segunda-feira, 28 de março de 2016

A Palavra e o Tempo

O homem se alegra em responder bem; quão boa é a palavra dita a seu tempo!” Prov 15;23

Quantas vezes já ouvimos expressões tipo: “Comigo, bateu levou; não levo desaforo pra casa!” A ideia é de uma reação imediata, às falas agressivas, o que destoa da afirmação que as palavras têm seu tempo adequado. Todavia, o mais sábio dos homens insistia nisso “Tudo tem seu tempo determinado... tempo de estar calado, tempo de falar;” Ecl 3;1 e 7

Ok, suponhamos que estejamos convencidos disso, que mesmo as palavras têm sem próprio tempo; como identificá-lo? Bem, o mesmo pensador atribuiu ao que é obediente aos mandamentos, o dom de discernir essas coisas. “Quem guardar o mandamento não experimentará nenhum mal; o coração do sábio discernirá o tempo e o juízo.” Ecl 8;5

Parece que a pressa de falar o que pensa não é prerrogativa daquele que pensa com conteúdo, antes, de seu oposto. “O que possui o conhecimento guarda suas palavras, o homem de entendimento é de precioso espírito.” Prov 17;27 “O tolo não tem prazer na sabedoria, mas, em que se manifeste aquilo que agrada seu coração.” Prov 18;2

Embora, para a tradição católica a ira seja um “Pecado Capital” na Bíblia, sequer, pecado é. Ainda que seja um sentimento que, dado o calor que enseja pode ofuscar a justiça, verdade, e, agirmos ao seu motor, nos levar a pecar. Daí, o preceito: “Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira. Não deis lugar ao diabo.” Ef 4;26 e 27

Aqui temos a ira como concessão, uma permissão, dada nossa natureza, seguida da exortação que não pequemos quando irados; o que nos permite inferir que devemos calar até passar esse estado de ânimo, pois, se falarmos ao aguilhão da ira acabaremos errando. Se o “sol se puser sobre nossa ira” pode se tornar amargura, quiçá, ódio, que equivale a dar lugar ao diabo.

Ira por justo motivo é necessária, saudável. Só um completo pusilânime, sangue de barata, poderá contemplar uma grande covardia, injustiça, sem se irar. Ademais, se ira fosse pecado, deveríamos concluir que Deus pecaria. Entretanto,Deus é juiz justo, um Deus que se ira todos os dias.” Sal 7;11 O que moveu a reação do Salvador quando virou as mesas no templo, senão, sua Santa Ira contra a redução da “Casa de oração” a “covil de ladrões”?

Às vezes uma coisa boa se torna má, usando um “assessório” de má qualidade. Além de sermos verdadeiros em nossas falas carecemos senso de oportunidade, capacidade de medir consequências. Por exemplo: Um tolo falador dizendo: “Eu sou sincero, falo o que penso”. Ok, sinceridade é uma coisa boa, mas, se o dito cujo pensar com má qualidade, dizer o que pensa é menos produtivo que seu silêncio.Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio; o que cerra os seus lábios é tido por entendido.” Prov 17;28   Ocorre-me um provérbio hindu: “Quando falares cuida para que tuas palavras sejam melhores que teu silêncio”.

Ademais, mesmo a fala verdadeira, o pensamento qualificado, pode não ser oportuno; acrescer um peso demasiado em ambiente já bastante triste. Jesus fizera algumas revelações duras aos discípulos, que um o trairia, que iria para Pai, que sentiriam dores como uma mulher de parto, etc. aí, deixou no ar: Ainda tenho muito que vos dizer, mas, vós não podeis suportar agora.” Jo 16;12

Afinal, segundo a Bíblia, a Palavra exorta, consola e edifica. Que adianta exortação onde a dor é tal, que a única coisa producente seria o consolo? Que vale consolar, onde a má índole, produtora das dores decide recrudescer no erro? Que proveito ensinar onde impera o escárnio invés da postura dócil do aprendiz? “Não fales ao ouvido do tolo, porque desprezará a sabedoria das tuas palavras.” Prov 23;9

Eu gosto da postura inicial dos amigos de Jó. Se falaram besteiras depois, não compactuo, mas, sua entrada em cena foi notável, em grande estilo: “Levantando de longe os seus olhos, não o conheceram; ergueram a sua voz e choraram, rasgaram cada um o seu manto, sobre as suas cabeças lançaram pó ao ar. E assentaram-se com ele na terra, sete dias e sete noites; e nenhum lhe dizia palavra alguma, porque viam que a dor era muito grande.” Jó 2;12 e 13

Sete dias em silêncio. Enquanto o maior interessado não falou, não ousaram, apenas ficaram solidários ao lado, admirável postura!!


Em suma, usa-se alhures um ditado que, “falar é prata, silenciar é ouro”; Mas, a Bíblia associa esses metais preciosos ao discernimento do tempo oportuno, da fala.  “Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo.” Prov 25;11

domingo, 27 de março de 2016

O que me falta ainda?

Jesus disse: Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho; honra teu pai e tua mãe, amarás teu próximo como a ti mesmo. Disse-lhe o jovem: Tudo isso tenho guardado desde minha mocidade; que me falta ainda? ... Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres; terás um tesouro no céu; vem, e segue-me.” Mat 19;18 a 21

O jovem rico que foi a Jesus para justificar-se, não, ser justificado. Jactou-se de observar toda a Lei desde jovem. Não entendia, sendo tão “bom”, por que precisaria ainda dos ensinos do Novo Pregador que surgira. “O que me falta ainda?” Eliminando o polvilho e pegando apenas o “princípio ativo” do comprimido prescrito temos: “Falta ser perfeito, um tesouro no Céu”.

A justiça própria tem sido a maior barreira à salvação de muitos. Aquele que se presume bom, suficiente, jamais identificará a necessidade que tem, da Bondade de Cristo. Acontece que, tendemos a ser severos quando julgamos outrem, o que sequer nos compete, e, indulgentes quando avaliamos a nós mesmos, o que devemos fazer, diariamente.

Um dos mandamentos que ele “cumprira” desde a mocidade era, “ama teu próximo como a ti mesmo”. Entretanto, era milionário cercado de miseráveis; estranha forma de amar, essa, que encastela-se no conforto do próprio egoísmo e desconsidera necessidades vitais dos que lhe orbitam.

Por isso O Salvador tocou nessa ferida quando o desafiou a ser perfeito; o cuidado solícito com os necessitados que o cercavam. Não venham os oportunistas verter isso em pregação política! Era preceito de amor cristão, não, pregação do comunismo que expropria à força; um desafio ao amor, que, por sua natureza, deve ser voluntário.

A rigor, O Senhor não tencionava que ele fizesse isso, estritamente; Zaqueu quando se arrependeu fez bem menos, seguiu sendo rico, e foi aprovado pelo Salvador, reputado “Filho de Abraão”. O que Jesus quis foi iluminar ao sujeito para que visse que, sua pretensão de ter cumprido cabalmente à Lei, era fanfarrice, engano.

Entretanto, mesmo depois da receita que lhe faria perfeito, lhe daria um tesouro no Céu, restava uma coisa a fazer: “Vem, e segue-me”, disse O Senhor. Se, o amor ao próximo só é possível expressar mediante obras, o amor a Deus demanda segui-lo, obedecê-lo.

O Salvador disse que, de “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, dependem a Lei e Os Profetas. Assim, a fé sozinha acaba estéril; as obras como meio de justificação, blasfemas.

Paulo ensina: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais, Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;8 a 10 A salvação é de graça mediante a fé; as boas obras, o modo de vida esperado por Deus, dos que foram regenerados por Cristo.

Parece que o jovem rico em apreço conhecia, então, a “profundidade” do nosso mundo virtual. “Quem ama aos pobres curte, compartilha”. Que fácil de demonstrar os “sentimentos” que sequer demandam que eu desgrude o traseiro de minha confortável cadeira de balanço!

Nosso amor cristão não deve ser cantado em prosa e verso; antes, deve ser identificado naquele que é assistido por ele. E, ainda que façamos obras excelentes, essas, não devem ser ostentadas para trazermos a glória para nós, como aquele que lava pés e beija ante às câmeras. Ainda assim, nossas coisas bem feitas não nos dão “crédito para pecar”, de modo a nos supormos bons e justos, nem carecendo seguir a Cristo.

Amar requer renúncia, altruísmo, identificação, interesse, coisas que em muito excedem às tolices pueris do mundo virtual. Mas, mesmo nele, se pode ser hipócrita, bajulador, fingir concordar com o que não concordamos, sonegar a verdade, para parecermos legais; afinal, queremos que nos “curtam” o bem maior da pessoa que veramente amamos, nós mesmos; não corrermos o risco de, sendo verdadeiros, colhermos incompreensões, invés de aplausos.

Somos também riquíssimos de possibilidades; invés de desenrolar um empoeirado papiro à meia luz e buscar entender à Vontade de Deus, escrevo isso assessorado pela Bíblia online, outra, digital. Essa riqueza de facilidades ensejada pela tecnologia pode nos trair e esconder que, como para aquele do princípio, ainda nos falta uma coisa; descermos do pedestal fácil do faz-de-contas, e expressarmos amor no teatro árduo e carente, da realidade.


Na abundância usamos devanear com o prazer; na extrema carência, o mero meio de sobreviver nos basta. O risco é que nossas imensas riquezas sejam disfarces de nossa miséria espiritual, como daquele. Acordemos, ainda nos falta uma coisa.

sexta-feira, 25 de março de 2016

Estrelas incompreendidas

Os que forem sábios resplandecerão como o fulgor do firmamento; os que a muitos ensinam a justiça, como as estrelas, sempre, eternamente.” Dn 12;3

Temos um exemplo de paralelismo sinonímico, comum na poesia hebraica, onde, a mesma coisa é dita duas vezes, porém, de modo diferente; assim: a) “Os que forem sábios resplandecerão como o fulgor do firmamento; b) “Os que a muitos ensinam a justiça, (resplandecerão) como as estrelas, eternamente.  Então, temos o ser sábio, equacionado a ensinar justiça; resplandecer como o firmamento, a resplandecer como estrelas.

Mais do que a essência dos sábios em si, a meu ver, o texto onde Daniel vaticina os últimos dias, aponta para as circunstâncias adversas à sabedoria que reinariam então. Como as estrelas só podem ser vistas no escuro, assim, num cenário de total inversão de valores, trevas morais, eventual justo seria notado em destaque, como uma estrela à noite.

Isaías, vaticinando o ressurgimento de Jerusalém, para Deus, também o fez num cenário de contraste. “Levanta-te, resplandece, porque vem a tua luz, a glória do Senhor vai nascendo sobre ti; porque as trevas cobriram a terra, a escuridão os povos; mas, sobre ti o Senhor virá surgindo, sua glória se verá sobre ti.” Is 60;1 e 2

Diverso do devaneio ufanista de alguns, que nos últimos dias a Igreja viverá um avivamento, o contexto sugere apostasia; as trevas cobrem a Terra, junto subsome uma igreja apóstata, mundanizada; Deus, volta Sua Graça para o povo da Promessa, os Judeus, tipificados profeticamente por sua Capital espiritual, Jerusalém.

Ao escopo de tais profecias, diria que o cenário não poderia ser mais “adequado” que o atual; digo, as trevas cobrem a Terra, eventuais justos, hão de ser perseguidos, caluniados, pois, a Luz de Deus, que os faz assim, incomoda seres de hábitos noturnos afeitos ao escuro.

A Palavra de ordem no Reino de Deus é santificação; na Terra, tolerância; O Eterno desafia à separação espiritual, o mundo prepara o Ecumenismo; o amor que, “folga com a verdade”, é relido de modo a folgar com as múltiplas paixões carnais, mesmo, as degeneradas. Com efeito, falta luz na Terra.

Na verdade, usamos essa expressão: “Faltou luz” quando ocorre uma queda de energia elétrica, mesmo que estejamos à luz do dia. É múltipla a utilidade da energia, mas, a luz é a mais visível, a mais abrangente. A energia não é a luz, porém, possibilita essa geração, conduzida às lâmpadas equipadas com engenhos que facultam a luminescência.

Em nossas casas usamos interruptores que permitem-nos, decidir quando queremos luz, quando, não. De semelhante modo, a Luz Espiritual deriva de uma Fonte de Energia que a Bíblia nomina, Espírito Santo, sem Ele não se vê na dimensão espiritual. “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus... O que é nascido da carne é carne, o que é nascido do Espírito é espírito.” Jo 3;3 e 6

A “rede” que o conduz ao encontro das pessoas, são os milhares de mensageiros que anunciam Seu Produto, A Palavra de Deus. “Lâmpada para meus pés é a Tua Palavra; Luz para o meu caminho.” Sal 119;105  “O Senhor deu a palavra; grande era o exército dos que anunciavam as boas novas.” Sal 68;11

Nossas almas em particular, também são dotadas de “interruptores” que permitem escolhas quanto à incidência, ou não, da Luz; esses, chamamos, livre arbítrio. 

A luz espiritual, o conhecimento traz certa dor; “...o que aumenta em conhecimento, aumenta em dor.” Ecl 1;18 E, a dor que nos desnuda ao conhecermos nossa própria maldade é que tem feito muitos “desligarem a luz” para se esconderem temendo o processo de cura. “A condenação é esta: A luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20

A forma preferida desse mundo “apagar a luz” tem sido relativizar O Absoluto, redefinir valores eternos, ao gosto do paladar viciado dos pecadores. A maldição das trevas acaba sendo consequência inevitável. “Na verdade a terra está contaminada por causa dos seus moradores; porquanto têm transgredido as leis, mudado os estatutos, quebrado a aliança eterna. Por isso a maldição consome a terra;...” Is 24;5 e 6


Ainda que os reflexos de evitar a luz sejam morais, no fundo, a crise é pela falta de amor, pelo egoísmo. Olavo Bilac versou, noutro contexto, algo que encaixa aqui, disse: “E eu vos direi: amai para entende-las! Pois, só quem ama pode ter ouvido capaz de ouvir e de entender estrelas.” 

Bandeira Branca de Sangue

Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens.” Luc 2;14

Bendito o Rei que vem em nome do Senhor; paz no céu, glória nas alturas.” Luc 19;38

Nesses dois louvores registrados por Lucas encontramos exaltações a Deus, e paz, em dois endereços distintos: Primeiro, na Terra; depois, no Céu. O contexto de cada exclamação nos fornece pistas dos motivos. Paz é um estado de ânimo bilateral. De nada vale uma parte sentir-se “em paz” estando a outra com mágoa, ferida não tratada. Assim, nossa reconciliação com Deus, que traz paz na Terra, requer alguma contrapartida que enseje paz, também, no céu.

A paz não é algo de geração espontânea, antes, uma consequência, como ensinara Isaías: “o efeito da justiça será paz, a operação da justiça, repouso e segurança para sempre.” Is 32; 17 Então, onde houver traços de justiça sendo praticada, no prisma espiritual, se vislumbrará rastros de paz com Deus.

Por isso, ao entrar no mundo Aquele que É, A Verdade, tendo vindo para ensinar a Justiça Divina, com sobejas razões, os anjos cantaram, “Paz na Terra”. “A misericórdia e a verdade se encontraram; justiça e paz se beijaram. A verdade brotará da terra, a justiça olhará desde os céus.” Sal 85;10 e 11

Se, a discórdia Divino-humana iniciou quando o primeiro homem foi instado a imputar injustiças a Deus, daí, desobedecer, a concórdia seria restabelecida agora, para com aqueles que, ouvindo A Verdade, se arrependessem, e passassem a dar crédito irrestrito a Deus; a isso equivale o, “glória a Deus nas alturas.”  O Santo que fora desonrado por calúnia e descrédito, seria agora devidamente glorificado, pela verdade e a fé.

Então, se Sua Santa presença entre nós é o bastante para trazer paz à Terra, a do céu tinha um reclame de justiça ainda não satisfeito. Por isso, tão somente quando O Salvador entrou em Jerusalém para oferecer a Deus a resposta “humana” para reconciliação, só então, o Espírito Santo verteu de lábios anônimos a certeza que se estava fazendo paz no Céu.

Se, lá no início, a humanidade embrionária ousou desobedecer Ao Criador, não temendo à morte, agora, o “Segundo Adão” levou a obediência às últimas consequências, ensinando de modo prático, em que sentido é sábio não temer à morte.

A necessidade judicial Divina demandou que Cristo se fizesse homem, pois, não havendo na Terra, “um justo sequer”, o preço que o Céu requeria, jamais poderia ter sido oferecida por nós. Deus entregara o domínio do Planeta ao homem. Competia ao homem, pois, colocar a “casa em ordem”; aqui temos a razão de ter, Cristo, descido da Sua Glória para se fazer um de nós. “Também o Pai a ninguém julga, mas, deu ao Filho todo o juízo; para que todos honrem o Filho, como honram o Pai. Quem não honra o Filho, não honra o Pai que o enviou. E deu-lhe o poder de exercer juízo, porque é Filho do homem.” Jo 5;22, 23 e 27

Para que o inimigo que derrotara um homem, não acusasse a Deus de injustiça, de trapacear, a justiça Divina fez Cristo vencer reduzido às limitações humanas. “E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; e livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão.” Heb 2;14 e 15

Desse modo, A Verdade ensinada pelo Mediador é o único aferidor confiável, pois, aquietando consciências, testifica que estamos em paz com Deus; ou, inquietando-as, denuncia  razões da nossa ruptura.

A paz no Céu foi alcançada no sentido geral, de desfazer a mentira do inimigo, os grilhões que detinham a humanidade à sua mercê; mas, a paz individual depende da resposta de cada um. Quem escolhe a impiedade em lugar da obediência desonra a Deus; não ensejando paz no Céu, tampouco, desfruta paz na Terra. “Mas, os ímpios não têm paz, diz o Senhor.” Is 48;22

Se alguém consegue, mesmo enlameado em culpas assegurar que é o mais honesto dos homens, não deriva, isso, de uma consciência pura; antes, outra, cauterizada. E é precisamente aí, que a eficácia do Sacrifício de Cristo sobrepuja em muito às pobres oferendas simbólicas do antigo sacerdócio. “...sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo.” Heb 9;14


Concluindo; nesse dia, dito Sexta-feira Santa, invés de sairmos nos emocionando e aplaudindo ao teatrinho estéril da crucificação, que tal reconsiderarmos nossas vidas, para ver se o sentido do Calvário faz sentido para nós?

quinta-feira, 24 de março de 2016

Bandeira Branca

Suponhamos que um colorado notável, famoso, influente, fosse pego com a boca na botija, cometendo roubos estratosféricos, desvios, e outros tipos de crime; flagrado, se apressasse em sua defesa dizendo que tinha ganhado títulos pelo Inter, está sendo perseguido pelos gremistas, invejosos; e, imediatamente, apesar de suas afirmações afrontarem fatos, bom senso, os acusadores, todos os colorados se inflamassem e saíssem às ruas cantando o hino do clube envergando camisas e bandeiras, em sua defesa.

Passassem a deplorar quem descobriu os crimes, os roubos, e, qualquer acusação, por cristalina e respaldada nos fatos que fosse, seria tida como um ataque infame dos gremistas golpistas. Soaria ridículo, não?

Pois é, mas, essa alegoria, com a permissão dos bravos torcedores do Internacional, é o que se dá no Brasil, com a diferença que os “gremistas” são chamados por diversos nomes: “Coxinhas, fascistas, reacionários, direita, elite, golpistas...”

Esse ardil sórdido de verter um caso de polícia, noutro, de política, tem jogado fumaça nos olhos de incautos que se apressam a defender uma ideologia, uma instituição, quando, quem está em risco é tão somente um ladrão.

Lula não está sendo perseguido por que é do PT, de esquerda; sempre foi, e teve livre trânsito, mandatos, apoio de uns, respeito de outros. Acontece que, como em todo o coronelismo político, ele é o dono do PT, manda prender e manda soltar. Mesmo o partido tendo uns dez nomes melhores que Dilma para concorrerem à sua sucessão, ela a escolheu e impôs ao partido, talvez, para seguir governando nas sombras.

Assim, estando ele ameaçado, os partidários veem o partido inteiro em risco. Eles esquecem que os filiados eleitos, se tornam parte do Estado, sendo os reclames desse, maiores e mais urgentes que os do partido. Invertem os valores de tal modo, que o Estado se põe a serviço do PT, invés do PT contribuir com o Estado.

Mas, tem outros partidos envolvidos, por que só falam do PT? Falamos do Cunha, Renan, o intocável, PMDB, PP, e demais corruptos, de qualquer sigla; não temos ladrões prediletos, corruptos de estimação, ícones intocáveis. Porém, o PT tem a caneta, a chave do cofre há catorze anos, e invés de moralizar e coibir desvios, os implementa no superlativo, comprando a si toda sorte de crápulas venais de outras siglas.

Alguém definiu as duas maiores manifestações de cada lado com uma frase insuperável: “A diferença entre as duas manifestações é que uma era contra a corrupção, independente do partido; a outra, a favor do partido, independente da corrupção.” Isso é maravilhoso poder de síntese! Dizer tanto em tão poucas palavras.

Algumas lideranças se insurgem contra Sérgio Moro que divulgou o teor dos grampos telefônicos. Dizem que pessoas como foro especial foram “prejudicadas”; acontece que o único grampeado era o investigado, Lula. Se, malgrado sua condição, autoridades governamentais o buscavam como tutor, invés de como investigado que era o caso, caíram no grampo por seus próprios vícios, não, por vício no trabalho da PF.

Usam e abusam das prerrogativas de Governo para satisfação de interesses escusos. Dilma reuniu ontem uma claque de “juristas” que aplaudiram ao “Não vai ter golpe”. Hoje, três ministros do STF deram entrevista dizendo o óbvio: Que, o impeachment é um recurso lícito, democrático, constitucional. Facilmente se depreende em qual faculdade se estão formando tais “Juristas”. 

Guilherme Boulos, o bravo comandante de uma “Torcida Organizada” ameaçou incendiar o País, caso o “golpe” se consume; disse isso com o mesmo topete que o pançudo do Wagner Freitas da CUT ameaçou pegar em armas para defender a “democracia” em pleno palácio governamental. Visão “sui generis” de democracia, dessa gente.

Por trás dos holofotes negociam de novo com Eduardo Cunha, o crápula, na tentativa de armar uma salvação conjunta; ignoram por completo os interesses do País, tão abalado pela inflação, desemprego, recessão, crise política, ética, moral. Não obstante, a Brasília política parecer uma ilha de safadeza cercada de povo por todos os lados, parece que a ilha acredita que pode secar o oceano.

Mesmo que sigam no poder mediante conchavos, governarão o quê? Para quem? Sem credibilidade, de modo tal, que os líderes só discursam para torcidas organizadas, e quando estupram lares via TV, recebem um estrondoso panelaço na cara.


Sua manutenção no poder contra o vultoso clamor popular poderá dar azo à desobediência civil, greves gerais, coisas que só abalarão ainda mais à nossa combalida economia. Claro que há envolvidos de todas as siglas! A diferença é que um corrupto de outro partido flagrado é só um corrupto em maus lençóis. Um corrupto petista flagrado, é um “Democrata perseguido” um “Guerreiro do povo brasileiro.” Se esses guerreiam por nós, acho que vamos hastear a bandeira branca.

segunda-feira, 21 de março de 2016

A "Mansidão" dos eleitores corruptos

“Vi que todo o trabalho, toda destreza em obras, traz ao homem a inveja do seu próximo. Também isto é vaidade, aflição de espírito. O tolo cruza as suas mãos, come a sua própria carne.” Ecl 4;4 e 5

Nenhuma das opções é muito encorajadora. Se trabalhar com destreza, talento, o sujeito colhe inveja; se cruzar os braços, se omitir, prejudica-se, “come a própria carne”.

Ao meu ver, compensa mais ser diligente mesmo ao custo pesado dos canhões da inveja, que autofagia da omissão.

O “trabalho” proposto ao país atualmente é que cada um tome posição, em face à crise política que vivemos. Minhas posições claras, contundentes, contra a roubalheira, corrupção, enfim, pela deposição da quadrilha que se apossou do poder tem me colocado em pleitos ácidos.

Vejo apenas dois tipos de eleitores. O cidadão consciente, e o corrupto cooptado. Aquele, pelas próprias aspirações de sua moral, não se importa com interesses privados ao fazer sua escolha, antes, com o que acha melhor para a nação como um todo, ou, para o maior número possível de pessoas. Noutras palavras: Não vota por ter recebido algum benefício pontual, antes, por identificar em sua escolha o melhor para o país. Esse tipo, de mente esclarecida, motivação coletiva, alma nobre, é mui raro, infelizmente; transformado em líder político seria o Estadista.

O eleitor corrupto é exatamente sua antítese. Se faz eterno devedor de um partido, uma ideologia, se, recebeu mediante atuação dela, algum benefício pessoal, ou, um familiar seu recebeu. Tal, não vê a classe política como gestora eficaz, equânime da coisa pública; antes, como “pistolões” que devidamente infiltrados, podem “abrir portas” a interesses particulares, quiçá, negociar favores.

Claro que, quem não tem medo da verdade reconhece que o PT, sobretudo no início quando pegou a casa em ordem, em cenário favorável fez coisas boas em vários setores. Isso, atingiu muitas pessoas. 

Mas, a “democracia” deles não consegue conviver com a república. A saudável alternância de poder, como vemos nos Estados Unidos, que, mesmo tendo dois partidos apenas, o máximo que cada legenda consegue em sequência são oito anos. O PT vai já para dezesseis, e, qualquer denúncia contra a corrupção, segundo eles, visa desestabilizar a candidatura de Lula em 2018. Assim eternizarem-se no poder, é sua visão peculiar de democracia.

Ninguém sabe gerir, senão, eles. Quem objetar a legalidade de sua permanência indefinida, mesmo havendo já quatro motivos para Impeachment, é “golpista”. Quatro? Mas, Dilma nunca roubou. É já ouvi muitos dizendo que não motivo nenhum.

Há três motivos jurídicos: As “Pedaladas fiscais” descumprindo à Lei de Responsabilidade; as denúncias de três delatores de que, dinheiro de corrupção irrigou a campanha; a nomeação de Lula ao Ministério da Casa Civil, um gesto golpista visando apenas a obstrução da Justiça.

Um motivo político; o estelionato eleitoral da última campanha, onde prometeu coisas várias, e fez exatamente o oposto, após eleita. Mas, para esses alistadores de “manifestantes” a pão, mortadela e trinta pila, impeachment, é golpe.

Não respeito gente que desrespeita os fatos, o valor das palavras, o bem comum, a verdade.

O PT no Governo continua PT; esquece que suas ações, uma vez eleitos, são assuntos de Estado, não, partidários. Devem governar no interesse de todos. Constroem uma faculdade qualquer com dinheiro público, do Estado, que os está pagando para bem gerir, fazem parecer que foi o partido que fez. Assim, se os eleitores beneficiados não seguirem eternamente devedores a eles, enfim, se “eles” a Elite Maldita vencer a eleição, o novo Estado vai destruir o que foi feito. Canalhas!!

Agora, que figurões do partido estão em maus lençóis, nomeiam um “Ministro da Justiça” para ameaçar, se possível, barrar o trabalho da Polícia Federal. Ora, se fosse Ministro do Estado, atentaria justo ao interesse da maioria, estimularia à promoção da justiça, doendo a quem doesse; mas, é só um petralha a serviço da causa, não é um Ministro.

Quando pensam ter razão, mesmo em coisas discutíveis, destroem laboratórios, laranjais, mudas de espécies em pesquisas, cortam cercas, invadem propriedades, gritam nas ruas: “Fora Sarney! Fora Collor! Fora Itamar! Fora FHC”, haja ou não, razões. Agora, um punhado de razões contra eles, é golpe? Canalhas!!

Os valentões, agora que estão cagados, depois de dividir o país entre “povo” e “elite”, nordestinos e sulistas, negros e brancos, heteros e gays, enfim, de fomentar toda sorte de luta de classes, agora, redescobrem a mansidão, o “Lulinha paz e amor está de volta”. Canalhas!!


Deram muitos tapas na cara de gente pacífica; agora que a paciência acabou, que os mansos arregaçam mangas, eles dizem que é brincadeira? Agora quem quer brigar somos nós, o Brasil decente. Os eleitores conscientes irão abafar a súcia dos corruptos.

domingo, 20 de março de 2016

O nosso maior medo

Ouvi a tua voz soar no jardim e temi, porque estava nu, escondi-me.” Gn 3;10

O primeiro homem, se escondendo de Deus, motivado pelo medo. Quantas almas perdem sua saúde, alegria de viver, reféns desse sentimento! Sendo algo assim, danoso, convém enfrentá-lo; e, fazer isso requer seu oposto, coragem.

Qual é o maior medo da humanidade? A morte, dirão muitos. Há quem tenha medo da velhice, de coisas menores como, perder o emprego, doenças, pestes, rejeição social, etc.
Desde meu observatório ouso afirmar que, o que a humanidade mais teme é a verdade. Tanto que, a maioria das relações sociais só é possível baseada na hipocrisia, na troca de elogios, de uma cumplicidade tácita, que, se alguém ousar romper, presto causará abalos sísmicos no “Establishment”.

Essa doença de preferir o agradável ao verdadeiro foi cantada em prosa e verso: “Mente pra mim, mas, diz coisas bonitas...”

Sabemos que uma pedra preciosa é mais cara, tanto quanto, mais rara for sua incidência. Na atual conjuntura, a aparição da verdade é rara como diamantes. Ainda assim, quando aparece, presto alguém desfaz dizendo que é mero vidro, pois, desqualificá-la é uma estratégia dos que a temem.

A escassez é tal, que chegamos a pagar por ela. Como assim? O que são, as propaladas “delações premiadas” senão, pagamentos sociais em troca da verdade? O nível dos governantes atuais baixou tanto, que trabalham reconhecidamente em nome da mentira, e não se envergonham. A coisa vem a público e seguem “firmes”, estão nus, sim, Deus que se esconda.

Todo país sabe que Delcídio foi preso por tentar obstruir à justiça; esconder à verdade. “Pago” para falar, disse que fez a mando de Lula. Mercadante tentou o mesmo propondo “ajuda” pra que ficasse calado; Dilma obstruiu também, nomeando um suspeito, investigado, para um Ministério.

Agora, o novo “Ministro da Justiça” entrou em cena fazendo ameaças contra a Polícia Federal. Invés de apoiar a promoção da justiça, seu papel constitucional, insinua que se deixe figurões do governo, em paz. Quanta coisa oficial, apenas com fito de esconder à verdade!

Aí, petistas se ofendem se apressam a dizer que há gente corrupta em outros partidos, como se isso os justificasse. PP e PMDB eram sócios na roubalheira da Petrobrás, da mesma quadrilha. Mas, há corruptos de outras siglas? Venha à luz a verdade, e se lhes dê a devida punição. Meu pleito é por justiça, não, por nivelar por baixo, lavando-se todos com água suja.

A simples exposição do lixo que “Meu governo não varre pra debaixo do tapete”, como dizia Dilma, é já um juízo moral, por parte de Deus. O penal compete à sociedade, às instituições, implementar. O Eterno fala de um ímpio que, dado o silêncio Divino agiu como se Deus não existisse; e, O Santo disse que entraria em cena, justo, rasgando sua máscara e expondo seus feitos. “Mas ao ímpio diz Deus... Estas coisas tens feito, eu me calei; pensavas que era tal como tu, mas, eu te arguirei, as porei por ordem diante dos teus olhos.” Sal 50 16 e 21

O Estado é laico, eu sei; mas, Deus, que “estabelece e depõe reis, que se inclina para ver o que se passa na Terra”, é Deus do Universo. Reina sobre quem crê e sobre quem duvida. O fato de alguém duvidar que o Everest está lá, não o remove de seu lugar, tampouco, anula sua existência.

É, mas tem muito evangélico falso, gente enganadora que só pensa em dinheiro! Eu sei. A Bíblia, A Verdade, disse que seria assim, e os fatos mostram que assim é. Mas, ninguém será justificado perante Deus por que existem injustos ao seu redor. Serão justificados apenas os que se arrependerem e tiverem O Justo, Jesus Cristo, por Fiador, Salvador.

Ele disse: “Eu Sou... a verdade... ninguém vem a Pai senão por mim.”
Queremos uma razão maior que essa para combater a mentira? Ninguém se aproxima de Deus senão, pela verdade. “Conhecereis a verdade, a verdade vos libertará”. Mais: “Ficarão de fora os cães, feiticeiros, os que se prostituem, os homicidas, os idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira.” Apoc 22;15

Assim, ver um ímpio vivendo e defendendo à mentira, e ignorar, compactuar, equivale a ver um bebê num berço que está pegando fogo, e seguir embalando, cantando “boi da cara preta”. Ora, a vida dele está em risco!!


Ah, mas política é uma coisa e religião outra. É, mas, mentira é mentira, faz mal social do prisma político, e espiritual também, no aspecto pessoal. Um profeta não é cúmplice de assassinato, é um eco da Voz de Deus! “Desperta tu que dormes, levante de entre os mortos, e Cristo te esclarecerá!”