sábado, 19 de novembro de 2022

Vergonha; até que é bom


“Porventura envergonham-se de cometer abominação? Pelo contrário, de maneira nenhuma se envergonham, tampouco, sabem que coisa é envergonhar-se; portanto cairão entre os que caem; no tempo em que Eu os visitar, tropeçarão, diz O Senhor.” Jr 6;15

Vergonha. O constrangimento interior que pode ser nominado por algumas dezenas de sinônimos, nasce de uma “ruptura” com “o programa original”. Nossa consciência acusa que erramos o alvo, presto esse “prêmio” repousa sobre nossas almas, como uma ave agourenta pressagiando consequências.

A primeira vez que aparece deriva de uma insurgência contra O Criador e Sua Vontade, acoroçoada pelo “profeta” que falou na contramão do Eterno. A casal edênico descobriu uma feiura, antes, desconhecida. “... Ouvi Tua Voz soar no jardim e temi, porque estava nu, escondi-me.” Gn 3;10 Adão não usou o termo me envergonhei; antes, "temi porque estava nu”. O que dá no mesmo.

O Salvador Explicou a lógica dos que se escondem; “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20 Geralmente tememos ser reprovados, embora, não nos preocupemos em evitar a prática de ações réprobas.

O simples precisar esconder os feitos é já um testemunho oblíquo de que sabemos que os mesmos são maus. Esse é o papel da consciência, o “antivírus” colocado no “sistema” pelo Santo Programador.

O conhecimento do mal é imediato, onde a consciência ainda não foi cauterizada. “Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus...” Gn 3;7

Depois de praticado o erro somos inseridos num segundo momento; onde reagiremos à informação da consciência. A honestidade intelectual nos desafia a reconhecer nossos erros; palavra que embute a ideia de conhecer de novo. Conhecemos nosso erro quando a consciência nos informou; o reconhecemos, quando damos a mão à palmatória da vergonha, que desafia ao arrependimento.

Samuel Bolton disse: “Se a consciência não for um freio, ela será um chicote.” Tiago mostra o pecado visível, antes de ser praticado; isto é: Ao ser planejado, a consciência já o revela; essa revelação poderá ser o freio; contudo, se, em rebeldia consumarmos o desejo insano, sofreremos os açoites. “... havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; o pecado sendo consumado gera a morte.” Tg 1;15

Não é problema termos, eventualmente, maus desejos; todos os temos. Como lidaremos com eles define quem somos. Um sonoro não! por amor é Deus é nossa identificação com Cristo. “Os que são de Cristo crucificaram a carne com suas paixões e concupiscências.” Gál 5;24

Para nos identificarmos na vida, devemos fazê-lo na morte; “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo Foi ressuscitado dentre os mortos, pela Glória do Pai, assim andemos nós em novidade de vida.” Rom 6;3 e 4

O novo nascimento aos que estavam “mortos em delitos e pecados” nos “formata”; reinstala o antivírus; a consciência, antes morta, cauterizada, agora, em Cristo recupera o vigor original.

A dissolução onde acabam os que cauterizaram às próprias consciências os levam a um estado deplorável, onde não têm vergonha de não terem vergonha, (faço mesmo e daí?) como vimos acima. “... de maneira nenhuma se envergonham...”

Assim, embora não a desejemos, eventualmente nos incomode até a alheia, a vergonha não é de todo ruim. Se outro bem não faz, pontua que ainda nos resta certa noção, em relação aos valores do Eterno.

Ele comparou a nação de Israel a uma mulher à qual desposara. Falou Saudoso das núpcias, em dias ulteriores, quando brotara a infidelidade; “... Lembro-me de ti, da piedade da tua mocidade, do amor do teu noivado, quando Me seguias no deserto, numa terra que não se semeava.” Jr 2;2

O desejo pelo que não temos, nem precisamos, concomitante ao desprezo pelo precioso que possuímos é um mal antigo. “Meu povo fez duas maldades: a Mim deixaram, o Manancial de Águas Vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm águas.” Jr 2;13

O Eterno consideraria compreensível a infidelidade da “esposa” se tivesse sido um mau marido também; “Assim diz o Senhor: Que injustiça acharam vossos pais em Mim, para se afastarem indo após a vaidade, tornando-se levianos?” Jr 2;5

Como enfermidade que tolhe a sensibilidade, onde alguém se corta e nem percebe, assim, a prática reiterada do erro; anestesia contra a dor da vergonha. “... tu tens fronte de uma prostituta, não queres ter vergonha.” Jr 3;3

“Um homem nunca deve sentir vergonha de admitir que errou, o que é apenas dizer, noutros termos, que hoje ele é mais inteligente do que era ontem.” Alexander Pope

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