terça-feira, 14 de novembro de 2023

Ardis do inimigo



“Temo que, assim como a serpente enganou Eva com sua astúcia, sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo.” II Cor 11:3

O que é corromper? A estrutura da palavra traz ideia de uma ruptura conjunta; romper, com. Assim como, pilotar com; faz o copiloto; criar com; o coautor; romper com; o corrupto.

Quem é nosso “sócio” quando nos corrompemos?
O corruptor mor. Ele enganou à primeira mulher, usando uma serpente como “médium”. Semeia sua proposta realçando as “vantagens”, em busca de nossa adesão ao mesmo anseio, para que a ruptura se dê.

Se nossa cobiça ou ingenuidade não lhe abrirem as portas, para seu intento, teremos “resistido ao Diabo”, como a Palavra preceitua.

É certo que ele tem permissão para tentar a todos; não tem poder para nos forçar a fazer o que não queremos; nossa vontade é a “fortaleza” a ser conquistada; o será por Deus, mediante a iluminação amorosa do Espírito e da Palavra; ou, pelo adversário, que sempre atiçará nossas cobiças, com fito de nos associarmos a ele, para corrupção.

Uma vez aceita a sugestão maligna, a própria cobiça será uma traidora, laborando contra nossa saúde espiritual. “Cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; o pecado, sendo consumado, gera a morte.” Tg 1:14,15

A cobiça concebe, porque “transa” com alguém; a sugestão do corruptor. O fruto de tal concepção, invés de um novo ser vivo, é a morte do que se deixa corromper. “... o pecado, sendo consumado gera a morte.”

Para Eva, o inimigo sugeriu que Deus fora egoísta, e mentira; pois, tolhera uma árvore “mágica” que faria o primeiro casal, crescer à Estatura Dele. Mais, que a ameaça de morte em caso de desobediência era uma farsa. O resultado dela ter aceitado isso, conhecemos e sentimos.

O inimigo rompera com O Criador desde dias antigos; então, seduziu à mulher, para que também ela rompesse; assim, estreou a corrupção sobre o planeta.

Conforme sopram os ventos, o inimigo posiciona suas velas; noutras palavras: Tenta-nos, em direção às inclinações que ele vislumbra em nós. Nos que acariciam desejos lascivos, facilita acesso ao sexo; nos que sofrem anseios pela perversão, derruba cercas que a vetam; nos materialistas apegados, oferece meios escusos, para fomento desse apego, etc.

Em quem tem A Palavra Divina como algo caro, perverte à interpretação; quiçá, oferece novas “traduções” para facilitar seu ardil.

Ele labora para corromper nossos sentidos; o zelo na observância da Palavra, sem falsificações, aperfeiçoa em nós o necessário discernimento. “O mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem, quanto o mal.” Heb 5:14

Lendo uma porção do Eclesiastes na “linguagem de hoje” deparei com a seguinte “tradução”: “Empregue o seu dinheiro em bons negócios e com o tempo você terá seu lucro. Aplique-o em vários lugares e em negócios diferentes porque você não sabe que crise poderá acontecer no mundo.” Cap 11;1 e 2

A versão tradicional, à qual acostumei, traz: “Lança teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás. Reparte com sete e ainda com oito, porque não sabes que mal sobrevirá à terra.”

Não é o mesmo ensino em linguagens alternativas? Não. As águas, segundo o Apocalipse são os povos, multidões. Lança teu pão sobre as águas, reparte com sete, oito; pois, não sabes o mal que poderá vir, significa: Seja altruísta generoso, reparta seus bens com quem precisa, pois, não sabes se no porvir, não serás tu que vais precisar. Amor ao próximo, altruísmo, é o resumo.

Na “versão alternativa”, temos o lucro como objetivo, e diversidade de empreendimentos como método, para que o sujeito se encastele inda mais na egoísta “segurança material”.

Amor ao próximo, na “linguagem de hoje” se tornou esperteza comercial visando lucro, materialismo, egoísmo. Eis a sutileza de Satã! Imiscuído nos lugares santos, semeando seu joio enquanto dormem os que deveriam vigiar.

O trabalho dos ministros aperfeiçoados é estarem vigilantes contra esses ardis e combatê-los com devida veemência; “Porque as armas da nossa milícia não são carnais mas, poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo.” II Cor 10:4,5

A “simplicidade que há em Cristo” não é ausência de profundidade nos ensinos; antes, prudência de se manter, no que foi ensinado, sem ceder aos anelos por novidades, nem, aos artifícios que, a pretexto de facilitar à compreensão, pervertem o sentido. “... guarda o que te foi confiado...” I Tim 6:20

segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Sinais da Cruz



“Eu, porém, irmãos, se prego ainda a circuncisão, por que sou perseguido? Logo o escândalo da cruz está aniquilado.” Gál 5:11

Desafio ao senso lógico dos gálatas. Tendo Paulo lhes ensinado, baseado na doutrina de Cristo, não na Lei de Moisés, depois da sua saída, apareceram novos “obreiros” requerendo a prática de coisas antigas, como necessárias à salvação; entre elas, a circuncisão.

Soou como fracasso na carreira espiritual deles, desobediência; “Corríeis bem; quem vos impediu, para que não obedeçais à verdade?” Gl 7;7

Aos judeus romanos, explicou que, mais que um ritual exterior, uma mudança de coração e espírito, importa, deveras; “Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem circuncisão a que o é exteriormente na carne. Mas é judeu o que é no interior, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não na letra; cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus.” Rom 2:28,29

Foi após ter se rendido a Cristo, que Zaqueu foi tido como “Filho de Abraão”, embora o fosse pelo sangue. Desse, João Batista dissera ser insuficiente; “Não presumais dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que, mesmo destas pedras, Deus pode suscitar filhos a Abraão.” Mat 3:9 Figura de linguagem mostrando que O Eterno pode pegar coisas desprezíveis e regenerar.

Rituais visíveis, pompa e circunstância da religiosidade podem fazer boa figura entre os homens, receber louvores deles, inclusive; porém, perante Deus, que sonda aos corações, essa encenação nada vale.

Aquela mistura de Lei e Graça não era Evangelho, estritamente; a tal transtorno doutrinário, o apóstolo chamou de “outro Evangelho,” e sentenciou: “Ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.” Cap 1:8

Por que anjos fariam isso? Eles não. Mas, sabendo quão impressionável é a alma humana ante o que parece sobrenatural, mesmo que espúrio, o canhoto usa essa brecha para semear enganos; “... o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz”. II Cor 11:14

Não obstantes, os reiterados ensinos sobre a incidência dos “prodígios da mentira”, a maioria segue sonolenta, equacionando qualquer coisa com nuances espirituais, como sendo derivada de Deus, necessariamente; não é assim.

Mais que mostrar “sinais”, A Palavra de Deus mostra O Caminho, Jesus Cristo. Sinais seguem como um bônus, onde o vero Evangelho é pregado. “Esses sinais seguirão aos que cerem...” Mc 16;17 Seguirão; irão após à sadia mensagem, não serão a mensagem, como fazem parecer os prodigiosos de mentira.

Quando o inimigo recebeu permissão para tocar nas posses de Jó, foi sedento ao pote e destruiu tudo, de repente; os pastores que viram o fogo do capeta queimando aos rebanhos narraram diferente: “... Fogo de Deus caiu do céu, e queimou as ovelhas e os servos, e os consumiu; só eu escapei para trazer-te a nova.” Jó 1:16

Era um fogo sobrenatural, mas não de Deus; antes, da oposição. Porém, a leitura dos apavorados pastores foi ingênua e precipitada, como ainda é a dos que dão aos “prodígios, profecias e revelações”, um peso de aferidores espirituais, coisa que eles não são.

Antes de aferir por sinais, Deus identifica aos Seus, nas paragens da santificação; “Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são Seus; qualquer que profere o Nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2:19 O caráter transformado, pois, identifica um cristão; não, a capacidade para enganar e manipular pessoas.

O fato de Paulo ser, diuturnamente, perseguido pelos judaístas, deveria bastar como evidência que sua pregação apontava para a Cruz, não para Moisés. Então, perguntou: “... se prego ainda a circuncisão, por que sou, pois, perseguido?” A conclusão necessária era que, sua pregação era diferente do que desejariam os judaizantes, por isso o perseguiam; pois, se pregasse da forma que eles queriam, a vergonha da cruz seria esquecida. Ou, “... o escândalo da cruz está aniquilado”. Nas palavras dele.

Certas coisas óbvias, não carecem revelação, mais do que, já está dada pela Palavra. O discernimento decorre de sermos bons ouvintes quando ela é ensinada. “Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, é menino. Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem, quanto, o mal.” Heb 5:13,14
Isso contra uns que foram negligentes, quando A Palavra da Vida fora ensinada.

O sinal mais eloquente que Deus opera, é pegar ao ímpio perdido, no lodo do pecado; lavar, transformar, purificar e firmar sobre a Rocha; Cristo. Isso chama atenção, e desperta novas conversões. “... muitos o verão, temerão e confiarão no Senhor.” Sal 40:3

domingo, 12 de novembro de 2023

Os despenseiros e as fábulas



“Desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre teu ministério. Porque já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, o tempo da minha partida está próximo.” II Tim 4;4 a 6

É uma parte da constituição humana a esfera espiritual; ninguém pode se evadir. Disse certo pensador cristão que temos dentro de nós um vazio com o formato de Deus; só Ele pode preencher. Tendo O Eterno nos criado para a comunhão consigo, é de se esperar que seja assim.

Muitas vezes nos questionam: Se, Deus é Um só, por que tantas religiões? Porque acossados por esse vazio interior, homens que não conhecem a Deus e Sua palavra tentam preenchê-lo com um simulacro qualquer; inventam ídolos, ritos, crenças.

Desse modo, a neutralidade plena como pretendem alguns é impossível. Os que se dizem ateus, sem crença, fazem disso sua crença e defendem com unhas e dentes; de modo que, se endeusam prenhes de si mesmo; precisam mais esforços para negar, que os crentes para confiar em Deus. Pois, nesses, o “encaixe” é melhor, dada a adesão perfeita entre continente e contingente. Digo; o espaço neles, reservado para Deus, é preenchido, justo, por Deus.

Logo, quando alguém abdica da fé, fatalmente colocará algo no lugar de modo a não sentir-se vazio, espiritualmente. Os denunciados por Paulo no texto inicial deixaram a verdade e passaram a crer em fábulas. Trocaram o precioso pelo vil, ficaram com algo falso no lugar.

Assim fazem todos os que abdicam da fiel interpretação da Palavra e dão espaço às conveniências humanas.

Israel no Velho Testamento, não raro, deixava de obedecer a Deus e cultuava ídolos; aliás, desde o início da relação temos essa distorção; vide, o grotesco e blasfemo bezerro de ouro.

Nos dias de Jeremias o Eterno reiterou a denúncia do “mau negócio” que insistiam em fazer. “Espantai-vos disto, ó Céus, horrorizai-vos! Ficai verdadeiramente desolados, diz o Senhor. Porque o Meu povo fez duas maldades: a Mim deixaram, manancial de águas vivas; e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm águas.” Jr 2; 12 e 13

Se, há alegria nos Céus por um pecador que se arrepende, causa horror, espanto, outro que, tendo conhecido ao Eterno, troca-O por algo vil.

Podemos inferir da exortação, que o apóstolo considerou esses “negociantes” como embriagados, pois, disse; “Mas, tu, sê sóbrio...” Assim como a embriagues deriva da ingestão excessiva de álcool, os sentidos espirituais entorpecem paulatinamente se ouvimos com frequência pregadores “liberais” que, com o fito de agradar aos ouvintes fazem concessões que a Palavra não faz.

Do obreiro não se espera que seja “legal”, antes, fiel. “Que os homens nos considerem como ministros de Cristo, despenseiros dos mistérios de Deus. Além disso, requer-se dos despenseiros que cada um se ache fiel.” I Cor 4;1 e 2

Claro que a fidelidade a Deus gera rejeição no mundo e até, dentro da igreja. No entanto, Paulo foi enfático. “...sofre as aflições, faz a obra de um evangelista, cumpre teu ministério.”

O apóstolo deixou instruções graves, precisas, como que, passando o bastão a outro numa corrida de revezamento 4 x 100. Seus cem metros foram cumpridos com fidelidade, e, era a vez de Timóteo correr. “Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, o tempo da minha partida está próximo.” V 6
Queria ele, pois, comunicar o mesmo que recebera, sem espaço pra mistificações, inserções, fábulas...

Uma brincadeira que, acredito, muitos conhecem chamada telefone sem fio, serve para ilustrar isso. Ela consistia no que segue: Um aluno, o primeiro da fila, dizia uma palavra qualquer ao que estava atrás, de forma rápida, quase inaudível; aquele se voltava para o seguinte e dizia o que pensava ter ouvido; assim sucessivamente até ao último. As distorções eram enormes. Começava “andorinha” e terminava “martelo”.

Tal qual essa diversão são as opiniões humanas. Naquela, cada um repetia o que pensava ter ouvido; nas opiniões, cada qual defende o que pensa ter entendido, mas, nem sempre entendeu, deveras.

Se a Bíblia fosse mero livro humano, como acusam uns, aliás, já a teríamos vertido igualzinha às nossas paixões mercê do “telefone sem fio” do tempo.

Claro que, um despenseiro só pode dispor do que possui em depósito; se alguém o fizer de fábulas, será isso que servirá. Contudo, de seu discípulo Paulo esperava coisas melhores. “Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos, profanos; e às oposições da falsamente chamada ciência,” I Tim 6;20

Em suma, o bom depósito, tanto nos mantém sóbrios contra a sedução das fábulas, quanto, fortes em face à falsa ciência. Guardemos bem o nosso, pois!

sábado, 11 de novembro de 2023

As guerras



“Toda guerra é um sintoma do fracasso do homem, como animal pensante.” John Steinbeck

Presto, meu “animal pensante” se pôs a ruminar. Será isso mesmo? Como o autor colocou as guerras como “um sintoma” de fracasso intelectual, apenas um sintoma, não a causa, acho que posso concordar. A coisa é mesmo desinteligente.

Acontece que, inteligência é uma virtude amoral, bem como, conhecimento. Um e outro podem ser usados, tanto para salvar vidas, quanto, para destruí-las; construindo equipamentos hospitalares, ou bombas.

Se, a inteligência deveria avaliar o “porquê”, evitando a peleja; a mesma inteligência poderá estar a serviço do “como”, fazer a guerra, estando convencida que isso convém.

Assim, algo que pode estar a serviço de ambos os lados, tanto da guerra, quanto, da paz, forçosamente é neutro; não, a causa. Pois, as guerras derivam de um fracasso moral, espiritual, dos que as patrocinam. Têm a ver com a vontade, mais do que, com a inteligência.

Tiago pontuou: “De onde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam? Cobiçais, e nada tendes; matais, sois invejosos, nada podeis alcançar; combateis e guerreais, e nada tendes, porque não pedis. Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para... vossos deleites.” Tiago 4:1-3

Cobiça, egoísmo, invejas, “matéria-prima” fartamente encontrável nos corações humanos, são as causas das guerras; Cristo ensinou: “Porque do coração procedem maus pensamentos, mortes, adultérios, fornicação, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias.” Mat 15:19

Pretextos libertários e de soberania são meros vernizes sobre as reais causas das guerras, para distração, dos opacos olhares da opinião pública.

Por isso, a conversão foi figurada como um transplante de coração: “Dar-vos-ei um coração novo, porei dentro de vós um espírito novo; tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne.” Ez 36:26

As guerras pela Terra Prometida ordenadas por Deus têm outro escopo; O Criador deixou que Seu povo fosse escravo por 430 anos, antes de ordenar a destruição dos cananeus, até que se enchesse a “medida da iniquidade deles”; ou, que seu juízo fosse pleno de justiça.

Praticavam adultério, assassinatos, zoofilia, incesto, homossexualismo; O Dono da Terra os baniu por isso; “Com nenhuma destas coisas vos contamineis; porque com todas estas coisas se contaminaram as nações que expulso de diante de vós.” Lev 18:24

Tratava-se então, de Juízo Divino; quem poderá questionar o direito do Eterno de agir assim? “Eu fiz a terra, o homem, os animais que estão sobre a face da terra, com Meu Grande Poder, e com Meu Braço estendido, e dou a quem é reto aos Meus Olhos.” Jr 27:5

Não falo disso, pois, em meu apreço das guerras. Mas, das que nascem das doenças do coração humano, como tanto acontece, infelizmente.

Em geral os “pacifistas” falam contra os conflitos bélicos como se fossem de corações dedetizados e olhassem “de fora” o desenrolar da maldade humana; em muitos casos, em seus relacionamentos particulares, também dão mostras pujantes de trazer em seus corações os mesmos insumos que depreciam alhures.

Como disse alguém, “Reconhecemos um louco sempre que o vemos; nunca, quando o somos.” É fácil acalentar o desejo pela virtude, quando, quem a deve praticar são os outros.

A propósito, coloquei na letra de um cântico que escrevi: “Eu prefiro o silêncio, a clamar pela paz, ocultando no peito, as sementes da guerra.” Silêncio Paulo Waller - YouTube

A incapacidade humana de ser feliz com o que possui, ou, de suportar que outrem seja, com as coisas que ele “não merece”, acabam patrocinando a desinteligência que, invés de buscar o que lhe convém mediante trabalho, empreendedorismo e outros meios, prefere o “atalho” da pilhagem, da imposição violenta; ou, acoroçoado pela inveja, a mera destruição basta; numa “moral”, tipo: “Se não posso ter, que ele/s também não tenha/m.

Sabemos que duas forças espirituais opostas pelejam pela conquista da vontade humana. Deus tenta a persuasão mediante ensino, iluminação, cuidados amorosos. O Canhoto vai na marra mesmo; veta, se possível, o conhecimento de Deus; “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho...” II Cor 4:4 

Sem um argumento mais do que o ódio; como os terroristas saem matando quem nada deve, pois, sua “causa” justificaria tudo.

Quem decide andar segundo Deus, convencido do Seu Amor, aprende carrear suas energias para outro “front”; “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado.” Heb 12:4

Devemos combater contra o pecado, mal que está em nós, não o que está alhures. Assim, a desinteligência resulta de empreendermos esforços contra o que não podemos nem devemos, enquanto nos omitimos, sobre o que está ao nosso alcance.

quinta-feira, 9 de novembro de 2023

A opinião dos números


“Mais de dez milhões de CDs vendidos!” Diz uma chamada publicitária que realça determinado músico. A TV exibe diariamente vídeos que tiveram milhões de acessos. Estão bombado na NET! o que os credencia a serem veiculados.

O “influencer” tal conta com x milhões de seguidores. Pouco importa em direção ao quê, o tal, influencie quem o segue. “Cinquenta milhões de pessoas não podem estar erradas.” Frase do excelente filme, “Náufrago” com Tom Hanks. No caso, em se tratando das músicas do Elvis, de fato, estavam certas. Mas, nem de perto a “aferição” dos números significa selo de qualidade, de algo.

Pois, nesse mundo de moedas como “valores”, essas, qualificam às produções “artísticas” mais estapafúrdias. O sucesso do, “caneta azul, da Ludmilla, Pablo Vittar, et caterva, não é um aferidor da qualidade da “arte” deles; antes, do emburrecimento da sua geração. Os mesmos números que podem arrolar estrelas, também servem para contar uma imensa criação de jericos.

Dia desses apareceu na TV, uma jovem “especialista” em arroto, (?) foi para um programa de auditório mostrar seu “talento” graças aos milhões de acessos que teve no youtube. Um estouro!

As produções modernas são mensuradas pelo “senso crítico” das massas. Mas, a multidão tem lá algum senso? Antes, instintos, paixões, inclinações naturais...

A multidão é uma besta acéfala, um monstro sem cabeça, segundo os gregos; quem não segue um berrante como ela, fatalmente ficará só; "Você não se sente sozinha aqui no deserto?"
"No meio da multidão também nos sentimos sozinhos."
Saint Exupéry

Em um estádio de futebol, por exemplo, assentam-se lado a lado, um advogado, um drogado, um traficante, quiçá, um policial; de repente todos se abraçam festejando um gol. Mesmo que, individualmente nada tenham em comum, quando massificados por uma paixão, igualam-se.

Nicolas Berdiaev, o filósofo, sentenciou: “Se nos estados puramente emocionais da massa, o eu, não sente a solidão, não é porque se comunique com um tu, mas porque perde-se; sua consciência e vontade são abolidas.”

Nesse aspecto, o de conquistar às massas Jesus foi um fracasso. Até teve seus cinco minutos de fama quando multiplicou o pão pra galera; mas, quando falou sobre o significado de Sua obra ficaram somente doze; dúbios, quem sabe, pensando no exemplo dos que se foram. “Muitos, pois, dos seus discípulos ouvindo isso disseram: Duro é esse discurso quem o pode ouvir?” Jo 6;60

Após aquela debandada coletiva, Jesus indagou: “Quereis vós também retirar-vos? - Pedro até cogitou fazer isso, mas, tinha um problema - “para quem iremos nós? Tu tens as Palavras de vida eterna.” Vs 67 e 68

Pilatos também avaliou as coisas ao sabor da multidão; “Quereis que eu vos solte o Rei dos judeus?” Democratizou a decisão. Como a turba escolheu crucificar ao Senhor, ele lavou as suas mãos; seria inocente? Ele mesmo havia se vangloriado: “..tenho poder para te crucificar, tenho poder para te soltar.” Jo 19;10 Mas, no final, foi no conveniente embalo da massa.

A passeata de uma multidão de evangélicos, tipo, "Marcha pra Jesus" tem lá seu impacto político; mas, não maior que uma passeata do orgulho gay, por exemplo. Mostra volume à sociedade, nada além disso. É fácil nos mostrarmos “em Cristo”, basta desfilar gritando palavras de ordem; agora, mostrar Cristo em nós, demanda uma renúncia que desconsidera a aprovação humana. Quem nasceu de novo não segue aplausos, nem teme, vaias.

Essas igrejas superficiais, dos números, mais que da verdade, revelam tanto teor espiritual, quanto os acessos de tolos transformam arroto em “arte”. Jesus foi cauteloso com a quantidade. “...muitos são chamados, poucos escolhidos.”

Sabemos que é saudável a igreja buscar o crescimento; mas, se enchermos nossos campos de cabritos jamais produziremos lã.

Quando vemos as imensas catedrais do “pare de sofrer” lotadas, ou aqueloutro padre cantando com “um milhão de vozes”, percebemos de modo categórico a besta acéfala domesticada.

Todavia, basta conviver meia hora com um santo, no qual Jesus habita, para perceber claramente o que isso significa. Vida e valores, segundo Deus.

Continuarão claro, os números, “canonizando” arrotos. Entretanto, no “you tube” do Deus Provedor, desde o primeiro “nauta” Abraão, todos sabem a senha: Renúncia. Lá não são postados vídeos, “a fé é o firme fundamento do que não se vê.” Heb 11;1 mas, é possível acessar áudios de alta fidelidade. “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas.” Apoc 2;29

Não que Deus seja de minorias, pois, diante do trono João viu uma multidão de todas as tribos, nações e línguas, que ninguém podia contar, diz na Revelação. No entanto, O Eterno não alargará um centímetro a porta, para aumentar os seus “acessos”, pois, o Seu site não tem contador de visitas; apenas, um antivírus eficaz.

O processo


“No dia da prosperidade goza do bem, no da adversidade, considera; porque Deus fez a este em oposição àquele, para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele.” Ecl 7:14

Os dois lados da moeda. O dia da prosperidade e o da adversidade. Mudanças “climáticas” às quais todos estamos sujeitos.

Como a Palavra de Deus foi dada para trazer riquezas, essencialmente, espirituais, mesmo os mais fiéis, estão sujeitos a essas coisas: “... aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido e ter abundância; em toda a maneira, em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, quanto, ter fome; tanto a ter abundância, quanto, padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.” Fp 4:11-13

Esse “posso todas as coisas” tem sido usado para encorajar cobiças, invés de, para ensinar suportar as agruras necessárias, como seu teor, tenciona.

Paulo disse isso a um povo que se preocupara com suas necessidades; “... nenhuma igreja comunicou comigo com respeito a dar e receber, senão vós;” Fp 4:15 Manifestou maior alegria pelo carinho e cuidado deles, que, pelas ofertas enviadas.

Infelizmente, a perversão do Evangelho chegou a proporções tais, que, o, não podeis servir a Deus e a Mamom, ou, ao Senhor e ao dinheiro, tem saído dos nossos púlpitos; muitos por aí conseguem a “proeza” de profanar ao Nome do Santo, enquanto se esbaldam em seu insano culto ao dinheiro. Servem a Mamom, “em Nome de Jesus”.

Ele mencionou os que fizeram muitas coisas em Nome Dele, aos quais dirá: “Não vos conheço; apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade.”

“Os que querem ser ricos caem em tentação, laço, e muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é raiz de toda espécie de males; nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e traspassaram a si mesmos com muitas dores.” I Tim 6:9,10

O desejo por riquezas é mais pujante que o anseio por serem santos; mais que, o propósito de serem frutíferos.

Invés de ensinar a necessidade de fidelidade incondicional, na fartura ou nas privações, como viveram Jó e Paulo, por exemplo, os “paladinos da fé” atuais, não raro, equacionam um momento adverso como um aferidor de incredulidade, um testemunho de descrença; bastaria crer e “sacrificar” algo em prol da “Obra do Senhor” para que as coisas mudassem.

Nossos momentos de adversidade, são aqueles nos quais mais aprendemos, nos vemos dependentes do Senhor. Como disse Davi: “... na angústia me destes largueza...” Sal 4:1 O próprio Senhor testifica sobre o Seu amargo, mas necessário processo de purificação das nossas almas: “... te purifiquei, mas não como a prata; escolhi-te na fornalha da aflição.” Is 48:10

Alguém disse com propriedade que, quando as tribulações nos levam a orar, já nos estão fazendo mais bem do que mal.

A vida farta, com alma torta, de inclinações perversas, mais que submissão ao Eterno, fatalmente levará o presumido “marajá” sem cercas, rumo aos vícios, à busca de prazeres egoístas, alienado das dores e necessidades que o cercam.

“A calmaria que te faz dormir, é mais perigosa que a tempestade que te mantém acordado.” Desconhecido.

Feliz o “homem de dores”, que, mesmo tendo passado pelo vale das sombras da morte, não fugiu da consagração necessária, seguro que O Divino Pastor estava com ele, mesmo naqueles momentos adversos.

Aos mesmos filipenses, aos quais Paulo agradeceu pela solicitude, ele lembrou do concurso dos materialistas infiltrados, já naqueles dias; “Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e repito, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo, cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, e a glória é para confusão deles; só pensam nas coisas terrenas.” Fp 3:18,19

Não importa de qual lado da vida estás nesse momento, na questão das posses; quer, na fartura, quer, na privação. Se, no âmbito espiritual, estás do lado do Senhor Jesus, nada a temer.

Assim como, numa competição esportiva é mais honroso triunfar contra um grande adversário, na maratona da vida, vencer grandes privações se mantendo fiel, há de emprestar um brilho extra à tua coroa, reservada no além.

Jó por curto período foi privado de tudo; manteve-se fiel apesar dos amigos molestos, e de sua esposa. No fim pode dizer a Deus: “Eu Te conhecia de ouvir falar; agora Te vejo...” Teve suas posses em dobro, e ainda pode dialogar com Deus.

Então, antes de lutar contra o que atribula, confie em Deus; peça discernimento sobre o que deves aprender antes de sair da fornalha. Certamente há uma necessidade; pois, Deus “não aflige nem entristece de bom grado aos filhos dos homens.” Lam 3:33

segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Aquietai-vos


“Sucedeu no mês de Nisã, no ano vigésimo do rei Artaxerxes, que estava posto vinho diante dele; eu peguei o vinho e dei ao rei; porém, nunca estivera triste diante dele.” Ne 2:1

Neemias, então, copeiro do rei da Pérsia, triste no trabalho, o que era perigoso para a função dele. Tinha missão de provar as comidas e bebidas do rei antes de servi-las, precaução comum dos soberanos, temendo envenenamento.

Neemias soubera por seus parentes da situação catastrófica de Jerusalém e orara a Deus, pedindo que O Santo lhe fosse favorável, quando expusesse sua causa ao rei.

À uma leitura superficial, poderá parecer que Neemias recebeu a dura notícia, se entristeceu e orou, e no dia seguinte obteve resposta favorável do rei; permissão para ir reparar as muralhas e os portões de Jerusalém.

Não foi tão simples, nem tão rápido. Ele foi econômico, modesto, quando disse: “... por alguns dias estive jejuando e orando perante o Deus dos Céus.” 1:4

Por alguns dias; quantos? Leiamos com atenção: “... sucedeu no mês de Quislev, no ano vigésimo, estando eu em Susã, a fortaleza,
que veio Hanani, um de meus irmãos, ele e alguns de Judá; perguntei-lhes pelos judeus que escaparam, que restaram do cativeiro, e acerca de Jerusalém.” Ne1:1,2

Ele recebeu a notícia no mês de Quislev; mês nove no calendário hebraico; sua entrevista com o rei, quando triste, expôs seus motivos e rogou permissão para ir a Jerusalém reparar a cidade, foi o mês primeiro. “... no mês de Nisã, no ano vigésimo do rei Artaxerxes, que estava posto vinho diante dele; peguei o vinho e o dei ao rei; porém, nunca estivera triste diante dele.” Ne 2:1

Recebera informação no mês nove; jejuara e orara, para se entrevistar com o rei a propósito do assunto, apenas no mês primeiro.

Como se, no nosso calendário, fosse informado em setembro, e orasse e jejuasse sobre aquilo, até meados de Janeiro. Aproximadamente, quatro meses; quando, então, obteve resposta favorável.

Que importância isso tem para nós? Para essa geração de tecnologia alta, e espiritualidade baixa, a ideia de jejuar e orar quatro meses por um objetivo não chega nem perto de suposta aceitação. A maioria é viciada em “profecias” agradáveis, e céleres, não importa, se, mentirosas.

Como um incauto que acredita em horóscopo, e vai ouvindo-o, até que “seu signo esteja num dia bom”, assim esses viciados, vão de “profeta em profeta”, na ilusão que as “bondades-iscas” com as quais, os vigaristas pescam descuidados, um dia, ludibriem à realidade.

Ainda temos a favor de Neemias, que sua oração fora totalmente altruísta, atinente à Obra de Deus, não, egoísta e rasteira, pleiteando facilidades para si. Na verdade, aquela conquista trouxe trabalho, aflições e grandes responsabilidades para ele, invés de vantagens.

O egoísmo, aliás, é uma das coisas que embaça, nosso relacionamento com Deus, como ensina Tiago; olhamos com admiração e desejo para coisas que Deus reprova; não raro, oramos em demanda de matéria, quando deveríamos ter aprendido a andar em espírito.

“Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para gastardes em vossos deleites. Adúlteros e adúlteras, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.” Tg 4:3,4

Por isso, antes do pedi e dar-se-vos-á, buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á, carecemos renunciar ao modo mundano de ser, e buscar conhecer a vontade Divina; “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12:1,2

Neemias conhecia pelas profecias que era vontade Divina restaurar à santa cidade; mesmo assim, orou e jejuou por largo período, como vimos.

No monólogo de Davi com sua alma, registrado nos salmos 42 e 43 ele mesmo encontrou as razões pelas quais, estava ela, abatida; a pressa. O que, subentende-se pelo conselho que deu à própria alma: “Por que estás abatida, ó minha alma, por que te perturbas em mim? Espera em Deus, pois ainda O louvarei pela salvação da Sua Face.” Sal 42;5

Então, mesmo quando oramos segundo Deus, é preciso que saibamos esperar no tempo Dele. Neemias orou quatro meses, pela autorização para uma obra que foi feita em menos da metade desse tempo; “Acabou-se o muro aos vinte e cinco do mês de Elul; em cinquenta e dois dias.” Ne 6:15

Enfim, se estamos em obediência e buscamos coisas segundo Deus, descansemos Nele, mesmo que pareça tardar. Há uma força na quietude confiante, da qual Ele se agrada. “... No estarem quietos será sua força.” Is 30:7