quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Andar sobre as águas


“O enchi do Espírito de Deus, sabedoria, entendimento e ciência em todo lavor.” Ex 31; 3 “Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito a palavra da ciência;” I Cor 12;8

Se a Bíblia nos apresenta ciência e sabedoria como coisas diversas, forçoso é admitirmos que seja assim. No entanto, são como gêmeos que nascem unidos e é preciso uma delicada cirurgia para separar.

Mesmo o mais hábil “cirurgião” não ousaria algo tão nobre sem “tirar as sandálias” como Moisés. Embora sem jeito com o bisturi, ficar descalço eu posso, antes de me atrever.

A ciência está ao alcance de qualquer ser humano e pode ser galgada mediante estudo, pesquisa, experiências. É um contingente; como tal, pode ser aumentado a cada passo na busca da sua aquisição. Seu produto é amoral; tanto que pode servir para a medicina hightec quanto, para armas de destruição em massa, por exemplo. Assim, a Árvore da Ciência faz conhecer o bem e o mal.

A sabedoria, mesmo parecendo gêmea da ciência, é um peixe de águas bem mais profundas.

Essa é absoluta, não pode ser ampliada; o fato novo não a enriquece, antes, manifesta. Claro que o Sujeito de tal predicado só pode ser Deus. Assim, tem conteúdo moral, excelso, santo. “… a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia, bons frutos, sem parcialidade, nem hipocrisia.” Tg 3; 17

Tiago opõe a Sabedoria do Alto, a outra que chamou de “terrena, animal e diabólica”. Sua abrangência: Terrena, não toca as coisas do céu; seu espectro, animal; atua na alma, não no espírito humano; seu inspirador, quem propôs desobedecer a Deus e comer da árvore da ciência, o diabo.

A sabedoria do alto atina a outra árvore que ficou meio esquecida no Jardim. A Árvore da Vida que mantém próximo ao Criador. Infelizmente mui poucos são “negacionistas” o bastante para isso.

Não pode ser buscada noutra fonte, senão, Nele. Como fez o mais sábio dos homens, Salomão. “Eis que fiz segundo as tuas palavras; te dei um coração tão sábio e entendido, que antes de ti igual não houve, e depois de ti igual não se levantará.” I Rs 3; 12

João ilustrou as multidões como águas. De carona nisso podemos dizer que, a sabedoria Divina personificada, Jesus Cristo, anda sobre as águas. “Dizia-lhes: Vós sois de baixo, Eu Sou de cima; vós sois deste mundo, Eu não Sou deste mundo. Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados, porque se não crerdes que Eu Sou, morrereis em vossos pecados.” Jo 8; 23 e 24

Notemos que o meio de preservação da vida proposto não é mediante a ciência, mas, a fé. “Se não crerdes…morrereis…”

A sabedoria não é posta como enriquecedora do portador, (ainda que seja uma vera riqueza) antes, como fonte de vida. “Porque a sabedoria serve de sombra, como de sombra serve o dinheiro; mas, a excelência da sabedoria é que ela dá vida ao seu possuidor.” Ecl 7;12 

E dessa “vacina” a maioria tem medo, pois ela ameaça com efeitos colaterais da cruz, aos pecadores que pecam “vendendo saúde.”

O existenciário onde estamos inseridos demanda respostas que fogem em muito aos domínios da ciência; então, os que refratários à fé em Deus criam fés alternativas e nomeiam de teorias. Quanto à fé proposta no Senhor chamam-na de cega, pois, lhes soa melhor isso que admitir que a sua ciência é limitada.

Não se entenda com isso uma eventual aversão à ciência, como se tal fosse o intento desse tratado. O progresso da ciência também pode ser tributário a certos dons de Deus como versam os textos introdutórios.

Mas, como o vínculo ao Divino não é necessário em seus domínios, o mau uso do conhecimento dá azo a coisas diversas que, embora ditas científicas não passam de simulacros, que Paulo aconselhou a evitar. “Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos e profanos e às oposições da falsamente chamada ciência,” I Tim 6;20

A tal é classificada como falsa, por não se ater ao seu objeto; mas, ousar além, fazendo oposição à fé. Deixa de ser ciência e se torna uma fé bastarda.

Onde ateus classificam a fé como cega encontram os limites de sua vista. Afinal, caminhar sobre as águas requer certa ousadia incomum, como teve Pedro. Só se atreveu a tanto porque viu o Mestre fazendo e tentou imitar.

Como quem fecha a porta à fé não “vê” ao Senhor, fica sem parâmetro. Náufragos na ilha da incredulidade, ateus fazem suas rústicas jangadas teóricas no mar existencial; mas, os ventos nunca lhes são favoráveis.

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