domingo, 27 de setembro de 2020

Vida no Deserto

“Eu te conheci no deserto, na terra muito seca. Depois eles se fartaram em proporção do seu pasto; estando fartos, ensoberbeceu-se seu coração, por isso esqueceram de mim.” Os 13;5 e 6

Quando Deus afirma que conheceu a Israel no deserto, não é apenas uma figura de linguagem; era desértico o cenário, no prisma da liberdade, vida espiritual, e literalmente, quando da jornada do Êxodo; O Eterno os sustentou por 40 anos, de modo milagroso.

É fácil ser “fiel” quando dependo que o Maná caia durante a noite, para que eu o coma no dia seguinte.

Porém, a jornada no deserto, ainda que tenha durado 40 anos, muito mais que o necessário à travessia que seria de meses, como juízo pela incredulidade, ainda que tenha durado tanto, digo, era transitória; ao determinado tempo, O Eterno os introduziu sob a liderança de Josué, na Terra da Promessa, plena de fartura.

“No outro dia depois da páscoa, nesse mesmo dia, comeram, do fruto da terra, pães ázimos e espigas tostadas. Cessou o maná no dia seguinte, depois que comeram do fruto da terra, os filhos de Israel não tiveram mais maná; porém, no mesmo ano comeram dos frutos da terra de Canaã.” Js 5;11 e 12

Um mais desavisado talvez dissesse: “Canaã, finalmente! Os problemas acabaram!” Bem, depende do quê, se considera problema. Pois, no quesito relacionamento com Deus, parece que a fartura atrapalhou; “... estando fartos, ensoberbeceu-se seu coração, por isso esqueceram de mim.”

É doentia essa ética utilitarista de muitos “cristãos” onde, O Todo Poderoso, invés de temido, adorado e cultuado como convém é tido como um pneu reserva, esquecido e só lembrado quando fura um dos que estão rodando.

Assim, Deus é buscado quando lapsos emocionais, relacionais, materiais assomam; mas, dirimido isso “não é mais necessário”. Uma blasfema inversão, que faria do pecador o Senhor, e do Eterno, O Servo.

Claro que Deus é “Socorro bem presente na angústia...” e Ele mesmo desafiou: “Invoca-me no dia da angústia...” ou seja: Continua conhecendo os desvalidos, no deserto. A questão é como será nossa postura após o livramento.

A fé sadia é base de um relacionamento que vai muito além das circunstâncias, como ensinaram Habacuque e Paulo, por exemplo: Aquele disse: “Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, nos currais não haja gado; todavia, me alegrarei no Senhor; exultarei no Deus da minha salvação.” Hc 3;17 e 18

O Apóstolo ampliou: “... aprendi contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido e também ter abundância; em toda a maneira, em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, quanto ter fome; tanto a ter abundância, quanto padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.” Fp 4;11 a 13

As circunstâncias devem ser, como a palavra sugere, aquilo que nos circunda; está ao redor, não dentro de nós, onde deveria ser habitat de fé, que opera por amor; de tal modo que enseja obediência a despeito do que nos rodeia a atrai a Divina habitação ao nosso frágil “templo”. “... Se alguém Me ama, guardará Minha palavra; Meu Pai o amará; Viremos para ele e Faremos nele morada.” Jo 14;23

Deus É plenitude, vida; não um oásis circunstancial, que após um socorro pontual na jornada já não serve mais.

Essa perversão de “transformar pedras em pães”; digo, uso da fé para “alquimias materialistas”, isso foi sugestão do Capeta, lembremos.

Se a fé, pela sua natureza tem “olhos” peculiares que podem nos deixar, como Moisés, “firmes como que vendo o invisível”, nossos desertos eventuais não deveriam fomentar dúvidas que Canaã nos espera. Deus é Fiel.

Assim como, na aridez que nada poderia gerar Deus enviava o alimento dos Céus, na “noite escura da alma,” a fé sadia saberá onde comer; “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor; firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10

Estamos no limiar do pior de todos os desertos, o espiritual; breve, instaurado o império do Anticristo, a mensagem da Graça será reputada “discurso do ódio” falar a verdade, “fundamentalismo”; não se alinhar à igreja ecumênica, balaio de gatos, será sedição; firmeza na fé vai custar muitas vidas.

Aí, a importância vital de ter olhos que vão além do circunstante e veem o devir, mais que a situação momentânea. “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada.” Rom 8;18

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