sábado, 20 de novembro de 2021

Deus e a segunda pessoa


“O batismo de João era do céu ou dos homens? respondei-me. Eles arrazoavam entre si, dizendo: Se dissermos: Do Céu, Ele nos dirá: Então por que o não crestes? Se, porém, dissermos: Dos homens, tememos o povo. Porque todos sustentavam que João verdadeiramente era profeta. E, respondendo, disseram: Não sabemos.” Mc 11;30 a 33

O assunto era de onde vinha a Autoridade de Jesus; Ele propôs a questão sobre a origem do batismo de João.

Sabidos os desdobramentos de ambas as respostas possíveis, nenhum lhes era favorável; ou, denunciaria a incredulidade, ou, indisporia com o povo; refugiaram-se no hipócrita e conveniente, “Não sabemos.”

Lidar mal com os fatos fingindo não saber por conveniências rasteiras é desonestidade intelectual.

O sujeito trai a si mesmo para, pasmem! “proteger-se”. Sabendo-se maculado pela verdade, tem a luz como ameaça e prefere ficar no escuro; “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más.” Jo 3;19

É o amor próprio adoecido, que mantém seu paciente no escuro, aprisionado, avesso à Luz que o libertaria.

De outro modo; o sujeito sacrifica à verdade, para preservar a “legitimidade” de um pleito que sabe, vencido. Para quem se refugia em esconderijos assim, O Senhor paga na mesma moeda; se recusam a saber o que já sabem, por quê receberiam inda mais luz? “... Jesus lhes replicou: Também Eu vos não direi com que autoridade faço estas coisas.” V 33

Assim fica patente o porquê, da necessidade do “negue a si mesmo” para salvação. Esse impostor, o ego, toma o lugar de Deus, da luz, da verdade, faz o diabo para que o filho de Deus não seja regenerado.

Usa o falso conhecimento para justificar-se na incredulidade e recusa-se a receber, o Ensino que o libertaria. Ainda não conheci um ateu analfabeto. Pode existir; mas, os que sei que existem são sempre homens letrados, cheios de “argumentos lógicos, filosóficos” e tal.

Diferente de um filósofo que sacrificaria eventuais predileções, por amor à verdade, esses, como aranhas caçando insetos urdem suas “teias” de argumentos sofísticos, na ilusão de que a verdade se deixaria enredar por seus ardis.

Ocorre-me uma frase citada por Dave Hunt: “Você não põe o verdadeiro Evangelho fora de combate com duas ou três perguntas desajeitadas; antes, suas ilusões irão ruir, destacando inda mais claramente, a verdade.”

Quando O Salvador, ao dar Sua Paz assegurou que essa era diferente da do mundo aludia a isso; a paz do mundo deriva de acordos vários, explícitos e implícitos; evidencia-se na ausência de atritos com o semelhante; a de Cristo vem da nossa reconciliação com Deus, Nele; e descansa numa consciência quieta diante de Deus, e honesta diante de si mesmo.

Se, a paz do mundo espraia-se pela ausência de animosidade com o próximo, a paz de Deus nos indispõe com o pecado, a impiedade; “Ah! se tivesses dado ouvidos aos Meus Mandamentos, então seria a tua paz como o rio, e tua justiça como as ondas do mar... Mas os ímpios não têm paz, diz o Senhor” Is 48;18 e 22

A retidão não comporta alternativas; qualquer desvio mínimo entorta e desvirtua; “... Deus fez ao homem reto, porém eles buscaram muitas astúcias.” Ecl 7;29

A rejeição à Luz não é por falta de olhos; antes, de ouvidos ensináveis, adestráveis à verdade.

“No caminho da sabedoria te ensinei, por veredas de retidão te fiz andar.” Prov 4;11

Estamos acostumados a ver problemas alhures; A Palavra de Deus, A Verdade, os identifica dentro de cada um de nós e ali, visa tratá-los; “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda ‘teu’ coração, porque dele procedem as fontes da vida. Desvia de ‘ti’ a falsidade da boca; afasta de ‘ti’ a perversidade dos lábios. Os ‘teus’ olhos olhem para a frente, e ‘tuas’ pálpebras olhem direto diante de ‘ti’. Pondera a vereda de ‘teus’ pés; todos os ‘teus’ caminhos sejam bem ordenados! Não declines nem para direita nem para esquerda; retira ‘teu’ pé do mal.” Prov 4;23 a 27

Alguém disse que reconhecemos um louco quando vemos, nunca, quando somos. Entretanto, O Senhor “enlouqueceu” por amor, para curar nossa demência. “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela Sua Sabedoria, aprouve Ele salvar os crentes pela loucura da pregação... Porque a loucura de Deus é mais sábia que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte que os homens.” I Cor 1;21 e 25

Enfim, mesmo a Autoridade de Jesus sendo dos Céus, Seu Amor o colocou ao nível humano. Podemos trair a nós mesmos fingindo não saber; O Todo Poderoso não pode negar a Si Mesmo.
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domingo, 14 de novembro de 2021

Flores e frutos


“Sucedeu, pois, que no dia seguinte Moisés entrou na tenda do testemunho, e a vara de Arão, pela casa de Levi, florescia; porque produzira flores, brotara renovos e dera amêndoas.” Nm 17;8

O sacerdócio de Arão e a separação dos Levitas para o serviço santo fora contestado por alguns “excluídos” que também se sentiam aptos para a função; invés de o reconhecerem como escolha Divina, diziam ser de Moisés.

O Senhor ordenou que uma vara de cada tribo se pusesse perante Ele; prometeu que floresceria, à noite, aquela de quem Ele escolhera, para deixar claro que Moisés não tinha nada com aquilo.

Como vimos, mais que flores, a vara de Arão deu frutos; amêndoas.

Aos olhos humanos, as flores, o milagre do desabrochar, bastaria. Porém, O Eterno Quis dar um passo além.

A vaidade humana contenta-se com aparências como um fim; a beleza na Seara Divina excede a isso.

Quando ensinou a diferir o veraz do falso, O Salvador não fez menção às flores, antes, disse: “... pelos seus frutos os conhecereis.” Mat 7;20

O Jardim da Perfeição Divina tinha mais que pétalas multicores e aromas; “O Senhor Deus fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista e boa para comida...” Gn 2;9
Criou a beleza; as árvores eram agradáveis à vista; mas, fez melhor; também eram boas para comida.

Quem olha para o ministério com prisma meramente estético, digo, busca uma posição pela posição, não pelo anelo de frutificar para Deus, joga o bebê fora e “cria” a placenta. Deixa o que é vital pelo secundário.

Ocupar uma posição na “Vinha do Senhor” sem produzir os devidos frutos é perigoso; como alegorizou O Senhor. “Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha; foi procurar nela fruto, não o achando, disse ao vinhateiro: Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não acho. Corta-a; por que ocupa ainda a terra inutilmente? Respondendo ele, disse-lhe: Senhor, deixa-a este ano, até que eu a escave e a esterque; se der fruto, ficará; se não, depois a mandarás cortar.” Luc 13;6 a 9

Aqueles que farão diferença no ministério, geralmente não o buscam; antes, são buscados pelo Senhor. Na verdade, temem; como Moisés que disse não saber falar; Isaías que confessou ser de lábios impuros, ou Jeremias que se disse, ainda criança.

A esse, aliás, O Eterno mostrou uma visão e questionou: “Que é que vês, Jeremias? Eu disse: Vejo uma vara de amendoeira. Disse-me o Senhor: Viste bem; porque Eu velo sobre Minha Palavra para cumpri-la.” Jr 1;11 e 12

Nas entrelinhas O Altíssimo dizia a Jeremias: Lembra que escolhi a Arão e confirmei Minha Escolha fazendo uma vara morta florescer e frutificar, dando amêndoas? Como Cumpri Minha Palavra dada a ele, também cumprirei a que Eu der por ti.

Entretanto, o milagre da confirmação Divina ocorreu durante a noite. Assim como a travessia da escravidão para Canaã tinha um deserto no meio, um ministério probo também não deve esperar facilidades. Quanto mais perto de Deus o ministro estiver, menos tende a agradar os homens. Maior oposição sofrerá.

A “noite” de Jeremias foi terrível. Espancamento, calabouço, poço, perseguições, oposição dos falsos profetas, solidão... Chegou a “pedir demissão” no auge da dor. “Então disse eu: Não me lembrarei Dele, não falarei mais no Seu Nome; mas isso foi no meu coração como fogo ardente, encerrado nos meus ossos; estou fatigado de sofrer e não posso mais.” Cap 20;9

Para os amantes das flores, em horas assim o ministério perde o apelo; antes disso se evadem, aliás.

Há “noites” onde nenhuma circunstância ajuda; nessas a vera fé se mostra como frutos inesperados numa frágil vara; “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do Seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no nome do Senhor; firme-se sobre o seu Deus.” Is 50;10

Frutificar não é opção, é necessidade; nesse fito, nossas orações são atendidas; “Não escolhestes vós a Mim, mas Eu vos escolhi e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em Meu Nome pedirdes ao Pai, Ele vos conceda.” Jo 15;16

Quem entra ao ministério pelo conforto, busca novos ares ante o perigo; “O mercenário foge, porque é mercenário, não tem cuidado das ovelhas.” Jo 10;13

Os que O Senhor Estabelece Ele confirma; faz com que produzam até quando não parece possível; “Os que estão plantados na casa do Senhor florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice ainda darão frutos; serão viçosos e vigorosos, para anunciar que o Senhor é reto. Ele é Minha Rocha; Nele não há injustiça.” Sal 92;13 a 15

sábado, 13 de novembro de 2021

A Porta aberta


“A porta do átrio interior que dá para o oriente, estará fechada durante os seis dias que são de trabalho; mas, no dia de sábado se abrirá...” Ez 46;1

Um dia por semana era reservado ao descanso e adoração ao Senhor; nesse dia a porta do átrio interior deveria estar aberta.

A porta aberta não é uma necessidade de por ela se entrar; tampouco, outra fechada a impossibilidade de se abrir. Mas, no caso em apreço, eram indicativos dos caminhos devidos; trabalhar por seis dias, descansar e cultuar no sétimo.

O Salvador se disse A Porta das ovelhas; desafiou-nos a bater; “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. Porque, aquele que pede, recebe; o que busca, encontra; ao que bate, se abre.” Mat 7;7 e 8

Se, no antigo Pacto, um dia era reservado à adoração, tipificado pela porta aberta, na Nova Aliança, somos desafiados a buscar a Deus, mesmo com a porta “fechada”.

Dado que os “templos” do Espírito são os Salvos, (o que não exclui a necessidade de congregações) cabe a cada um, mediante oração, fé e comunhão, abrir a porta do átrio interior, sempre que desejar se aproximar do Senhor.

Em vista de nossa dupla natureza, uma que é carnal, caída, inimiga de Deus; outra, espiritual, renascida, em processo de santificação, sempre teremos o concurso de duas possibilidades antagônicas à porta. Tentações e livramento.

A primeira porta, a natural, é movida por inveja, egoísmo, ciúme, contendas, se abre ao pecado; “... o pecado jaz à porta, para ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar.” Gen 4;7

A outra, sobrenatural, espiritual; é contrita, arrependida, maleável, obediente, se abre para Aquele que perdoa e ensina; “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, com ele Cearei, e ele comigo.” Apoc 3;20

Pode parecer que temos uma contradição bíblica aqui; O Senhor desafiou-nos a bater na porta até que se abra; agora se apresenta Ele mesmo batendo a espera que essa venha a ser aberta; como?

No primeiro caso falava com os crentes para buscarem socorro em oração, o que figurou como bater à porta até se abrir; ou, orar até obter uma resposta.

No segundo alude aos que ainda não creem, em cujas portas dos corações “bate”, mediante Sua Palavra e concomitante ação do Espírito Santo para que venham a ouvir Sua Palavra, e ouvindo, creiam.

Pois, a morte espiritual não é inexistência; antes, separação do Criador, O Dono da Vida; por isso, O Salvador pode bater à porta dos mortos, desejando ser ouvido; “Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; os que a ouvirem viverão.” Jo 5;25

Se, na Antiga Aliança a porta do templo estaria aberta apenas no dia do descanso, em Cristo, só entrando pela Bendita Porta, o descanso será possível; “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; encontrareis descanso para vossas almas.” Mat 11;28 e 29

Para os salvos Em Cristo, o “sétimo dia” o descanso é desde que se renderam a Ele; porém, o repouso cabal se reserva no além; “Porque aquele que entrou no seu repouso, ele próprio repousou de suas obras, como Deus das Suas.” Heb 4;10

Se diz alhures de alguém que morreu: “Descansou”. Será? Ingressou no “Descanso” quando teve oportunidade? Permaneceu Nele?

Sem Cristo as almas estão mortas, pouco importa a eventual religiosidade, mesmo uma profissão de fé ortodoxa, nada vale, divorciada da necessária obediência para transformação que O Salvador Opera.

Alienadas apenas jazem, não obstantes as obras que façam; agregadas a Ele encontram descanso, mediante a fé; obras serão consequências. Então, necessária a conclusão que a morte espiritual enseja um cansaço psíquico, cujo perdão de Cristo remove para colocar em seu lugar o “jugo suave” da comunhão em obediência.

O peso da obediência atenua cada dia, para quem nela se exercita; “... os Seus mandamentos não são pesados.” I Jo 5;3

Até mesmo a “porta estreita” (renúncia) aos exercitados em Cristo, de repente se mostra ampla; “Porque assim vos será amplamente concedida a entrada no Reino Eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.” II Ped 1;11

Se, para o ecumenismo, todas as “portas” soam válidas, perante O Único que abre a porta do Reino, as alternativas derivam de ladrões; “... aquele que não entra pela porta no curral das ovelhas, mas sobe por outra parte é ladrão e salteador.” Jo 10;1

Como está a porta de teu “átrio interior”?

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

A necessária vergonha alheia


“Saiamos, pois, a ele (a Cristo) fora do arraial, levando Seu vitupério.” Heb 13;13

Vitupério= ofensa, injúria, difamação, desonra, afronta...

Levar o “vitupério de Cristo” equivale a nos dispormos a sofrer por, e com, Ele. Ter como nossas, as injúrias dirigidas a Ele, ou Sua Igreja. “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem, perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por Minha causa.” Mat 5;11

Entretanto, a presente geração mimimi, codinome criado para, melindrosa ao extremo, ao menor sinal de desconforto, discórdia, joga a toalha e parte para outra.

Sempre temos um “desigrejado” enfileirando “razões” pelas quais saiu; havia panelinhas, discriminações, maus testemunhos, o pastor não o entendia, etc.

Então, o sujeito decide que é melhor lidar com seus problemas fora, que, conviver diariamente numa igreja que também tem problemas.

Questionado sobre sua decisão, sempre dirá que “A igreja somos nós”, “Deus não habita em templos de humana feitura, me afastei da igreja; de Deus, jamais”.

Deparei com trechos de uma entrevista da recente e tragicamente falecida cantora, Marília Mendonça, concedida para Tatá Werneck.

Disse que começou a cantar na igreja, mas, que em dado momento a “religião não muito foi legal comigo”, por isso ela saiu. Disse que perdera seu padrasto e precisara trabalhar com 15 anos; foi cantar num bar, mas a igreja não aceitou. “Me afastei da religião, - disse – de Deus jamais; Ele está sempre comigo”, assegurou, para aplauso da plateia.

Não me cabe entrar no mérito da sua crença, seu relacionamento com Deus; tampouco, se partiu salva ou não. Meu foco é outro. Cotejar o que ela disse, reflexo de tantos ditos mais, por aí, com a doutrina das Escrituras.

Voltaire aconselhou: “Age de tal forma que teus atos possam se tornar regras universais.” Releitura do que O Salvador dissera; “Tudo o que vós quereis que os outros vos façam, fazei-lhes também; essa é a Lei...“

Ao se espraiar esse comportamento, onde cada descontente “pica a mula” e se faz “pastor” de si mesmo, a Igreja deixaria de existir. Mas, como ficaria a Divina missão de, além de pregar a toda a criatura, ainda ser exemplo para principados e potestades que desobedeceram? “Para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos Céus...” Ef 3;10

Embora, a Igreja de Cristo seja o cômputo dos salvos entre todas as denominações, não os templos onde congregam, a palavra “Igreja” é um aportuguesamento de “Ekklesia”, uma assembleia; portanto, um coletivo.

O humorista André Damasceno dizia que “Lula tem um jeito singular de usar o plural.” Pois, os “desigrejados” mas, chegados de Deus, também têm um jeito particular de pertencer ao todo.

Paulo, além de nos figurar como membros de um corpo, com total interdependência, ainda tomava como problemas seus, os escândalos da Igreja insipiente; “Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas. Quem enfraquece, que eu também não enfraqueça? Quem se escandaliza, que eu me não abrase?” II Cor 11;28 e 29

Há denominações inteiras, cujos ensinos estão eivados de heresias; quem puder, por uma graça celeste ou um rasgo de discernimento qualquer, sair delas em busca de ambientes mais salubres agirá bem; 

também há crises de inveja, perseguição gratuita de falsos irmãos, que eventualmente nos veem como uma ameaça a se evitar, não um irmão para congregar. Em casos assim, por que não, respirar ares mais puros?

Entretanto, essas coisas, nem similares nos autorizam a criarmos uma carapaça que “protege” contra relacionamentos espirituais; isso se dá quando nosso amor próprio ainda é muito maior que o amor por Cristo; cambiamos o “Negue-se, tome sua cruz e siga-me”; por um alternativo ‘ressinta-se, tome seu boné e isole-se’.

Ter a falecida Marília ficado desamparada aos quinze anos foi um duro problema, sem dúvida; quiçá, a igreja poderia ter ajudado nisso.

É nobre ganhar o pão mediante trabalho. Contudo, dos salvos se demanda uma separação que exclui certas posturas e ambientes;

“Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem justiça com injustiça? Que comunhão tem luz com trevas? Que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? Que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, entre eles andarei; Serei o seu Deus, eles serão meu povo. Por isso saí do meio deles, apartai-vos, diz o Senhor; não toqueis nada imundo, e vos receberei; Serei para vós Pai, vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso.” II Cor 6;14 a 18

Seja A Palavra nossa luz, não, os duvidosos aplausos de quem barulha do escuro.

domingo, 7 de novembro de 2021

Demora da justiça


“Tens por direito dizeres: Maior é minha justiça que a de Deus?” Jó 35;2

Ter por direito ninguém tem; mas, toda pessoa honesta há de confessar que diversas vezes se indignou com as injustiças da vida, estupefato perguntando: Como Deus permite isso?

Assim, a pergunta supra, feita por Eliú a Jó, também se aplica a nós.

Desde sempre ouvimos que “A justiça tarda, mas não falha”. Sendo Deus seu agente, nossa discrepância em relação aos Justos Atos do Eterno seria, quanto ao tempo. Pedro ensina: “O Senhor não retarda Sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia...” II Ped 3;9

A Palavra prega que “os que semeiam com lágrimas, ceifarão com alegria;” e “Tudo tem seu tempo determinado; há tempo para todo propósito debaixo do sol.”

Desse modo, em nossas precipitações míopes, derivadas da limitação temporal, amiúde, questionamos o tempo de Deus, mais que, a Justiça. De outro modo; não duvidamos que Ele punirá aos maus, ou recompensará aos justos; apenas, desejamos que Ele faça isso agora. Queremos semeadura e ceifa concomitantes. Mas, as coisas não são assim.

Sendo a reconciliação com o homem caído Seu Alvo, o arrependimento para perdão, mediante Cristo, o meio, Ele usa de longanimidade como acessório; a persuasão dos pecadores é um processo lento, nem sempre, bem sucedido.

Pelos poucos em que isso acontece, Os Céus jubilam; “Há alegria nos Céus por um pecador que se arrepende.”

Logo, as “injustiças” dos Céus são derivadas do Amor Divino; “Vivo Eu, diz o Senhor Deus, que não Tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva.” Ez 33;11

Contudo, mesmo a longanimidade possui seu termo; O Silêncio de Deus diante de atos maus reiterados não significa cumplicidade, Ele julga; “Estas coisas tens feito, e Me calei; pensavas que era tal como tu, mas Te arguirei, e as Porei por ordem diante dos teus olhos: Ouvi pois isto, vós que vos esqueceis de Deus; para que Eu vos não faça em pedaços, sem haver quem vos livre.” Sal 50;21 e 22

Nos provérbios também encontramos uma alusão ao que abusa de desobedecer, até cansar mesmo, à Santa Paciência; “O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz, de repente será destruído sem que haja remédio.” Prov 29;1

Em alguns casos, o Julgamento Divino aplica a mesma moeda. Rejeitado Seu amor, só resta Sua Justiça. Como Ele foi desprezado quando chamou, também desprezará aos indiferentes, quando, finalmente, eles lhe pedirem socorro; “Porque Clamei e recusastes; Estendi minha mão e não houve quem desse atenção, antes, rejeitastes todo Meu conselho, não quisestes Minha repreensão, também de Minha parte Me rirei na vossa perdição e zombarei, vindo vosso temor.” Prov 1;24 a 26

Então, quando somos exortados a nos apossarmos da vida eterna, isso traz no pacote, vermos o tempo de outra perspectiva também; Paulo exorta: “Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para qual também foste chamado...” I Tim 6;12

Porque, da perspectiva meramente terrena, facilmente teremos motivos para acusar as “injustiças” Divinas; muitos justos padecem à morte sem recompensa nenhuma, e outros, ímpios morrem fartos de bens e de dias.

Entretanto, quem vê o tempo da eterna perspectiva sabe que há uma colheita madura do outro lado, o juízo; onde, cada feito haurirá a devida recompensa. Daí, “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19

O incidente dos ladrões na cruz, ao lado do Salvador, ensina algo sobre a Justiça de Deus; ali já não havia espaço para nenhum ato mais, exceto, arrependimento e confissão, como um fez; ou, perseverar na incredulidade, como, o outro. Se, no âmbito do galardão as obras contam, no da salvação a justiça é pela fé.

“A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que Ele enviou.” Jo 6;29 “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; isto não vem de vós, é dom de Deus.” Ef 2;8

Em Cristo e Seu Feito Majestoso, o Alvo Divino foi muito além de mera justiça; “Misericórdia e verdade se encontraram; justiça e paz se beijaram. A verdade brotará da Terra, e a justiça olhará desde os Céus.” Sal 85;10 e 11

Enfim, quando acontecer conosco, ou, em nossas circunstâncias, algo que parece injusto, não cometamos nova injustiça duvidando da Sapiência Divina; se vivemos pela fé, devemos seguir as pisadas de Abraão; invés de posar de mais justo que Deus, ele observou confiante; “Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti. Não faria justiça o Juiz de toda a Terra?” Gn 18;25

sábado, 6 de novembro de 2021

Furando a fila do juízo


“... Arão fez expiação por eles, para purificá-los. Depois vieram os levitas, para exercerem o seu ministério...” Nm 8;21 e 22

O Antigo Pacto tinha limitações, em vista da fraqueza dos seus ministros. Porém, trazia muitos apontamentos futuros, tipos proféticos, da Nova Aliança; e, peculiaridades “óbvias”, como ser primeiro purificado, o ministro, para depois servir.

Ressalvei entre aspas, pois, atualmente essa necessidade não parece tão óbvia assim.

Temos gente sem nenhum caráter, com vida duvidosa que, quando adentra aos templos de culto, se traveste de pregador, profeta; apto a ensinar o que desconhece; temos até um “apóstolo” adolescente, fundador e presidente de Ministério; “pastoras” airosas em vestes sensuais, conhecidas mais por esse viés, que pelas palavras que pregam; ainda, grande leva de mercenários com seus “toques de moedas” com qual, todo texto que pegam convertem em ouro (de tolos).

Isaías dissera: “... não toqueis coisa imunda; saí do meio dela, purificai-vos, os que levais os vasos do Senhor.” Cap 52;11
Santidade demandada pelo Eterno sempre teve um quê de separação.

Paulo, escrevendo aos Coríntios arrolou uma série de coisas impuras; cotejou aspectos santos com os profanos, apelando ao senso crítico dos ouvintes: “Por isso saí do meio deles, apartai-vos, diz o Senhor; não toqueis nada imundo e Eu vos receberei;” II Cor 6;17
Nem se tratava de ministério, mas de ser recebido na Família de Deus; “... serei para vós Pai, e sereis para Mim filhos e filhas...” v 18

Atualmente, gente sem temor olha para o Ministério como um cargo, uma fonte de renda; a única coisa que esses buscam saber é, como? Não se ocupam do porquê.

Esses, de alvos rasteiros, mesmo falando eventualmente dos Céus, não se desprendem um segundo da Terra; o que produzem não vale nada.

Desde de sempre foram acessíveis os sacerdócios espúrios. “... Qualquer que vem consagrar-se com um novilho e sete carneiros logo se faz sacerdote daqueles que não são deuses.” II Cron 13;9

A maioria das ditas “Igrejas” têm donos; passam de pai para filho, pouco importando se Deus deseja algo diferente. A ideia de orar ao Senhor por obreiros segundo Seu Coração soaria ousada demais.

Quem precisa se já “sabe” como as coisas devem ser. Não foi Deus que disse: “Vós mesmos sabereis o bem e o mal”. Antes, na Palavra Dele adverte: “Confia no Senhor de todo teu coração; não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal. Isto será saúde para teu âmago e medula para teus ossos.” Prov 3;5 a 8

Um obreiro idôneo nesses lugares invés de ser bem vindo pela luz que porta, soa como ameaça aos que não desejam ser desafiados a deixar seus centros confortáveis. 

Ocorre-me uma frase do Pastor Josué Ilion: “Deus não usa aos normais; antes, usa às ameaças; os normais acabam em casa vendo TV e comendo pipoca.”

Primeiro o império de Satã em formação demoniza à separação como algo mau, preconceituoso, radical, fundamentalista; depois coloca um fantoche global a promover a “união de todos”, o ecumenismo. Quem ousar ser um não alinhado a essa coisa tão inclusiva, diversitária, tolerante, necessariamente será uma ameaça; escárnios, desprezo; depois, exclusão social; finalmente, perseguição e morte.

Ora, esses que tolhem gente veraz pela manutenção de mero conforto de não precisar pensar sério em santidade, como ousariam contra o sistema satânico ao risco das suas vidas?

Não obstante Seu Amor Imensurável, a Mensagem do Salvador nunca foi mendicante, tipo, me aceitem por favor. Sempre desafiou ouvintes ao próprio arbítrio. “... Se parece bem aos vossos olhos, dai-me o meu salário, se não, deixai-o...” Zac 11;12
“... Se alguém quiser fazer a vontade Dele...” Jo 7;17

Sempre a liberdade de escolha; “se parece bem aos vossos olhos... se alguém quiser...”

Todavia, querendo, a renúncia é necessária. “... todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte?” Rom 6;3

Santificação não é acessório, é essencial; “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá O Senhor;” Heb 12;14 E santidade não é opção; “Porquanto está escrito: Sede santos, porque Eu Sou Santo.” I Ped 1;16

Seria menos perigoso estar fora sendo ímpio, que sê-lo nos púlpitos. O juízo pega primeiro. “Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus...” I Ped 4;17

Não que ímpios de fora estejam certos, ao seu tempo também serão julgados, pois, “... se começa por nós, qual será o fim daqueles que são desobedientes ao evangelho de Deus?” idem

Então, “Que cada um de vós saiba possuir seu vaso em santificação e honra;” I Tess 4;4

Flores e pedras

É uma mescla de flores e pedras no sisudo jardim do viver. Os que vêm em nós, pétalas, nuances de identidade, regam-nos, pois é deles nosso viço; os demais, que nos reputam alvos, por recusarem a se ver com pecados, atiram-nos a primeira, e segunda, a décima, a centésima pedra...

Nunca se falou tanto em diversidade, pluralidade, tolerância, democracia... essas coisas quando somem da arena dos atos, costumam barulhar bastante no âmbito das palavras.

Há os que se presumem não ser de A, nem de B; uma imaginária “terceira via” como se houvesse meio termo entre probidade e corrupção; entre verdade e mentira, coragem e covardia, salvação perdição; 

esses fogem de algum aspecto que julgam deletério na primeira ou segunda; mas, abstraídos esses convenientes escrúpulos da forma, a rigor cabem num dos nichos de onde fingem poder fugir. 

Tentam escapar da rejeição apenas; inutilmente fazem seus buracos n’água.

Como numa eleição presidencial; inicialmente, as mesmas borboletas ostentam cores diversas. Passada a estação dos voos exibições e vindo o segundo turno, cada uma acha seu ramo de pouso no arbusto das conveniências, do qual voejava longe em seu ritual de acasalamento com a ignorância eletiva.

Ou somos pela “ciência” que a cada semana redefine os rumos “científicos” que nos convêm; ou, somos “negacionistas” um risco social por ter cérebros, ainda.

Ou cremos em Deus e Sua Palavra, “um brinquedo de crianças com medo do escuro.” Ou abraçamos o ateísmo, “Um brinquedo de adultos com medo da luz.”

O Papa Francisco trabalha célere pelo ecumenismo que segundo ele, forjará um novo humanismo. Alternativa ao dualismo Deus x Diabo. Será? Ora, ao desacreditar da singularidade da Divina Palavra, (Ninguém vem a Pai senão por Mim) automaticamente se abraça o conselho da oposição (vós mesmos decidireis acerca do bem e do mal); humanismo é um rótulo cinza para ocultar a vera cor das pétalas do satanismo.

O fogo das mentes aquecidas por ódios camuflados de conquistas consegue a proeza de arder gerando calor, sem o concurso da luz.

 
Verdade, honestidade intelectual, coerência, lógica, valores, cada vez mais, ilha; mentira, “virtudes” seletivas, hipocrisia, insensatez, inversão de valores, cada vez mais, oceano.

As redes sociais “inclusivas” caçam palavras proibidas; crime não é matar um feto indefeso, mas, chamar isso pelo nome. 

O mundo nunca foi tão tecnológico; todavia, isso só alongou os braços que apedrejam. Nunca se viveu tão impiamente, tampouco se apedrejou tanto aos valores que sempre foram pacíficos; agora são motivo de repúdio.

Até as inocentes palavras trazem uma carga de “maldade” que nunca soubemos. É preciso castrá-las do seu ácido intrínseco, que pode promover machismo, fascismo, achismo, farisaísmo, sismo, o diabo a quatro.

Ainda escrevo à moda antiga em meu jurássico mundo, por falta de vontade e habilidade para a tal de linguagem cinza; digo, neutra.

“Todos” sempre foi expressão que incluía todos. Agora parece que a nova moral descobriu que a mesma exclui algumas variáveis; então o “politicamente correto” seria usar “todes” que seria mais inclusiva, não obstante, exclua o idioma português.

Os banheiros públicos doravante, serão para “todes”. Não haverá risco de “estupre”, “pedofilix”, pois a novx humanidade estará vacinadx contra males; com a sagração dos “vícies”, o mal desaparecerá; o “conceite” de mal, digx.

Se, no prisma da alienação a Deus, os últimos dias serão como os de Noé, no aspecto dos “valores” vividos, acho estamos ao nível de Sodoma. “Por isso o direito se tornou atrás, a justiça se pôs de longe; porque a verdade anda tropeçando pelas ruas e a equidade não pode entrar. Sim, a verdade desfalece, quem se desvia do mal arrisca-se a ser despojado; e o Senhor viu, e pareceu mal aos seus olhos que não houvesse justiça.” Is 50;14 e 15

Pessoas decentes, as poucas que ainda há, são governadas por gente tão baixa... “A terra pranteia e se murcha; o mundo enfraquece e se murcha; enfraquecem os mais altos do povo da terra.” Is 24;4

O mundo da rebelião religiosa, do humanismo autônomo, o clímax da estátua humana no centro será permitido por um pouco; então, será a vez do Eterno dar uma “Pedrada” também; “Estavas vendo isto, quando uma pedra foi cortada, sem auxílio de mão, a qual feriu a estátua nos pés de ferro e de barro, e os esmiuçou.” Dn 2;34 “nos dias desses reis, o Deus do céu levantará Um Reino que não será jamais destruído; este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre, da maneira que viste que do monte foi cortada uma pedra, sem auxílio de mãos...” vs 44 e 45

Ainda somos vitrines; mas, quando isso acontecer, seremos filhos regenerados por Deus.