sábado, 12 de setembro de 2020

A escuridão luminosa da fé


“Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, possais alcançar a promessa.” Heb 10;36

“... necessitais de paciência...”
A paciência não é uma opção, uma possibilidade; antes, uma necessidade.

As coisas possíveis são derivadas do arbítrio, as necessárias um imperativo, sem o qual, não se pode obter determinado fim.

Quando Moisés subiu ao monte ter com Deus, e ordenou que esperassem pela sua volta, a única necessidade expressa fora essa; que o povo esperasse. Contudo, ele “demorava demais”, a plebe tinha pressa de “cultuar a Deus”.

Antecipar-se ao Eterno, não apressou Sua Ação; só trouxe à baila os anseios humanos, totalmente opostos ao Divino. Como não evocar a edênica sugestão; “Vós mesmos sabereis o bem e o mal?” Logo, ou esperamos Em Deus, ou, de modo autônomo, egoísta, independente, agimos em Satanás. Grave assim!

Aflição e pressa onde Deus deseja confiança são apenas dores de parto de nossos “Bezerros de ouro”, tomando o lugar da fé verdadeira, que é muito mais preciosa que ouro.

Isso se demonstra nas adversidades, como advertiu Pedro. “... necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações, para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, honra e glória, na revelação de Jesus Cristo;” I Ped 1;6 e 7

Não são meus projetos que devem se realizar, no final, mas, minha fé deve triunfar à não realização, de modo tal, que no fim, mereça louvores, honra, glória até.

Então, diferente das prédicas da praça, que a fé faz acontecer o que desejamos, a sadia, faz com que sigamos confiantes no Eterno, quando elas não acontecem. Não fosse assim, invés de fé genuína, não passaria de velhacaria humana a serviço de esperteza comercial. Algo que até o Capeta desprezaria; acusou Jó de agir assim.

Ora, nós, finitos e mortais, ineptos e ignorantes, sequer sabemos a hora das necessidades fisiológicas; andamos alheios aguardando “ordens” dos nossos “chefes”, contudo, em coisas de relevância eterna nos atrevemos a duvidar de Deus.

Fácil “filosofar”, estilo colar adesivos, como tantos fazem, que Deus não falha, que há um tempo determinado para tudo, que podemos esperar com paciência Nele; etc.

Porém, viver dessa forma, mesmo quando nossos anseios não se cumprem, manter a confiança e paciência intactas, mesmo quando nossos anelos resultam em fracassos, em provas desafiadoras, aí é um estágio de maturidade espiritual alcançado por poucos, infelizmente.

Essa “perfeição”, enseja discernimento das coisas, aos Olhos Divinos, não satânicos; “O mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto o mal.” Heb 5;14

“... paciência para que, depois de haverdes feito a Vontade de Deus...”
Ora, se meu alvo deve ser o cumprimento da Vontade Divina, onde a permissão, ou a possibilidade remota para que eu imponha a minha?

“Ai daquele que contende com seu Criador! caco entre outros cacos de barro! Porventura dirá o barro ao que o formou: Que fazes? ou a tua obra: Não tens mãos? Ai daquele que diz ao pai: Que é o que geras? E à mulher: Que dás tu à luz?” Is 45;9 e 10

Se, outra necessidade posta como indispensável à conversão é o “Negue a si mesmo”, isso é uma síntese do que fora dito por Isaías; ele esmiuçara em quê consiste, tal negação; “Deixe o ímpio seu caminho, o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para nosso Deus, porque grandioso é em perdoar. Porque Meus pensamentos não são os vossos; nem vossos caminhos os Meus, diz o Senhor.” Is 55;7 e 8

“... feita a Vontade de Deus, possais alcançar a promessa.”

Ora, nosso exercício em paciência e fé em meio às adversidades não é um sorteio do “Jogo do bicho” para ver se acertamos; e, acertando, se será no prêmio maior, ou, noutro secundário; antes, é um exercício de santificação, de purificação das vontades rasas, rumo a algo que O Eterno já nos preparou, e deseja que alcancemos.

Valentões virtuais costumam se jactar em termos assim: “Ninguém derruba aquele que Deus sustenta!” Será? A Bíblia ensina diferente. “Porque sete vezes cairá o justo, e se levantará...” Prov 24;16

Enfim, a jornada da fé não é para que escolhamos o que queremos obter, crendo; é um processo de purificação no escuro o “Vale das sombras da morte”, onde, muletas circunstanciais nos são tiradas; nos é dado “apenas” um Nome, cujo Poder e Integridade bastam.

“... Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor, firme-se sobre o seu Deus.” Is 50;10

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