“…mataram
os teus profetas à espada, e só eu fiquei; e buscam a minha vida para
tirarem. …a Eliseu, filho de Safate de Abel-Meolá, ungirás profeta em
teu lugar. Também deixei ficar em Israel sete mil: todos os joelhos que
não se dobraram a Baal, e toda a boca que não o beijou.” I Rs 19, 14,
16, e 18
Tendemos
a universalizar nosso existenciário; derivar a “verdade” das
circunstâncias; generalizar as experiências. Um homem que teve duas ou
três decepções com mulheres infiéis, dirá: “A única mulher que presta é
minha mãe”. Por outro lado a mulher que padeceu o mesmo; “Todos os
homens são iguais, nenhum presta”. Outro que conviveu com ministros que
pareciam fiéis e se revelaram hipócritas dirá que a fidelidade é
fachada, só existe hipocrisia.
É
próprio da natureza caída permitir que o peso da decepção esmague o
pleito da razão, do bom senso. Elias estivera fugitivo e solitário por
mais de três anos; sobre os profetas do Senhor só soubera notícias de
morte, perseguição; assim, concluiu: “Mataram Teus profetas e fiquei só".
O Senhor ordenou que ungisse a Eliseu em seu lugar e lembrou que havia
sete mil em Israel que se mantinham fiéis; dos quais, a qualquer um lhe
faria sucessor se o desejasse.
Uma
das razões que justifica sobejamente a primazia de Deus em nossas vidas
é Sua Onisciência; pois, deriva seus atos de um “existenciário”
universal, dada, Sua Onipresença.
Outra
faceta humana é usar a circunstância adversa como “prova” que as
promessas de Deus falham como se coubesse a nós determinar o tempo e o
modo adequados para se cumprirem.
Moisés sofreu com isso durante o
Êxodo; “Porventura pouco é que nos fizeste subir de uma terra
que mana leite e mel, para nos matares neste deserto, senão que também
queres fazer-te príncipe sobre nós?” Num 16; 13
Para os
rebeldes, então, o fato de que Moisés “não cumprira” o que prometera era
motivo para disputarem espaço no governo. Ao invés de terem olhos em
Canaã a terra que “mana leite e mel” falaram assim do cativeiro egípcio
falseando a verdade para justificar a rebelião. Os políticos de hoje já
se faziam representar.
Acontece
que a marcha para Canaã fora detida precisamente pela rebeldia e
incredulidade; se ainda vagavam no deserto era por causa do Juízo de
Deus, não, falha de Moisés. Mas, sempre é mais fácil transferir a culpa.
Só que ante O Eterno, não funciona. Quando Davi mandou que Joabe
tirasse a cobertura do valente Urias, para que morresse em combate, Deus
Sentenciou ao rei: “…mataste com a espada dos filhos de Amom.” II Sam 12; 9
Do
mesmo modo, quando nos recusamos à prática do que é justo,
“justificados” por experiências infelizes, estamos tentando fugir à
responsabilidade; traindo a nós mesmos.
Nossas experiências não limitam a aventura humana; nosso horizonte não
abarca um milionésimo das possibilidades de Deus; e a generalização é
incoerente. Sempre brota de lábios frustrados pois esperavam que as
coisas fossem diferentes e concluem que são iguais; nesse caso, firmam
sua “razão” no fato de terem sido irracionais; esperado coisas que “não
existem”.
Ora, como bem disse Shakespeare, “há mais coisas entre o céu e a terra que supõe nossa vã filosofia”. Como a fé é o “firme fundamento das coisas que não se veem…”
aqueles que por ela vivem devem contar com o inusitado, o fato novo,
dada a criatividade de Deus.
Claro que resultados palpáveis são
edificantes e muitas coisas se repetem; contudo, os olhos da fé podem
ver até melhor quando os da carne nada veem, como os três dias de
cegueira de Paulo.
O
moço de Eliseu, sucessor de Elias, viu certa vez um cerco de inimigos e
se apavorou. O profeta orou para que ele visse um pouco do que há
“entre o céu e a terra”. “E ele disse: Não temas… E orou Eliseu,
e disse: Senhor, peço-te que lhe abras os olhos para que veja. E o
Senhor abriu os olhos do moço e viu; e eis que o monte estava cheio de
cavalos e carros de fogo em redor de Eliseu.” II Rs 6; 16 e 17
Assim,
os que “justificam” a apostasia evocando como argumento experiências
infelizes, além de patentearem sua incoerência, anexam seu atestado de
ignorância bíblica; pois ela adverte que os últimos dias seriam
precisamente assim. “Sabe, porém,
isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá
homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos,
blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos” II Tim 3; 1 e
2
O incoerente é um “soldado prudente” que cava duas trincheiras; uma para resistir ao bom senso, outra para enterrar a esperança.