domingo, 23 de outubro de 2022

A dor dos justos


“Direi a Deus: Não me condenes; faze-me saber por que contendes comigo.” Jó 10;2

Jó interpretara seus infortúnios como sendo uma contenda de Deus consigo. Pois, não identificava iniquidade em seus atos. Ousara dizer, aliás, que nem mesmo Deus o via como iníquo. “Bem sabes Tu que não sou iníquo; todavia, ninguém há que me livre da Tua mão.” v 7

É prudente uma postura humilde; deixarmos a porta aberta à possibilidade de termos feito algo mau que sequer percebemos. Assim, invés de julgamento, que seria algo cabal, desejava esclarecimento; então, poderia se arrepender e mudar. “... Não me condenes; faze-me saber por que contendes comigo.”

Tinha razão em supor que Deus não o via iníquo; “... ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro, reto, temente a Deus, que se desvia do mal.” Cap 1;8 fora o veredicto Divino sobre ele.

Como Abraão duvidara que Deus cometesse injustiças, “Longe de Ti que Faças tal coisa, que Mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti. Não Faria justiça o Juiz de toda a terra?” Gen 18;25 Acertava Jó em pensar o mesmo; Deus abomina injustiças; ele se guardara de agir de modo iníquo, por que tanto sofrimento o assolava? Por que contendes comigo?

Na sua visão, a vida sem justiça perderia o sentido; por um momento desprezou-a: “Minha alma tem tédio da minha vida...” Cap 10;1 depois, desejou nem ter nascido; “Por que me tiraste da madre? Ah! se então tivera expirado, olho nenhum me visse! Então teria sido como se nunca fosse; desde o ventre seria levado à sepultura!” vs 18 e 19

Muito se disse sobre o sofrimento dos justos. O Maior de todos, o Único Justo, vertical e horizontalmente, perante Deus e os homens, Jesus Cristo, Foi O Maior dos sofredores. Também Ele, no auge da dor sofreu perplexidade ante às razões da justiça; “À hora nona, Jesus exclamou com grande voz, dizendo: Eloí, Eloí, lamá sabactâni? que, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste.” Mc 15;34

A luta de Deus não era contra Jó; antes, Satanás. A fidelidade do servo era o objeto dela. Assim, fora “necessária” a provação a ele permitida.

O fato de alguém estar sofrendo na terra, não significa, necessariamente, que seja por maus passos. Num mundo que “Jaz no maligno”, campeia muito mais a injustiça que outra coisa qualquer. Por ela, são galardoados os maus; não raro, perseguidos os que prezam pela justiça. “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é O Reino dos Céus;” Mat 5;10

A Palavra ensina: “Tudo tem seu tempo determinado; há tempo para todo propósito debaixo do sol.” Ecl 3;1

Logo, se quisermos a justiça na estação imprópria, poderemos padecer necessidade. Embora, nuances dela possamos fruir aqui na terra, o juízo cabal é que destinará a cada um, o que for justo aos Olhos Divinos, não agora; “... aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo.” Heb 9;27

O sofrimento de Jó foi um gracioso feixe de luz para que possamos compreender os nossos; o de Cristo, o indispensável resgate que nossos pecados requeriam para que pudéssemos ser reconciliados; “Deus estava em Cristo reconciliando Consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados...” II Cor 5;19

A justiça pertinente aos sofredores Jó e Cristo, recuou por um pouco, porque era tempo de misericórdia. Recebida e apreciada devidamente essa, poderemos ser livres das demandas daquela, como ensina Tiago: “Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa do juízo.” Tg 2;13

No entanto, O Eterno, após desfeitas a calúnias da oposição abençoou grandemente ao Seu servo, como num juízo temporário, ainda sobre a Terra, como lembrou o mesmo Tiago: “Meus irmãos, tomai por exemplo de aflição e paciência os profetas que falaram em Nome do Senhor. Temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó, e vistes o fim que O Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso.” Tg 5;10 e 11

Quando nossos sofrimentos derivarem de imprudências, pecados, bem faremos em nos arrepender e buscarmos em Deus, o perdão dos mesmos; no entanto, se andando bem, formos vitimados pela dor, olhemos mais além; está sendo feito em nossa conta um depósito nos Céus, a ser usufruído no devido tempo.

Na hora da angústia, do tédio, não devemos desistir; antes sermos fortalecidos no Senhor. “Se te mostrares fraco no dia da angústia, é que tua força é pequena.” Prov 24;10

Não devemos nos restringirmos às nossas forças; “Deus É o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia.” Sal 46;1

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