sábado, 29 de janeiro de 2022

Perdoar ou engolir sapo?


“... Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste. Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti?” Mat 18;32 e 33

A isonomia do perdão. “Perdoa nossas dívidas, assim como perdoamos nossos devedores...” fragmento da oração ensinada por Jesus.

Se, não prestarmos atenção, orando assim podemos pedir para O Eterno não nos perdoar, uma vez que, o perdão Dele, será igual ao que oferecemos; caso não tenhamos perdoado ao semelhante estaremos pedindo o mesmo tratamento para nós, em prejuízo das nossas almas.

Já vivi e vivenciei nas igrejas, muitos, equacionando erradamente, perdão, que é um mandamento, com o “engolir sapos” que é uma burrice para prejuízo da própria saúde psicológica.

Qual a diferença? No perdão, a parte que errou reconhece que falhou; humildemente pede ao ofendido que perdoe. Em casos assim, como não perdoar? Todavia, muitos passam sobre nossas almas como tratores, desfilando ofensas gratuitas fruto de suas invejas doentias, ou sei lá; sequer se dão conta que nos magoaram. Suas vidas seguem como se nada tivessem feito.

Olhando de fora as consequências de atos assim, alguns, invés de exortarem quem ofendeu para que se arrependa, mude de atitudes, pois, em Cristo devemos nos edificar mutuamente, não agredir, invés disso fazem vistas grossas às ofensas do troglodita “gospel” e buscam ao ofendido, sugerindo que “ponha uma pedra em cima, perdoe”, quando, da outra parte não existe o menor indício de arrependimento.

Seria dar ao ofensor o que ele não quer; nem sabe que precisa. “Perdoar” assim não é perdoar; é engolir sapo.

Nunca recusei perdão a quem me pediu; muitas vezes tive que pedir também; porém, engolir sapos só maltrata nossas almas, numa espécie de “eu te amo por nós dois”, que não dá certo no amor eros, nem no ágape; o amor “folga com a verdade, não com a injustiça...” se, na verdade estou magoado por uma ofensa, mas finjo que está tudo bem, traio a mim mesmo para “proteger” meu ofensor.

O mandamento é: “Ame ao teu próximo como a ti mesmo.” Não ame-o de modo a trair a ti mesmo.

Portanto, esses bravos pregadores que gritam a plenos pulmões que o cristianismo é religião do perdão, deveriam também lembrar que é uma doutrina que demanda arrependimento de quem falha, antes de ser perdoado.

Cabe a quem apascenta exortar ao errado que se arrependa, e peça perdão, antes de requerer do ofendido que perdoe.

O não perdoado do nosso exemplo inicial era um que rogava por misericórdia; “Então seu companheiro, prostrando-se aos seus pés, rogava-lhe, dizendo: Sê generoso para comigo, e tudo te pagarei.” v 29

Nem pedia perdão estritamente, mas um prazo maior para saldar a dívida. Endurecer o coração num caso assim, e esperar o perdão Divino seria plantar espinhos desejando colher uvas.

Sem a bendita persuasão do Espírito Santo, as pessoas más se sentem boas. Por isso, o trabalho Dele começa aí: “Quando Ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo.” Jo 16;8

Privadas dessa ditosa Luz que convence, as pessoas seguem pecando e se sentindo as tais, a doentia falta de noção espiritual denunciada nos Provérbios. “Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30;12

Ora, essas já nos ofenderam por que viram determinada situação segundo seus próprios olhos, não segundo O Espírito Santo. Ninguém mais apto a ver “pelo em ovo” que o ímpio; esse atribui ao semelhante os vícios que habitam em si.

Por isso a exortação para que nossos olhos rasteiros não usurpem o Lugar do Senhor; “Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3;5 a 7

Pois, se ao ímpio a “purificação” se dá segundo suas predileções, para o que teme a Deus, essa deriva da Palavra; “Com que purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme Tua Palavra. Com todo o meu coração Te busquei; não me deixes desviar dos Teus Mandamentos. Escondi Tua Palavra no meu coração, para não pecar contra ti.” Sal 119;9 a 11

Para muitos sem noção, falta ouvidos ante O Espírito Santo, leitura, meditação na Palavra, para encontrarem o antídoto às suas malcriações.

No prisma estrito da justiça, o homem colhe tudo que planta; perdão é como um “secante” que mata as ervas daninhas do pecado, antes que frutifiquem.

Só que, a aplicação desse produto não está em poder de quem plantou; deve rogar humildemente ao ofendido, que refreie esse mal, para evitar a nefasta sega.

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