sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

Insana contenda

“Seja qual for, seu nome já foi nomeado; sabe-se que é homem, que não pode contender com o que é mais forte que ele.” Ecl 6:10 A limitação humana e sua incapacidade de contender contra Deus.

O fato de que ninguém pode, dada a disparidade de forças, não significa que ninguém queira, nem, faça. Apenas ninguém pode, de modo a obter êxito.

Estobeu, disse: “Termina com má fama, quem tenta duelar contra o mais forte.”

O Próprio Senhor questiona; “... Quem poria sarças e espinheiros diante de Mim na guerra? Eu iria contra eles e juntamente os queimaria. Ou que se apodere da Minha força, faça paz comigo; sim, que faça paz comigo.” Is 27:4 e 5
Dada a nossa impossibilidade, O Eterno aconselha esperteza: “... faça paz comigo.”

Contender com Ele, não significa, necessariamente, uma medição de forças visando derrotá-lo. Em geral, Deus Obra para persuadir o homem acerca do que lhe é melhor; esse contende, resistindo tal persuasão, endurecendo o coração. Jó pergunta: “... quem se endureceu contra Ele e teve paz?” Jó 9:4

Sempre que O Eterno fala com o pecador, o faz tentando levá-lo ao arrependimento para reconciliação consigo, mediante Cristo; “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5:19

O sinal mais evidente que alguém está perdendo o “combate” ao escolher a impiedade, é a ausência de paz, na vida do derrotado voluntário, em apreço; “Os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar; suas águas lançam de si lama e lodo. Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus.” Is 57:20 e 21

Muitas doenças psicossomáticas, (que começam na alma e se refletem no corpo) são sintomas da adversidade reiterada contra Deus e seus preceitos; pecados. O mundo ímpio que quer tolher a Mão de Deus, ressignifica, redefine às coisas, dando um rótulo de doenças a distúrbios comportamentais, para vetar a ação dos agentes Divinos.

Todos lembram da grande celeuma dos gayzistas, acusando aos pastores de proporem a “cura gay.” Ora, o homossexualismo nunca foi doença; sempre foi um erro moral, uma “contenda” humana, contra Deus. Um pecado como qualquer outro, cujo arrependimento recebe perdão, e a mudança de vida, aprovação Divina; finalmente, paz com Deus.

Qualquer vício comportamental, deixa de ser um, e recebe um nome bonitinho, de “transtorno”; a gula, por exemplo, sempre foi pecado, denunciado pela Palavra de Deus; agora, o mundo ímpio redefiniu como “transtorno alimentar.” Pronto, deixou de ser um assunto pastoral, para se tornar uma questão médica.

Igualmente fazem com as crianças rebeldes, invés da desobediência, para a qual a receita bíblica é a devida correção, mudaram a coisa para um transtorno; novamente, Deus é deixado de lado.

Os pedófilos, zoófilos, ladrões, todos sofrem de algum transtorno comportamental, ou, alguma mania; (cleptomania, no caso dos ladrões) O que são essas distorções, senão, traços do combate do mundo ímpio, que jaz no maligno e insiste em contender contra O Criador?

Para doenças cujo causa é o pecado, a única “medicina” eficaz é O Sangue de Cristo; antídoto capaz de levar ao arrependimento, para o perdão, e consequente salvação do “doente.”

A coisa progredirá até que, a própria paciência Divina cansará; chegará um tempo em que O Senhor nem convidará a uma mudança, mais; antes, desafiará cada um a fazer firmes imutáveis suas escolhas; “Quem é injusto, seja injusto ainda; quem é sujo, seja sujo ainda; quem é justo, seja justificado ainda; quem é santo, seja santificado ainda. Eis que cedo venho, e Meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo sua obra.” Apoc 22:11 e 12

Quando a iniquidade chega a uma “pujança” irremediável, O Eterno desiste da luta, por absoluta falta de perspectiva, como fez no dilúvio: “Então disse o Senhor: Não contenderá Meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne; porém, seus dias serão cento e vinte anos.” Gn 6:3

Então, se Deus ainda contende contigo, ainda luta para levar-te ao arrependimento, considere-se um venturoso, alguém que a Graça Divina ainda busca, para o qual, nem tudo está perdido.

Como disse alguém: “Se um homem consegue ser plenamente feliz, vivendo no pecado, isso é um sinal inequívoco que Deus desistiu dele.” 

Ele desiste, principalmente, dos que brincam com as coisas santas; “... é impossível que os que já uma vez foram iluminados, provaram o dom celestial, se fizeram participantes do Espírito Santo, provaram a boa Palavra de Deus, as virtudes do século futuro e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento...” Heb 6:4 a 6

Não brinquemos, pois, com nossas vidas. Poderá ser tarde para repensar.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

O fogo necessário


“Só sei que nada sei.” Sócrates

Como ele sabia disso, então? O “nada sei” não era uma medida precisa do seu saber. Antes, uma valoração humilde, uma vacina contra a arrogância, aplicada em si mesmo.

Quando, informado que, o Oráculo de Delfos o considerava o homem mais sábio de Atenas, disse: “Significa, segundo penso, que a sabedoria humana é muito pequena, insignificante. Se, serviu-se do meu nome para isso, talvez intentasse dizer: O mais sábio entre vós, é aquele que reconhece, como Sócrates, que sua sabedoria não é nada.”

O método dialético visava estimular os discípulos a encontrarem as respostas em si mesmos, levando-os a fazer perguntas que sozinhos não fariam; ajudava-os a encontrar bens escondidos, soluções não pensadas, a partir dos valores que já esposavam, sem conseguir extrair as consequências necessárias deles, em todos os aspectos. Mais que ter a resposta certa, pois, eventualmente é necessário fazer as perguntas certas.

Além de uma apreciação humilde do próprio saber, o “nada sei” também era uma premissa metodológica; nada pretendia impor aos seus discentes, senão, estimulá-los a descobrirem, as sapiências adormecidas.

Confúcio defendia a existência de três métodos de aprendizado; imitação, experiência e reflexão, esse, é o mais nobre; a imitação o mais fácil; a experiência, o mais doloroso.

Plutarco desenvolveu mais: “A mente não é um vaso para ser cheio, - disse - antes, um fogo a ser aceso.” Então, as platitudes e as respostas prontas que se pega na prateleira das frases feitas, servem apenas como tampões fúteis; entorpecentes, invés de estimulantes do saber. Assim, quanto mais “cheios” os vasos, a rigor estão mais vazios. Quanto mais me apoio nas alheias descobertas, menos me ocupo em fazer as minhas.

Na dialética de Sócrates, as perguntas que o aprendiz não faria por si, uma vez feitas, despertavam respostas que tinha em seu íntimo, mas ignorava a posse. Desse modo, o “nada sei” poderia ser lido como, nada imponho; ajudo a descobrir, apenas.

Na parábola do Bom Samaritano, Jesus contou-a porque alguém questionara: “Quem é o meu próximo?” O Mestre contou a história e devolveu a pergunta; o aluno sabia a resposta, sem O Mestre dizê-la. Assim, a dialética oferece um “casulo” para que sejam gestadas as asas do saber.

Infelizmente, vivemos um tempo em que a reflexão não tem muito espaço. As pessoas apreciam às coisas pela identificação, não por algum valor maior. Aquilo com o que me identifico tem livre curso, o que não, basta o cancelamento e não me incomodará mais. Assim, o porco abre portas à lavagem; o cão, aos ossos e restos de comida; o rato ao queijo e cereais vários; a ovelha aos verdes pastos, etc.

A implicação disso, é que cada um é já uma “obra acabada”; pode seguir sendo o que é, sem nenhum desafio a mudar. O pior é que, não raro, envolvem Deus nisso, como se, fosse Ele responsável por abençoar à escolha de cada homem, mesmo que, discrepante da Vontade dele.

Malgrado a pecha, dos que leem a Bíblia em Braille e dizem que a fé é cega, nunca foi o propósito Divino, que a gente cresse sem buscar entendimento; se fechasse em copas num fanatismo reiterado, malgrado, eventuais nuances da fé não pareçam inteligíveis.

Certa dose de ceticismo, questionamento, é necessária. O Criador colocou cérebros dentro dos nossos crânios, desejando que os usássemos.

Para esse mundo, os alvos são aquisição de bens, fama, prazeres... Deus desafia-nos às renúncias, para a regeneração da vida; “Porque a sabedoria serve de defesa, como de defesa serve o dinheiro; mas a excelência do conhecimento é que a sabedoria dá vida ao seu possuidor.” Ecl 7:12 Então, somos desafiados à aquisição de sabedoria, não, andar no escuro apalpando o que ignoramos.

Paulo ensinou que a ruptura com o mundo e seus valores invertidos, é necessária, para quem desejar conhecer a Deus e Sua Vontade. “... apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12:1,2

Se fosse mesmo assim, que cada um fizesse suas escolhas e Deus pudesse apenas vir abençoá-las, Ele seria o servo, e nós os senhores. Não haveria necessidade de Reino dos Céus; cada um reinaria airoso no império dos próprios desejos, e O Todo Poderoso soaria como acessório, dispensável até.

Ele pensou nisso antes; “Eu Sou O Senhor; este é Meu Nome; Minha Glória, pois, a outrem não darei...” Is 42:8

É tão fácil cancelar, excluir, bloquear... mas, a gente pode mais; “Melhor é a sabedoria que as armas de guerra...” 9:18

Os profanos



“Porque nunca falei aos vossos pais, no dia em que os tirei da terra do Egito, nem lhes ordenei coisa alguma acerca de holocaustos ou sacrifícios. Mas isto lhes ordenei, dizendo: Dai ouvidos à minha voz, e Eu serei o vosso Deus...” Jr 7:22,23

A libertação da escravidão egípcia não dependeu de nenhum sacrifício; O Senhor ordenou a Páscoa, como memorial, não como uma necessidade Dele, para poder libertá-los.

O proveito dos sacrifícios, além do referido memorial, a comida, era em benefício do povo; O Eterno não participava nem usufruía daquilo.

“Se Eu tivesse fome, não te diria, pois Meu é o mundo e sua plenitude. Comerei carne de touros? ou beberei sangue de bodes?” 50:12,13

No prisma das coisas, não há nada que possamos oferecer ao Criador. No entanto, um coração submisso e agradecido já lhe basta. “Oferece a Deus sacrifício de louvor, paga ao Altíssimo teus votos.” V 14

Mais de uma vez O Eterno falou corrigindo a percepção errônea que Ele desejaria sacrifícios. “... Tem porventura O Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, quanto, em que se obedeça à Palavra do Senhor? Obedecer é melhor que sacrificar; atender melhor é que a gordura de carneiros.” I Sam 15:22

“Porque eu quero misericórdia, e não sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais que holocaustos.” Os 6:6

O Salvador acusou seus ouvintes de não terem entendido o sentido dessa sentença: “Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício, não condenaríeis os inocentes.” Mat 12:7

Por fim, acabaram os sacrifícios que eram meros tipos, símbolos, vindo O Único, que nos poderia salvar; “... Sacrifício, oferta, holocaustos e oblações pelo pecado não quiseste, nem te agradaram (os quais se oferecem segundo a lei). Então disse: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a Tua vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o segundo.” Heb 10:8,9

Quando, sacrifício de animais era uma triste necessidade por causa da miséria do povo, o Senhor não tinha prazer neles, antes, na obediência e no conhecimento de Sua Pessoa, o que dizer agora, depois da Majestosa Vitória de Cristo?

Somos desafiados a nos identificarmos cabalmente, Nele, pela obediência irrestrita que agrada ao Eterno. “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos também em novidade de vida.” Rom 6:3,4

Nos dias de Jeremias, faziam suas próprias vontades, inclusive sacrificavam aos deuses alternativos de suas escolhas; por fim, vinham ao Templo do Senhor, fazer pose de obedientes.

“Porventura furtareis, matareis, adulterareis, jurareis falsamente, queimareis incenso a Baal e andareis após outros deuses que não conhecestes, então vireis, e vos poreis diante de mim nesta casa, que se chama pelo Meu Nome, e direis: Fomos libertados para fazermos todas estas abominações?” Jr 7:9,10

A aversão Divina era tal, por aquele comportamento, que O Senhor vetou a Jeremias de que orasse em favor deles; “Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes por ele clamor ou oração, nem me supliques, porque Eu não te ouvirei. Porventura não vês o que andam fazendo nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém? Vs 16,17

O que fazemos pode reforçar, ou, vetar nossas orações. Na hora da adoração faziam o que bem entendiam segundo suas escolhas; na hora das angústias vinham orar no templo; como disse Salomão, “O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até sua oração será abominável.” Prov 28:9

Atualmente, abstraídas as peculiaridades distintas entre a Antiga e a Nova Aliança, muitos fazem a mesma coisa. Cada um escolhe em quê, acreditar, como agir segundo suas predileções desorientadas; todavia, tomam O Santo Nome do Senhor, como fiador. Nem é pelo direito de pecar que pelejam; antes, pelo veto a que os servos do Senhor chamem o pecado pelo devido nome.

Afinal, “Deus É Amor, não faz acepção de pessoas”. O Eterno continua, como naqueles dias, desejando que se dê ouvidos à Sua Voz. Como fariam isso, aqueles que intentam impedir que a Voz do Santo seja ressoada?

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Miragens no porão


“Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive, e clama contra ela, porque sua malícia subiu até Minha presença. Porém, Jonas se levantou para fugir da presença do Senhor para Társis.” Jn 1:2,3

Uma crise se instalou no íntimo do profeta; pregar contra a maldade dos assírios? Em sua capital? Melhor fugir. Comprou passagem para o lugar mais distante que imaginou, desceu ao porão do navio e adormeceu.

Alguns comentaristas sugerem que ele se recusou a cumprir o ordenado, por medo que os assírios respondessem com violência, à mensagem de juízo. Todavia, após o perdão Divino aos arrependidos ninivitas, ele mesmo assumiu seus “motivos”: “... Por isso é que me preveni, fugindo para Társis, pois sabia que és Deus compassivo e misericordioso, longânime e grande em benignidade, que te arrependes do mal.” Cap 4:2 O “perigo” que vislumbrara era que Deus se arrependesse do mal, pois.

Os assírios eram tão maus, que a ideia de lhes anunciar a palavra de um Deus compassivo e misericordioso, não combinava, pensou o profeta. Para os tais, apenas a destruição “ficaria bem.”

Quantas vezes escutamos acerca de alguém de maus passos: Aquele não adianta; não muda. Nem percamos tempo. Se O Eterno salvasse apenas aos “bons”, de índole fácil para arrependimento e santificação, não teria o que fazer entre nós. Certo é que, alguns se “aperfeiçoam”, se aprofundam mais na maldade; todavia, em linhas gerais, todos somos dignos de morte ante Ele.

Embora a verdade costume ferir aos melindres presunçosos, ela diz: “... Não há um justo, nem um sequer.” Rom 3:10 “Desviaram-se todos, juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem...” Sal 53:3 “... Ninguém há bom, senão um, que é Deus.” Luc 18:19 etc. Então, quando alguém é comissionado a pregar para os maus, deveria estranhar se não fosse assim, invés de entrar em crise e se esconder.

Quantos, em momento de crise agem de modo semelhante! Invés de enfrentá-la, fogem. No matrimônio, sobretudo.

Quando uma relação sofre desgastes, e seduções concorrem acenando com “alternativas” fora, presto, muitos “Jonas” ignoram o preceito de Deus e descem ao porão. Digo, eles saltam fora do compromisso, e partem para outra relação, devaneando que os problemas serão solucionados assim.

“... O Senhor foi testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela tua companheira; a mulher da tua aliança.” Ml 2:14 denunciou o profeta. Será que O Eterno testemunhou aquele caso apenas?

No começo, tal postura ousada, do que “chuta o balde”, arranca admiração de gente mal resolvida em seus compromissos, que, suspira olhando de fora, desejando ter a mesma “coragem” para dar um passo tão “libertário” como fulano/a deu.

Pois, as primeiras impressões aparentam alívio; a descoberta da pólvora. Por que demorei tanto a mudar? Pensa o mui feliz “nubente”. 

Passada a fase da lua, quando a noite da rotina também cai, além do horizonte do compromisso primeiro, pouco a pouco, a mente do fugitivo migra para o deserto do, “eu era feliz e não sabia.” Começa a ver miragens de ventura, onde outrora só via areia e sede.

Precisa provar que, estava certo; mas, as próprias retinas testificam que não. Uma cortina de amargura “estraga” as fotos que o/a fugaz publica para mostrar-se feliz; tardiamente entende que fez besteira e danou o que não devia. “Há um caminho que, ao homem parece direito; mas, no fim, são os caminhos da morte.” Prov 14;12

Não somos chamados à felicidade; antes, à salvação. A felicidade foi reservada para o além. Aqui devemos perseverar em meio a aflições, incompreensões, calúnias, rotina. Os valores abraçados, não as sensações, devem pautar nossas escolhas. “Aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo.” Mat 24:13

O que é perseverar? “Perseverar é um termo que tem origem no latim, “perseverare” que significa, continuar firme. É composto pelo prefixo “per”, que mostra intensidade, e pelo verbo “severare” que significa, manter-se firme.”

Assim, a “coragem libertária” do que salta fora de uma relação, invés de solver a crise, é covardia, frouxidão. Na hora da angústia, das aflições, que nossa firmeza é testada; “Se te mostrares frouxo no dia da angústia, é que tua força é pequena.” Prov 24:10

Nada valeu a Jonas sua inglória fuga; causou uma tempestade que atingiu a terceiros; preferiu morrer a se arrepender. Mas, dado que a morte também não o quis, só restou arrependimento e obediência.

Todos temos uma “Nínive” que testa nossa obediência. Quando nos omitimos no que devemos, nossa rebeldia causa danos a outros e nós mesmos. Só há uma forma de concerto possível: Arrependimento, mudança de atitude, voltar atrás.

“Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te, e pratica as primeiras obras;” Apoc 2:5

Os profetas


“Chega tu, ouve tudo o que disser O Senhor nosso Deus; nos dirás tudo o que te disser O Senhor nosso Deus; ouviremos e cumpriremos.” Deut 5:27

O resumo do que é o ministério dum profeta; um “chegado de Deus”, que ouve e comunica fielmente o que Ele disser. A reação do povo, não diz respeito às necessidades dele.

Todo o idôneo poderá dizer como Paulo: “Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei...” I Cor 11:23

Em geral, eles não se voluntariavam para isso; antes, temiam. Moisés disse que não sabia falar; Jeremias se achou criança; Isaías receou por ter “lábios impuros”; Jonas fugiu; Amós teve que deixar sua prosperidade no agro para padecer perseguições...

O único, agora me ocorre, que desejou algo foi Eliseu, mesmo tendo sido chamado; não fora voluntário, uma vez aceita a chamada, pediu porção dobrada do Espírito de Elias; o profeta advertiu: “Coisa difícil pediste.” II Rs 2;10

Nunca foi um convite para festa, antes, uma convocação a sofrer por amor ao Senhor.

Por que há tantos em nossos dias? A desobediência grassa. O ensino bíblico é: “... todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar...” Tg 1:19

Hoje tanto há comichão nos ouvidos, quanto, na língua; como Lucas descreveu aos atenienses; “Pois todos os atenienses e estrangeiros residentes, de nenhuma outra coisa se ocupavam, senão de dizer e ouvir alguma novidade.” Atos 17:21

Esses “produtores de novidades” carecem ouvir, embora, intentem falar. Outrora, Deus precisou usar um Profeta, para falar aos “profetas”; “Filho do homem, profetiza contra os profetas de Israel que profetizam, e dize aos que só profetizam de seu coração...” Ez 13:2 Os pretensos médicos atuais, também estão carecendo de cuidados na saúde.

Nem sempre é de novidade que o povo precisa. Muitas vezes, carece ser advertido para retornar às veredas antigas, das quais a marcha da humanidade apóstata tende a se afastar.

Já foi assim antes, e muito mais o é, hoje; “Ponde-vos nos caminhos e vede; perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; achareis descanso para vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos.” Jr 6:16

Há o dom profético espiritual pelo qual, Deus usa quem Ele desejar, para uma instrução, advertência, correção pontual; mas, indispensável é o profeta ministerial; aquele que interpreta retamente A Palavra de Deus, a que está escrita; hoje, mais do que nunca.

Pois, não apenas um “Chegado de Deus” que ouve à Sua Voz; um profeta também é alguém que sabe “ler” o que a Mão de Deus escreveu, como fez Daniel em Babilônia. “... foram introduzidos à minha presença os sábios e astrólogos, para lerem este escrito, e me fazerem saber sua interpretação; mas não puderam dar a interpretação destas palavras. Eu, porém, tenho ouvido dizer de ti que podes dar interpretação e resolver dúvidas.” Dn 5:15,16

O Rei Belsazar, apresentando seu problema a Daniel, e prometendo grandes dádivas a ele, se lesse e interpretasse a misteriosa escrita. “... tuas dádivas fiquem contigo, e dá teus prêmios a outro; contudo, lerei ao rei o escrito, e far-lhe-ei saber a interpretação.” V 17

Será que um dos “profetas” da atualidade perderia uma chance assim, de “angariar fundos pra seu ministério”; aliás, Eliseu também recusou prata e demais presentes, quando da cura de Naamã. Além da idoneidade ministerial, que não os permitia falsearem no que diziam, também eram idôneos morais; incapazes de cobrar por algo que O Senhor fizera; eles foram meros instrumentos.

Se, voltando à Babilônia, todos os sábios da época não puderam ler e interpretar a escrita Divina, hoje, qualquer meteco espiritual, estrangeiro na cidade da salvação se atreve a dizer quais textos são válidos, e quais precisam ser “editados” “atualizados”. Ou, todo mundo virou profeta, o mundo mesmo, não os servos do Senhor, ou, se perdeu totalmente a noção; o temor devido ante O Rei dos Reis.

Essa horda de desocupados espirituais, do “O Senhor me mostra alguém” que grassa nas redes sociais, tem feito parecer irrelevantes aos que ensinam a vereda santa com probidade.

Uma geração incauta que ouve “profecias” como quem consulta horóscopo, até que um dia esteja “bom”, trai a si mesma e é traída pelos “profetas” que escolhe. “... tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas próprias concupiscências; desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.” II Tim 4:3,4

A vera profecia não pavimenta as avenidas dos maus, antes corrige; “Não mandei esses profetas, contudo eles foram correndo; não lhes falei, mas eles profetizaram. Se estivessem no Meu conselho, então teriam feito Meu povo ouvir Minhas Palavras; o teriam feito voltar do seu mau caminho e da maldade das suas ações.” Jr 23:21,22

terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Os vencidos


“Prometendo-lhes liberdade, sendo eles mesmos servos da corrupção. Porque de quem alguém é vencido, do tal faz-se também servo. Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se, seu último estado, pior que o primeiro.” II Ped 2:19,20

É proverbial e óbvio, que ninguém pode dar o que não tem. Entretanto, no âmbito do ensino, se, alguém não tem escrúpulos morais e espirituais, geralmente desconhece limites e facilmente se desboca em mentiras, desde que essas soem similares aos desejos dos ímpios e incautos que lhes dão ouvidos, aos quais, pretende seduzir.

Nada mais atraente que um discurso “libertário”, por duas razões: Primeira; a liberdade é uma coisa boa, em prol da qual, toda pessoa sadia, facilmente empreenderia algum esforço;

segunda; esses discursos, não raro, trazem embutida a ideia que a pessoa que os ouve é vítima de alguma espécie de tirania, exploração; a causa da atual sina, sempre virá de terceiros; de pessoas más, um sistema, uma ideologia... as culpas alheias sempre descem redondo, nas goelas dos que são desafeitos a assumir as próprias.

Assim, os maus se sentem representados quando, outro igual, porém, mais eloquente toma a palavra.

Após alguns excursionarem por um pouco nas paragens das virtudes, aprendendo alguns cacoetes do idioma de lá, retornam cheios de “bagagem cultural” para seduzir aos que, mais que observar as atitudes, capitulam ante falácias. “O simples dá crédito a cada palavra, mas o prudente atenta para os seus passos.” Prov 14:15

Tendo peregrinado entre os salvos, escolhem a dedo algumas sentenças que soam convenientes às suas seduções e saem distribuindo seletivamente.

Aprenderam que Deus É Amor, que não faz acepção de pessoas, que É Grandioso em Perdoar, etc. usam essas verdades descontextualizadas, para promoção das perversidades da moda, ante pessoas sôfregas, que querem ouvir exatamente isso, para fomento da ilusão de serem salvos, sem necessidade de renúncias, de se tomar a cruz.

As “bijuterias” adquiridas testificam que os tais, realmente excursionaram nas terras dos salvos; os motivos pelos quais as usam, deixam ver motivações corruptas, inclinações ao erro, de gente que obra pela sagração dos vícios, não pela libertação em Cristo. “... depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, foram outra vez envolvidos nelas e vencidos...”

Quem aprendeu como passar pela porta estreita, sabe que após ela há uma vereda igualmente apertada; quando ensina, adverte dessas coisas; pois, tendo visto a preciosidade do Salvador, e a grandeza do que está em jogo, entende plenamente justificáveis as renúncias necessárias. O que nos está proposto, como citou Dave Hunt, “é glorioso demais para ser fácil.”

Todavia o “salvo” que, tendo dado uns passos retorna ensinando que o Caminho não precisa ser assim, tão justo, tão estreito, e que “descobriu” ao longo, alguns “refúgios” que o alargam, testifica que abandonou a vereda, que seus apelos pelas facilidades se fizeram mais fortes que o zelo pela verdade.

O Salvador não condicionou a salvação a darmos uns passos e aprendermos algumas sentenças; antes, à permanência na doutrina; “... Se vós permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sereis Meus discípulos; conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Jo 8:31,32

A tirania que aprisiona todos os afeitos ao pecado, é uma inclinação a isso latente na natureza corrompida após a queda; os que são carnais, ao natural obedecem-na, achando estranhos, os que não; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8:7

E a libertação dessa, requer a participação de cada um, a crucificação das próprias más inclinações, algo para o qual, Cristo capacita aos que Nele creem e O recebem; “A todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1:12

Não precisamos sair empunhando bandeiras, para expor o que cremos, a quem pertencemos; nosso modo de vida fatalmente dirá; “... sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça;” Rom 6:16

Pois, se Cristo está em nós, deveras, fica impossível disfarçar; “... não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;” Mat 5:14

Os que, tendo O conhecido, depois de um tempo retrocederam defendendo condutas pecaminosas, desceram mais baixo de onde estiveram antes de Cristo; “Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado; deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao próprio vômito, a porca lavada ao espojadouro de lama.” II Ped 2:21,22

segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Acima da Lei


“Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima...” Col 3:1,2

Havia um assédio dos judaístas que pretendiam submeter os convertidos a Cristo, aos rituais que lhes eram caros, embora, desnecessários.

Quando alguém não entende as mudanças que ocorrem na conversão, tenta trazer coisas do seu passado religioso, e as querer incorporar, como se, a vida espiritual fosse pilotar um carrinho entre as gôndolas de um supermercado, e a conversão, uma nova aquisição.

Essa confusão coloca em dúvida a própria conversão. “... se ressuscitastes com Cristo...” Pois, aquilo que deve ocorrer em linhas gerais, não significa que ocorra necessariamente, malgrado, a vontade ou o entendimento de alguém. A salvação é categórica nas mudanças que obra, sem margem para um “se;” “Sepultados com Ele no batismo, Nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que O ressuscitou dentre os mortos.” Col 2:12

Assim, se alguém “nasceu de novo”, mas ainda está preso a costumes da Antiga Aliança, precisa rever seu entendimento, ou, repensar sua conversão. 

Paulo foi preciso: “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, beber, por causa dos dias de festa, da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.” Col 2:16,17

Embora o sentido espiritual da Lei esteja em vigor, esse foi resumido em dois mandamentos, sem a antiga variedade ritual, tampouco, a necessidade de sacrifícios. “Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, toda tua alma, e todo teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os profetas.” Mat 22:37-40

Cumprido isso, estaremos cumprindo a “Lei de Cristo” como definiu Paulo. “Para os que estão sem lei, (me fiz) como se estivesse sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo)...” I Cor 9:21

Portanto os que nos julgam e desprezam até, porque não guardamos o sábado, deveriam ler com mais atenção a doutrina dos apóstolos, para melhorar seus entendimentos.

Pois, tendo sido libertos de um jugo impossível, (a restrição do sábado limitava até quantos metros se poderia caminhar, e eram poucos) voltar a isso equivale, nas palavras de Pedro, a tentar a Deus; “Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar?” Atos 15:10

Para Paulo, era mui sério: “Separados estais de Cristo, vós que vos justificais pela Lei; da graça tendes caído.” Gál 5:4

As “coisas que são de cima” que devem buscar os que ressuscitaram com Cristo, pois, atinam à novidade de vida no espírito, o que atinge todas as áreas das nossas vidas;

a circuncisão era o rito de passagem dos que se convertiam ao judaísmo; depois, careciam guardar a Lei. E alguns queriam colocar isso como necessário ao cristianismo, cujo rito é outro: O Batismo. “Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão, nem a incircuncisão tem virtude alguma, mas sim, ser uma nova criatura.” Gál 6:15

“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram, e tudo se fez novo.” II Cor 5:17

Quem escreveu essas admoestações aos cristãos colossenses, foi um ex fariseu, zeloso da Lei de Deus, quando o entendimento ainda era pequeno. Depois de iluminado pode dizer dos seus compatriotas: “Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com entendimento.” Rom 10:2

A falta de entendimento aprisiona dentro dos limites da compreensão dos zelosos; Paulo os queria fora disso; “Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão.” Gál 5:1

Não significa que, porque fomos libertos Nele, esteja tudo liberado, que possamos pecar ao bel prazer, pois, a Graça cobre nossas desgraças; não.

As demandas da graça são mais profundas que as da Lei. Era vetado adulterar, Cristo ampliou para cobiçar, como já sendo adultério no coração; fora vetado matar; O salvador ensinou que apenas odiar, já nos faz réus de juízo.

Transgressão contra a Graça é mais severa que contra a Lei: “Quebrantando alguém a lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais, será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, tiver por profano o Sangue da Aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça?” Heb 10:28,29

Não estamos desprezando à Lei; antes, fomos chamados a um patamar mais alto, cujas demandas também são.