“Para
a tua perda, ó Israel, te rebelaste contra mim, a saber, contra o teu ajudador.
Onde está agora o teu rei, para que te guarde em todas as tuas cidades, os teus
juízes, dos quais disseste: Dá-me rei e príncipes? Dei-te um rei na minha ira,
tirei-o no meu furor.” Os 13; 9 a 11
O Senhor estava evocando mediante Oseias um
incidente, onde, a pretexto de maus passos dos filhos de Samuel rejeitaram seu
governo pedindo um Rei em seu lugar.
Deus disse ao profeta que O rejeitado era
Ele próprio. “E disseram-lhe: Eis que já estás velho, teus filhos não andam
pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora um rei sobre nós, para que ele
nos julgue, como o têm todas as nações.” I Sam 8; 5 “E disse o Senhor a Samuel: Ouve a voz do
povo em tudo quanto te dizem, pois não te têm rejeitado a ti, antes a mim têm rejeitado, para eu não reinar sobre eles.”
V 7
Sendo a Bíblia o que é; livro
idôneo, não omite o fato que, os filhos de Samuel, realmente não lhe imitavam.
Todavia, mesmo velho, Samuel ainda presidia com integridade, e, quando chegasse
a hora de buscar um substituto o problema seria de Deus, não, dos anciãos do
povo, como ocorreu.
Como é fácil a transferência de culpa para disfarçar nossas
rebeliões interiores! Na verdade, esse vício foi o primeiro “lenitivo”
encontrado, tão logo a culpa passou à consciência do primeiro casal.
Por que a
psicologia secular que culpa aos pais, a sociedade, aos complexos, etc. é
sempre melhor aceita que a Palavra de Deus? Porque essa “ciência” labora em
prol dos vícios humanos, trazendo embutida uma pretensa bondade inata, que
fatores externos corrompem. Assim, um “serial killer”, por exemplo, não é mau,
antes, doente; afinal, é isso que significa: Psicopata. Doente de alma.
A
Bíblia não faz assim, antes, dá nomes aos bois; coloca o dedo na ferida. “De
que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados.” Lam
3; 39
Quantas vezes convivemos com pessoas que, durante três ou quatro anos
congregam em paz sob a liderança de certo pastor. De repente, sem nenhum fato
novo, determinado “fiel” começa a ver defeitos em seu líder, questionar e
resistir sua autoridade, pois, ele “está errado”?
Uma consequência imediata de se rejeitar a
Deus no coração é a rejeição de quem O representa no teatro das ações. Foi assim nos dias de Samuel, como fora nos de
Moisés, quando da rebelião de Datã, Abirão e Coré, por exemplo. Não entraram na Terra prometida por
incredulidade, desobediência. À sentença de vagar no deserto proferida por
Deus, rebelaram-se e culparam a Moisés de não tê-los levada à Terra da
Promessa.
Por que é tão difícil ao ser humano olhar para dentro de si mesmo, e
tão fácil perceber falhas alheias? Lembro uma frase de autor desconhecido que
define bem a coisa; “Reconhecemos um louco sempre que o vemos, nunca, quando o
somos.”
A busca da falha alhures traz
embutida a pretensão egoísta e hipócrita que não há falhas em nós. O Salvador curou
circunstancialmente essa patologia quando do episódio da mulher adúltera. Todos
prontos a apedrejá-la; O Salvador desafiou: “Aquele dentre vós que estiver sem
pecado seja o primeiro a atirar pedra.”
Sabemos que, a uma mudança de prisma, a fúria condenatória sumiu.
Não
significa, contudo, a instituição do auto-apascentamento, que cada um é pastor
de si mesmo, uma vez que ninguém pode atentar em erros alheios. Antes, está
dito: “Tira primeiro a trave de teu olho, depois, o cisco do olho de teu irmão.”
Desse calibre devem ser pastores, e demais líderes espirituais que representam
a Deus na Terra.
Não se trata de colocá-los acima do bem e do mal; antes, de
que devem ser obedecidos e imitados, a menos que seu modo de vida destoe da
mensagem que ensinam. Quem rejeita
arbitrariamente diretrizes de líderes fiéis, em última análise, rejeita a Deus
que os constituiu.
Quando somos refratários às lideranças colocadas pelo Santo,
acabamos colocando nosso ego no lugar. Na hora do mau tempo que virá, nada
valerá clamarmos a Deus. Se, disse, àqueles: “Onde está o rei que pedistes”?
Dirá a nós: Onde está a tua própria sabedoria que decidistes seguir, invés
daqueles que comissionei para te guiarem?
Seria insano alguém cortar regularmente
a grama do pátio do vizinho e deixar crescer a sua abrigando cobras, escorpiões.
De um assim diríamos: Louco, fora da casinha!
Mas, precisamente isso fazemos
nos domínios espirituais, quando, somos ciosos e atentos aos erros alheios, e
ignoramos aos nossos. Olhemos no espelho
da Palavra, pois, é possível que tenhamos bastante grama para cortar.