segunda-feira, 31 de outubro de 2022

A Noite


“Sua Ira dura só um momento; no Seu Favor está a vida. O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.” Sal 30;5

O salmista atribuiu seu choro à Ira de Deus; não pareceu esposar a ideia de que O Eterno o estaria punindo diretamente; antes, deixando-o à mercê da sorte; “... Tu Encobriste Teu Rosto, e fiquei perturbado.” v 7

Isaías explicou os motivos; “Vossas iniquidades fazem separação entre vós e vosso Deus; vossos pecados encobrem Seu Rosto de vós, para que não vos ouça.” Is 59;2

Esse “desprezo” Divino fora lido como manifestação eventual de ira. Todavia, a esperança albergava-se na Divina Misericórdia; “... no Seu Favor está a vida.” Adiante, comemorou: “Tornaste meu pranto em folguedo; desataste meu pano de saco, e me cingiste de alegria.” v 11 A noite tinha acabado.

O silêncio, esperas, nãos, de Deus, têm uma eloquência mui forte para quem sabe ouvir. Por vezes, mesmo que, em Sua Misericórdia perdoe nossos pecados, permite que sorvamos alguma parcela de consequências com função didática. Em Sua Contrariedade, não nos faz comer o fruto dos nossos erros, mas, beber um chá de suas folhas amargas, para que aprendamos quão maus eles são.

Embora nos tenha plantado para darmos bons frutos, não raro, O decepcionamos, como fez a nação de Israel; Ele reclamou frustrado: “Porque a vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel, os homens de Judá são a planta das Suas delícias; Esperou que exercesse juízo, e eis aqui opressão; justiça, eis aqui clamor!” Is 5;7

Poderíamos parafrasear para nosso tempo, mais ou menos assim: “Porque a Videira Verdadeira É Jesus Cristo; os homens dispostos a segui-lo, a plantação desejada pelo Pai; esperou que vivessem a santificação, eis a profanação! Que ajuntassem tesouros no Céu, e eis seus impérios na Terra!”

O Santo Suporta que nós O deixemos por muito tempo, esperando em Sua Longanimidade, até que, também nos deixa por um pouco, como um convite a pesarmos nas consequências, e alcançarmos arrependimento. “No Seu Favor está a vida.”

A noite do choro, se esse for segundo Deus, acaba sendo nosso “dia” de regeneração; “Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte.” II Cor 7;10

A única desgraça real é aquela com a qual nada aprendemos; e, quando uma frustração, uma decepção nos leva ao arrependimento e à oração, ela nos faz mais bem, do que mal.

A duração de uma “noite” espiritual não se equivale, necessariamente, a uma cósmica. É um período de prova, correção determinada por Deus, que, se devidamente entendido, e absorvido, será a preparação do riso porvir; desafio à retomada do bom caminho, alento disfarçado, assim como uma tempestade preparando um arco íris.

Dado o que aconteceu com nossa “eleição” presidencial, uma dura noite assola aos cristãos do país. Os presídios, o crime organizado em todos os níveis, comemora, enquanto o povo decente lambe feridas.

Os mais indignados manifestam seu luto pela nação; uns lavam as mãos dizendo que fizeram sua parte; outros mais afoitos lançam suas diatribes contra a má “escolha da maioria”.

Não estou de luto; a esperança não morreu; nem culpo à escolha do povo, pois, os que fizeram má escolha são minoria; trata-se de uma grotesca fraude; poucos culpados machucando a muitos.

A sentença final inda não foi dada; pertence ao Senhor dos Exércitos, que Tem Poder para converter pranto em riso. Afastar as brumas da noite e trazer nova manhã.

A Palavra ensina que Deus apanha aos sábios em suas próprias astúcias, e prevê a colheita dos semeadores de enganos: “Mas os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados.” II Tim 3;13

Aproveitemos nossa noite, para, como Jonas no ventre do peixe, analisarmos nossas escolhas, repensarmos os motivos. Quem sabe, ao ouvir nossa oração de arrependimento, como a daquele, cause uma indigestão no monstro e nos regurgite na praia de um recomeço, de uma caminhada que agrade ao Eterno.

Sempre tivemos liberdade plena, e muitas vezes não a usamos da melhor maneira; quem sabe, à iminência de a perdermos, aprendamos, enfim, seu inefável valor, e usemos os dias de tempo bom para prevenir goteiras, invés de as querer reparar durante o temporal.

O país ainda não está entregue aos maus; algumas vozes poderosas se farão ouvir. Até crimes “esquecidos” serão devidamente julgados; a justiça dos homens anda raquítica, mas a do Eterno, não.

“Longe de Ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de Ti. Não faria justiça o Juiz de toda terra?” Gn 18;25

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