quinta-feira, 2 de março de 2023

Os 99 ausentes


“... haverá alegria no Céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.” Luc 15;7

Parábola da ovelha perdida, num contexto em que, os religiosos se escandalizavam com as más companhias à mesa com Jesus. “Fariseus e escribas murmuravam, dizendo: Este Recebe pecadores e come com eles.” v 2

Se os religiosos fossem modelos de virtude e santidade como pretendiam, ainda assim, deveriam, como pastores zelosos buscar uma eventual ovelha extraviada.

Quando O Senhor ensinou que a recuperação de um perdido enseja mais alegria que os perseverantes, não estava validando o “establishment” de então, como se fosse composto de pessoas redimidas.

Apenas usou um argumento lógico que nem mesmo aquela presunção poderia invalidar. Que, o fato deles serem “justos” não era motivo para separação, antes, para busca dos perdidos.

Justos que não carecem redenção não são criaturas terrenas. “O Senhor olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus. Desviaram-se todos, juntamente se fizeram imundos: não há quem faça o bem, sequer um.” Sal 14;2 e 3
“Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer.” Rom 3;10

Na parábola do filho pródigo, o irmão mais velho ficou “P” da vida porque o pai fez uma festa para comemorar o retorno do esbanjador. Então, o pai de ambos ensinou que era justa a alegria pela recuperação de um que estivera morto, mais que alegrar-se pela perseverança do que seguira fiel. Nada o impedia de se alegrar também; naquela, ou em outras circunstâncias.

Os justos que não necessitam de arrependimento são aqueles que nunca pecaram; os anjos que permanecem fiéis.

Embora os pregadores modernos acenem com a ideia sedutora de que, Jesus já Fez tudo o que era necessário, a nós basta a fé; uma vez salvos, sempre salvos; todos os grandes pregadores bíblicos, Jesus, João Batista, Pedro, Paulo... começavam suas abordagens aos pecadores com um sonoro, “arrependei-vos!”

Se, nossas obras como meios de salvação são uma heresia, as mesmas, como testemunho de que fomos salvos são uma necessidade. “Porque somos feitura Sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;10

Todos devem saber o básico: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie;” Ef 2;8 e 9

Entretanto, a fé costuma patrocinar um novo modo de viver; “Mas dirá alguém: Tu tens a fé, eu tenho as obras; mostra-me tua fé sem tuas obras e te mostrarei minha fé pelas minhas obras. Tu crês que há um só Deus; fazes bem. Também os demônios creem e estremecem. Mas, ó homem vão, queres tu saber que a fé sem obras é morta?” Tg 2;18 a 20

Notemos que, o “crente” em qual a fé não produz as obras correspondentes se faz inútil. “ó homem vão...”
Pois, mesmo na distribuição dos dons espirituais, O Espírito Santo tem a utilidade como alvo; “A manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil.” I Cor 12;7

Se, os pregadores em apreço descobriram na terra dos homens, onde fica o rebanho dos justos que não necessitam de arrependimento, bom; ponto pra eles.

Com efeito a Graça de Cristo nos tira de onde a maldição da Lei nos lançou: “Cristo nos resgatou da maldição da Lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro;” Gál 3;13

Dado o preço que custou em contrapartida com nossa total ausência de mérito, só um imbecil ou um apóstata tencionaria baratear algo tão caro. A Graça fez por nós o que não podíamos; depois capacitou-nos para sermos como O Senhor Quer; “... a todos quantos o receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus...”

Essa nobre filiação herdada, aumenta muito nossa responsabilidade, no que tange ao temor e à santificação. “Quebrantando alguém a Lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais, será julgado merecedor aquele que pisar O Filho de Deus, tiver por profano o Sangue da Aliança com que foi santificado e fizer agravo ao Espírito da graça?” Heb 10;28 e 29

O Salvador Fez por nós o que não poderíamos; nos capacitou com poder, para que, doravante sejamos como Ele Quer. Morreu Sozinho, mas nos desafia a O imitarmos. “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte?” Rom 6;3

Na Terra Comeu com pecadores; nas bodas, apenas com redimidos mediante arrependimento.

quarta-feira, 1 de março de 2023

Os esquecidos


“O copeiro-mor, porém, não se lembrou de José, antes se esqueceu dele.” Gn 40;23

José após ter sido uma bênção na vida do copeiro de Faraó, que por um momento esteve preso com ele, rogou um pequeno favor; que ele falasse do seu caso ao Rei, uma vez que estava preso inocente, mas foi esquecido.

Devemos gravar os favores em pedras, e escrever as ofensas na areia; mas, geralmente fazemos o contrário. Presto esquecemos dos que nos beneficiaram, e amargamos muito tempo, nossas mágoas para com aqueles que nos prejudicaram.

Quando, no tocante às inclinações somos chamados à renúncia, “negue a si mesmo”, nas relações interpessoais somos exortados a perdoar, “Porque, se perdoardes aos homens suas ofensas, também vosso Pai celestial perdoará a vós;”Mat 6;14 Invés de nos limitar, como pode parecer a uma análise superficial, Deus nos está ampliando.

Nossa insipiência, não raro, nos leva a vermos o bem, onde grotesco mal subjaz; assim, não escolhendo as coisas como nos parecem, antes, confiando nos Divinos apontes, invés de tolhidos, somos protegidos; “Confia no Senhor de todo teu coração; não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal. Isto será saúde para teu âmago e medula para teus ossos.” Prov 3;5 a 8

Onde o vulgo devaneando com prazeres e comodidades vai ao encontro de dores, o que segue O Senhor, tem seus caminhos endireitados, sua saúde preservada.

Quando O Senhor requer o perdão ao semelhante como condição para nos perdoar, também Está Cuidando da saúde das nossas almas. A raiz de amargura jamais poderá haurir seivas que deem frutos doces. Ódio é um câncer: Faz mal a quem possui. Quando perdoamos, além da boa graça que legamos a quem fora alvo de nossa mágoa, fazemos imenso bem a nós mesmos, livrando-nos de algo que nos corroía, furtava nossa paz e fechava portas ao Perdão Divino.

Como o inocente José esquecido, muitas vezes esquecemos das dores injustas sofridas em nosso favor; e dos ensinos legados pelo Bendito Salvador.

Tendemos a ter em mais alta conta, coisas que nos faltam, que as que possuímos; é doentio cotejarmos nossa situação com a do semelhante que, eventualmente parece mais afortunado.

Cada um se move num estágio diferente da caminhada. A comparação mais prudente que podemos fazer é conosco mesmos, com nossos dias pretéritos, nos quais, errávamos sem Deus; Ele Diz: “Eu te Conheci no deserto, na terra muito seca.” Os 13;5 

Essa verdade no que tange a Israel se aplica a qualquer um de nós.

Diferente do “amor” do mundo que se achega ao que acena com beleza, prazeres, ascensão, facilidades, O Amor Divino buscou quem nada tinha para oferecer. “Deus prova Seu Amor para conosco, em que Cristo Morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.” Rom 5;8

Uma vez guindados a um lugar mais alto, não raro repetimos os erros daqueles de antanho; logo o lapso de memória da ingratidão assoma: “Depois eles se fartaram em proporção do seu pasto; estando fartos, ensoberbeceu-se seu coração, por isso se esqueceram de Mim.” Os 13;6

Eventualmente Deus permite que sejamos esquecidos, desprezados até, por aqueles aos quais ajudamos, para que isso nos seja didático. Tendemos a querer nos identificar com O Senhor apenas nas coisas alegres promissoras, mas somos chamados à identificação nas dores também. “Se sofrermos, também com Ele reinaremos; se O negarmos, também Ele nos Negará;” II Tim 2;12

Nós, efêmeros, falhos e indignos, não gostamos de ser esquecidos; por que O Eterno, Perfeito e Santo, gostaria? Ele se dispõe a esquecer nossos pecados, uma vez que nós lembremos deles, confessemos e os deixemos.

Se não fizermos isso em horas de calmaria, poderá ser que as circunstâncias sejam nossas mensageiras, como o foram ao pródigo que, só lembrou da casa paterna quando a fome o visitou.

Não há na Bíblia o ensino de que, quem não vier por amor virá pela dor; embora muitos digam isso inadvertidamente. Tem muitos que, nem mesmo a dor logra erradicar à amargura nem remover a incredulidade.

Quando os esquecidos agradam ao Senhor pelas suas posturas, como José, em tempo, O Próprio Senhor os coloca no nicho adequado, que Ele Preparou. No caso de José, um trono.

Não há tronos para todos; cada um tem sua saga particular; mas, de José podemos aprender que, perseverança e fidelidade, mesmo em meio ao império das injustiças, não passarão despercebidas aos Olhos Daquele que Enche os Céus e a Terra.

“Meus olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que se assentem Comigo; o que anda num caminho reto, esse Me servirá.” Sal 101;6

domingo, 26 de fevereiro de 2023

Como identificar o falso profeta?


“Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores.” Mat 7;15

Não se pode discerni-los apenas com os olhos. Afinal, eles “... vêm vestidos como ovelhas...”

Seu interior os denuncia; alimentam-se das ovelhas, invés de alimentá-las; afinal, “... são lobos devoradores.”

Grosso modo se pensa que o profeta verdadeiro é o que fala e se cumpre; enquanto o falso, não. Mas, não é isso? Bem, a coisa não é tão simples assim.

Acaso Isaías era um falso profeta? Pois, ele anunciou a morte de Ezequias; “... Põe em ordem tua casa, porque morrerás...” Is 38;1 O rei entristeceu-se chorou e pediu misericórdia, e sua morte foi adiada; viveu mais quinze anos.

Jonas era um farsante? Não. Contudo, sua profecia sobre a destruição de Nínive não se cumpriu, dado o grande arrependimento que causou, ao ser tida, como era na verdade, por Palavra de Deus.

O profeta idôneo fala A Palavra de Deus, independente dos efeitos que ela cause. “Não Mandei esses profetas, contudo, foram correndo; não lhes Falei, mas profetizaram. Porém, se estivessem no Meu conselho, então teriam feito Meu povo ouvir Minhas Palavras, e o teriam feito voltar do seu mau caminho, da maldade das suas ações.” Jr 23;21 3 22

Um profeta veraz, não prediz o futuro, necessariamente; antes, ensina o que deve ser mudado no presente.

O fato de uma previsão se revelar verdadeira, não significa a aprovação de Deus. Balaão é um símbolo eloquente de falso profeta. Estava disposto a oferecer seus “trabalhos espirituais” em troca de pagamento. O ouro oferecido por Balaque.

Pois, esse farsante profetizou verazmente sobre a Bênção Divina a Israel, bem como, viu a vinda do Messias a “Estrela de Jacó”; ouvia a Voz de Deus e Seus Conselhos; sem, por isso, deixar de ser falso. Se é o que vai no interior desses fantasiados de ovelhas que os define, no interior de Balaão havia amor pelo dinheiro, mais que pela verdade; zelo pelos anseios próprios mais que, pelos de Deus.

Desse modo, o cumprimento de uma predição não gabarita, necessariamente, alguém, como enviado do Senhor. Até mesmo Caifás, ao dizer que convinha a morte de Cristo pelo bem de sua nação, disse a coisa certa, com motivação errada. Pensava apenas na preservação do status quo, não na salvação que da morte de Cristo viria.

Um milagre um “sinal profético” não é aferidor de idoneidade, como foi ensinado mediante Moisés: “Quando um profeta ou sonhador de sonhos se levantar no meio de ti, te der um sinal ou prodígio, e suceder o tal, de que te houver falado, dizendo: Vamos após outros deuses, que não conheceste e sirvamo-los, não ouvirás as palavras daquele profeta ou sonhador de sonhos; porquanto o Senhor vosso Deus vos Prova, para saber se amais o Senhor vosso Deus com todo vosso coração e toda vossa alma.” Deut 13;1 a 3

Nesse caso, a profecia se cumpre; porém, o ensino do “profeta” afasta seus ouvintes de Deus. Temos outra nuance da verdade a serviço da falsidade.

Como vimos no exemplo de Balaão, as motivações erradas, o coração apegado a bens, mais do que a Deus, é que torna falso, até mesmo quem fala a verdade, eventualmente.

O Salvador advertiu que os farsantes do Novo Testamento fariam as mesmas coisas que os verdadeiros; “... Senhor, Senhor, não profetizamos nós em Teu Nome? em Teu Nome não expulsamos demônios? em Teu Nome não fizemos muitas maravilhas?” Mat 7;22

O Salvador sequer entra no mérito das obras. Elimina-os pelo lapso de relacionamento. “Então lhes direi abertamente: Nunca vos Conheci; apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade.” v 23

Para sermos conhecidos de Cristo devemos também, desejar conhecê-lo. Ele É A Verdade, e ensinou: “... Se vós permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sereis Meus discípulos; conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” Jo 8;31 e 32

Noutra parte preveniu: “Porque o erro dos simples os matará, o desvario dos insensatos os destruirá. Mas, o que Me der ouvidos habitará seguro, estará livre do temor do mal.” Prov 1;32 e 33

A ânsia de conhecer o devir brota das inseguranças de nossa finitude; ao Eterno, a constância no bom caminho, mesmo não vendo aonde vai, é mais importante; “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do Seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor; firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10

Mais que um acendedor de lampiões sobre caminhos novos, o vero profeta é uma seta apontando antigos; “... Ponde-vos nos caminhos, e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele...” Jr 6;16

sábado, 25 de fevereiro de 2023

Proezas no Espírito


“Disse Jessé a Davi, seu filho: Toma, peço-te, para teus irmãos um efa deste grão tostado, estes dez pães e corre a levá-los ao arraial, aos teus irmãos. Porém, estes dez queijos de leite, leva ao capitão de mil; visitarás a teus irmãos, pra ver se vão bem...” I Sam 17;17 e 18

O velho Jessé preocupado em saber como estavam seus filhos na guerra enviou o mais novo, Davi, como portador de um lanche pra eles, um mimo ao seu capitão e para trazer notícias.

Quem suspeitaria que esse jovem, aparentemente apto para serviços assim, seria o protagonista do desfecho da guerra, em favor de seu país?

Deus, em Sua Sabedoria, muitas vezes serve-se de coisas bem ordinárias para fazer outras, extraordinárias.

O ajudante de ordens, capacitado pelo Espírito de Deus, revelou-se um grande guerreiro; através dele, O Eterno Deu livramento a Israel.

Por que O Senhor não Usou um dos outros, mais fortes e experientes, que estavam no front, invés de “esperar” pelo jovem Davi?

Muitos invocam o “Poder de Deus”; porém, quantos preservam com devido zelo, à Sua Honra? Identificar-se com O Senhor, de tal modo, a considerar como contra si, as ofensas dirigidas a Ele; “... as afrontas dos que Te afrontam caíram sobre mim.” Sal 69;9

Davi foi tido como homem “segundo O Coração de Deus.” Ele não via seu povo, apenas, afrontado por Golias. Via o seu Deus, ser blasfemado. “Davi, porém, disse ao filisteu: Tu vens a mim com espada, lança e escudo; porém, eu venho a ti em Nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a Quem tens afrontado. Hoje mesmo o Senhor te entregará na minha mão, ferir-te-ei, tirar-te-ei a cabeça, os corpos do arraial dos filisteus darei hoje mesmo às aves do céu e às feras da terra; e toda a terra saberá que há Deus em Israel;” Vs 45 e 46

Para que atue em nosso favor o Poder de Deus, antes convém que disponhamos de nossas vidas, para honrar Seu Santo Nome. “Aquele que oferece o sacrifício de louvor Me glorificará; àquele que bem ordena seu caminho Mostrarei a Salvação de Deus.” Sal 50;23

Todas as cogitações dos demais hebreus restringiam-se ao poder dos homens. “Diziam os homens de Israel: Vistes aquele homem que subiu? Pois subiu para afrontar a Israel; há de ser, pois, que, o homem que o ferir, o rei o enriquecerá de grandes riquezas, lhe dará a sua filha e fará livre a casa de seu pai em Israel.” v 25

As recompensas propostas viriam do rei Saul, segundo as “motivações” humanas; riquezas, casamento vantajoso, isenção de impostos... enfim, nada além da matéria.

Quanta gente se acerca da Casa de Deus de olho nas coisas de Saul! Esse “canto da sereia” tem seduzido muitos incautos, que, embora mencionando e profanando coisas espirituais, não conseguem ir além das carnais. Enquanto houver pregador mercenário, haverá ouvinte otário, infelizmente. No fundo, mercenário também; pois, achando Deus um comerciante, pretende regatear com Ele em busca de “vantagens”.

O zelo de Davi foi acima das coisas materiais; se dispôs a lutar pelo resgate da Honra do Senhor, pois, sua esperada vitória não provaria que havia homem, em Israel; antes, “... toda a terra saberá que há Deus em Israel.”

Como disse O Eterno, através de Samuel, “... aos que Me honram Honrarei; porém, os que Me desprezam serão desprezados.” I Sam 2;30

Somos chamados também, a nos identificar com as ofensas dirigidas a Cristo. “Saiamos, pois, a Ele fora do arraial, levando Seu vitupério.” Heb 13;13

Nossa identificação deve ser profunda, veraz, não superficial e interesseira. “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos em novidade de vida.” Rom 6;3 e 4

A proposta, naquele caso, era de um duelo, onde o vencedor sujeitaria aos vencidos. “O Filho de Davi” venceu por nós, na cruz; não carecemos mais servir aos vícios e maus costumes de quando vivíamos como Filisteus.

Se, olharmos como Davi, para a Honra Divina, antes das recompensas de Saul, também seremos feitos vencedores. “buscai primeiro o Reino de Deus e Sua Justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;33

“Golias” segue afrontando, através da arte, cultura, política e demais coisas se seu efêmero domínio. Não temos que vencer ao que já foi vencido pelo Senhor. Apenas seguirmos fiéis a Ele; então, todos saberão que há Deus em nossas vidas. “Em Deus faremos proezas; porque Ele É que Pisará os nossos inimigos.” Sal 60;12

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

O peso de falar


“Jó falou sem conhecimento; às suas palavras falta prudência.” Jó 34;35

As falas de Jó sofreram avaliações distintas. No aspecto vertical, O Próprio Senhor denunciou sua ignorância: “Quem é este que escurece o conselho com palavras sem conhecimento?” Cap 38;2

Porém, perante os amigos dele, suas palavras foram tidas por retas, ante tantas tolices faladas por aqueles; “... O Senhor disse a Elifaz: A Minha Ira se acendeu contra ti e teus dois amigos, porque não falastes de Mim o que era reto, como Meu servo Jó.” Cap 42;7

Perante O Santo nossas “razões” viram pó; nas relações interpessoais, Ele Vê onde reside a justiça.

Respondendo aos amigos, Jó mesmo os chamou de médico inúteis; aquilatou suas falas como insossas; como clara de ovo sem sal. Mas, perante O Eterno, ele admitiu sua insipiência; “... Por isso relatei o que não entendia; coisas que para mim eram inescrutáveis, e eu não entendia.” Cap 42;3

Assim, vemos a importância do contexto nas nossas incursões hermenêuticas; pois, como disse Spurgeon, “uma coisa boa não é boa, fora do seu lugar.”

Dada a solene necessidade de temor, quando estamos em “terra santa”, em lugares consagrados ao Senhor, os homens prudentes têm mais ouvidos que bocas.

“Guarda o teu pé, quando entrares na Casa de Deus; porque chegar-se para ouvir é melhor que oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal. Não te precipites com tua boca, nem teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Ele Está nos Céus, e tu sobre a terra; assim sejam poucas as tuas palavras. Porque, da muita ocupação vêm os sonhos e a voz do tolo, da multidão das palavras.” Ecl 5;1 a 3

Salomão ensina: “Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio; o que cerra seus lábios é tido por entendido.” Prov 17;28

Nesses tempos sombrios, onde o homem domina os meios alienado dos fins, basta “dar um Google” e todos “sabem” tudo, a respeito de tudo, as bocarras sem cérebros abocanham aos próprios ouvidos. Os tolos abdicam do privilégio de ouvir e aprender, pela presunção de “ensinar” o que ignoram.

Se soubessem a seriedade disso, muitos “profetas” e “mestres” se recolheriam para escutar o eloquente discurso do silêncio. Uma pitada de exercício nele, e pouco a pouco descobririam a Voz do Espírito Santo corrigindo seus rumos.

Dos falsos profetas O Eterno Diz: “Não Mandei esses profetas, contudo, foram correndo; não lhes Falei, porém, profetizaram. Mas, se estivessem no Meu Conselho, teriam feito Meu povo ouvir as Minhas Palavras; o teriam feito voltar do seu mau caminho, da maldade das suas ações.” Jr 23;21 e 22

Soa tão mais simpático mandar em frente, que chamar de volta. Esses “profetas” optam pela bajulação, invés da salutar e necessária correção. “O homem que lisonjeia seu próximo arma uma rede aos seus passos.” Prov 29;5

Cheias estão as igrejas de gente inepta para expor À Palavra do Senhor, por preguiça estudar e aversão a cumprir, que se mete a seduzir incautos com as coisas que “O Senhor lhes mostra”. Não existem Promessas de Deus para quem se recusa a estar em paz com Ele; a não ser, promessas de juízo.

As pessoas preferem essas mentiras particulares aos conselhos gerais e verdadeiros, da Palavra escrita. “Coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra. Os profetas profetizam falsamente, os sacerdotes dominam pelas mãos deles, e Meu povo assim o deseja; mas, que fareis ao fim disto?” Jr 5;30 e 31

Quanto aos ensinadores também encontramos sérias advertências: “Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo. Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra é perfeito e poderoso para também refrear todo o corpo.” Tg 3;1 e 2

Por fim, a todos os homens O Senhor advertiu, sobre a seriedade que eles devem ter ao falar; “Eu vos digo que de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo. Porque por tuas palavras serás justificado, e por tuas palavras serás condenado.” Mat 12;36 e 37

No juízo seguidamente fala-se em “abertura de livros”; quais? Certamente, um deles traz o registro das nossas falas, como testemunhas em nosso julgamento.

Nosso conhecimento de Deus não brota ao se “dar um Google”; antes, demanda relacionamento; o que outros dizem, escrevem é deles; o que conta é o nosso; “... Tende sal em vós mesmos...” Mc 9;50

Oremos como Jó: “... eu te perguntarei, e Tu me ensinarás. Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te veem meus olhos. Por isso me abomino, me arrependo no pó e na cinza.” Jó 42;4 a 6

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

As provas


“Disse eu no meu coração, quanto a condição dos filhos dos homens, que Deus os provaria, para que assim pudessem ver que são em si mesmos como animais.” Ecl 3;18

Que os cristãos são submetidos a provas é pacífico; mesmo os que não ousam uma entrega cabal de suas vidas a Jesus, eventualmente, apontam para certas dificuldades e dizem: “essa é minha cruz”; aludindo à figura que representa as renúncias necessárias, aos que pretendem pertencer ao Senhor. A cruz cristã vai mui além de sofrer consequências de más escolhas, como muitas vezes se verifica na “cruz” dos alienados.

Invés de os livrar das provações, O Senhor promete aos Seus, assisti-los nelas; “Quando passares pelas águas Estarei contigo; quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.” Is 43;2 Isso aos escolhidos do antigo pacto; aos do novo, “... eis que Estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos...” Mat 28;20

As provas não são para que Deus veja de que barro somos feitos; Ele Sabe. A didática das provações fala aos alunos, não ao Professor. “... para que assim pudessem ver que são, em si mesmos, como animais.”

Quando O Salvador começa pelo “Negue a si mesmo”, pretende “aprisionar os bichos”, e gerar um novo homem.

Embora cada cristão tenha sua saga particular, em âmbito geral, grassa o apodrecimento moral, inversão de valores. O efeito colateral da imbecilização coletiva promove o triunfo das nulidades; a corrupção sistêmica e institucional faz “agigantarem-se os poderes não maus dos maus,” somos tentados até, à “vergonha de ser honestos”, como já observara em seus dias, Ruy Barbosa.

A Bíblia antecipou: “... nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela.” II Tim 3;1 a 5

“sem amor para com os bons...”
A mentira sempre foi uma “fuga” para os que, a verdade constrangeria, responsabilizaria. Agora, até seu nome foi atenuado; narrativa; fake news. Essa fujona de outrora agora ataca à virtude como se essa fosse um vício. Indo além de não ter amor para com os bons, os “guerreiros da patranha” não têm respeito.

Emporcalharam o sentido das palavras, esculhambaram nosso idioma natal, em nome da “inclusão” de algo que sempre foi tido como uma paixão infame, um erro moral, o homossexualismo. Não pelejam pelo direito de serem assim; isso é pacífico; entre quatro paredes cada um faz o que quiser.

Sua gritaria visa a imposição das doenças psíquicas, o veto à crítica, em nome das quais pretendem que enviesemos nosso patrimônio cultural, para “provar” que não somos o que somos; gente de valores cristãos, conservadores, e afeitos à língua nacional. De minha parte, danem-se “todes”! Ah, meu corretor de textos segue “homofóbico”, pois, recusou-se a “incluir” essa porcaria.

Nos festejos ímpios do Carnaval, temos visto também reiterados ataques à fé cristã, em mais uma nuance que ao vício não basta o amplo espaço para ser vicioso; precisa atacar quem discorda dele. Houve um tempo em que os maus apenas fugiam da luz; “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20

Agora, partiram para a inversão total, e o enfrentamento; um “ai” os espera: “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, mal; que fazem das trevas luz e da luz, trevas; e fazem do amargo doce e do doce, amargo! Ai dos que são sábios aos seus próprios olhos, prudentes diante de si mesmos!” Is 5;20 e 21

A provação dos justos é passar por tudo isso sem arrefecer; sem abdicar do amor pela justiça e verdade. É muito fácil gritar o que todos gritam e aplaudir o que todos aplaudem. Flutuar a favor da corrente até bosta flutua; agora, nadar ao contrário, rio acima, como fazem os peixes na piracema é ousadia para poucos.

Mas, esses poucos, embora pareçam entregues à própria sorte, contam com a assistência e o zelo dos Céus; “Eles serão Meus, Diz O Senhor dos Exércitos; naquele dia serão para Mim joias; poupá-los-ei, como um homem poupa seu filho, que o serve. Então voltareis e vereis a diferença entre justo e ímpio; entre o que serve a Deus, e o que não serve.” Mal 3;17 e 18

A coragem de separar-se hoje, só é possível quando o homem foi regenerado. Onde não, os bichos seguem soltos.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

O menino e o velho


“Melhor é a criança pobre e sábia, que o rei velho e insensato, que não se deixa mais admoestar.” Ecl 4;13

Se a criança sábia está em oposição ao rei que não aceita correção, admoestação, necessária a conclusão que, a sabedoria da criança em questão, não é um conteúdo luminoso, apto a esclarecer as coisas para outros; antes, uma disposição moldável, de quem aceita a instrução; sua sabedoria é um princípio, não, um contingente.

“Dá instrução ao sábio, ele se fará mais sábio; ensina o justo, ele aumentará em doutrina.” Prov 9;9

Ao pensarmos num rei assim, uma das primeiras figuras que ocorre é a de Acabe. Quando o profeta do Senhor, Micaías, advertiu que ele morreria na batalha que pretendia travar em Ramote Gileade, invés de se dar por avisado e evitar o risco, mandou prender o profeta; disfarçou-se de soldado, abdicando das vestes reais, como se, pudesse malograr ao Divino aviso mediante esperteza; mesmo assim, foi morto.

Certamente, uma criança avisada do perigo o teria evitado. 

Ainda concorrem exemplos e Saul, Jeroboão, e outros tantos, como monarcas insensatos; mesmo os bons reis, Uzias e Josias cometeram insensatez, em momentos decisivos.

Figuradamente, todos os convertidos têm dentro de si, essas duas pessoas. O rei velho que se sente dono do pedaço e quer as coisas à sua maneira, o ego; e a criança regenerada, mediante o novo nascimento em Cristo.

Paulo menciona o velho como descartável; “Quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano;” Ef 4;22 “Não mintais uns aos outros, pois, já vos despistes do velho homem com seus feitos. “ Col 3;9

Pedro encoraja aos novos convertidos a tratarem bem do novo homem; “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Ped 2;2

O velho homem, também conhecido por homem natural, ou carne, gostou muito da autonomia proposta pela oposição; sua pose enrijecida e insensata leva-o a se opor contra quem não pode vencer. “Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. A inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;6 e 7

Se, melhor é o infante que o sênior insensato, natural que, A Palavra da Vida, além de depreciar a um, aprove ao outro. “Portanto, aquele que se tornar humilde como este menino, esse é o maior no Reino dos Céus.” Mat 18;4

Agora a figura da criança recebe nuances de interpretação, realçando que a qualidade apreciada é sua humildade.

Não significa que os cristãos devam permanecer infantis ao decurso do tempo, antes, devem crescer; “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que me tornei homem, acabei com as coisas de menino.” I Cor 13;11

A meninice espiritual tem seu lado negativo associado à recusa em crescer, pela negligência em receber à Palavra; “Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar os primeiros rudimentos das Palavras de Deus; vos haveis feito tais que necessitais de leite, não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na Palavra da Justiça, porque é menino.” Heb 5;12 e 13


O mesmo Paulo explica ambas as “idades” que convém que tenhamos: “Irmãos, não sejais meninos no entendimento, mas sede meninos na malícia e adultos no entendimento.” I Cor 14;20

Na verdade, quando nos recusamos a crescer, é já nosso “rei velho” que ainda induz ao menino, impondo suas predileções doentias, onde deveria arbitrar apenas A Palavra de Deus. “Deixe o ímpio o seu caminho, o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele...” Is 55;7

Quando a Palavra amaldiçoa a quem confia no homem, muitos pensam ser porque as pessoas de suas relações não são confiáveis. Na verdade, o veto refere-se a confiar em si mesmo, invés de o fazer, no Senhor; “Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne o seu braço e aparta o seu coração do Senhor!” Jr 1;5

Não importa nossa idade nem o tempo de conversão. Sempre que seguimos às inclinações da carne, seguimos ao velho insensato. E quando ouvimos a Espírito, andamos segundo “a criança sábia”.

Daí, a sentença. “De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo a carne. Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. Porque todos que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus.” Rom 8;12 a 14