quinta-feira, 10 de junho de 2021

Identificando-se com Cristo


“Eu Sou a porta; se alguém entrar por Mim, salvar-se-á; entrará, sairá e achará pastagens.” Jo 10;9

O Salvador assegura a constância do Seu Amor e fidelidade, quando diz: “O que vem a mim, de maneira nenhuma lançarei fora;” e, nossa plena liberdade de crer e perseverar, ou não.

Nele não se fica a contragosto. “Entrará e sairá”; o sair refere-se a uma possibilidade, não um desejo Dele que saiamos, tampouco convém à ovelha resgatada, deixar o lugar onde encontra fartas pastagens pelas incertezas marginais, distantes do Pastor.

Entrar por Ele não é tão simples como pode parecer a uma análise superficial. Precisamos identidade de obediência; “Tomai sobre vós o Meu jugo, aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração ...” Mat 11;29

Identidade na constância; “Se vós permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sereis Meus discípulos;” Jo 8;31

Identidade de sentimentos; “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus.” Fp 2;5 “Amais uns aos outros como Eu vos amei.” Ensinou.

Identidade em renúncia; “Não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos também em novidade de vida.” Rom 6;3 e 4

Em testemunho; “Aquele que diz que está Nele deve andar como Ele andou.” I Jo 2;6

Entrar por Ele é uma espécie de sair de nós; “Negue si mesmo” que, se atingido, cambiará antigas concepções egoístas pelos verdes pastos do Sumo Pastor; a mudança operada será tal, que ficaremos “irreconhecíveis” aos que viram nosso pretérito. “Se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5;17

Ele É o Eu Sou; nós, pecadores desafiados a vir a ser como Ele. Não nos Seus atributos incomunicáveis; mas, no que podemos na condição humana devemos imitá-lo.

Para Ele foi necessário esvaziar-se para ficar parecido conosco; teve que aprender coisas pertinentes às criaturas, como obedecer. “Ainda que Era Filho, aprendeu obediência, por aquilo que padeceu.” Heb 5;8

Não aprendeu obedecer porque fosse desobediente; antes, sendo UM com O Pai e O Espírito Santo, a comunhão é tal, que não há necessidade; mas, feito semelhante a nós, precisou trilhar o caminho que nos convém, para ser nosso Precursor na vereda da salvação.

“Porque convinha que Aquele, para Quem são todas as coisas, mediante Quem tudo existe, trazendo muitos filhos à glória, consagrasse pelas aflições o Príncipe da salvação deles. Porque, assim o que santifica, como os que são santificados, são todos de um; por cuja causa não se envergonha de lhes chamar irmãos.” Heb 2;10 e 11

Se, porfiarmos em nossa progressão por aprender Dele, o discipulado; e obedecer, a santificação, estaremos no caminho da edificação, cujo padrão proposto é tão alto, inatingível, para que nunca nos acomodemos. Ele preparou mestres, “Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; Até que todos cheguemos à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, homem perfeito, à medida da Estatura Completa de Cristo.” Ef 4;12 e 13

Infelizmente, a possibilidade de sair tem sido usada por muitos; os motivos alegados podem ser vários; mas, a rigor, é nosso sentimento que patrocina as escolhas; onde estiver nosso coração estará nosso “tesouro”; a uns, escuridão espiritual parece mais aprazível que luz. “... a Luz veio ao mundo; os homens amaram mais as trevas que a Luz, porque suas obras eram más.” Jo 3;19

As trevas espirituais soam como vistosos neons, aos olhos naturais.

O mundo ensina buscar fama, sucesso, prazeres, comodidades. Por esses alvos se combate contra tudo e contra todos. O teatro da vida não é lugar de conviver, mas de competir. 

Em Cristo, somos instados a lutar até à morte, se necessário, contra o pecado. “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado.” Heb 12;4

Assim, óbvio que Seu Caminho é indesejável à carne; o homem natural é imediatista, quer recompensas já, por suas escolhas. Os que recebem os “olhos da fé” podem ver e apostar as fichas no que será, com convicção tal, que são capazes de suportar o que é, mesmo que seja mortal.

O sentido dos caminhos é aonde conduzem, não o relevo e as curvas que ostentam. Os de Cristo sabem que, “Há um caminho que ao homem parece direito, mas no fim dele são caminhos da morte.” Prov 14;12

Portanto, prudente é a ovelha que, encontrando a Porta do Sumo Pastor, entra e fica; cresce saudável fruindo das Suas Pastagens e da Água da Vida.

quarta-feira, 9 de junho de 2021

O Ouro da Espera


“Porém ele (Deus) sabe meu caminho; provando-me, sairei como ouro.” Jó 23;10

Seria Jó presunçoso ao afirmar isso? Estaria confiando em si mesmo como fiador de pretensa santidade? Não.

Praticou investigando suas culpas; “Se no ouro pus minha esperança, ou disse ao ouro fino: Tu és minha confiança; se me alegrei por ser muita minha riqueza, que minha mão tinha alcançado muito; se olhei para o sol, quando resplandecia, ou para a lua, caminhando gloriosa, e meu coração se deixou enganar em oculto, e minha boca beijou minha mão” Cap 31;24 a 27

Se mostrava avesso a confiar em riquezas; à idolatria de cultuar sol e lua, como outros povos; bem como, à arrogância de confiar no próprio braço.

Por quê fazia assim? “... isto seria delito à punição de juízes; pois assim negaria Deus que está lá em cima.” V 28

Então, a confiança de que sua alma, se testada, seria aprovada, derivava de outra fonte, que não, mera presunção. “Nas Suas pisadas meus pés se afirmaram; guardei Seu caminho, e não me desviei Dele. Do preceito de Seus Lábios nunca me apartei; as Palavras da Sua Boca guardei mais que minha porção.” Cap 23;11 e 12

Não sabemos quanto da Palavra de Deus escrita, havia; mas, não obstante alguns teólogos defenderem que esse livro, seria o mais antigo da Bíblia, o simples mencionar os preceitos de Deus, até o erro de Adão, (“Se, como Adão, encobri minhas transgressões, ocultando o meu delito no meu seio; Cap 31;33”) dá a entender que o Pentateuco, os cinco livros atribuídos a Moisés eram já escritos e conhecidos.

O que o levaria a temer, praticar a justiça e ainda oferecer sacrifícios e orações por possíveis pecados dos filhos, como fazia, senão, certo conhecimento de Deus e Suas Leis?

Quando O Salvador ensinou sobre os dois fundamentos, um na areia, outro na Rocha, não diferiu entre o que conhece ou ignora à Palavra; ambos conheciam, um praticava, outro não. Vindo a tempestade se vê a diferença.

Quem, exceto O Salvador, pode ter passado por uma “tempestade” mais dura que o infeliz Jó? Sua confiança estava neste mesmo fundamento ensinado ulteriormente pelo Senhor; saber e praticar a Vontade do Senhor.

“... provando-me Ele sairei como ouro ...” não era uma hipótese; estava no auge da prova.

Quando O Senhor falou disse que ele encobria o conselho com palavras sem entendimento. Porém, quem entenderia sina semelhante? Depois das correções necessárias, O Eterno ordenou que seus amigos sacrificassem e ele intercedesse, pois, só a oração dele seria aceita, (Cap 42;8) prova cabal de sua aprovação aos Divinos Olhos.

O fato de sermos fiéis À Palavra não é uma vacina contra o sofrimento. Quanto melhor andarmos, mais dano faremos ao inimigo, sendo mais frequentemente alvos do ódio e inveja dele.

Tampouco, a fidelidade nos dízimos é fonte de lucros; O Senhor que sonda os corações sabe quem cumpre os preceitos pelo motivo certo; “Honra ao Senhor com os teus bens, com a primeira parte de todos teus ganhos;” Prov 3;9 e de longe identifica os que fazem a coisa certa pelo motivo errado, “... homens corruptos de entendimento, privados da verdade, cuidando que piedade seja causa de ganho;” I Tim 6;5

Embora não cheguemos nem perto da grande tormenta que assolou a Jó, somos testados todos os dias. Se triunfarmos nas coisas pequenas estaremos aptos a fazer o mesmo em face às grandes.

Assim como há certo mineral muito parecido com ouro, a pirita, que quase nada vale, o dito ouro de tolo, do mesmo modo a fé que parece porfiar pelo céu, vivendo apegada aos bens da Terra; as provas visam arrancar raízes errôneas, para que as asas do crer ganhem as alturas.

A fé genuína não é figurada como o ouro, mas excede-o; “Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, honra e glória, na revelação de Jesus Cristo;” I Ped 1;7

Muitos invertem o significado de triunfar na fé como se, isso fosse, “fazer acontecer” o que se crê; a fé verdadeira nos mantém inabaláveis mesmo quando nada acontece.

É mais fácil vencer nas provas que exigem força, coragem, que nas que demandam paciência.

Jó, apesar da incompreensão dos amigos, afoiteza da esposa, confiou sem entender e encontrou seu ouro na espera.

Tiago lembra: “Sede pois, irmãos, pacientes até à vinda do Senhor. O lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva... Ouvistes da paciência de Jó e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso.” Tg 5;7 e 11

terça-feira, 8 de junho de 2021

Os répteis alados

“... neste chifre havia olhos, como de homem e uma boca que falava grandes coisas.” Dn 7;8

Os especialistas em escatologia defendem que esse chifre pequeno será o Anticristo; último governo terreno antes de assumir O Rei dos Reis.

Que chifre simboliza poder, autoridade, é pacífico entre os estudiosos de profecias.

Esse tinha “olhos como os de homem”, malgrado falasse de grandes coisas, de esfera Divina, possivelmente.

A queda se deu justo por ter o primeiro casal sucumbido a isso; ao desejo de divinização. De ver todas as coisas com “olhos de homem”; ou, como disse certo “filósofo”, ser “O homem a medida de todas as coisas”.

São nossas mentes limitadas, passionais, ineptas, ignorantes, facciosas ... A existência do Absoluto, Deus, corta nossas asas, e desafia a ser submissos. Sua Palavra traz: “Confia no Senhor de todo teu coração; não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3;5 a 7

A aceitação da Obra de Cristo em nosso favor para salvação e regeneração começa com, “Negue a si mesmo”; Ou cambie teus pensares pelos Divinos segundo Isaías.

O amor próprio no modo doentio, nos faz preferir as trevas, cúmplices da maldade, feitoras da perdição, à Luz que nos desnuda, mas salva. “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20

O descrédito de Deus se faz necessário para implantação do império da mentira; isso explica esse mar de lama que grassa, onde fatos perdem preferência para narrativas. Alguém definiu a presente era com da pós-verdade. Pós para eles; cumpre-nos ainda conhecer “às veredas antigas.”

Nossa resiliência é testada cada vez que uma mentira é apregoada; quem ama à verdade fará proezas em Deus, defendendo-a; os outros facilmente receberão como benfeitor ao chifre aquele, que reduz tudo, as coisas espirituais e eternas, ao pífio nível dos olhos do homem.

“Esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, sinais e prodígios de mentira, com todo engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. Por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam na mentira;” II Tess 2;9 a 11

Eis a maravilha da Justiça Divina! Tenta em todo o mundo fazer conhecidos Seus Pensamentos através dos que O servem. Se O rejeitam preferindo suas próprias formas de pensar, então, será isso que terão. “... Eis que Trarei mal sobre este povo, o próprio fruto dos seus pensamentos porque não estão atentos às Minhas Palavras; rejeitam Minha Lei.” Jr 6;19

Não se trata de privação de luz. Antes, de escolha da humana visão, em cima da rejeição à Divina. “Não estão atentos às Minhas Palavras” disse o Senhor, então; o que se repete agora.

Não atentam para obedecer, porém. Para perverter há muitos vigilantes que, no afã de “santificar” perversões alteraram à pureza da Palavra. A tal “Bíblia Inclusiva” que troca algumas placas fazendo trazer “Céu”, na trilha do inferno.

Será que o veto para não se alterar nada vale só para o Apocalipse; no demais está liberado? Os olhos do homem superaram, ou, no mínimo se igualaram aos de Deus? Dele se diz: “... trevas e luz são para ti a mesma coisa;” Sal 139;12 O contexto atina à Onisciência Divina; portanto, a “mesma coisa” no sentido de não ocultarem nada dEle, não a mesma coisa em termos de valor.

A nós a luz é dada de forma progressiva, à medida que desejarmos mais dela iremos recebendo. “A vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4;18

Esse desejo não é algo pueril tipo jogar uma moeda na “Fontana di Trevi”, fechar os olhos e fazer um pedido. Antes, é um compromisso com O Salvador e Sua Palavra, na qual, permanecendo (obedecendo) seremos iluminados. “... Se vós permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Jo 8;31 e 32

O “chifre pequeno” terá poder sobre o mundo inteiro, não por alguma dignidade que possua, mas por das asas à toda sorte de visão humana. O relativismo total; todo credo e comportamento serão intocáveis. Exceto, crer em Deus.

O espírito usurpador trabalha célere pela imbecilização e massificação; quanto mais curta nossa visão, mais fácil esse mago fazer seus truques.

Assim rasteja a humanidade. Filosofa que aparências enganam e pauta escolhas por elas. Pois, “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos ...” II Cor 4;4

segunda-feira, 7 de junho de 2021

O Prato de lentilhas


“Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste um bezerro cevado.” Luc 15;30

O irmão do pródigo indignado, porque aquele fora recebido com festa, enquanto ele seguia sua rotina de trabalho.

Pensando no “alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram” grosso modo acharemos mais fácil partilhar alegrias.

Não é assim. A dor alheia comove; mesmo com um que nem tenhamos laços, podemos nos solidarizar à perda de um ente querido, por exemplo.

A alegria alheia nem sempre nos tem, pelo nefasto concurso da inveja. Quando outrem se alegra por receber um bem, honraria, destaque que preferiríamos que fosse nosso.

A inveja é amoral; tanto se pode invejar um que anda bem, quanto, outro que está nos prazeres da perdição. Depende do grau de identificação.

Quiçá, o irmão do pródigo não pensava: Eu aqui dando duro sob esse sol e aquele inconsequente se divertindo com meretrizes; eu deveria ter a “coragem” dele. No entanto, em sua “covardia” perseverava.

Quando soube que o esbanjador estava mendicante deve ter se sentido “vingado” pelo desconforto de sofrer as agruras, enquanto o outro se divertia.

Invés de saber dele “comendo do ruim”, vê-lo sendo recebido com festa foi demais para ele.

Decidiu não se misturar àquela “injustiça”.
Do prisma exclusivo da justiça até que fazia sentido. No entanto, os olhos amorosos do Pai viam valores maiores, a regeneração, a vida. “Teu irmão estava morto e reviveu.”

Ele acusou o pai de parcialidade; “Nunca me deste um cabrito para me alegrar com meus amigos.”

Quantos agem assim; mesmo ouvindo do Pai: “Tudo o que tenho é teu” vivem mediocridades desnecessárias, antes que, se alegrarem pelo que receberam sofrem vigilantes para com os dons de terceiros que, devaneiam, deveriam ser seus.

Esses não se alegram, não pela privação de meios; porém, por olharem para o que não lhes pertence, invés de fruírem do que lhes foi dado.

O jardim do Senhor é amplo; com árvores frutíferas, ornamentais, pássaros, flores, vermes, insetos... qualquer um teria motivos para ser infeliz, se deixasse de ser o que é para tentar “ser” outro ao qual inveja.

Quando vemos alguém, aparentemente mais alto que nós, em dons, posição, uma coisa devemos ter claro; esse já esteve muito mais baixo, em calúnias, perseguições, incompreensões, privações, sofrimentos ...

No tempo do vale das sombras da morte, a inveja nem sequer os via, não passavam de errantes dignos de pena. Mas, chegado o tempo do Senhor para restaurar suas sortes,
Sempre surgirão os “irmãos do pródigo” acusando “parcialidades” do Pai.

Como aquele, privam-se de alegrias por inveja; rejeitam à festa.

Quando alguém prega, canta, ensina, escreve melhor que eu, não me faz mal. Serve de estímulo para melhorar; os frutos do seu ministério me fazem bem. O que incomoda são os que falam coisas desalinhadas da Palavra, e seus viveres produzem testemunhos rasos, pífios.

Quantos falsos obreiros, imitadores de mensagens que ouviram alhures tomam púlpitos e falam de grandezas que seu modo de ser e viver insiste em desmentir.

Nada contra a assistir bons pregadores na NET, assisto também, aprendo com eles; mas, todo o ministro idôneo, quando for ao púlpito deveria poder falar como Paulo: “Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei”. I Cor 11;23

Deve orar e buscar do Senhor a mensagem a entregar, pois, A Vontade Dele é o que conta, não nossa “performance” como se, invés de servos no labor, fôssemos artistas no palco.

Há coisas ao longo da estrada que são para pausas; restaurantes para viajores; borracharias para reparar um pneu; postos de repor combustíveis; refúgios ao longo de auto estradas para breves paradas ... Todas essas coisas são importantes, mas não são o alvo, nem o caminho.

Servem de figura de nossa jornada espiritual; são importantes os cultos, nossos “restaurantes”, louvores, orações, visitas, profecias, (sérias) etc ... Mas O Caminho É Jesus. Os que centralizam as vidas espirituais na igreja, no ativismo espiritual, e fora vivem de qualquer maneira, trocam o caminho pelas pausas.

A Palavra não foi dada para pausas, mas para marchar; “Se andarmos na luz...” “Anda na Minha presença e sê perfeito ...” “Vinde após mim...” Andarão dois juntos se não estiverem de acordo?” etc.

Deus anseia relacionamento que prime pelo amor e pela vida, como o pai do pródigo; mas, nos perdemos por mesquinharias, invertemos valores; como Esaú, trocamos Deus por um prato do lentilhas; teria Ele prazer em nós?

Urge entendermos o papel da igreja; é lugar para ensinar cambiar nossos pensamentos doentios pelos Divinos, não de servir; serviço é em nosso dia a dia; “... o que anda num caminho reto, esse me servirá.” Sal 101;6

domingo, 6 de junho de 2021

Questão de honra


“Depois disto Mardoqueu voltou para a porta do rei; porém Hamã se retirou correndo à sua casa, triste, de cabeça coberta.” Et 6;12

Depois de quê? De Mardoqueu ter desfilado em vestes reais, sobre o cavalo do rei; o fez escoltado pelo príncipe Hamã, apregoando como se faz com quem o rei deseja honrar.

Ele nunca desejara honra; apenas denunciara uma conspirata contra o rei. Lembrado oportunamente por Deus, o distraído monarca resolvera “pagar a dívida”.

Hamã era um dos maiores príncipes do reino, dado às bajulações comuns dos que rodeiam ao poder por interesses; tanto que, para “mostrar serviço” tencionava matar todos os judeus, ignorando que a rainha também era judia, para sua perdição.

Após o ato, o honrado não deu a mínima; “... voltou para a porta do rei ...” enquanto, o humilhado Hamã “se tapou de nojo” como dizemos cá no sul, ou, “... se retirou correndo à sua casa, triste, de cabeça coberta.”

Talvez esse incidente tenha dado azo ao surgimento de certo dito do Talmude: “A grandeza foge de quem a persegue, e persegue a quem foge dela.”

Ou, “O coração do homem se exalta antes de ser abatido; diante da honra vai a humildade.” Prov 18;12

Não que a honra seja ruim; não é. Todos gostamos dela. Entretanto, aqueles que aprenderam que na festa do Senhor, o “último vinho é melhor”, que “há tempo de semear e tempo de colher o que se plantou”, não confundem estações, nem pretendem ceifar em dias de semeadura.

O salvo, ciente das próprias indignidades, sabe que o foi por graça; e capacitado pelo mesmo “mérito” recebeu dons para servir; não se considera digno de honras pelo que faz, mesmo que faça coisas desejáveis aos Olhos do Senhor. Se, honrado, como Mardoqueu, volta sentar-se em lugar humilde com o qual se identifica.

Embora a coroa fique bem sobre os legítimos vencedores, diante de Cristo, as nossas podem ser jogadas aos Seus pés, como fizeram certos anciãos; “Os vinte e quatro anciãos prostravam-se diante do que estava assentado sobre o trono, adoravam o que vive para todo o sempre; e lançavam suas coroas diante do trono ...” Apoc 4;10

O domínio que deveríamos buscar é o domínio-próprio; o lapso aí dá ocasião a certo ativismo compensatório, e tendemos a buscar domínio sobre o semelhante. A Caim após certa exortação foi dito: “... se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, sobre ti será o seu desejo; mas sobre ele deves dominar.” Gn 4;7

Estava sob domínio do pecado da inveja que turbara seu rosto; fora desafiado a inverter os papéis; triunfar sobre o pecado. Não fez.

Não é tarefa fácil; o homem ímpio tende antes, à desgraça de dominar sobre outrem. “Tudo isto vi quando apliquei meu coração a toda obra que se faz debaixo do sol; tempo há em que um homem tem domínio sobre outro, para desgraça sua.” Ecl 8;9

Quem tem olhos muito ávidos por encontrar nichos de poder, acaba com ouvidos surdos aos clamores por servir. O desafio do Salvador aos Seus é que sejam “grandes” servindo.

Paulo explicou: “Nada façais por contenda ou vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo. Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus ...” Fp 2;3 a 5

É preferível que sejamos, como Mardoqueu, surpreendidos por inesperada honra, que, buscarmos sôfregos o que não devemos para nossa perdição, como fez Hamã.

Nós somos desafiados a ajuntar “Tesouros no Céu”, buscar as honras terrenas são dispêndios desnecessários. Por quê gastaríamos aqui o que devemos entesourar lá? Os que assim fazem “recebem cá seus galardões”.

Se, como dizem, “caixão não tem gavetas” significando que posses materiais não acompanham aos que dormem, nossos feitos em Cristo vão conosco; “... Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e suas obras os seguem.” Apoc 14;13

Nosso Rei, sendo Rei dos Reis, Senhor dos Senhores, quando veio o fez em vestes de humildade, de serviço; por agora, desfilar por aí trajando Suas Vestes é a honra que nos cabe. “... quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano; vos renoveis no espírito da vossa mente; vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade.” Ef 4;22 a 24

Agindo assim, em tempo oportuno, O Rei nos deseja honrar; “... aos que Me honram honrarei, porém os que Me desprezam serão desprezados.” I Sam 2;30

sábado, 5 de junho de 2021

O "Silêncio de Deus"


“Buscai primeiro o Reino de Deus, e Sua Justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;33

Inicialmente, o estabelecimento de prioridades na vida cristã; entretanto, uma faceta pode nos passar desapercebida. Se, devemos, priorizar O Reino, os valores a pautar nossa busca não são nossas noções de justiça que, geralmente são parciais, doentias. Devemos buscar O Reino e “Sua Justiça”.

Em nossa autoindulgência tendemos a ser lenientes para com nossas injustiças; não raro, interpretarmos o silêncio de Deus como aprovação. “Estas coisas tens feito, Eu me calei; (pecados) pensavas que era como tu, mas te arguirei, as porei por ordem diante dos teus olhos.” Sal 50;21

Na verdade o “silêncio de Deus” quanto às nossas iniquidades deriva de nossa omissão; o veto já está na Palavra que, em parte fingimos não ver, ou entender; O Eterno permite, em Sua Longanimidade, mas uma hora intervém e julga. Não sem antes usar meios amorosos e reiterados de advertir buscando arrependimento; “O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz, de repente será destruído sem que haja remédio.” Prov 29;1 Quando o Amor Divino cansa de bater educadamente à porta, então Sua justiça vem e bate com o pé.

A Lei do Reino nos ensina a amarmos ao próximo como a nós mesmos; no prisma da justiça a “medirmos” ele com a mesma medida que a nós. Ou seja: dar-lhe os mesmos direitos que pleiteamos.

Muitas disputas por espaços e bens derivam da iniquidade nessa área. Uso ‘iniquidade’ aqui, não no sentido espiritual de pecado, mas, no estrito sentido literal original, de falta de equidade; igualdade, enfim, de parcialidade.

Nossas vontades, antes de serem patrocinadoras de escolhas pessoais deveriam ser aferidoras das nossas escolhas no tocante a terceiros. “Portanto, tudo que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lhes também; porque esta é a lei e os profetas.” Mat 7;12

Se, o primeiro dos mandamentos é o amor, que, “Não folga com a injustiça ...” os pleitos entre cristãos mostram que, no mínimo, uma das partes não está cumprindo-o, quando não, as duas partes. Paulo censurou aos coríntios por isso; “Para vos envergonhar digo. Não há, pois, entre vós sábios, nem mesmo um, que possa julgar entre seus irmãos? Mas, o irmão vai a juízo com o irmão, isto perante infiéis. Na verdade é já realmente uma falta entre vós, terdes demandas uns contra os outros. Por que não sofreis antes a injustiça? Por que não sofreis antes o dano?” I Cor 6;5 a 7

Aqui refere-se ao litígio quando ambas as partes professam ter a cidadania celeste; nesta terra temos demandas lícitas e justas contra pessoas injustas com certa frequência, infelizmente.

No caso do Reino de Deus, a justiça deriva da Sua Palavra, nas das imperfeitas e ambíguas leis humanas.

Por isso, aos que ingressam é posto o “Negue a si mesmo” como indispensável, isso demanda negar também a antiga maneira de pensar, para, doravante adotar a “Mente de Cristo;” os pensamentos de Deus.

“Deixe o ímpio seu caminho, o homem maligno seus pensamentos e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus, diz o Senhor. Porque assim como os Céus são mais altos do que a Terra, são Meus Caminhos mais altos que os vossos e os Meus Pensamentos mais altos do que os vossos.” Is 55;7 a 9

Por isso somos ensinados a orar; “Perdoa nossas dívidas assim como perdoamos aos nossos devedores ...” o triunfo do perdão antes que do juízo é a parte mais visível da “Justiça” do Reino.

Os salvos são justificados, tidos como justos, pela Justiça de Cristo a eles imputada; quando ouço profanos sem noção falando em “exigir direitos de filhos de Deus” sofro inevitável vergonha alheia.

Nossa busca pelo Reino e Sua Justiça refere-se mais aos deveres que aos direitos; pois, recebemos infinitamente mais que merecíamos; quiçá, deveríamos beber um gole de noção na bilha de Mefibosete. Como ele, somos indignos exaltados, qual pleito nos resta ainda? “Porque toda casa de meu pai não era senão de homens dignos de morte diante do rei meu senhor; contudo, puseste teu servo entre os que comem à tua mesa; que mais direito tenho eu de clamar ao rei?” II Sam 19;28

Não devemos fantasiar nossas predileções de Vontade de Deus. Nada não nos faz diferentes de nosso semelhante, nem favoritos do Eterno.

Quem peleja na arena espiritual, por alvos egoístas, leu o rótulo apenas; desconhece o produto; “... se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5;17

quarta-feira, 2 de junho de 2021

Na escola de Deus


“Tenho posto com ele a Aoliabe, o filho de Aisamaque, da tribo de Dã; Dei sabedoria ao coração de todos aqueles que são hábeis, para que façam tudo que te tenho ordenado.” Ex 31;6

O Senhor designando artífices para o Tabernáculo assegurando que lhes tinha dado habilidades necessárias para a edificação, bem como, dos móveis.

O Eterno não requer de ninguém, um feito para o qual não esteja capacitado.

Na parábola dos talentos ensinou a diferença dos dons, onde um recebera cinco, outro, apenas um. Não combinaria com a justiça, demandar que cantasse, ao que desconhece a arte do canto; que ensinasse, o inepto para o ensino; ou, que esculpisse artifícios esmerados, um que desconhecesse o ofício.

Como disse certo general em “O Pequeno Príncipe”, “Tenho direito de exigir obediência, porque minhas ordens são razoáveis”. As do Senhor, mais que razoáveis são sábias.

Antes de permitir que Davi “medisse forças” com Golias, exercitara-o contra forças maiores que as dele; um leão e um urso, como treino para que aprendesse a não depender estritamente do seu braço mas, do Senhor.

Quando pensou num que enfrentasse o “establishment” religioso denunciado sua hipocrisia, e fosse capaz até de apontar pecados do rei, O Eterno forjou nas cavernas a um antissocial, eremita e asceta, alimentado de gafanhotos e mel, João Batista. Não legaria tão rude missão a um Nicodemos, cujo medo de perder posição social o forçou a buscar por Jesus de noite.

Outrora, quando desejou julgar à casa de Acabe quebrou o protocolo; a sucessão no trono viria de um príncipe da casa real; todavia, mediante Eliseu, mandou um profeta ao front para ungir ao capitão Jeú.

Esse, pra guerra era tal, que bastava sua silhueta se mover ainda distante, fora da possibilidade da leitura fisionômica para que fosse identificado. “... o andar parece como o andar de Jeú, filho de Ninsi, porque anda furiosamente.” II Rs 9;20

O Senhor usou um poeta como Davi, no trono; um filósofo como Salomão; um estrategista como Uzias; mas, era a vez de um militar valente, Jeú.

Então, quando O Eterno nos ordena algo é porque de alguma forma nos treinou para aquilo, ou a tentativa de executarmos o que ainda não estamos aptos é treinamento para uma missão futura, onde o aprendizado será necessário. Obedecer sempre é o melhor caminho.

O Salvador dissera a Pedro que o faria pescador de almas; e quando veio aos apóstolos após Sua ressurreição encontrou ao bravo Simão buscando peixes outra vez; depois de uma noite de pesca fracassada, Jesus ordenou uma redada mais, em local específico, para o lado direito. Feito isso pegaram tantos peixes que tiveram dificuldades em tirar a rede.

O Senhor os aguardava na margem tendo pão e peixe preparados. Além da provisão material o ensino; o lado direito, da obediência, onde estarão as ovelhas em oposição aos bodes no esquerdo.

Então, tivemos a célebre passagem onde O Mestre perguntou três vezes se Pedro O amava, como num contraponto às vezes que O negara.

Como o apóstolo insistia em afirmar seu amor, O Senhor reiterava à ordem: “Apascenta minha ovelhas.” Demonstre teu amor pela obediência!

Por um lado temos atrevidos que se lançam a empresas para as quais não estão preparados; por outro, os que foram treinados, ensinados pelo Mestre, e se recusam a fazer o ordenado, preferindo gerir ainda suas vidas que deveriam ter submetido ao Senhor.

Tanto querer fazer o que não sabe, quanto, recusar a assumir o que deve, são derivados da vontade enferma.

No ministério do Espírito (Santo) no Novo testamento, já não se requer habilidades específicas, como dos artesãos do tabernáculo; antes, comunhão com O Espírito, para que Ele nos capacite, conforme lhe parecer bem.

Se escolhe as “coisas loucas, as que não são”, é porque não contam aptidões meramente humanas nos domínios do Espírito. Ouvidos atentos são as “aptidões” necessárias; “Os teus ouvidos ouvirão a Palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para direita nem para esquerda.” Is 30;21

Tendemos a não querer o que O Senhor quer, e a querer o que Ele não quer. Por isso a necessidade de um ruptura com os meios mundanos, antes de alinharmos nossas vidas à do Eterno. “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;2

Não mais pedras, esculturas, engastes... antes, a moldura em “pedras vivas”, mediante obediência à Palavra, para o templo de Deus. “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual, sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.” I Ped 2;5
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