação.” I Cor 15;19

Propor o ecumenismo como pacificador planetário, farsa que está em célere curso já, com a justificativa de que o cristianismo não conseguiu isso em dois milênios, tampouco, conseguirá, por sustentar “discursos de ódio” é grotesca falácia.

Nunca foi projeto Divino salvar o planeta, o sistema mundano como um todo. Deus, por Ser Santo, Criador de tudo, Se dá ao direito de Ser seletivo quanto o que aprova; “Meus Olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse Me servirá.” Sal 101;6

Isso já elimina a ideia de uma salvação global atinente a todos. Embora esteja disponível a todos, apenas os que a abraçam em seus termos a terão.

A imposição do “novo normal”, onde o homem decide o que é justo, reto, se dá ao direito de “editar a Deus”, alterando Sua Palavra, removendo porções que conteriam “erros Divinos” “anacronismos” do Eterno, merece um apreço.

Se, do ponto-de-vista mundano a reiteração dos Estatutos do Altíssimo soa a “discursos de ódio”, por não se alinhar à “moral” vigente, a Palavra Dele também previu o surgimento dessa geração ultramoderna: “Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30;12

Num mundo dual como esse, de verdade e mentira, justiça e injustiça, vida e morte, luz e trevas, natural o concurso de amor e ódio; de um servo aprovado por Deus foi dito: “Tu amas a justiça e odeias a impiedade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria mais do que aos teus companheiros.” Sal 45;7

Infelizmente nossa santificação devida, nem sempre chega à estatura de odiar ao pecado. Nos esforçamos para evitar o que O Criador Odeia. “Tu És tão puro de olhos, que não podes ver o mal...” Hac 1;13

Quando ensinamos os Juízos Divinos aos que andam alheios a eles, não o fazemos por odiar; antes, é o Amor de Cristo que nos constrange. A perdição que não desejamos para nós, também não a queremos aos semelhantes. Amá-lo como a nós mesmos é mandamento do Senhor.

O mundo em si não deseja se unir; há uma orquestração de títeres de Satã trabalhando para isso. Pessoas comuns têm alvos menores, atinentes às suas coisas, não, as do planeta.

Quanto mais o sistema normatiza mediante leis, posturas que Deus abomina, mais distante dele ficamos. “Porventura o trono de iniquidade te acompanha, o qual, forja o mal a pretexto duma lei?” Sal 94;20

quinta-feira, 27 de abril de 2023

A coragem de temer


“... Maldito o homem que confia no homem, faz da carne seu braço, e aparta seu coração do Senhor! Porque será como a tamargueira no deserto, não verá quando vem o bem...” Jr 17;5 e 6

Já ouvi, pessoas decepcionadas com a deslealdade alheia citarem parte desse texto como explicação: “Maldito o homem que confia no homem!” Mas, será mesmo essa a intenção? Amaldiçoar quem confia no semelhante?

Basta ler na íntegra o verso, para ver que não. Se, a Palavra de um cristão deve ser, sim, sim. E não, não. Ou, o cidadão dos céus, entre outras características é um que, “... jura com dano seu, contudo, não muda.” Sal 15;4 Como O Eterno nos amaldiçoaria por confiarmos nele?

A texto deixa claro que, o maldito em questão, nas coisas que deveria confiar em Deus, coloca a si mesmo, sua opinião, vontade, apreço; pois, “aparta seu coração do Senhor.” A própria Palavra se interpreta: “Confia no Senhor de todo teu coração; não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3;5 a 7

Um efeito colateral da maldição é cegueira espiritual. “... não verá quando vem o bem.” Isaías denunciou: “Ainda que se mostre favor ao ímpio, nem por isso aprende justiça; até na terra da retidão ele pratica a iniquidade; não atenta para a majestade do Senhor. Senhor, Tua Mão está exaltada, mas nem por isso a veem...” Is 26;10 e 11

A posse rotineira de algo passa despercebida, por fazer parte do “normal”. Muitas vezes ignoramos o que recebemos, nem sempre somos agradecidos porque Deus nos abençoou. Como luz e água em nossas casas; são tão normais, que apenas quando faltam percebemos quanto são necessárias.

Assim, muitas bênçãos, apenas depois de retiradas são devidamente apreciadas.

O mundo combate com todas as forças aos valores cristãos; para os tolher acabará vetando nosso direito de crer e pregar. Quando conseguir isso, muitos que olham de fora e riem de nossa luta, quando privados de um conselho espiritual, uma oração em momentos de angústia, finalmente entenderão, o quanto vale o que lhes causa riso, agora.

“Irão errantes de um mar até outro mar, do norte até ao oriente; correrão por toda parte, buscando a Palavra do Senhor, mas não acharão.” Am 8;12

Já aconteceu isso no período Inter bíblico; de Malaquias a João Batista, 400 anos de “silêncio profético”. Acontecerá outra vez, quando o motim global, previsto no salmo segundo se estabelecer. “Os reis da terra se levantam e os governos consultam juntamente contra o Senhor e contra Seu Ungido, dizendo: Rompamos Suas ataduras, sacudamos de nós Suas cordas.” Sal 2;2 e 3

Primeiro teremos a perversão da revelação, com “revisão e atualização” da Palavra de Deus; concomitante, o ecumenismo validando toda sorte de credos, por contraditórios que sejam; por fim, o veto ao direito de crer em divindades distantes, imposição de adoração ao “deus presente” o anticristo.

Como vemos, a confiança no braço humano não apenas nos aliena de Deus; acabará jogando os autoconfiantes sob a opressão do Capeta.

Os melindrosos seletivos, que se ofendem com a expressão “temer a Deus” quando estiverem sob o império do “deus” espúrio, finalmente entenderão o que é invasão de domínios, castração de direitos.

Já vislumbramos miniaturas disso, no horizonte de nossa política.

Há uma valentia na entrega da gestão das próprias vidas, que esses que nos acusam de nos escondermos atrás da Bíblia, e riem da nossa fé, desconhecem.

O reconhecimento de nossas carências e fraquezas, nos coloca ao alcance de dádivas tais, que além de, presto vermos quando nos vem o bem, também não capitulamos às ameaças do mal. “Os que confiam no Senhor serão como o monte de Sião, que não se abala, mas permanece para sempre.” Sal 125;1

Força, riqueza, sabedoria, têm lá suas utilidades. Mas, nada se assemelha à preciosidade que é termos intimidade com Deus. “... Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas, mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em Me entender, Me conhecer, que Eu Sou o Senhor, que faço beneficência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas Me agrado, diz O Senhor.” Jr 9;23 e 24

De que vale a força de nosso raquítico braço no combate ao pecado? “O Senhor desnudou Seu Santo Braço perante os olhos de todas as nações...” Is 52;10

Esse bem que remove a impiedade, Cristo, é preciso crer para ver. “Quem deu crédito à nossa pregação? A quem se manifestou o Braço do Senhor?” Is 53;1

quarta-feira, 26 de abril de 2023

Inimigos íntimos

 

“... a mão do que me trai está comigo à mesa.” Luc 22;21

A traição em si não é fiel aferidora do caráter. Imaginemos uma quadrilha de malfeitores que sempre assaltou unida. Lá pelas tantas, um deles reconsidera, pensa nas coisas que tem feito, outras que tem aprendido e decide mudar, abandonar aquilo e ser diferente; quiçá, se tornar um cristão.
Para os da súcia ele será considerado um traidor, um covarde que, apenas pela sua mudança se tornará uma denúncia sobre o modo errado de viver, daqueles. Possivelmente será perseguido pela sua “falta de caráter”, por ter pulado do barco. O mal também precisa de coesão, fidelidade.
Ouçamos um exemplo do canto dos aliciadores: “Vem conosco a tocaias de sangue; embosquemos inocentes sem motivo; traguemo-los vivos, como a sepultura; inteiros, como os que descem à cova; acharemos toda sorte de bens preciosos; encheremos nossas casas de despojos; lança tua sorte conosco; teremos todos uma só bolsa!” Prov 1;11 a 14 O que, tendo aceitado tal proposta, um dia sai dessa unidade “cospe no prato em que comeu.”
A fidelidade ao erro não é uma virtude, tampouco, o abandono de sua prática, um passo vergonhoso; embora, seja tido por traição, pelos que queriam prosseguir no mesmo agir, contando com os mesmos agentes.
Saulo de Tarso fora o homem forte do Sinédrio na perseguição à Igreja; quando, após um encontro com Cristo foi transformado, passou a defender aos que antes perseguira; foi tido por traidor pelos de sua antiga crença. Tanto que, foi caçado, certa vez apedrejado à morte, (embora tenha sobrevivido) tal era a ira que sua mudança causara nos antigos correligionários.
Como os inimigos sempre são “fiéis”, mantêm sua inimizade em quaisquer circunstâncias, a traição sempre será uma atitude dos chegados. “A mão do que me trai está comigo à mesa.”
Voltaire ironizou: “Deus me livre dos meus amigos; dos inimigos eu me cuido.”
A “mesmice” chata da boa índole, do caráter alinhado à justiça e verdade cansa a alguns que, adentraram em tal meio sem fazer bem os cálculos, se era mesmo isso que queriam.
Quem se rende ao Senhor, decepciona-se consigo mesmo, à medida que reconhece seus erros. “Lendo a Bíblia encontrei muitos erros; todos em mim.” Agostinho. Quanto mais deprecia seus maus passos pretéritos, mais aprecia ao perdão Divino que renova Sua misericórdia cada manhã.
No afã de corresponder ao Amor de Deus, luta por novas conquistas de obediência o tempo todo. Para esses, o cristianismo nunca é monótono. “De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, andemos também em novidade de vida.” Rom 6;4

Porém, quem recusa ouvir a voz que O Espírito Santo aviva em sua consciência, não terá “nada a fazer”, na sua enganosa comodidade suicida de “salvo”.
Então, dado seu tédio, abre-se a “novidades” externas, bebendo de fontes espúrias; natural que, o tal passe a sentir-se deslocado, estranho no seu local de convívio. Pode suportar por um tempo, mas acabará optando pelo que palpita mais forte em sua alma.
Como esse processo é interior, não o percebemos até eclodir.
Não raro, nos decepcionamos com rupturas, sem perceber que eram necessárias. Pessoas diferentes em valores e motivações precisam de caminhos diferentes; “Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?” Am 3;3
“Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós.” I Jo 2;19 “Por isso ímpios não subsistirão no juízo, nem pecadores na congregação dos justos.” Sal 1;5

Exemplos de rupturas necessárias, sem analisar o mérito das causas.
Enquanto a união pode ser feita pelos diferentes, como o ecumenismo propõe, a unidade requer coesão espiritual para que aconteça. Pois, “Há um só corpo, um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo;” Ef 4;4 e 5
Óbvio inferir que, a unidade exposta refere-se à verdadeira. Há imitações, fraudes várias, mas, não “colam” com O Espírito Santo nem com O Senhor.
Na união dos diferentes, a lei é aceitar cada um, como ele é; na Unidade em Cristo é preciso regenerar para voltar a ser como Deus o fez.
Para os ecumênicos, “traidores” somos nós, que insistimos na difusão dos “discursos de ódio”, que desafiam quem ouve a negar a si mesmo por Cristo.
O sistema está de tal sorte corrompido, que o antivírus é lido como vírus. Quem adota a mentira como rota e sentimentos como diretrizes assenta-se todos os dias com o traidor, que o está levando a perdição, o ego.

domingo, 23 de abril de 2023

A coroa da fé


“Vós intentastes mal contra mim; porém Deus intentou para bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar muita gente com vida.” Gn 50;20

Os irmãos de José, primeiro o tentaram matar jogando numa cova; depois, reconsideraram e o venderam como escravo.

O Senhor permitira, não obstante, a inocência de José. Outras injustiças mais fizeram parte do seu currículo, antes de ser guindado à honrosa situação em que estava; governador do Egito.

Vindo a morte de Jacó, os traidores temeram sofrer vingança por parte do, então, governador. Rogaram misericórdia, usando até mesmo o nome do finado pai; José, depois de os tranquilizar, dizendo não estar no lugar de Deus, fez a observação supra: Vocês me tentaram fazer o mal; mas Deus mudou isso em bem, e favoreceu muitas pessoas mais, como se vê, nesse dia.

Há uma característica na fé que a torna impossível para os reféns do imediatismo, do testemunho dos olhos apenas; “A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, a prova das coisas que se não veem.” Heb 11;1 Enseja uma firmeza na esperança, não uma confiança nas vistas.

Para os que descreem, quando afirmamos nossa confiança baseada na fé, parece que estamos dando “um salto no escuro”. A bem da verdade, podemos “ver” o que lhes escapa. Moisés, “Pela fé deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível.” Heb 11;27

Por ser a fé, abstrata, não significa que não lide com as coisas palpáveis. Se, patrocinou tal empresa a Moisés, fica mais que evidente seu poder de “mover montanhas” ante aqueles que a abraçam.

A Palavra não revela que José tivera alto nível de ensino sobre as coisas Divinas; apenas que era fiel ao seu pai e temia a Deus. Como “revelação”, tivera dois sonhos que apontavam para ele em lugares altos acima de todos os seus. Isso bastou para que ele passasse poucas e boas, sem negar sua confiança. Antes de Deus mudar seu mal em bem, muitos males foram anexados ao primeiro.

Quando Abraão, bisavô dele, fora chamado, fora desafiado a confiar estritamente na Palavra de Deus. “... Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que Te mostrarei.” Gn 12;1 Deixa tudo e vai “para uma terra que te mostrarei;” Tinha “apenas” a Palavra de Deus como fiadora e isso bastou. Não sem razão, é chamado, “pai da fé”.

Deus diz: “... Eu velo sobre Minha Palavra para cumpri-la.” Jr 1;12 O Santo atrela Sua Honra, Fidelidade, a Integridade do Seu Nome à Sua Palavra. Sabedora disso, a fé pode descansar, mesmo que as vistas insistam em falar o contrário. “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do Seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor, firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10

Paulo sentencia: “Porque andamos por fé, não por vista” II Cor 5;7

Chega um tempo em que, a “semeadura” da fé recebe a devida colheita. Então, coisas “impossíveis” se fazem bem palpáveis. O que fora apenas longínqua esperança se torna um fato presente, “como se vê nesse dia”, disse José aos seus irmãos. 

O que se via naquele dia? Os traidores invejosos arrependidos, medrosos, envergonhados, suplicantes ante ao traído que seguira fiel, então, exaltado, poderoso, saciado em sua sede de justiça.

Embora, no escopo humano, a justiça seja uma espécie de troca, um toma lá, dá cá, o mais breve possível, conforme suposto mérito de cada um, aos Olhos Divinos, a justiça deve habitar na índole, no caráter de cada filho; um apego a ela, mesmo com sede, ainda que, tenha que atravessar vasto tempo, antes de ver coroado seu mérito. “O justo viverá da fé; se ele recuar, Minha Alma não tem prazer nele.” Heb 10;38

Essa “fé” que dá uns brados e fica olhando frustrada, pensando, por que a montanha não implodiu? é só o retrato da ignorância de quem nada aprendeu das coisas espirituais. “Tudo tem seu tempo determinado; há tempo para todo propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer e de morrer; tempo de plantar e de arrancar o que se plantou;” Ecl 3;1 e 2

Não que a sina de José esteja proposta a cada um. Não há tantos tronos assim, vagos. Mas, os que, malgrado, adversidades e perseguições, injustiças, seguirem fiéis, certamente chegarão às suas vitórias, ao tempo dos frutos quando as coisas esperadas serão realidades palpáveis, coroas da vitória da fé.

Vulgarmente se diz: “A pressa é inimiga da perfeição;” pois, perfeição é o âmbito da Divina atuação; então, “... aquele que crer não se apresse.” Is 28;16

sábado, 22 de abril de 2023

Discurso de amor e ódio


“Odeio aqueles que se entregam a vaidades enganosas...” Sal 31;6 “Tu amas a justiça e odeias a impiedade...” Sal 45;7

“Não odeio eu, ó Senhor, aqueles que te odeiam, e não me aflijo por causa dos que se levantam contra ti? Odeio-os com ódio perfeito; tenho-os por inimigos.” Sal 139;21 e 22

Textos assim e similares são alvos de ataque; Xuxa Meneguel, e outros menos votados esposam que, a Bíblia precisa ser reescrita, “removendo todo ódio, deixando apenas o amor”.

Imaginem, odiar aos que se entregam ao engano, à impiedade, os que se levantam contra Deus. Onde já se viu tamanha falta de amor?

Ora, a primeira esfera do amor é o amor-próprio. Tanto que, esse foi tomado como base para o devido ao semelhante. “... amarás teu próximo como a ti mesmo.” Mat 19;19 “Como quereis que os homens vos façam, da mesma maneira lhes fazei.” Luc 6;31 etc.

Como ficaria meu amor-próprio, se concedesse ao semelhante, “direitos” que tolho a mim? Se eu achasse nele, normais, atitudes que, em mim causariam estranheza, aversão, vilipêndio, desprezo?

Minha saúde espiritual e psicológica requer que eu evite aquilo que é deletério. Assim, o “cidadão dos Céus,” além de outras credenciais necessárias, é um “a cujos olhos o réprobo é desprezado; mas, honra os que temem ao Senhor.” Sal 15;4

Quando a Palavra manda amar aos inimigos, vencer o mal com bem, orar pelos que nos perseguem... ensina a não desistirmos das pessoas que andam errado; contudo, não legitimar seus erros em nome de suposto “amor”. Um erro segue sendo o que é, mesmo se, praticado por alguém que amamos.

O que é a Cruz de Cristo, senão, a maior declaração de amor de Deus pelos homens, e ódio pelo pecado? Aos cristãos hebreus foi dito: “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado.” Heb 12;4 Cristo o fez.

Amor e ódio podem ser vizinhos, tão somente, olhando para alvos diferentes. Pois, o amor, “Não folga com a injustiça, mas com a verdade.” I Cor 13;6

O homem sozinho não entende as coisas espirituais. “O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.” I Cor 2;14

Quando o advertimos que, determinado comportamento é indevido, pois, o enviará à perdição eterna, ele não consegue vislumbrar nossa motivação amorosa. Apenas vê “intromissão, ódio” tentando tolher seus “direitos”.

Assim, os cegos querem vetar que se fale das cores e das formas, considerando válido apenas o tato; têm por agressores o que lutam para lhes sarar córneas e retinas. 

Mas, se eles são mesmo contra o ódio, por que odeiam nossa postura e mensagem? “Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, constituo a mim mesmo, transgressor.” Gál 2;18 ensina, Paulo.

A Palavra não foi dada para divertir à humanidade ímpia tampouco, para validar atitudes que, aos Olhos do Santíssimo, são desprezíveis. “Tu És tão puro de olhos, que não podes ver o mal...” Hc 1;13

Ela foi enviada para nos convencer de nossos pecados, ensinar sobre a Justiça e Santidade Divinas; proclamar Seu Amor Inaudito, que pretende nos regenerar, mediante Cristo, nos termos que propõe. Quem não quiser, pode seguir à sua maneira, ninguém será forçado a crer.

O que não é possível, é a fusão dos anseios desorientados e profanos, da natureza perversa pós queda, com as coisas de Deus. Nele não há mudança nem sombra de variação.

O desacordo que separa deve ser removido a partir de nosso arrependimento e submissão, não, de uma ousadia suicida que pretende mover O Absoluto, para que o relativo, fique intocável.

Nunca negamos aos ímpios o direito de seguirem sendo o que são, embora, advertimo-los das consequências, pois, o amor nos constrange. Entretanto, os ativistas engajados pretendem tolher nosso direito de crer em Deus como Ele Se revelou.

Quando o povo escolhido se afastou de Deus em busca de ídolos, O Santo não os proibiu, embora tenha estranhado; “... por que razão morrereis, ó casa de Israel?” Ez 33;11

Apenas, demandou que, seguindo às suas maneiras, não O profanassem mais. “... Ide, sirva cada um os seus ídolos, pois que a Mim não quereis ouvir; mas não profaneis mais Meu Santo Nome com vossas dádivas e vossos ídolos.” Ez 20;39

O mesmo princípio ainda vale; quem quer andar à sua maneira e não permitir que ninguém se “intrometa” nas suas escolhas, mesmo quem aconselha da parte de Deus, ande. Quando der de cara com o muro das consequências, culpará quem?

Nenhum é forçado a gostar da Palavra de Deus; todavia, gostando ou não, a ninguém compete alterá-la. “Ai dos que são sábios aos seus próprios olhos...” Is 5;21

sexta-feira, 21 de abril de 2023

Os escolhidos


“Tenho chamado pelo nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá; enchi-o do Espírito de Deus, de sabedoria...” Ex 31;2 e 3

O Senhor expondo a Moisés Seus escolhidos para edificação do tabernáculo e utensílios.

Há chamadas que são genéricas, abrangentes, e dependem da resposta de quem ouve-as, como a pregação do Evangelho. “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo, aprendei de Mim, que Sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para vossas almas.” Mat 11;28 e 29

Um convite expansivo, válido para todos. Porém, há também escolhas específicas, pontuais, como a que encabeça esse texto: “... tenho chamado pelo nome a Bezalel...”

Quando Cristo ensinava o Evangelho, houve uns que Ele referiu de modo especial; os capacitou para serem partícipes no estabelecimento dos fundamentos da igreja, os apóstolos. A esses Ele prometeu que, a harmonia de pensares entre eles já seria um selo da direção celeste: “Em verdade vos digo que tudo que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu.” Mat 18;18 

Promessa válida àqueles, não a qualquer grupo de pessoas, a despeito de suas motivações, o que tornaria Deus, refém de homens.

Tampouco, significa que iniciativas de baixo para cima seriam chanceladas no alto, apenas porque partiram deles; antes, que O Espírito Santo os conduziria na direção devida. Jeremias ensina: “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem seu caminho; nem do homem que caminha o dirigir seus passos.” Jr 10;23 O Senhor não nos escolhe para iniciativas autônomas, antes, para o serviço em obediência.

Bezalel fora cheio do Espírito de Deus e de sabedoria, para fazer as coisas que, O Arquiteto da Obra mostrara a Moisés.

Os profetas, também eram frutos de escolhas pontuais do Eterno. Eliseu estava arando, quando Elias passou e jogou sobre ele, sua capa. I Rs 19;19 Não há registro de que Elias falou algo chamando-o. Mas, o simples gesto de lançar a capa sobre ele foi entendido prontamente como uma convocação, à qual atendeu na hora. “Então deixou os bois, correu após Elias e disse: Deixa-me beijar meu pai e minha mãe, então te seguirei. Ele lhe disse: Vai, e volta; pois, que te fiz eu?” v 20

O profeta estava deixando claro que o anseio por segui-lo, nascido em Eliseu, era vindo do Alto. “... que te fiz eu?” Embora homens possam ser instrumentos do Divino agir, sempre será O Espírito, O “motor” que impulsionará aos tais na direção tencionada pelos Céus.

Naqueles dias havia escola de profetas, onde as pessoas poderiam escolher ingressar; O Santo honrava aos fiéis. Entretanto, um chamado como fora Eliseu era de outro calibre, por causa da unção recebida, e da missão a desempenhar.

Quando O Criador estava para levar para Si a Elias, os filhos dos alunos da referida escola avisaram a Eliseu: “Então os filhos dos profetas que estavam em Betel saíram ao encontro de Eliseu, e lhe disseram: Sabes que o Senhor hoje tomará teu senhor por sobre a tua cabeça? Ele disse: Também eu sei; calai-vos.” II Rs 2;3

Há muitos “profetas” céleres a falar o que todos já sabem. Quando Elias foi arrebatado, os mesmos acharam que fora jogado alhures e decidiram buscá-lo; Eliseu disse que o não fizessem. Insistiram e perderam três dias de andanças vãs. Um escolhido por Deus sabe o que todos sabem, e coisas que só a ele são reveladas.

Mesmo sendo do contingente dos que atenderam ao convite genérico para a salvação, os que escolhem levar uma vida espiritual, possibilitada mediante obediência e estudo da Palavra, também se tornam conhecedores do “Segredo de Deus.” “O segredo do Senhor é com aqueles que o temem; Ele lhes mostrará a Sua Aliança.” Sal 25;14

Pois, “O que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido.” II Cor 2;15

Se, o mundo escolhe os belos, os carismáticos, os “sarados” ou talentosos, Deus usa outros critérios; “... o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém, o Senhor olha para o coração.” I Sam 16;7

Aos olhos humanos Davi era o último da fila; mas, a escolha não era humana. Os marqueteiros do “eis-me aqui” dizem que quem não é visto não é lembrado.

Deus tirou Eliseu da seara, e Davi de após os rebanhos. Não importa se seremos chamados pelo nome, ou no pacote. Perante O Santo, as “credenciais” aprazíveis são internas. “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Prov 4;23