sábado, 12 de novembro de 2022

Faces da justiça


“... o direito se tornou atrás, a justiça se pôs de longe; porque a verdade anda tropeçando pelas ruas, a equidade não pode entrar.” Is 59;14

Certamente, verdade e equidade são coisas boas, atinentes à justiça. Plantas para cuja colheita, estamos sempre prontos, embora, nem sempre estejamos para o plantio. De outra forma: Gostamos que a justiça nos sirva, quando somos comensais; nem sempre a servimos, quando, garçons.

Naquele contexto em que a equidade nem podia entrar, havia uma semeadura que justificava tal colheita; “Porque nossas transgressões se multiplicaram perante Ti; nossos pecados testificam contra nós; as nossas transgressões estão conosco, conhecemos nossas iniquidades;” v 12 Confissões ouvidas dos lábios do profeta, não necessariamente, do povo.

As injustiças nem eram tão injustas; a rigor, eram consequências de maus atos pretéritos que estavam maduras.

“O homem prudente, observando aos erros alheios corrige os seus”. Oswaldo Cruz. Observando a ceifa dos próprios, acrescento, bem que podemos nos arrepender e melhorar; se, não por escrúpulos morais, pelo menos, por esperteza; para não fazermos mal contra nós mesmos.

Se outro bem não nos faz, sofrermos injustiças, pelo menos faz a gente apreciar melhor o valor da justiça. O homem verdadeiramente cioso dela, preferirá arcar com prejuízos materiais, a sofrer tal lapso na consciência. Sócrates dizia muito bem, que é mais infeliz quem comete uma injustiça, do que, quem a sofre.

A Palavra do Senhor descreve o cidadão dos Céus como aquele, “A cujos olhos o réprobo é desprezado; mas, honra os que temem ao Senhor; aquele que jura com dano seu, contudo, não muda.” Sal 15;4 Sofre dano em atenção à palavra empenhada, mas não dana à própria alma, descumprindo-a.

Atualmente não sentimos “vergonha de ser honestos” como ironizou Ruy Barbosa, mas sofremos a vergonha alheia, vendo tanta desonestidade incensada, tanta aversão à probidade, tanta gente de nome e funções nobres, assessoradas por caracteres vis; merecedores de masmorras sujando tronos.

O mesmo Isaías anteviu esses dias. “A terra pranteia e murcha; o mundo enfraquece e murcha; enfraquecem os mais altos do povo da terra.” Is 24;4

Essa inversão, onde os pedregulhos figuram como joias e vice-versa também foi pontuada por Salomão: “A estultícia está posta em grandes alturas, mas os ricos estão assentados em lugar baixo. Vi servos a cavalo e príncipes andando sobre a terra como servos.” Ecl 10;6 e 7

O nanismo moral dos que deveriam preservar à justiça, deforma as estruturas da sociedade; deturpam valores, movidos por interesses rasos.

“Os seus chefes dão as sentenças por suborno, seus sacerdotes ensinam por interesse, seus profetas adivinham por dinheiro; e ainda se encostam ao Senhor, dizendo: Não está o Senhor no meio de nós? Nenhum mal nos sobrevirá.” Miq 3;11 “Por esta causa a lei se afrouxa, a justiça nunca se manifesta; porque o ímpio cerca o justo e a justiça se manifesta distorcida.” Hc 1;4

Tanto no âmbito religioso, quanto, civil, as distorções e injustiças campeiam, onde o amor pela verdade erra no desterro. Até “servos de Deus” se esforçam em defesa de ladrões; “... Que fazes tu em recitar Meus Estatutos, e tomar Minha Aliança na tua boca? Visto que odeias a correção, lanças Minhas Palavras para detrás de ti. Quando vês o ladrão, consentes com ele?” Sal 50;16 a 18

Tal opção suicida, necessariamente nos lançará nas paragens da injustiça; O Juízo Divino fará isso; “Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora resiste até que do meio seja tirado; então será revelado o iníquo, a quem o Senhor Desfará pelo assopro da Sua Boca, e aniquilará pelo esplendor da Sua Vinda; a esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, sinais e prodígios de mentira, com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. Por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam na mentira; para que sejam julgados todos que não creram na verdade, antes tiveram prazer na iniquidade.” II Tess 2;7 a 12

Para que nossa veemência contra injustiças soe verdadeira, sejamos cuidadosos com nossos passos, escolhas, decisões. Eventual injustiça tolerada ao meu favor, frutificará em meu prejuízo. “Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não condena a si mesmo naquilo que aprova.” Rom 14;22

Nossa caminhada não é um fim; antes, um meio, cujo proveito se verificará na chegada; “Há um caminho que ao homem parece direito, mas no fim dele são caminhos da morte.” Prov 14;12

Muito se fala em injustiça social, essa abstração que culpa aos outros. Somos mordomos das nossas almas, porém. “Examine, pois, o homem a si mesmo...” I Cor 11;28

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