sábado, 10 de dezembro de 2022

A Voz do Sangue


“Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo; dando Deus testemunho dos seus dons; por ela, depois de morto, ainda fala.” Heb 11;4

“... maior sacrifício que Caim...”
Antes de concluirmos que foram os sacrifícios dos irmãos, que fizeram um aceitável, e outro não, perante O Criador, atentemos bem ao texto: “Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício...” 

A fé patrocinando a oferenda é que a qualifica, quanto à sua aceitação. Deus olhou para os ofertantes antes das ofertas; “... Atentou O Senhor para Abel e sua oferta. Mas para Caim a sua oferta não Atentou...” Gn 4;4 e 5

“Sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele Existe, e É galardoador dos que O buscam.” v;6
Como alguém sacrificaria sem fé? Por quê? Inveja, emulação, competição; vícios que envilecem à mais opulenta oferenda.

Sem fé, até as mais eloquentes pregações perdem a eficácia: “Porque também a nós foram pregadas as boas novas, como a eles, mas a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé naqueles que a ouviram.” Cap 4;2

“... pelo qual, alcançou testemunho de que era justo...”
Pelo sacrifício oferecido com fé. Na terra dos homens se alcança testemunhos de todo tipo. Gente baixa consegue, via preço, ou, identidade na baixaria, testemunhos de toda ordem, forjando o verossímil onde deveria reinar o verdadeiro. Porém, o testemunho em favor de Abel Era de Origem Sublime, “... dando Deus, testemunho dos seus dons...”

Receber o testemunho de Deus, acerca da integridade, não é um “selo de qualidade” ordinário, que se possa conseguir no reino imperfeito dos homens; tampouco, na forja fajuta das aparências.

Deus sonda corações. Ninguém pode ver profundo como Ele. “Eu, O Senhor, esquadrinho o coração e provo os rins; para dar a cada um segundo seus caminhos, segundo o fruto das suas ações.” Jr 17;10

“... por ela,
(pela fé) depois de morto, ainda fala.” Quando o sol se põe, restam ainda umas duas horas de claridade, antes que a noite cubra tudo. Fica uma luz residual após sua “morte” testemunhando da sua passagem.

Do mesmo modo, no reino espiritual, quando um homem justo passa pela vida. Após sua morte, a luz dos exemplos deixados ainda “fala” por muito tempo. Tanto, quanto puder ser lembrado. Como o exemplo de Abel foi registrado no Livro Sagrado, fala claramente até hoje.

Embora nem todos tenham ciência disso, há mais livros sendo escritos do que supõe nosso parco entendimento. Nossos atos, mesmo nossas falas, estão sendo registrados nos Céus; “Então aqueles que temeram ao Senhor falaram frequentemente um ao outro; O Senhor Atentou e Ouviu; um memorial foi escrito diante Dele, para os que temeram O Senhor; os que se lembraram do Seu Nome. Eles serão Meus, diz O Senhor dos Exércitos...” Mal 3;16 e 17

O teatro humano é refém das aparências; nele podemos encenar o que quisermos; Deus lida com essências, motivações; e na balança dessas pesa nossos feitos e os valora.

Jó, outro que recebera testemunho Divino disse: “Pese-me em balanças fiéis e saberá Deus, a minha sinceridade.” Jó 31;6 Pois, O Eterno não tem outro tipo de balanças. Nós balançamos em nossa integridade; Ele não. “Se formos infiéis, Ele Permanece Fiel; não pode negar a Si mesmo.” II Tim 2;13

Contudo, se o exemplo de Abel estimula a termos a mesma postura, para também recebermos Testemunho dos Céus, temos uma “Fala” infinitamente mais excelente, à qual bem faremos em estar atentos: “Mas chegastes ao monte Sião... a Jesus, O Mediador de uma Nova Aliança, e ao Sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel.” Heb 12;22 e 24

Dentre as muitas coisas que O Bendito Sacrifício nos fala, deixa patente que “O salário do pecado é a morte” Rom 6;23, não há jeitinho que possa remediar isso; O Amor Divino Ousou descer até aí, para que pudéssemos ser regenerados, embora, indignos. “Vede que não rejeiteis ao que fala; porque, se não escaparam aqueles que rejeitaram o que na terra os advertia, muito menos nós, se nos desviarmos Daquele que É dos Céus;” v 25

A superioridade do culto de Abel derivou de ser a fé a motriz do mesmo; o desafio agora, em Cristo, “Autor da fé”, é levarmos a mesma às últimas consequências, à perda da vida temporal até, sem desonrarmos Àquele que Fez isso por nós. “Considerai, pois, Aquele que Suportou tais contradições dos pecadores contra Si mesmo, para que não enfraqueçais, desfalecendo em vossos ânimos. Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado.” Heb 12;3 e 4

sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

Fora da Copa


“Como ao pássaro o vaguear, como à andorinha o voar, assim a maldição sem causa não virá.” Prov 26;2

Maldição não é uma força casual que sai percorrendo a terra e fazendo vítimas ao seu bel prazer. Antes, é um juízo temporal que, uma vez aplicado, possibilita que cogitemos das causas, e quiçá, aprendamos algo com ela. Os Juízos temporais do Eterno são nuances do Seu Amor; nova oportunidade, antes do juízo final.

Quando, nos dias de Malaquias, Ele convertia bênçãos em maldições, expôs o motivo; “Se não ouvirdes e não propuserdes no vosso coração, dar honra ao Meu Nome, Diz o Senhor dos Exércitos, enviarei maldição contra vós, amaldiçoarei vossas bênçãos; já as Tenho amaldiçoado, porque não aplicais a isso o coração.” Ml 2;2

A permissão para o advento “milagroso” do Anticristo, também será um juízo, contra quem não se apegou à verdade. “Esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, sinais e prodígios de mentira, com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. Por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam na mentira; para que sejam julgados todos os que não creram na verdade, antes tiveram prazer na iniquidade.” II Tess 2;9 a 12

A ameaça iminente de sermos governados pelo crime organizado, também é uma permissão do Eterno, por termos visto a honestidade ser atacada diuturnamente, durante quatro anos, sem a necessária indignação e brio para defendê-la.

Agora a “favorita” seleção brasileira, foi despachada precocemente pela Croácia; terá que ver o resto da Copa do Mundo pela televisão. Mais uma “maldição” cujas causas, convém a gente buscar.

Apesar dos sonoros e humilhantes 7 x 1 da copa em casa, o arrogante povo brasileiro não aprendeu nada. O técnico Tite disse que, caso vencesse a Copa não iria saudar ao Presidente da república, como sempre se fez. Invés de jogo limpo, neutralidade desportiva, ele fez o “L”.

Os jogadores, embora sabendo que, grande parte da população está nas ruas, protestando, desde a vergonhosa fraude que se impôs, e essa parte representa a imensa maioria, nunca se preocuparam em mandar uma mensagem de solidariedade, apoio aos manifestantes. Neymar ousou abrir seu voto no Bolsonaro, o que bastou para que muitos o demonizassem, querendo até que se machucasse.

Eu sei que eventuais atos de cunho político poderiam render punições, advertências; o treinador, zeloso, que não suporta aos “fascistas” os poderia barrar; então, muitos deles preferiram ostentar sua opulência comendo carne folheada a ouro, invés de se preocupar com os legítimos anseios dos inconformados daqui. Na bolha dos privilégios a vida transcorre sem os problemas que assolam aos reles mortais. Importante é ostentação; liberdade a gente vê depois.

Usariam de bom grado uma faixa de capitão, “inclusiva”, se a justiça catari permitisse; mas, uma simples tarja preta em solidariedade aos brasileiros que estão sofrendo, nenhum ousou. Quem se atreveria a arriscar seu lugar no time por uma ninharia dessas, de defender a justiça e liberdade?

Aquele amontoado de jogadores de vidas privilegiadas representava a si mesmo; seus anseios de glória e faturamentos cada vez mais altos; o povo, que siga sua “teimosia” em busca de liberdade e justiça.

O feitiço acabou, de forma humilhante como convinha. Cada um deles voltará para seu “reino encantado” de fama e riquezas, sem se preocupar muito com as coisas que acontecem por aqui.

O futebol sempre foi uma droga, que, como o carnaval e as novelas “domesticava” nosso povo, de modo a não se levantar, mesmo ante às grandes aberrações que sempre se fez, no meio político. “A pátria em chuteiras” descobriu-se agora envolta em bandeiras.

Pois, anulada à eficácia da droga, temos que lidar com nossa dura realidade, que parece orbitar a duas possibilidades apenas. Ou, a Lei e a ordem serão garantidas à força, pelos militares, ou, teremos que trabalhar para o crime organizado, que, mesmo antes de assumir já causou estrondosas perdas, e acena com a ruptura de todos os limites, para saciar o apetite voraz dos predadores soltos.

Passou a hora de muitas “Excelências” aprenderem, enfim, o respeito que devem ao Povo brasileiro, origem de todo poder, e quem paga os salários onerosos de vossas displicências. “Perdeu mané!” um cacete! As eleições foram extremamente duvidosas; o povo não está disposto a reconhecer nada, sem um confere do “VAR”, também chamado de código-fonte.

Estamos fora do circo, e daí? O importante é que não engoliremos essa fraude, nem mesmo folheada a ouro.

Se o outro lado tivesse logrado uma vitória justa, a vida seguiria; mas, do jeito que foi, gol de mão e impedido, nem que a vaca tussa.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Árvore de Natal


“Vendo o povo que Moisés tardava em descer do monte, acercou-se de Arão, e disse-lhe: Levanta-te, faze-nos deuses, que vão adiante de nós; porque quanto a Moisés, homem que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que lhe sucedeu.” Ex 32;1

Deparei com um estudo sobre usar árvores de Natal, os crentes, ou não. O autor disse que, os que rejeitam tal uso, o fazem porque a origem da mesma remontaria ao paganismo.

No entanto, argumentou, muitas coisas que consumimos, alimentos, roupas, combustíveis, etc. Também têm uma origem desconhecida, e não investigamos, antes de usarmos tais coisas; portanto, ser omissos nessas coisas e cuidadosos apenas com a Árvore de Natal, ele definiu como hipocrisia.

Usou ainda como argumento, o seguinte: “Do Senhor é a terra e sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam.” Sal 24;1

Tudo o que O Senhor criou é bom; não há nada que se rejeitar. Disse mais: Que em rituais de religiões pagãs, satânicas até, se usa água, por exemplo; nem por isso deixamos de usá-la também.

Até parece um conjunto de argumentos bem sólidos; mas, as “letras miúdas do contrato” precisam ser lidas também. É vero que consumimos as coisas ordinárias sem nos preocuparmos com a origem. Mas, fazemos isso para nós, não para prestar culto a Deus. No caso da comida, oramos consagrando, agradecendo, o que anula eventuais “vícios de origem.”

Que “do Senhor é a Terra e sua Plenitude”, não restam dúvidas; Ele Criou todas as coisas.

Mas, tomar como viés argumentativo essa verdade, e levá-la às últimas consequências acabaria legitimando o uso de drogas, excessos em bebidas, e coisas similares. Afinal foi O Senhor que as criou, portanto, não devem ser rejeitadas. Pela mesma linha de raciocínio, os ímpios não deveriam ser rejeitados, uma vez que são criaturas do Divino; “O Senhor fez todas as coisas para atender aos seus próprios desígnios, até o ímpio para o dia do mal.” Pov 16;4 Não seria para o dia do bem??

A água nos cultos pagãos não legitima tudo; eles usam imagens, rezas, animais mortos, além de água; agora quem está sendo seletivo é o autor, que considerou hipocrisia atuar assim.
Por que não usamos as imagens deles também?

Enfim, concluiu que podemos “natalizar” nossas casas; não precisamos ter nenhum “medinho do diabo”. De onde o ilustre professor tirou que, evitamos isso por medo do canhoto? Em mim arde zelo de Deus; a Ele temo, não à oposição. “... temei Aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a Esse temei.” Luc 12;5 

Afinal, “... qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes?” Tg 4;4 e 5

Podem dar os nomes que quiserem, ornar ambientes; isso não se encontra na Palavra de Deus; a “festa” a ser comemorada é outra: “... fazei isto em memória de mim.” I Cor 11;24 a Santa Ceia. Só isso.

Embora alguns se esforcem em provar o contrário, no “Natal” o velho rubro aquele aparece, não, Jesus; Seus Ensinos, Doutrina e Sacrifício por nós. A origem da dita árvore não é bíblica, portanto, é pagã; os íntimos de Deus nada fariam que entristecesse Seu Espírito Santo; estou certo que essas coisas que prostíbulos e centros de religiões rivais também fazem, nada têm com O Conhecimento de Deus; é uma escolha humana baseada na ignorância avessa ao que Deus ordenou.

Vimos acima, quando da “demora” de Moisés no monte, a decisão de se esculpir o Bezerro de ouro; uma “pérola” espiritual baseada também na ignorância: “... porque quanto a este Moisés, o homem que nos tirou da terra do Egito, ‘não sabemos’ o que lhe sucedeu.”

Sabemos tantas coisas que A Palavra do Santo nos revela, contudo, precisaríamos cometer temeridades baseados no que não sabemos?

Honrar a Deus é dar livre curso à Sua Luz em nossos entendimentos, de modo que essa molde o nosso agir; sem isso, podemos fazer cascatas de luzes “Made in China”, uma mini floresta enfeitada de penduricalhos em nossas salas e seguiremos em trevas.

O Salvador ensinou a conhecermos à árvore pelos frutos. Nesse caso específico ficam patentes os frutos pela árvore. Digo, invés da devida e necessária separação, a emulação que forja a imitação do mundo é um testemunho que grita que dentro de nós, que mesmo nas igrejas, ainda estamos no mundo.

Se Cristo nasceu deveras em nós, a Sua Luz há de brilhar full time; “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que Está nos Céus.” Mat 5;16

quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

Karnal, o ateu


“Porque o ímpio gloria-se do desejo da sua alma; bendiz ao avarento, e renuncia ao Senhor. Pela altivez do seu rosto o ímpio não busca a Deus; todas suas cogitações são que não há Deus.” Sal 10;3 e 4

Acabei de assistir a um vídeo do filósofo Leandro Karnal, com o título: “Por que sou ateu”. Ele conta seu pretérito religioso no catolicismo. No momento que definiu como “secura da alma”, quando assomou a sensação de que falava sozinho ao orar, não havia interação com Deus, isso foi pavimentando seu afastamento da religião, até sentir-se bem, sem ela.

Defendeu que não se trata de inteligência nem de ética; essas coisas existem entre ateus e religiosos. Mas, de escolha estritamente pessoal, sua.

Bem, que há gente ética e sem, em ambos espectros, religioso e ateu, bem como, inteligentes ou, desprovidas de inteligência, isso é algo pacífico. Embora, a inteligência nem sempre esteja a serviço da verdade. Às vezes pode ser usada para se esquivar da mesma, como tantos fazem.

Cristo não foi rejeitado por incompreensão do significado de Sua Doutrina; antes, por entender e não desejar, O evitaram; “... a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20

Ante Sua pergunta sobre a origem do Batismo de João, se celeste ou terrena, Seus ouvintes sabiam as implicações de ambas as repostas possíveis; como não queriam lidar com as consequências de nenhuma, fingiram ignorar. “Não sabemos.” Luc 20;7

Um exemplo clássico de inteligência à serviço do erro; a popular desonestidade intelectual.

Acima temos uma denúncia moral contra o ateu; é alguém que “... gloria-se do desejo da sua alma; bendiz ao avarento, e renuncia ao Senhor.” Nesse breve recorte repousam três coisas nocivas à necessária santidade; egoísmo, avareza e rejeição a Deus.

“... Pela altivez do seu rosto o ímpio não busca a Deus; todas as suas cogitações são que não há Deus.” Agora, orgulho e um “cogito” não investigativo, mas calculado para “pavimentar” o caminho da conveniente negação. Não são cogitações abertas em busca da verdade; antes, condicionadas a um fim estabelecido “à priori”, não há Deus. Já “sei” que Deus não existe; apenas preciso ordenar minhas reflexões de modo a “provar” isso.

A diferença entre os veros filósofos e os sofistas era que esses buscavam prevalecer numa disputa a qualquer custo; aqueles buscavam à verdade, mesmo que essa se revelasse contra antigos postulados, que, uma vez demonstrados falsos, deveriam abandonar.

A Palavra defende que mesmo a natureza já é eloquente o bastante; “Porque Suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto Sua Divindade, se entende, e claramente se vê pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; porquanto, tendo conhecido a Deus, não O glorificaram como Deus, nem Lhe deram graças...” Rom 1;20 e 21

De novo, a barreira não é intelectual, mas, volitiva; “... tendo conhecido Deus, não O glorificaram como Deus...” Isso revela uma escolha.

“O testemunho dos céus não é um simples indício, mas uma declaração inconfundível e clara, do tipo permanen­te e inalterável. Apesar disso tudo, que proveito há numa de­claração em alto e bom som dirigida a um surdo, ou a mais evidente demonstração feita para um cego no sentido espiri­tual? O Espírito Santo de Deus precisa iluminar-nos ou nem todos os sóis da Via Láctea poderão fazê-lo... É humilhante pensar que até mesmo as mentes mais devota­das e elevadas, quando querem expressar seus pensamentos mais sublimes sobre Deus, precisam usar de palavras e metáfo­ras extraídas da terra. Somos todos crianças e temos de confes­sar: "Penso como criança, falo como criança." Deus está na vas­tidão acima de nós; sua bandeira estelar mostra que o Rei encon­tra-se em casa e levanta seu escudo para que os ateus vejam como ele menospreza suas acusações. Aquele que após olhar para o firmamento se apresenta como um ateu, está ao mesmo tempo se declarando um idiota e mentiroso.” Spurgeon

Desde o, “sereis como Deus; vós mesmos sabereis o bem e o mal”, que o homem se fez também, mentiroso. Os mais sutis pintam o que entendem e não querem, com “cores” de ignorância; ceticismo conveniente.

Suas concessões éticas e caridosas são limites que traçam, até onde estão dispostos a ir. Como à mulher de Jó, até certo limite; “... Ainda reténs tua sinceridade? Amaldiçoa Deus, e morre.” Jó 2;9

“A voz de Deus nos diz constantemente: uma falsa ciência faz um homem ateu, mas uma verdadeira ciência leva o homem a Deus.” Voltaire

Coisas de loucos


“Livrará até ao que não é inocente; porque será libertado pela pureza de tuas mãos.” Jó 22;30

Elifaz, um dos “amigos” de Jó, depois de acusá-lo de “nazista, fascista, genocida,” digo, lançar ao vento palavras sem nexo com a realidade. “Não deste ao cansado, água a beber, ao faminto retiveste o pão. Mas para o poderoso era a terra; homem tido em respeito habitava nela. As viúvas despediste vazias, os braços dos órfãos foram quebrados.” vs 7 a 9

Após dessas inverdades contra aquele que Deus Testificara ser justo, reto, temente, que se desviava do mal, exortou-o: “Apega-te, pois, a Ele, e tem paz; assim te sobrevirá o bem. Aceita, peço-te, a Lei da Sua Boca e põe Suas Palavras no teu coração. Se te voltares ao Todo-Poderoso, serás edificado; se afastares a iniquidade da tua tenda.” vs 21 a 23

Palavras verdadeiras se, enviadas ao devido endereço. “Uma coisa boa não é boa, fora do seu lugar.” Spurgeon

Assim, uma exortação à obediência, contra uma pessoa que já teme a Deus e observa Seus mandamentos. “Sabendo isto, que a Lei não é feita para o justo, mas para os injustos e obstinados, ímpios e pecadores, profanos, irreligiosos, parricidas, matricidas, para os homicidas.” I Tim 1;9

Depois das acusações infundadas e exortação desnecessária, expôs uma conclusão verdadeira; que, ao que Deus aceita, sua intercessão tem eficácia. “livrará até ao que não é inocente; será libertado pela pureza das tuas mãos.”

Não sabia, o loquaz conselheiro, que o culpado a ser remido mediante a intercessão de Jó seria ele mesmo, junto aos seus companheiros; “Tomai, pois, sete bezerros e sete carneiros; ide ao Meu servo Jó, e oferecei holocaustos por vós; Meu servo Jó orará por vós; porque deveras a ele Aceitarei, para que não vos Trate conforme vossa loucura; porque vós não falastes de Mim o que era reto como Meu servo Jó.” Cap 42;8

Normalmente se considera louco, alguém que fale coisas desconexas, mostre lapsos cognitivos e interpretativos da realidade, faça coisas desalinhadas à ética dos “normais”.

No prisma espiritual a regra se mantém; com a ressalva que agora a “realidade” a ser apreciada está nos domínios do espírito, não no enganoso campo dos fenômenos. As coisas como são, não como parecem, vistas por pessoas espirituais; “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo e de ninguém é discernido.” I Cor 2;14 e 15

Luz espiritual parece loucura aos cegos, a cegueira de não ousar adentrar nos domínios do Espírito é a insanidade deles; pois, sabedoria espiritual não tem como antônimo a ignorância. “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução.” Prov 1;7

As palavras certas contra o alvo errado, como falou Elifaz, testificam certo conhecimento acerca dos Valores Divinos, e total ignorância, quanto à aplicação.

A “loucura” de se entregar irrestrito ao Senhor, faculta que nossos olhos sejam abertos por Ele, para nos livrar da demência de sermos sábios aos próprios olhos. “Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal. Isto será saúde para teu âmago, e medula para teus ossos.” Prov 3;5 a 8

Nisso repousa a sutil ironia de Paulo: “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela Sua Sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação... Porque a loucura de Deus é mais sábia que os homens; a fraqueza de Deus é mais forte que os homens.” I Cor 1;21 e 25

A aceitação da intercessão de um justo, em favor de outrem que não é inocente é a base da nossa salvação. Nenhum de nós é justo; mas, todos os que se submeterem a Cristo, O Salvador, serão aceitos, por causa da Inocência Dele a rogar em nosso favor. “a todos quantos O receberam, Deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

Jó não era inocente ao ponto de entrar no Céu por méritos; mas, vivia em seu contexto, de um modo aceitável ante O Eterno. Quando o permitido infortúnio o visitou, até os bem piores sentiram-se melhores que ele. A leitura que o sofrimento seja necessariamente, consequência de pecados, deve ser feita no inferno.

Aqui se premia ao vício e se desonra à virtude, de modo geral. O exercício duro de um soldado não deriva de suas culpas; antes, do seu alvo.

domingo, 4 de dezembro de 2022

A Fonte da Juventude


“... Rabi, quando chegaste aqui?” Jo 6;25

Se, no dia anterior O Senhor multiplicara o pão do outro lado do mar da Galileia, natural concluir que Sua travessia era recente. As máscaras humanas costumam esconder o rosto atrás de palavras desconexas, quando, o vero objetivo se tenta ocultar.

O Salvador mesmo advertiu-os que O buscavam, não por estarem convencidos que Ele Era quem alegara Ser. Antes, porque queriam mais pão. A pergunta honesta seria como a de certo humorista: “Aí chefia! Que hora que é a merenda?” Para disfarçar o interesseiro motivo fugiram para a questão temporal: “... quando chegaste aqui?”

Se, essa pergunta fosse mesmo feita com seriedade, talvez a resposta dispersasse aos panófilos agregados. Primeiro, seria impossível “acondicionar” O Eterno, numa redoma temporal. Quando O Salvador sugeriu que vira Abraão, o riso cético aflorou; “... Ainda não tens cinquenta anos e viste Abraão? Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos Digo que antes que Abraão existisse, Eu Sou.” Jo 8;57 e 58

Para aqueles, o tempo de Jesus era restrito ao que seus olhos podiam ver; “ainda não tens cinquenta anos...”

O Senhor não chegou aqui; antes, fez o “aqui” chegar a Ele. “Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram Feitas por Ele; sem Ele nada do que foi feito se fez.” Jo 1;2 e 3

Exortou-os a priorizarem o “Pão” espiritual porque queriam que eles também tivessem a eternidade como escopo; “Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; porque a Este o Pai, Deus, o Selou.” Jo 6;27

A eternidade no espírito humano é um “elo perdido”, uma sensação de incompletude; inconformismo com a brevidade da vida terrena; embora, incompreendida a origem dessa nostalgia. “Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir a Obra que Deus Fez desde o princípio até ao fim.” Ecl 3;11

Paulo discursando no templo da filosofia, Atenas, onde se tentava entender o propósito da vida, entregou de mão beijada a resposta para essas inquietações.

Viemos de ancestral comum, criado por Deus; ganhamos um limite de tempo e espaço para regressarmos pra casa, de onde fomos degredados pela desobediência; “O Deus que Fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do Céu e da Terra, não habita em templos feitos por mãos de homens; tampouco, é servido por mãos de homens, como que necessitando alguma coisa; Ele mesmo é quem Dá a todos, vida, respiração e todas as coisas; de um só sangue fez toda geração dos homens, para habitar sobre toda a face da Terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não Está longe de cada um de nós;” Atos 17;24 a 27

O mundo não é eterno devir, como pensou Heráclito; nem, encaixe sequencial de átomos estilo Lego, como cogitara Demócrito; tampouco, um caos que se auto ordenou, como cogitaram outros; antes, é a Obra Prima do Criador, Senhor dos Céus e da Terra, Doador da vida.

Muitas coisas em poucas palavras, o que difere a revelação da reflexão filosófica; os clássicos, quem sou? De onde vim? Por quê existo? Pra onde vou? Respondidos como se fosse algo trivial. “Quem pensa ser esse paroleiro?” Refletimos por anos e não chegamos a uma conclusão, ele pretende ter assim, do nada, todas as respostas?” Ele tinha.

Aquele que Chegou aqui, antes que o aqui, chegasse, Ilumina a quem Lhe ouve e obedece. Diante de Sua Luz, os grandes “sábios” envilecem. “Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, aniquilarei a inteligência dos inteligentes. Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? Visto como na Sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela Sua Sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.” I cor 1;19 a 21

O cinema tratou da “Fonte da Juventude;” talvez, plagiando a Cristo: “Aquele que beber da água que Eu lhe Der nunca terá sede, porque a água que Eu lhe Der se fará nele uma fonte que salte para a vida eterna.” Jo 4;14

Priorizarmos o efêmero, enquanto o eterno está ao dispor é estúpido como usar diamantes em fundas.

O Criador “chegar aqui”, identificado com nossas carências, dar Sua Vida Imaculada, pelas nossas, perdidas, e ignorarmos isso em busca sôfrega pela “merenda”, é insanidade espiritual e erro crasso, intelectual.

Ocorre-me outro filósofo antigo, Estobeu, que disse: “Os asnos preferem palha, ao ouro.” Qual nossa escolha?

sábado, 3 de dezembro de 2022

Os dias maus


“Crescia a Palavra de Deus; em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé.” Atos 6;7

Crescia é um modo de dizer que aumentava sua influência, aceitação. A consequência imediata desse “crescimento” não era da Palavra em si; antes, o crescimento da igreja. “... se multiplicava muito o número de discípulos...”

Natural lembrarmos que, “... Minha Palavra, que sair da Minha Boca; não voltará para Mim vazia; antes, fará o que Me apraz, prosperará naquilo para que a Enviei.” Is 55;11

Deus É Fiador da Palavra que sair da Sua Boca; não se responsabiliza pelos falsificadores da mesma, que, mediante contorcionismos “teológicos” privam-na da original pureza e fazem parecer que desejos desorientados de almas ímpias, e a Vontade Regeneradora do Santo coincidem. Todo pregador idôneo há de poder dizer como Paulo: “Porque recebi do Senhor o que também vos ensinei...” I Cor 11;23

O Salvador ilustrou diversos tipos de “solo” (corações) onde pode cair a semente, (Palavra); à beira do caminho, sobre pedras, entre espinhos e boa terra. O fato de, atualmente o crescimento da Obra não ser tão célere como naqueles dias tem a ver com os tipos de solo encontráveis; não ocorreu eventual envilecimento da semente; essa segue sendo a mesma, pujante, regeneradora, com igual vigor. “Porque a Palavra de Deus é viva e eficaz; mais penetrante que espada alguma de dois gumes; penetra até à divisão da alma e do espírito, das juntas e medulas; é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.” Heb 4;12

O egoísta e endurecido homem moderno, melindroso e avesso às correções, tende a rejeitar o que o desafia ao enfrentamento de si mesmo. Prefere negar Deus, preservando seu conforto na morte, a negar-se para, em Cristo, receber vida.

Dias maus são uma forma oblíqua de dizer que nós humanos nos tornamos maus, refratários à Palavra da Vida. Para Salomão, a coisa ir piorando no decurso do tempo pareceu tão natural, que considerou tolice questionar isso. “Nunca digas: Por que foram os dias passados melhores que estes? Porque não provém da sabedoria esta pergunta.” Ecl 7;10

“... nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela.” II Tim 3;1 a 5

A Palavra nos desafia a “desaprendermos” o que pensávamos saber, para que A Sabedoria Divina, doravante, nos guie. “... grande parte dos sacerdotes obedecia à fé.”

Os sacerdotes, no Antigo Pacto eram ensinadores, gente que deveria ser obedecida; “Porque os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento; da sua boca devem os homens buscar a Lei porque ele é mensageiro do Senhor dos Exércitos.” Ml 2;7

Então, eram aprendizes de pescadores, gente simples que O Senhor Capacitara; “Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; Escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, as que não são, para aniquilar às que são;” I Cor 1;27 e 28

Quem ainda se encanta mais com o brilho dum intelecto privilegiado, uma retórica rebuscada, cenários meticulosamente planejados para entorpecer os sentidos, mais do que, com a pureza da verdade, e a autenticidade dos mensageiros que vivem segundo essa pureza, não entendeu nada. Está como os incautos que pensam que O Nascimento do Salvador significa ocasião para esse monte de artifícios, luzinhas “Made in China” adornando árvores, fachadas, postes... avessos à Luz Transformadora de Cristo. Aliás, pensa que é o Noel que O representa.

A aludida Luz, invés de acarinhar nosso olhar, humilha, envergonha; não é um brilho produzido para nos distrair, deixa patente nosso pretérito de trevas, com potencial sobejo para nos destruir. “Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça. Que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte.” Rom 6;20 e 21

Perto do Salvador, de duas uma: Ou, nos desnudamos para sermos perdoados e revestidos, ou, preservamos nossas vestes rotas, nos mantendo à “distância segura”. A maioria escolhe essa alternativa. “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20

A semente cair em boa terra é cada vez mais raro, infelizmente. Grande parte da mesma está adulterada pela transgenia das conveniências carnais. “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Ped 2;2