domingo, 8 de outubro de 2023

Higiene da alma


“... não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, avarento, idólatra, maldizente, beberrão ou roubador; com o tal nem ainda comais.” I Cor 5;11

Embora, o convívio com os ímpios do mundo seja inevitável, a comunhão com os ímpios “convertidos” deve ser evitada, de modo a, nem nos assentemos à mesa, com os tais. Não se trata de santarrice, presunção, se supor melhor que os outros; antes, de assepsia espiritual, preservação da higiene na alma; o necessário bom porte comum, para testemunho, dos que servem Cristo.

Paulo citou o advento de uns, “tendo aparência de piedade, mas negando sua eficácia;” a eficácia da piedade obra a transformação do ser, não, da aparência; “assim, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram e tudo se fez novo.” II Cor 5;17

Aconselhou Timóteo, que fosse um “atleta” na piedade, por causa da sua abrangência; “... rejeita as fábulas profanas e de velhas, exercita a ti mesmo em piedade; porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” I Tim 4;7 e 8

Aparência pode arrombar algumas portas, ante “porteiros” incautos, ou de boa-fé; porém, a da vida permanece fechada diante da índole enganadora, inflexível, ímpia. O apelo de Cristo para os que estão fora, deveria ser ouvido por muitos “cristãos”; “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir Minha Voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, com ele cearei, e ele Comigo.” Apoc 3;20

O que um desses fala, é marketing, o que faz é seu “produto”; Deus requer ser adorado em espírito e verdade, não tolera à “propaganda enganosa”; tampouco, os que o servem, devem tolerar. “Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, desobedientes, reprovados para toda boa obra.” Tt 1;16

Duas objeções antigas, contra hipócritas, me ocorrem; “O que és, fala tão alto, que não consigo ouvir o que dizes.” (autor desconhecido) “Ninguém é obrigado a se declarar cristão; mas, se o fizer, diga e se garanta”. Spurgeon

A hipocrisia, além dos grandes males de incidência horizontal, engano, fraude, tentativa de manipulação, tem um grave componente vertical. Sabendo que O Eterno sonda corações, e que todas as coisas estão nuas e patentes perante Ele, o hipócrita deixa evidente ao Santo que considera mais importante a aprovação humana, que a Dele.

O Salvador apreciou; “Vós sois os que justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece vossos corações, porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.” Lucas 16:15

Ante reprovação do Sinédrio apóstolos disseram: “... Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir antes a vós do que a Ele;” Atos 4:19 Que a aprovação humana fosse catar coquinhos, quando, estivessem agindo com retidão ante O Eterno.

O ouvir a Deus, estando no teatro das nossas ações, demanda um conhecimento razoável da Sua Palavra, como padrão comportamental, e, uma consciência vivificada no Espírito, de modo que, mantenhamos “sintonia fina” com ela, tanto para “ouvir” seu silêncio, quanto, sua reprovação; quando temos que agir em situações que a Palavra não refere, ou, quando nos convém lembrar da Divina referência acerca. “Os teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para direita nem para esquerda.” Isaías 30:21

Embora, seja lícito acoroçoarmos sonhos, traçarmos caminhos, idealizarmos o devir, a última palavra sobre nossos passos e nossas paradas deve vir do Senhor; se, pertencemos a Ele. Numa submissão consciente e veraz, consiste o “negue a si mesmo.” “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem seu caminho; nem do homem que caminha o dirigir seus passos.” Jer 10;23

Essa balela que o homem faz planos e Deus abençoa, que muito se escuta alhures, é só uma “reengenharia” da antiga mentira de Satã; “Vós sereis como Deus; sabereis o bem e o mal.”

O Eterno É O Senhor! Ele planeja, revela, desafia-nos a andar conforme, e capacita dando O Espírito Santo, aos que se submetem; os demais, enfeitam o carro alegórico da religiosidade, no qual desfilam inconsequentes na avenida das presunções vazias.

Embora o vulgo suspeite que santo seja uma imagem morta que “intercederia” em seu favor demandando por milagres, um santo bíblico é um pecador, que, capacitado pelo Espírito Santo, pouco a pouco separa-se do que Deus rejeita, para comunhão com Ele. 

“Por isso saí do meio deles, apartai-vos, diz O Senhor; não toqueis nada imundo, e vos receberei; serei para vós Pai, e sereis para Mim filhos e filhas, Diz O Senhor Todo-Poderoso.” II Cor 6;17,18

sábado, 7 de outubro de 2023

A bússola


“Escondi Tua Palavra no meu coração, para não pecar contra ti.” Sal 119;11

Normalmente escondemos coisas preciosas, dos olhares curiosos, enquanto, as mais vulgares deixamos ao alcance. Como versa um ditado: “O diamante brilha num cofre; o vidro reluz ao sol.”

A razão primeira para escondermos A Palavra em nosso íntimo, não tem nada a ver com enriquecimento intelectual, capacitação ministerial, ainda que essas coisas venham como efeito colateral; o motivo prioritário é a santificação. “... para não pecar contra Ti.”

Todavia, se a causa da santificação pode estar oculta, A Palavra de Deus no âmago, as consequências precisam ser visíveis; uma vez que, A Palavra é dada para moldar o agir. Como ensinou O Salvador, não se acende uma luz para colocar debaixo da mesa; antes, para iluminar o ambiente; “assim, resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai que está nos Céus.” Mat 5;16

A transformação dos moldados pela Palavra deve ser um testemunho visível; “Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs meus pés sobre uma rocha, firmou meus passos. pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos verão, temerão, e confiarão no Senhor.” Sal 40;2 e 3

Não significa que devamos esconder, por haver na Palavra algo vergonhoso; antes, pelo zelo com que se deve tratar às coisas preciosas. Nosso cuidado tem nexo com a prudência, de não atirarmos pérolas aos porcos, nem dar aos cães as coisas santas; não com pudor.

O “escondi” é uma figura que visa realçar isso; guardei cioso, cuidadoso como quem esconde algo, para que em momento nenhum, me distraia e deixe de agir segundo seus preceitos. Será esse zelo que me preservará dos conselhos que se levantam contra o conhecimento de Deus; as mortíferas falsificações da Palavra, com as quais, o inimigo aprisiona incautos.

Cotejando duas almas, uma que vive na esfera natural, outra, na espiritual, Paulo encontrou uma diferença diametral, no quesito, entendimento; “O homem natural não entende as coisas do Espírito de Deus... nem pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente; mas, o que é espiritual, discerne bem, tudo, e de ninguém é discernido.” I Cor 2;14 e 15

Se o discernimento é um dom do Espírito Santo, o domínio da Palavra enseja o mesmo pelo conhecimento, coisa que faltou a certos ouvintes preguiçosos; “Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar os primeiros rudimentos das Palavras de Deus...” Heb 5:12 A negligência no ouvir tolhera a edificação.

Há valoroso proveito em se guardar A Palavra no coração, capacitando-nos a sondar as coisas que são invisíveis; o espírito as pode ver.

O homem natural com seu modo de vida raso, perde-se no burburinho mundano onde vigem os conselhos dos ímpios; erra seu andar em consórcio com outros, no caminho dos pecadores; busca seu lazer na roda dos escarnecedores; enquanto, aquele que escondeu A Palavra no íntimo, não raro, é tido como antissocial, por não se mesclar, encontrando seu deleite em tesouros espirituais, não em chocarrices eventuais. “Tem seu prazer na Lei do Senhor, e nela medita dia e noite” Sal 1;2

Ter A Palavra no coração, o colocará fora do alcance, dos zelosos ministros Globalistas, quando a Bíblia for proibida, ou adulterada. Já pretendem editá-la; imaginamos os “melhoramentos” que têm em mente, esses perversos sem noção.

O Eterno já os viu desde dias antigos e mandou Jeremias denunciá-los: “Os sábios são envergonhados, espantados e presos; eis que rejeitaram a Palavra do Senhor; que sabedoria, pois, têm eles?” Jer 8:9

Se, o guardar, esconder, é um escrúpulo zeloso, o perseguir, vilipendiar, caluniar, é uma blasfêmia espetaculosa. Por isso a ousadia dos “notáveis” que se pretendem “Editores de Deus”, desfila sem nenhum pejo, aos olhos dos que não logram ver nada, além das aparências.

Entretanto, pior que a esperável rejeição do mundo, que “jaz no maligno”, é a esculhambação nos púlpitos, feita por ministros de Satã, transfigurados em ministros de justiça, que pervertem e maculam, o que deveriam guardar com zelo, se fossem o que visam aparentar.

Malgrado, esses estejam nus, ante homens de discernimento, perante o vulgo, posam de personalidades espirituais; as tendas dos seus enganosos ministérios se alargam velozmente.

Como, o conhecimento da verdade e consequente libertação, O Salvador condicionou ao permanecer em Sua Palavra, que a maioria ignora, nesse sistema assassino, onde a velocidade parece mais importante que a verdade, os mortos pisam no acelerador, brincando com a bússola.

Ainda segue apontando pro Norte; mas, os embriagados pelo torpor da tecnologia, acham divertido a sina de desnorteados. “O que me der ouvidos, habitará seguro, livre do temor do mal;" Prov 1;33

sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Corajosa covardia


“... Se vós permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sereis Meus discípulos;” Jo 8;31

A vinculação a Cristo requer uma demonstração, mediante atos, o que, demanda permanecer na Palavra Dele, incondicionalmente.

Quando o Evangelho está em evidência, nada mais fácil, aprazível, que perseverar nele; contudo, isso é raro. O normal é a perseguição, a rejeição. “Bem-aventurados sois, quando vos injuriarem, perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por Minha causa. Exultai, alegrai-vos, porque é grande vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.” Mat 5:11,12

Desde dias antigos, no tempo dos profetas, A Palavra de Deus sofreu rejeição, afronta, perseguição; “nada de novo, debaixo do sol.”

O Salvador mencionou uns que, passada a euforia inicial de receber à Palavra, junto passaria o compromisso; “O que foi semeado em pedregais é o que ouve a Palavra, recebe-a com alegria; mas, não tem raiz em si mesmo, antes, é de pouca duração; chegada a angústia e perseguição, por causa da Palavra, logo se ofende;” Mat 13:20,21

Na perseguição, um dilema se instala na alma humana, ante o qual ela terá que fazer uma escolha; padecer por Cristo e pela verdade ao preço de angústias, ou, por medo dessas coisas, negar àquelas. A Palavra de Deus é categórica: “O justo viverá pela fé; se ele recuar, Minha alma não tem prazer nele.” Heb 10:38

O Salvador pontuou em Seus Ensinos, que, as “preciosidades” secundárias devem perder relevância, uma vez, encontrada uma “Pérola de grande valor”; figura eloquente sobre a escala de valores, pela qual devem pautar suas escolhas, os que pretendem pertencer a Cristo.

Suas coisas devem ter primazia; “buscai primeiro o Reino de Deus e Sua justiça; e todas esses coisas, (necessárias) vos serão acrescentadas.” Mat 6;33

Nossa tendência ao comodismo, à facilidade deve ser deixada; somos desafiados a crucificar nossa natureza pecaminosa.

Vulgarmente, se usa dessa metáfora de maneira superficial, irresponsável; quando pesa uma nuance onerosa, trazendo uma situação desagradável que impede alguém de dar asas a todos os seus desejos, diz: “Essa é minha cruz.” Tal “cruz” é mera contrariedade que limita um viver mais aprazível; a cruz de Cristo, é uma renúncia cabal, dolorosa, mas necessária, que nos livra de uma morte terrível; eterna.

Permanecermos na Palavra, foi debochado, como sendo uma escolha de covardes; “fulano se esconde atrás da Bíblia;” diziam. Por não ter fibra para os enfrentamentos necessários ao viver, foge; era a ideia.

Ora, vemos tantos corruptos, no Executivo, Legislativo e Judiciário, que todos os dias enfrentam a ojeriza de uma nação, pelos seus atos omissos, mentirosos, rapaces, e seguem mais “corajosos” que nunca; por quê? Porque é mais fácil enfrentar a uma multidão, que a si mesmo.

A Palavra ensina: “Melhor é o que tarda em irar-se do que o poderoso; o que controla seu ânimo do que aquele que toma uma cidade.” Prov 16:32 Quando o sol da verdade tenta brilhar sobre os tais, presto se ocultam sobre seu guarda-sol favorito; a mentira. Quem ousa enfrentar a si mesmo, não maquia seus erros; corrige-se.

Embora nossa força não seja nossa, estritamente, mas, do Senhor em nós, permanecer na Sua Palavra, num tempo como esse, onde ela é odiada, perseguida, vilipendiada, caluniada, tachada como “discurso de ódio”, etc. não é coisa pra covardes.

Todavia, “Em Deus faremos proezas; porque Ele é que pisará nossos inimigos.” Sal 60:12

A perseverança, pela sua natureza não é uma coisa extática, que, uma vez feita, durará para sempre; antes, é uma disposição para obediência, e, para aprender cada vez mais. Isso não nos fará salvos, necessariamente, antes, alunos. “Se vós permanecerdes na Minha Palavra verdadeiramente sereis Meus discípulos...”

O efeito colateral da perseverança na obediência traz, luz; “conhecereis a verdade...” por fim, salvação; “... a verdade vos libertará.” Jo 8;32

Pena que, nesses tempos de valores invertidos, e aversão à verdade, tão poucos tenham coragem de se “esconder atrás da Palavra de Deus.” Ela revela O Caráter do Eterno; é o mesmo que se esconder Nele; e, “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará. Direi do Senhor: Ele é o meu Deus, meu refúgio, minha fortaleza, e Nele confiarei. Porque Ele te livrará do laço do passarinheiro e da peste perniciosa.” Sal 91:1-3

Não venham os ecumenistas com a balela de que todos buscam a Deus, cada um a sua maneira; A Palavra exclui todos os deuses e credos espúrios; deixa claro que Deus se faria homem para mostrar o caminho.

“E será aquele homem como um esconderijo contra o vento, um refúgio contra a tempestade, como ribeiros de águas em lugares secos, como a sombra de uma grande rocha em terra sedenta.” Is 32;2

quinta-feira, 5 de outubro de 2023

A vaidade


“... não andeis mais como andam os outros gentios, na vaidade da sua mente.” Ef 4;17

Ao pensarmos em vaidade, assoma a ideia de alguém narcisista, amante de si mesmo, exibicionista...

Essas facetas fazem parte da vaidade; entretanto, é mais que isso. Abarca tudo o que é vão, que não traz proveito, benefício.
Cotejando prazeres, frutos do trabalho, sabedoria; se, divorciada de um fim proveitoso, nada faz sentido, segundo Salomão. “Olhei eu para todas as obras que fizeram minhas mãos... eis que tudo era vaidade e aflição de espírito; proveito nenhum havia debaixo do sol.” Ecl 2;11

Para que não pensemos que ele fez da vida uma terra arrasada, no final das suas reflexões, apontou para o alto, onde as escolhas serão mensuradas; “De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda Seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem. Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra; até o que está encoberto; seja bom, seja mau.” Ecl 12:13,14

A forma vulgar de pensar a vida, foi avaliada por Paulo, como sendo vã; então, aconselhou aos cristãos efésios: “... não andeis mais como andam os outros gentios, na vaidade da sua mente.”

Se, não vivermos por um propósito saudável, onde irão nossas vidas, após a existência terrena?

Desde os dias do Antigo Testamento, a conversão foi explicada; “Deixe o ímpio o seu caminho, o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem, vossos caminhos os Meus, diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos que a terra, são Meus caminhos mais altos que os vossos, e Meus pensamentos mais altos do que os vossos.” Isaías 55:7-9

Paulo reiterou isso, colocando como necessário, viver segundo uma nova mentalidade, para poder experimentar à Vontade Divina; “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

De modo meio irônico o apóstolo aquilatou nossa saga como loucura, “Ninguém engane a si mesmo. Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: Ele apanha os sábios na própria astúcia.” I Cor 3:18,19

Antes dissera: “O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.” I Cor 2:14

Escrevendo aos romanos preceituou o “culto racional; isto é: Com entendimento, razão. Diferente da antiga maneira de pensar, a “razão” esperada terá, necessariamente, vínculos com a sabedoria do alto; “Falamos Sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; a qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da Glória.” I Cor 2:7,8

Notemos que, a sabedoria que ele esposava, se demonstra pelas atitudes, (no caso dos algozes de Cristo, a ausência dela) não, pelos malabarismos fúteis, de uma loquacidade envolvente, sem um agir que se coadune com o pensar e falar.

Por ser totalmente adversa ao homem natural, a sabedoria espiritual, a “Mente de Cristo” não galga simpatias, antes, adversidades nesse mundo ímpio, avesso ao querer do Criador.

Quem aquilata como sendo de algum valor, a aprovação humana, não se apresente para ministro do Senhor; se for convidado, recuse.

A vaidade dos gentios que forja sua maneira de pensar, espera que nosso falar seja alinhado a ela; no fundo, o ímpio não quer se converter. Quiçá receber alguma droga espiritual, que tonteie um pouco a voz da sua consciência, a qual, tenta lembrá-lo de sua alienação do Senhor.

Nosso papel é sermos incômodos, ao ponto de denunciarmos o pensar vão, como tal, e desafiarmos à nova mentalidade em Cristo.

A cultura inútil que grassa nas vidas sob o império das paixões, leva os gentios a se consumirem sofrendo pelo que nada vale, alienados da fonte da vida, Deus.

Daniel denunciou a um, cheio de cultos inúteis, e de costas para a vida; “... destes louvores aos deuses de prata, ouro, bronze, ferro, madeira e de pedra, que não veem, não ouvem, nem sabem; mas a Deus, em cuja mão está a tua vida, de quem são todos os teus caminhos, a Ele não glorificaste.” Dan 5:23

Quem prioriza o fútil onde deveria zelar pela vida, usa diamantes em fundas.

quarta-feira, 4 de outubro de 2023

Desvio de finalidade da fé


“Alcançando o fim da vossa fé, a salvação das vossas almas.” I Ped 1;9 Em mais de uma ocasião, O Salvador falou: “A tua fé te salvou”.

A ideia que, salvação e fé estejam entrelaçadas, não é uma “descoberta” que alguém mais arguto, finalmente logrou, e passou a ensinar. Antes, é algo categórico; superando a relevância de eventuais, boas obras. “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie;” Ef 2;8 e 9

Boas obras devem ser consequência da fé em Cristo, não são meios de salvação; Ele É. “Porque somos feitura Sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais, Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;10

Mesmo o fim da fé, estando explícito claramente, nem sempre, ela é entendida. Em muitos casos se banaliza, lendo de modo superficial, “entendendo” como convém a cada um, deixando de se ater ao essencial. Quando O Salvador dizia: “A tua fé te salvou”, não pretendia ensinar uma espécie de fé na fé; basta que creiamos em algo de nossa predileção e seremos salvos.

Pode ser que tenhamos um simulacro. A fé salvífica tem conteúdo, não opera no vazio. “A tua fé...” fora exercida em quem podia salvar, essa era a razão da sua eficácia. Se bastasse cada um crer em algo, o que quer que fosse, então, o ecumenismo, que coloca hinduísmo, pajelança, feitiçarias, animismo, falicismo, islamismo, cristianismo, no mesmo balaio, estaria certo.

A exclusividade de Cristo é inegociável, solene: “Eu Sou O Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém vem ao Pai, senão, por Mim.” Jo 14;6 A fé que lega salvação para a vida eterna, também está expressa de modo claro; “A vida eterna é essa; que conheçam a Ti, só, Único Deus Verdadeiro, e a Jesus Cristo a quem enviaste.” Jo 17;3

Qualquer “fé” alternativa obra no vazio; ninguém eleva os pés do chão puxando os próprios cabelos. Assim, nenhum galgará ao Reino dos Céus, por meios humanos, tampouco, malignos; as fontes de todos os credos espúrios.

Sendo inegociáveis os “Objetos” da fé que conduz à salvação, O Deus Único e Jesus Cristo, também é inalterável, seu fim. Num primeiro momento, carecemos, por ela, “nascer de novo” para entrar no Reino dos Céus; depois, permanecer nela, em santificação, para que, nosso viver soe agradável ao Senhor; “Sem fé é impossível agradar a Deus...” Heb 11;6

Os mercenários de nosso tempo a fundem com as cobiças naturais, e pretendem que a fé seja um meio de prosperidade material, em nome da qual acoroçoam “negociatas” profanas, que, invés de agradar a Deus deixam patentes seus corações. Tais, ainda são apegados demais à matéria para ser elevados nas asas do espírito; e, há outras nuances de “desvio de finalidade”, igualmente, preocupantes.

Por ocasião de um jogo de futebol importante que acontecerá hoje em Porto Alegre, vimos uma reportagem, ontem, onde os torcedores faziam os mais bizarros rituais, pedindo uma “ajuda do além”; até um padre “benzendo o campo”, para que seu time vença.

Nada de mal em alguém gostar desse time, daquele; se identificar, torcer. Mas, deixemos Deus fora disso. Ele ama tanto os de meu time favorito, quanto, os do adversário; ensina fazermos ao próximo, exatamente o mesmo que gostaríamos que ele fizesse para conosco.

Assim, orar, fazer mandingas, para que meu time vença, não é um exercício saudável de fé; antes, uma dupla demonstração de doença na alma; ignorância espiritual, e escravidão às paixões carnais, das quais, a salvação costuma libertar.

Simpatizar com um time, seja qual for, é uma vaidade permitida; não “infrói nem diminói”, como diz o vulgo; como escolher uma roupa para vestir, um tipo de corte de cabelo, etc. Não me faz melhor nem pior, diante de Deus. Por ser algo vão, é que se classifica como vaidade.

Agora, descer aos porões do fanatismo, sagração do egoísmo, agressão gratuita, dos maus desejos contra o que tem uma vaidade diferente da minha, aí a coisa assume um peso; perde a leveza de pluma, da vaidade, e prime nas minhas escolhas volitivas, as digitais da perversão.

Sendo, o fim da fé é a salvação da alma, se, a alma “crente” ainda rasteja sôfrega, na sarjeta das paixões carnais, sobejam razões para pensarmos que a tal, ainda não conhece a Jesus Cristo.

Ele muda-nos, paulatinamente; “... para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos também em novidade de vida.” Rom 6;4 E após certo percurso, a mudança é total; “Se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram, e tudo se fez novo”. II Cor 5;17

terça-feira, 3 de outubro de 2023

Os intocáveis


Hoje deparei com uma postagem que me pareceu a cara da geração atual. Dizia: “Tua opinião sobre mim é como um panfleto; pego, amasso, jogo no lixo e sigo em frente.” 99,9% dos comentários era de apoio, identificação. O meu saiu um pouco, da caixinha.

Quem jamais pegou um panfleto, por educação, depois amassou e descartou por desinteresse? Normal. Embora, algumas vezes um panfleto possa trazer coisas que nos interessam; de modo que, generalizar o trato dado a eles, no mínimo, é desinteligente.

Me pus a pensar se, as pessoas são mesmo tão refratárias, às opiniões alheias sobre elas. Pela sofreguidão com que alguns buscam curtidas e coraçõezinhos, me pareceu natural que as tais rejeitam veementes, às opiniões que lhes não são favoráveis, apenas; não raro, no afã de darem um golpe indireto contra alguém específico, dizem isso de modo atabalhoado, jogando todas as opiniões, na vala comum da irrelevância. Embora, como vimos, as favoráveis a esses egoístas sejam acoroçoadas, não, descartadas. Assim, sua aversão seria à correção, críticas, ensino.

Sem dúvidas, vivemos a geração mais imprestável de todos os tempos; nos quesitos, caráter, nível educacional, honestidade intelectual, capacidade de coexistência com os dissidentes, noção, generosidade, pudor, etc.

Contudo, é a que mais se acha; pois, sendo vazia de conteúdo, o imenso espaço que resta é preenchido com arrogância, presunção, melindres, antipatia...

A Bíblia menciona-a: “Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30;12

Nós que postamos coisas nas redes sociais não o fazemos para que as pessoas opinem sobre nós; embora soe natural e seja o esperável, que possam fazê-lo sobre o que publicamos. Mesmo que, discordando por alguma razão, é o caminho normal, a interatividade.

Entretanto, as coisas com as quais me identifico, uma vez, públicas, acabam deixando patentes, traços sobre mim; de modo que, se alguém opinar aí, não estará fazendo-o num vácuo, sem nenhum conhecimento de causa. Se, a coisa se mostrar irrelevante, óbvio e natural será seu descarte. Todavia, nem tudo o que as pessoas pensam ou falam é lixo.

A geração Paulo Freire aprendeu que o ensino é uma espécie de opressão; assim, essa gente “libertária” sai gritando “urbe et orbe” sua aversão à mínima aproximação dos “opressores.”

“Dane-se o futuro! O que importa é o que vem pela frente!” cunhou uma dessas, em Dilmês fluente.

Certa vez, li; “Muitas pessoas apegam-se às suas opiniões, não porque essas são corretas; mas, porque são delas.” Ignoro o autor.

Para efeito de vitrine decorada, na loja das nossas pretensões intelectuais, muitos de nós partilham coisas profundas, sobre viver de modo que o caluniador não tenha razão; fazer degraus com as pedras que nos jogam; falar é prata, silenciar, é ouro; vencer o mal com bem; pensar fora da caixa; etc. Porém, “Na prática, a teoria é outra.” Como dizia Joelmir Betting

De minha parte, não espero que as pessoas concordem, necessariamente, com o que escrevo. Podem discordar à vontade; de preferência, que o façam expondo suas razões. Caso não as citem, mas discordem educadamente, tudo bem.

Vai que, numa opinião dessas, alguém me ajuda fazendo ver coisas que eu não tinha percebido. “Liberte-me da minha ignorância, e ter-te-ei na condição de meu maior benfeitor.” Ensinava Sócrates aos seus discípulos. Não proibia que discordassem dele; apenas esperava que as discordâncias se fundamentassem em argumentações sólidas.

A vida é um imenso teatro; ninguém vive “vacinado” contra apreciações alheias, estando, como todos estamos, no “palco”. Paulo o apóstolo, tendo em mente isso, aconselhou aos cristãos de Corinto: “Portai-vos de modo que não deis escândalo aos judeus, aos gregos, nem à igreja de Deus.” I Cor 10;32

Três tipos de “plateias” observavam o porte deles, então; os gregos, os judeus e os próprios irmãos de fé. Com a mesma naturalidade com que aceitamos um eventual elogio, quando nos portamos bem, devemos considerar uma correção, quando tropeçamos em nossa caminhada.

Segundo Tácito, “aquele que se irrita ao receber uma crítica, reconhece que a mereceu.”

No tocante aos que são de Cristo, a expectativa do Salvador é que alcancem uma postura tal, ante a sociedade, que os próprios de fora da igreja, reconheçam o Divino agir, através deles; “Não se acende a candeia e coloca debaixo do alqueire, mas no velador; dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5;15 e 16

É provável que esse texto seja “amassado e jogado no lixo;” pois, quem acende uma luz visando iluminar, não pode ter a garantia, que essa não será apagada pelos que preferem ficar no escuro.

domingo, 1 de outubro de 2023

"Mestres" e avestruzes


“Querendo ser mestres da lei, e não entendendo o que dizem nem o que afirmam.” I Tim 1;7

Dizer, é apenas mover lábios e cordas vocais articulando palavras; afirmar, é fazer firme, mediante a reiteração, o compromisso, garantia, responsabilidade sobre o que se diz.

Um dito pontual, efêmero, pode ser levado pelo vento; uma afirmação tende a permanecer até o tempo de sua comprovação, se, veraz ou falsa.

Por que alguém afirmaria algo que não entende? “Querendo ser mestres...” Uma reputação honrosa e pesada, o alvo desses falazes inconsequentes. Tiago adverte: “Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo. Porque... se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito, poderoso para também refrear todo o corpo.” Tg 3;1 e 2

Em troca dessa reputação, muitos se dão a empreitadas maiores que suas forças. O Salvador advertiu: “... de toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo.” Mat 12;36

O inimigo cega entendimentos, onde consegue plantar a incredulidade. “Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

A natureza carnal, se, não tratada pela cruz, mortificada mediante necessárias renúncias em prol da Vontade Divina, costuma intumescer noutro rumo; a pretensão de entender o que ignora. Paulo denunciou alguns que estavam, “... envolvendo-se em coisas que não viram; estando debalde inchados nas suas carnais compreensões...” Col 2;18 Queriam estabelecer padrões comportamentais segundo suas miopias, não, segundo Cristo.

O entendimento do que está em jogo gera temor, prudência, invés de temeridade e atrevimento, como se verifica nos que atinam a empresas maiores que suas capacidades. “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam sabedoria e instrução.” Prov 1;7

Uma punção momentânea, um voluntarismo cego, um anseio por nome, mais do que, por salvação de almas, bem pode “patrocinar” atrevimentos deletérios, de gente ainda no escuro, mas pretendendo ser acendedora de lampiões.

No início da Igreja, já surgiram os “voluntários” que não entendendo o que afirmavam, causaram perturbações entre os que se haviam convertido; foram avaliados assim: “Porquanto ouvimos que alguns que saíram dentre nós vos perturbaram com palavras, transtornaram vossas almas, dizendo que deveis circuncidar-vos e guardar a Lei, não lhes tendo nós dado mandamento” Atos 15;24

Não foram enviados, “saíram”; tampouco receberam mandamentos, falaram segundo suas carnais compreensões. O resultado: Invés de frutos para a salvação de novas almas, perturbações entre os que eram salvos. “Pelos seus frutos os conhecereis” ensinou O Salvador.

Tanto quanto, um ministro idôneo pode influenciar novas conversões, um falso tem potencial para estragar a caminhada, dos que são convertidos. Onde a carência costuma ser de edificação, ensino, para os que creem, levam perturbações, dúvidas, heresias.

Oportuno observarmos o “antídoto” escolhido pelos apóstolos, para aquela situação; “Pareceu-nos bem, reunidos em acordo, eleger alguns homens e enviá-los com nossos amados Barnabé e Paulo, homens que já expuseram suas vidas pelo Nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Enviamos, portanto, Judas e Silas, os quais por palavra vos anunciarão também as mesmas coisas.” Atos 15:25-27

Homens enviados, não, “saídos”; provados, “que já expuseram suas vidas por Jesus Cristo;” comissionados, não, freelancers; “... vos anunciarão as mesmas coisas.”

Vivemos numa geração de avestruzes, (a bíblia define-o como estúpido, que bota ovos onde qualquer bicho pode pisar) que não pondera nas consequências dos atos, das escolhas. “Endurece-se para com seus filhos, como se não fossem seus; debalde é seu trabalho; está sem temor, porque Deus a privou de sabedoria, não lhe deu entendimento.” Jó 39:16,17

Que ela seja assim, pois, é a ordem natural das coisas; mas de quem aprendeu de Deus, O Eterno não espera ações tão rasas.

Que os gentios fabricassem e adorassem imagens, Deus considerou normal, dada a ignorância deles; “Porém tu, ó Israel, servo Meu, tu Jacó, a quem elegi descendência de Abraão, meu amigo; tu a quem tomei desde os fins da terra, te chamei dentre os seus mais excelentes e disse: Tu és Meu servo, a ti escolhi e nunca te rejeitei?” Isaías 41:8,9 Aquilo causara espanto.

Logo, que aquele que ignora as coisas de Deus e Seus ensinos, erre o caminho é compreensível; mas, os que orbitam nos ambientes de salvação, de Bíblias nas mãos ensinando porcarias de origem espúria? Cantando “louvores” com letras carnais, antibíblicas?

Sabemos que salvação é pela fé; mas, diferente do dito vulgar essa não é cega; requer conhecermos Aquele em Quem cremos; “A vida eterna é esta: que conheçam, a Ti só, por Único Deus Verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. João 17:3