quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Não foi com ouro


“... Este cálice é o Novo Testamento no Meu Sangue, que é derramado por vós.” Luc 22;20

“Derramado por vós” tem duplo sentido; tanto pode significar uma acusação, foram vocês; quanto, um motivo; foi por causa de vocês.

Qual das duas opções devemos entender como certa? A uma análise superficial presto abraçaremos a segunda, uma vez que, quem derramou o sangue do Salvador foram os romanos. Até pode ter sido por nossa causa, mas, não fomos nós.

Penso que não é tão simples assim. Ambas as alternativas estão entrelaçadas. Demos motivos para que, tal Resgate fosse necessário, gostando ou não, fomos nós que indiretamente crucificamos ao Salvador. Nós; todos os pecadores.

Tanto que, os que fruíram o novo nascimento em Cristo, depois voltaram atrás, dos tais A Palavra diz que repetem o Calvário. “Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, provaram o dom celestial, se tornaram participantes do Espírito Santo, provaram a boa Palavra de Deus, as virtudes do século futuro e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam O Filho de Deus; O expõem ao vitupério.” Heb 6;4 a 6

Assim, se apostasia equivale a crucificar de novo, foi porque, antes disso já O tínhamos crucificado. Seu Sangue foi derramado por nós, nos dois sentidos.

Nosso sangue, mesmo que fosse derramado movido pela injustiça, ou, por piedade até, nada valeria. Dos dons sem amor, Paulo expressou: “Ainda que distribuísse toda minha fortuna para sustento dos pobres e entregasse meu corpo para ser queimado; se não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.” I Cor 13;3

Pois, de eventual sacrifício sem a inocência necessária para possível resgate se poderia dizer o mesmo. ‘Ainda que eu entregasse meu corpo para ser crucificado, se não tivesse completa inocência, tal sacrifício de nada serviria’. “Porque nos convinha tal Sumo Sacerdote, Santo, Inocente, Imaculado, Separado dos pecadores, e Feito mais sublime do que os Céus; que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, depois pelos do povo; porque isto fez Ele, uma vez, oferecendo-se.” Heb 7;26 e 27

Pecar foi nosso crime; “o salário do pecado é a morte...” Jo 6;23 Ele Pagou por nós.

Nosso “sacrifício” é a identificação com Cristo em Sua Entrega e obediência à Vontade Divina até às últimas consequências. Isso Ele nos Quis Ensinar quando desafiou: “Tomai sobre vós o Meu Jugo e aprendei de Mim...” Mat 11;29 “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte? Fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos também em novidade de vida.” Rom 6;3 e 4

Paulo chamou a isso de “sacrifício vivo”; não carecemos derramar sangue; antes, mortificar à carne. “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita Vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

Eventualmente cristãos sofrem martírios por causa da fé; mas, isso não ocorre para que sejam salvos; antes, porque esses já o são.

Por isso a exortação a não negarmos nossa fé, mesmo ameaçados de morte; ou, a ela submetidos. “... Não temais os que matam o corpo, depois, não têm mais que fazer. Mas Eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei Àquele que, depois de matar, Tem Poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a Esse temei.” Luc 12;4 e 5 “... Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.” Apoc 2;10

Pode ainda de alguns encontrarem a fé na reta final, como um dos ladrões da cruz; felizes desses!

Então, enquanto segue nossa peregrinação, devemos nos munir desse pensamento: Aquele que Teve Seu Sangue Inocente derramado por nós, os culpados, manifesta Graça Inaudita, quando requer que apenas renunciemos nossas más inclinações, o que em linguagem figurada é posto como “crucificar à carne e suas paixões.”

O capítulo 11 da Epístola aos Hebreus apresenta um rol de “heróis da fé”, como parâmetro para seriedade do que está em jogo perante alguns, que pareciam capitular a meras impaciências; “Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a Vontade de Deus, possais alcançar a promessa.” Heb 10;36

Suas dores eram difíceis de suportar? Depois do rol dos heróis, tênue exortação: “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado.” Heb 12;4

Combatermos contra o pecado, não contra adversidades; senão poderemos derramar O Sangue Santo, outra vez.

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