quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Iguais; diferentes


“Então voltareis e vereis a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus, e o que não serve.” Ml 3;18

As diferenças entre as pessoas sempre foram elementares; “Ninguém é igual a ninguém; todo ser humano é um estranho ímpar.” Carlos Drummond de Andrade.

“O amor é quando as diferenças não são mais capazes de separar.” Luany Moura

“Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente.” Rom 14;5 etc.

Porém, o sistema globalista com sua onda massificante, como que, criminaliza às diferenças, sonega peculiaridades, tenta descaracterizar indivíduos submergindo-os na massa. Vícios furtaram vestes da virtude; escrúpulos morais foram relidos como radicalismos, exclusões, fobias.

Há uma igualdade inegável entre humanos, no que tange a direitos, dignidade, liberdade de consciência, locomoção, escolhas, valor da vida; isso vai muito além de etnias, cultura, nível intelectual.

Entretanto, como nas possibilidades da caminhada, nem todos optam por veredas virtuosas, (na verdade, muitos tomam rotas viciosas) tendo todos, embarcado na igualdade do arbítrio, no desenrolar de nossas vivências, desembarcamos no porto da diversidade social, moral, econômica, cultural, espiritual, para onde nos levaram os ventos das nossas predileções, e os frutos das nossas ações.

Como disse alguém, “somos todos iguais; mas, uns mais iguais que os outros.”

Só na hora do juízo é que se verá claramente a diferença entre justo e ímpio; subentendemos então, que a sorte pode fazer trapaças; dar ao de mau caráter, haveres que lhe não pertencem; bem como, ao bom, permitir privações não condizentes com seus méritos.

Alguém ficou perplexo um dia, vendo a fartura, a boa vida, em consórcio com os maus; “Eu tinha inveja dos néscios, quando via a prosperidade dos ímpios. Porque não há apertos na sua morte, mas firme está sua força. Não se acham em trabalhos como outros homens, nem são afligidos como os outros.” Sal 73;3 a 5

Chegou a cogitar que seria inútil a opção pela virtude na caminhada; “Na verdade que em vão tenho purificado meu coração; lavei minhas mãos na inocência.” V 13 Depois, considerou a Justiça Divina e refez: “Se eu dissesse: Falarei assim; eis que ofenderia a geração de Teus filhos. Quando pensava em entender isto, foi para mim muito doloroso; até que entrei no santuário de Deus; então entendi o fim deles. Certamente Tu os puseste em lugares escorregadios; Tu os lanças em destruição.” Vs 15 a 18 Outra vez, a diferença entre o justo e o ímpio perante Deus.

Pois, se a recompensa fosse imediata, bem poderia que, o mero interesse patrocinasse atos dos espertalhões, sem o desejável amor pela justiça.

Platão disse mais ou menos o seguinte: “Quando alguém for considerado justo, lhe caberão elogios, reconhecimento, aplausos por isso; assim ficaríamos impedidos de saber se o tal é justo por amor à justiça, ou, aos louvores recebidos. Convém, pois, privá-lo de todas essas coisas; se ainda assim, persistir na vereda da justiça, certamente o é, porque ama-a.”

Deus não apenas Permite que soframos privações; desafia-nos a sermos coautores delas. “Negue a si mesmo”; “Crucifique à carne e suas paixões”, “Quem perder sua vida por amor de Mim, achá-la-á”; etc.

Aquela igualdade inicial, do ponto-de-partida, perde-se ao longo da carreira; pois, os direitos iguais para fazer escolhas foram usados de maneiras diferentes, tornando diversos também, os viventes e suas sortes.

Aristóteles disse com muita propriedade: “A pior forma de desigualdade é considerar iguais, aos que são diferentes.”

Deus não age assim: “Longe de Ti que Faças tal coisa, que Mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de Ti. Não Faria justiça O Juiz de toda Terra?” Gn 18;25

No prisma do amor e do propósito, a igualdade permanece; “Pregai o Evangelho a toda criatura” “Vinde a Mim Todos...”

Para comunhão, diferenças separam; “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; que sociedade tem justiça com injustiça? Que comunhão tem luz, com trevas? Que concórdia há entre Cristo e Belial? Que parte tem o fiel com o infiel? Que consenso tem o templo de Deus com ídolos? Porque vós sois templo do Deus Vivente, como Deus disse: Neles Habitarei, entre eles Andarei; Serei seu Deus e eles serão Meu povo. Por isso saí do meio deles, apartai-vos, diz o Senhor, não toqueis nada imundo, e vos receberei.” II Cor 6;14 a 17

Nem tanto ao mar, nem à terra; iguais a ponto de não nos sentirmos superiores; mas, cientes que, não se pode mesclar vício e virtude.

“Lutar pela igualdade sempre que as diferenças nos discriminem; lutar pelas diferenças sempre que a igualdade nos descaracterize.” Boaventura de Souza Santos

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