domingo, 13 de setembro de 2020

Prova de fogo

“Por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.” Mat 24;12

Dos últimos dias, O Salvador apresentou essa causa e consequência, alarmantes. Proporcional ao aumento da iniquidade, esfriamento do amor.

Que é iniquidade? Equidade, seu antônimo é o mesmo que igualdade; logo, iniquidade é desigualdade.

Não venha um comunista de plantão com a surrada balela da “justiça social”, que o Evangelho prioriza pobres, etc. “Bem aventurados os pobres de espírito!” Ou seja, os que reconhecem carências espirituais, os humildes.

A igualdade ensinada pelo Salvador é antes, afetiva, que material. “Sempre tereis os pobres convosco”, ensinou. Não mandou mudar isso mediante sistemas políticos corruptos, ateus, injustos e violentos, como o comunismo.

Quando disse: “Ama teu próximo como a ti mesmo”, deixou patente a que espécie de equidade se referia. Isso excede ao “sentir” como se amar fosse mera profissão labial; desafiou à demonstrarmos por obras. “Tudo que quiserdes que os outros vos façam, fazei-lhes também.” Amor tem mais nexo com agir, que sentir.

Então, a equidade desejável é que eu queira para o semelhante as mesmas coisas que almejo para mim; me solidarize com ele nas suas necessidades.

Alguns cristãos entenderam mal a coisa; como se, O Salvador tivesse dito: “Odeia teu próximo como a ti mesmo”.

Ora, quando alguém partilha mensagens tipo, “Que Deus te dê em dobro tudo o que me desejares”, está pedindo justiça em dobro. Que mal tem nisso? Que a justiça desejada contra ele volta contra mim.

O Evangelho, no que tange a nós, não é baseado na justiça; senão, nenhum se salvaria. É Graça, derivada do Amor de Deus. “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; isto não vem de vós, é dom de Deus.” Ef 2;8

Quando O Mestre ensinou a orar, “Perdoa nossas ofensas, assim como perdoamos quem nos ofendeu...” comprometeu-nos a amar também; pedir que Deus dê em dobro a outrem o que esse me desejar é uma ameaça, não, demonstração de amor. Se, desejo a eles justiça, como desejaria a mim, misericórdia? Seria desigual; portanto, iniquidade.

Se, o viço dessa deriva do esfriamento do amor, esse coloca em relevo o egoísmo, excesso de amor próprio.

O que seria andar a segunda milha com quem demanda uma, senão, ser solícito com dores alheias? O que é oferecer a outra face, senão, dar nova chance a quem falhou conosco?

O pagar na mesma moeda era o costume dos religiosos dos dias de Cristo; Ele desafiou os Seus a ir além; “... Amai vossos inimigos, bendizei aos que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e chuva desça sobre justos e injustos. Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo? Se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim? Sede vós pois perfeitos, como é perfeito vosso Pai que está nos Céus.” Mat 5;44 a 48

Escrevendo aos cristão romanos Paulo seguiu na mesma levada, disse: “Não vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; Eu recompensarei, diz o Senhor. Portanto, se teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.” Rom 12;19 a 21

Pois, o que é o perdão, o suprassumo do Evangelho, senão, dar a outrem o que ele não merece?

Se, amor desleixado esfria, esse engajamento prático que leva a amar até aos inimigos esquenta, uma vez que “amontoa brasas de fogo sobre suas cabeças...”

Uma poderosa figura de linguagem para instar, eventual inimigo, a rever suas razões e ponderar se, é mesmo justificado, o motivo do seu mal querer para conosco.

Vivemos um “cristianismo” tão raso, sem noção, que as pessoas publicam nas redes sociais, uma hora, uma nuance de prostituição, promiscuidade, de nominam liberdade; depois, na mesma página, no mesmo dia, um texto bíblico para vergonha alheia.

Não que cristãos verdadeiros não pequem; falhamos todos os dias; nalguns, grosseiramente; mas, causa tristeza, vergonha, arrependimento. Não publicidade.

Ímpios agem assim; “O aspecto do seu rosto testifica contra eles; publicam seus pecados, como Sodoma; não os dissimulam. Ai da sua alma! Porque fazem mal a si mesmos.” Is 3;9

Quando nos ocupamos mais em ameaçar que socorrer, nosso amor não esfriou; congelou. “... o fogo provará a obra de cada um.” I Cor 3;13; Se, derreter lendo isso, ainda há esperança.

A morte da Morte


“Disse-lhes, pois, Pilatos: Levai-o vós, julgai-o segundo vossa lei. Disseram-lhe então os judeus: Não nos é lícito matar pessoa alguma. (Para que se cumprisse a palavra que Jesus tinha dito, significando que morte havia de morrer)” Jo 18;31 e 32

Duplo cinismo dos religiosos; primeiro; mentiram, dizendo que não lhes era lícito matar, quando a Lei prescrevia pena de morte para blasfêmias, feitiçarias, adultério... Segundo; fingiram trazer O Prisioneiro a um julgamento, quando em seus lábios já estava um pedido de morte pela mão alheia, portanto, era uma farsa a ideia de justiça. Tratava-se de condenação sumária; solicitado só, que fosse aplicada pelos romanos.

Contudo, por agora o enfoque é outro. O segundo verso está entre parêntesis, o que significa que não consta no manuscrito original, sendo um anexo interpretativo de um escriba qualquer.

No entanto, a coisa não brota do nada. Lendo isso me inquietou para saber, onde Jesus teria dito algo que significasse que a morte morreria?

Não lembrei; e, decidi reler o Evangelho de João, para ver onde estava isto que, lendo vária vezes não percebera.

Então, logo no segundo capítulo temos o episódio do Senhor derrubando as mesas dos cambiadores, purificando o templo. Alguns inquiriram sobre com que autoridade fazia aquilo ou, quem Ele pensava ser para tal ousadia.

“Jesus respondeu, e disse-lhes: Derribai este templo, em três dias o levantarei. Disseram, pois, os judeus: Em quarenta e seis anos foi edificado este templo; tu o levantarás em três dias? Mas, Ele falava do templo do seu corpo.” Vs 19 a 21

A vitória sobre a morte era vaticínio antigo, “Eu os remirei da mão do inferno, os resgatarei da morte. Onde estão, ó morte, tuas pragas? Onde está, ó inferno, tua perdição?” Os 13;14

Essa profecia Paulo interpreta resultando do feito de Cristo; “Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte... Quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória. Onde está, ó morte, teu aguilhão? Onde está, ó inferno, tua vitória?” I Cor 15;26, 54 e 55

Contudo, os mortos se presumem vivos demais, para carecer de quem os livre da morte. Julgam mera existência como se fosse vida; pois, no prisma espiritual quem está separado de Deus está morto, embora, ainda respire por um pouco de tempo.

Assim como Adão e Eva morreram quando pecaram, e isso não significou inexistência, mas separação de Deus, medo e esconderijo em lugar da antiga comunhão, os mortos espirituais também procuram manter “distância segura” de quem os busca para dar vida.

O Salvador foi categórico em dizer que sua mensagem buscava mortos; “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve Minha Palavra, e crê Naquele que Me enviou, tem vida eterna; não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida. Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que ouvirem viverão.” Jo 5;24 e 25

Paulo tentando emular aos dormentes de Éfeso usou a mesma linguagem: “... Desperta, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá.” Ef 5;14

Portanto, a entrega a Cristo, a conversão, não se trata de “mudá de religião”, “Passá pa crente” como dizem alhures. Trata-se de algo de peso eterno, “nascer de novo” da Água, (palavra) e do Espírito, (Santo); ou seja: Passar da morte para a vida.

Grosso modo todo mundo tenta se “identificar” com Cristo. Vejam os cemitérios. Todos que “dormem” lá trazem uma estrela anexa ao ano de nascimento, e uma cruz, ao da morte. Mesmo tendo existido impiamente.

Ora, quem teve o nascimento anunciado por uma estrela, e morreu numa cruz, foi apenas Ele, O Salvador Bendito. Acontece que Ele não É Deus de mortos. Temos que nos identificar consigo em vida. Tomar Seu Jugo e seguir Seus passos.

“Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida.” Rom 6;3 e 4

Novidade de vida, doravante, segundo a “Mente de Cristo” não nossas inclinações rasas; testemunho necessário de quem “venceu à morte” em Cristo.

“Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências; tampouco apresenteis vossos membros ao pecado por instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos; vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça.” Rom 6;12 e 13

sábado, 12 de setembro de 2020

A escuridão luminosa da fé


“Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, possais alcançar a promessa.” Heb 10;36

“... necessitais de paciência...”
A paciência não é uma opção, uma possibilidade; antes, uma necessidade.

As coisas possíveis são derivadas do arbítrio, as necessárias um imperativo, sem o qual, não se pode obter determinado fim.

Quando Moisés subiu ao monte ter com Deus, e ordenou que esperassem pela sua volta, a única necessidade expressa fora essa; que o povo esperasse. Contudo, ele “demorava demais”, a plebe tinha pressa de “cultuar a Deus”.

Antecipar-se ao Eterno, não apressou Sua Ação; só trouxe à baila os anseios humanos, totalmente opostos ao Divino. Como não evocar a edênica sugestão; “Vós mesmos sabereis o bem e o mal?” Logo, ou esperamos Em Deus, ou, de modo autônomo, egoísta, independente, agimos em Satanás. Grave assim!

Aflição e pressa onde Deus deseja confiança são apenas dores de parto de nossos “Bezerros de ouro”, tomando o lugar da fé verdadeira, que é muito mais preciosa que ouro.

Isso se demonstra nas adversidades, como advertiu Pedro. “... necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações, para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, honra e glória, na revelação de Jesus Cristo;” I Ped 1;6 e 7

Não são meus projetos que devem se realizar, no final, mas, minha fé deve triunfar à não realização, de modo tal, que no fim, mereça louvores, honra, glória até.

Então, diferente das prédicas da praça, que a fé faz acontecer o que desejamos, a sadia, faz com que sigamos confiantes no Eterno, quando elas não acontecem. Não fosse assim, invés de fé genuína, não passaria de velhacaria humana a serviço de esperteza comercial. Algo que até o Capeta desprezaria; acusou Jó de agir assim.

Ora, nós, finitos e mortais, ineptos e ignorantes, sequer sabemos a hora das necessidades fisiológicas; andamos alheios aguardando “ordens” dos nossos “chefes”, contudo, em coisas de relevância eterna nos atrevemos a duvidar de Deus.

Fácil “filosofar”, estilo colar adesivos, como tantos fazem, que Deus não falha, que há um tempo determinado para tudo, que podemos esperar com paciência Nele; etc.

Porém, viver dessa forma, mesmo quando nossos anseios não se cumprem, manter a confiança e paciência intactas, mesmo quando nossos anelos resultam em fracassos, em provas desafiadoras, aí é um estágio de maturidade espiritual alcançado por poucos, infelizmente.

Essa “perfeição”, enseja discernimento das coisas, aos Olhos Divinos, não satânicos; “O mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto o mal.” Heb 5;14

“... paciência para que, depois de haverdes feito a Vontade de Deus...”
Ora, se meu alvo deve ser o cumprimento da Vontade Divina, onde a permissão, ou a possibilidade remota para que eu imponha a minha?

“Ai daquele que contende com seu Criador! caco entre outros cacos de barro! Porventura dirá o barro ao que o formou: Que fazes? ou a tua obra: Não tens mãos? Ai daquele que diz ao pai: Que é o que geras? E à mulher: Que dás tu à luz?” Is 45;9 e 10

Se, outra necessidade posta como indispensável à conversão é o “Negue a si mesmo”, isso é uma síntese do que fora dito por Isaías; ele esmiuçara em quê consiste, tal negação; “Deixe o ímpio seu caminho, o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para nosso Deus, porque grandioso é em perdoar. Porque Meus pensamentos não são os vossos; nem vossos caminhos os Meus, diz o Senhor.” Is 55;7 e 8

“... feita a Vontade de Deus, possais alcançar a promessa.”

Ora, nosso exercício em paciência e fé em meio às adversidades não é um sorteio do “Jogo do bicho” para ver se acertamos; e, acertando, se será no prêmio maior, ou, noutro secundário; antes, é um exercício de santificação, de purificação das vontades rasas, rumo a algo que O Eterno já nos preparou, e deseja que alcancemos.

Valentões virtuais costumam se jactar em termos assim: “Ninguém derruba aquele que Deus sustenta!” Será? A Bíblia ensina diferente. “Porque sete vezes cairá o justo, e se levantará...” Prov 24;16

Enfim, a jornada da fé não é para que escolhamos o que queremos obter, crendo; é um processo de purificação no escuro o “Vale das sombras da morte”, onde, muletas circunstanciais nos são tiradas; nos é dado “apenas” um Nome, cujo Poder e Integridade bastam.

“... Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor, firme-se sobre o seu Deus.” Is 50;10

domingo, 6 de setembro de 2020

Mais que perto, quero estar


“Orando também juntamente por nós, para que Deus nos abra a porta da palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual estou também preso; para que o manifeste, como me convém falar.” Col 4;3 e 4

Os cristãos razoavelmente esclarecidos sabem as premissas básicas. Negue a si mesmo; ame a Deus sobre todas as coisas; ande em espírito...

Entretanto, uma coisa é saber, outra, viver.

Quando alguém consegue, como Paulo, estando preso, rogar oração para que se lhe abra a porta da Palavra, não da cadeia, pois, sua preocupação é falar como convém, mais do que ser liberto, nesse se pode dizer que a cruz fez seu trabalho. Ele poderia, falar como falou: “Para mim viver é Cristo, e morrer é lucro.”

Devemos buscar o “Reino de Deus e Sua Justiça” com afinco tal, que as demais coisas perdem relevância; quando dois irmãos instaram com O Salvador pela mediação na partilha de uma herança Ele questionou quem o rebaixara daquela forma; “Homem, quem pôs a mim por juiz ou repartidor entre vós?” Luc 12;14

Depois do tênue puxão de orelhas advertiu: “Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui.” V 15

Se, a vida não consiste na abundância de posses, quando disse “Eu vim para que tenhais vida, e vida em abundância”, invés do enfoque raso dos “Mercenários da Prosperidade” Ele falou de abundância de vida, estritamente; vida eterna; não de fartura.

Posse de bens e de sabedoria são colocados como coisas quase antagônicas, uma vez que a primeira costuma atrapalhar os feitos da segunda; “Porque a sabedoria serve de sombra, como de sombra serve o dinheiro; mas a excelência do conhecimento é que a sabedoria dá vida ao seu possuidor.” Ecl 7;12 Quantas vezes, o dinheiro causa mortes!

Paulo advertiu aos que buscam a “sombra errada” como se fossem meio suicidas; “Os que querem ser ricos caem em tentação, laço, e muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é raiz de toda a espécie de males; nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e transpassaram a si mesmos com muitas dores.” I Tim 6;9 e 10

Deus e o dinheiro, ou Mamon, foram postos como coisas excludentes nos Ensinos do Salvador; “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.” Mat 6;24

Não que o dinheiro em si seja uma coisa má; é um bem, necessário. O mal surge quando vira alvo de nosso sentimento, motivo de servidão.

Aí os que pediriam abertura da cadeia, não da mente, os egoístas materialistas, que usam a Palavra de Deus como “Manual de Prosperidade”, eventualmente partilham o Salmo 91, sobre “Repousar à Sombra do Onipotente” enquanto entram nas longas filas lotéricas para seu culto.

Dinheiro como conhecemos tem seus dias contados. Na Europa vários países limitam pagamentos em dinheiro, a mil, alguns, dois mil Euros; ideal é uso de cartões, ou as tais moedas digitais.

Breve, quem não tiver a marquinha aquela, selo de propriedade do Capeta não terá mais como comprar nem vender nada.

Quem vende a alma por dinheiro venderá; quem ama ao Senhor acima de tudo fará proezas de fidelidade.

“Faz (a besta) que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja posto um sinal na sua mão direita, ou nas suas testas, para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome.” Apoc 13;16 e 17

A pobreza nem de longe é nosso maior mal. O problema mor, que leva milhões à perdição é a incredulidade.

Na pandemia, quantos cuidados, muitos inócuos até, as pessoas tomam, acreditando proteger suas vidas. Aquilo em que acreditamos, deveras, molda nosso modo de agir.

A “fé” que não nos alinha à Palavra de Deus e só uma fraude de quem, em consórcio com o Capiroto trai a si mesmo.

Enfim, enquanto egoísmos, projetos rasos e autônomos, melindres vários forem mais importantes que a verdade, que o Propósito do Eterno, ainda estamos presos à carne, e alienados da cruz.

Nossos ritos, religiosidade, fluência em “evangeliquês”, nossas partilhas de porções bíblicas nos colocam perto de Cristo; 

havia dois ladrões ao Seu lado quando da crucificação; um pereceu por, estando perto, ter preservado a presunção egoísta; outro foi salvo, pois, mais que, perto, desejou estar Em Cristo.

Sendo Deus Onipresente, ninguém está longe Dele, estritamente; sendo Santíssimo, nenhum pecador se aproxima para remissão, sem O Redentor.

sábado, 5 de setembro de 2020

Perto de Deus, mas não muito


“Porque os judeus pedem sinal, os gregos buscam sabedoria;” I Cor 1;22

Dois povos ansiando por luz, cada um de um jeito; os gregos pelo caminho da reflexão filosófica, uma espécie de “Novo Testamento” da era mitológica de deuses imortais com vícios humanos que seus antigos forjaram. A razão derivada dos mitos seria o “antítipo” das figuras aquelas.

Foi por contestar coisas assim, aliás que Sócrates foi acusado de “corromper à juventude”; em sua busca racional ousava desacreditar, eventualmente, grandes figuras, bem com seus escritos; Homero, em seus poemas dissera que determinados deuses mentiam; Sócrates em sua análise contestou: “Se, são deuses não podem mentir; se, mentem não podem ser deuses.” Assim de uma só vez desbancava Homero, e algumas partes da farta mitologia existente.

Os judeus esperavam algo de Celeste Origem. Dado o pretérito de ricas intervenções Divinas em favor do Povo, das promessas aos Patriarcas, e muitas profecias existentes, sendo que uma delas, falava, justo, que Deus lhes daria um sinal; “Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, dará à luz um filho e chamará Seu Nome Emanuel.” Is 7;14

Quando a “Estrela de Jacó” outro sinal prometido brilhou, estrangeiros vieram de terras distantes para ver, enquanto dormiam os que estavam perto.

Emanuel significa Deus Conosco; entretanto, quando Jesus se dizia Filho de Deus o queriam apedrejar por blasfêmia.

Afinal, Deus conosco significa Ele nos amparando, dirigindo, abençoando, não necessariamente assumindo a forma humana. Seria essa uma interpretação plausível do texto.

Porém, havia mais sobre a “Encarnação do Verbo”: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o principado está sobre Seus ombros; se chamará o Seu Nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.” Is 9;6

Assim, invés de uma blasfêmia era um promessa; portanto, algo a se esperar.

Para os gregos, os muitos deuses deveriam fruir as delícias do Monte Olimpo, seu habitat, sendo sempre imortais. A ideia de um que se deixasse matar por mãos humanas seria insensatez.

Aos o judeus a coisa seria ainda pior; admitido que Deus se fizera carne, como deveriam esperar segundo as profecias, e, invés de honrá-lo adorando-o, o mataram, isso os escandalizava sobremaneira. “Nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, loucura para os gregos. Mas para os que são chamados, tanto judeus quanto gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus.” Vs 23 e 24

O ato insano dos judeus derivou da falta de sabedoria; “... sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; a qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória.” Cap 2;7 e 8

Pregando aos filósofos gregos no Areópago Paulo fez a necessária separação entre O Eterno e os deuses humanos; fossem esculturas, ou mesmo, os mitos todos de produção terrena; disse: “Deus fez o mundo e tudo que nele há... Sendo nós, pois, geração de Deus, não havemos de cuidar que a divindade seja semelhante ao ouro, prata, ou pedra esculpida por artifício e imaginação dos homens. Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, em todo o lugar, que se arrependam;” Atos 17;24, 29 e 30

Se, aos judeus faltou sabedoria, e “sábios” gregos viviam tempos de ignorância, todos navegavam no mesmo barco. “Mas para os que são chamados, tanto judeus quanto gregos, lhes pregamos Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus. Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte...” Vs 24 e 25

Em ambos os povos as reações foram semelhantes; rejeição pela maioria e conversão de poucos. A luz soa desejável, jamais nos incomoda quando mostra a nudez alheia; o problema da Luz de Cristo é que ela mostra a nossa.

Platão dissera: “A verdadeira tragédia não são as crianças com medo do escuro; antes, adultos com medo da luz.”

O Salvador denunciou isso; “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más.” Jo 3;19

Enfim, quando busco as coisas do meu jeito, ainda estou no princípio satânico aquele que sou eu que decido acerca do bem e do mal.

Sendo “O temor do Senhor o princípio da sabedoria...” invés de derivados, busquemos Ao Senhor; se Ele se agradar de nós, nos galardoará segundo bem lhe parecer. “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe, e que é galardoador dos que O buscam.” Heb 11;6

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

O quê pedir a Deus?


“Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites.” Tg 4;3

Eventualmente deparo com: “O que você pediria a Deus nesse momento”; as mais variadas respostas surgem; e, algumas questões também vêm à tona vivenciando isso.

É que, o verbo no futuro do pretérito, “pediria” traz uma ideia quase de subjuntivo, fica implícito um, “se fosse possível, se Deus lhe ouvisse,” ou, algo assim.

Para muitos a impressão que dá é que Deus seria um “Gênio da lâmpada” que, uma vez “liberto” concederia três pedidos ao bel-prazer do seu benfeitor.

Como vimos, os pedidos são negados, quando os alvos são egoístas, mesquinhos. “Pedis e não recebeis porque pedis mal ...”

Uns fazem uma interpretação conveniente de determinados textos, e à luz dessa “interpretação” Deus se lhes torna “Devedor”;

Por exemplo: “Deleita-te no Senhor; Ele te concederá os desejos do teu coração.” Sal 37;4 Aí algum incauto decide que está alegre no Senhor; portanto, O Eterno lhe “deve” satisfazer os três pedidos, digo; os desejos do seu coração. Será que é assim mesmo?

Ora, quando minha alma se deleita, (alegra) “no Senhor” ela não deseja mais nada senão, O Próprio Senhor. Quando me alegro Nele, na Sua Presença, Ele me concede mais disso; “Ao que tiver, mais se lhe dará...” Pois, “Se alguém me amar será amado do Meu Pai; viremos para Ele e faremos nele morada.”

Claro que, O Todo Poderoso não é encontrável nalguma garrafa envelhecida, imagem esculpida ou coisa assim. Se dá a conhecer mediante Sua Palavra, e Seus valores; Davi, pois, desejou contemplar a Face de Deus na Justiça; “Quanto a mim, contemplarei Tua Face na justiça;me satisfarei da Tua Semelhança quando acordar.” Sal 17;15

Se, socorrendo um desvalido estamos fazendo-o a Jesus, então, as possibilidades de “vermos Deus” são muitas.

Paulo, malgrado seu privilégio de conhecer Cristo fisicamente disse que não era aquilo que importava; mas, conhecê-lo espiritualmente provando das transformações que isso enseja; “Assim que daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne; ainda que também tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, agora já não O conhecemos deste modo. Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5;16 e 17

Demócrito dizia que para se transformar a realidade precisamos antes, conhecê-la.

Conhecer O Senhor é diferente de conhecer a uma pessoa qualquer, ante à qual dizemos: “Prazer, eu sou...” O conhecimento de Deus é facultado pelo Seu Espírito e Sua palavra; diante disso nossa realidade fica mais clara e dizemos: “Perdão Senhor! Sou indigno pecador.”

O Eterno não ameniza nossa confissão para diminuir seu peso, antes, aconselha uma mudança, enquanto perdoa; “Deixe o ímpio seu caminho; o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para nosso Deus, porque grandioso é em perdoar. Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus; diz o Senhor.” Is 55;7 e 8

“A alegria do Senhor é nossa força”
como disse Neemias, e O Senhor se alegra quando falamos coisas retas, “Filho meu, se teu coração for sábio, alegrar-se-á o meu; sim, o meu próprio. Exultarão meus rins, quando teus lábios falarem coisas retas.” Prov 23;15 e 16 Nada mais reto que um pecador reconhecendo seus caminhos tortos.

Se, por um lado Deus não se nos dispõe, como fez com Salomão, “Pede-me o que quiseres!” O Salvador ensinou; “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á.” Mat 7;7

Todavia, no contexto imediato Ele desaconselhou a ajuntar tesouros na Terra; advertiu da impossibilidade de se servir a Deus e as riquezas, e ensinou priorizarmos O Reino de Deus e Sua justiça, não as demais coisas; isso deveria deixar claro, que tipos de pedidos nos serão atendidos.

Em se tratando de sabedoria para servir com justiça, como fez Salomão, sempre será um pedido agradável ao Santo; algo que também poderemos fazer, embora, nosso esforço nesse sentido deva concorrer também. “Se clamares por conhecimento, por inteligência alçares tua voz, se como a prata a buscares, como a tesouros escondidos a procurares, então entenderás o temor do Senhor, acharás o conhecimento de Deus.” Prov 2;3 a 5

Quanto às posses materiais eu gosto da sobriedade esposada por Agur, nas palavras que escreveu; “Duas coisas te pedi; não mas negues, antes que morra: Afasta de mim a vaidade e a palavra mentirosa; não me dês nem pobreza nem riqueza; mantém-me do pão da minha porção de costume; para que, porventura, estando farto não te negue, e venha a dizer: Quem é o Senhor? ou, empobrecendo, não venha a furtar, e tome o Nome de Deus em vão.” Prov 30;7 a 9

terça-feira, 1 de setembro de 2020

O Necessário e o Proveitoso


Sabe aquela frase mágica que ainda não foi dita, pensada ou escrita? Eu também não sei. Morremos dez minutos em busca de uma ideia original e descobrimos ter morrido em vão. O fato de estarmos morrendo a prestação, em consórcio com o tempo não significa que não estejamos...

Se, penso contrapor a voz à quietude, vem Eduardo Galeano, ou, um provérbio hindu, prescrevendo a fala só quando for melhor, ou mais digna que o silêncio. Mas, isso é possível?

Não há dignidade em se tomar à força o lugar de outrem; não creio que as palavras brotem em atenção a valores nobres ou dignos, mas por ser uma necessidade psicológica. A alma carece “ir ao banheiro.”

Me ocorre certo personagem bíblico; “Porque estou cheio de palavras; o meu espírito me constrange. Eis que dentro de mim sou como o mosto, sem respiradouro, prestes a arrebentar, como odres novos. Falarei, para que ache alívio...” Jó 32;18 a 20 

Se, a qualidade do que se vai falar difere de uns para outros, eventualmente, a necessidade de fazê-lo é comum a todos.

O problema do silêncio é que ele fala demais, e nem sempre cabe na bainha; aí então, a palavra brota, não como planta valiosa, mas como mera intumescência, um inflado tumor, incômoda espinha.

Seguidamente recorro a uma frase de Plutarco: “A mente não é um vaso para ser cheio, mas um fogo a ser aceso.” Então, quando me disponho a pensar, e uma “Ordem Unida” de frases feitas vem bater continência, me vejo tentado a empilhar ideias alheias, onde deveria deixar que nasçam as minhas. Enfim, encher o vaso invés de acender o fogo.

Não que seja desprezível ter um depósito de boas coisas que outros pensaram antes de nós e nos deram de bandeja. Mas, a droga do lugar comum, do comodismo, da preguiça mental soam mais, como a proverbial boca torta pelo vício do cachimbo, que um bom uso da arte de falar. E nesse caso o silêncio seria mesmo mais valioso. “O tolo quando se cala é reputado por sábio”.

Se, a arte de escrever nos permite sermos tagarelas discretos, isso não muda o fato de que falamos quando poderíamos ter silenciado.

E, desculpem mas, preciso pegar um feixe da prateleira, um provérbio chinês sobre o tema; diz: “A palavra que tens dentro de ti é tua escrava; a que deixas escapar é tua senhora”. Assim, sem nenhum motivo aparente saímos alforriando nossas escravas, enquanto rumamos à senzala das cobranças, voluntariamente.

Vivemos tempos estranhos, de valores invertidos, onde se apregoa a torto e a direito que, o ser vale mais que parecer, ou mesmo, ter; e que qualidade é superior à quantidade.

Entretanto, a praticidade da vida normalmente mostra o contrário; a roupa vale mais que o corpo, as coisas anexas ao casamento, mais que o amor; o culto importa mais que Deus, a cerimônia fúnebre mais que o morto, e falar de coisas profundas mais que se aprofundar no sentido das mesmas.

O Salmo primeiro menciona como abençoado um que, depois de rejeitar maus conselhos, maus caminhos e ambientes, medita na Lei do Senhor dia e noite. O que é meditar, senão, aprofundar-se?

Adiante a figura é mui eloquente; diz que o tal será como árvore plantada junto a um curso d’água, que, mesmo em tempos de seca não deixa de dar fruto. 

Se, em tempos de estio a água não está na superfície, aquele que aprofundou suas raízes na compreensão do que é valioso, “bebe” o necessário para dar frutos, quando as circunstâncias sugerem que não.

Quantos que, em virtude da pandemia que grassa brincam que esse ano não valeu, não o somarão em suas idades, e coisas do tipo; embora o tom jocoso para muitos é sério; pensam mesmo assim. Que em tempos de restrições, do “estio” de calor humano e das festanças várias, a vida não faz sentido. Pelo medo da morte estão sujeitos à servidão, como diz em Hebreus.

Todavia, esse estio é um tempo oportuno para quem tem raízes profundas produzir frutos mais valiosos ainda.

Se, a Palavra dita se nos fará Senhora, por quê não, invés de nossas falas, repetirmos à Bendita Palavra de Deus? Fazendo isso ou não, ela tem autoridade sobre nós de qualquer maneira. “... A Palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia.” Jo 12;48

Enfim, se no prisma existencial, apenas, a cada minuto que passa morremos um minuto, para quem “Nasceu de novo” herdou vida eterna, foi feito “Plantação do Senhor” junto ao Rio da Água da Vida, esse estio de valores, mais letal que qualquer pandemia, não o faz murchar; antes, produzir oportunamente o Delicioso Fruto do Espírito.