domingo, 5 de junho de 2022

A Nova Aliança


“Depois tu farás chegar a ti teu irmão Arão, e seus filhos com ele, do meio dos filhos de Israel, para Me administrarem o ofício sacerdotal...” Ex 28;1

O Eterno estabelecendo o sacerdócio levítico; escolhendo pelo nome, aos que Lhe aprouve; Arão e seus filhos. Isso, além de um socorro espiritual, era um tipo profético, uma “alegoria” do Ministério de Cristo que viria, na “plenitude do tempo”.

Chegada essa, deu-se a mudança de sacerdócio, do levítico para O Eterno, de Cristo, A Palavra ensina: “Ninguém toma para si esta honra, senão o que é chamado por Deus, como Arão. Assim também Cristo não glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas aquele que lhe disse: Tu És Meu Filho, Hoje Te Gerei.” Heb 5;4 e 5

Arão fora escolhido pelo Eterno para o sacerdócio naqueles dias; depois, Cristo, no cumprimento daquele tipo profético para um Ministério Eterno; “... Tu És Sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque.” v 6 Ordem superior e anterior à de Arão.

O que tornou superado aquele; “Mas agora alcançou Ele ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de uma melhor Aliança que está confirmada em melhores promessas.” Heb 8;6

O sacerdócio antigo podia derivar várias funções entre os filhos de Levi; o de Cristo também estabelece ajudadores, dentre os filhos do Novo Nascimento.

Pedro ensina: “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.” I Ped 2;5

A esse acesso de todos, Nele, os teólogos chamam de “Sacerdócio Universal” dos santos. Não há necessidade de mediadores ou medianeiras, conforme apregoa o catolicismo; Ele basta. “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem.” I Tim 2;5

Notemos duas diferenças: Aqueles do antigo pacto eram escolhidos; os que escolheram aceitar O Nome de Cristo como Salvador e Sumo Sacerdote Eterno, são “edificados” para servir; aqueles ofereciam sacrifícios de sangue; O Sangue Santo de Nosso Bendito Sumo Sacerdote basta como remissão aos Divinos Olhos; os “sacrifícios” agora são espirituais.

Invés de matar cordeiros sobre um altar de pedras, submissos ao Cordeiro de Deus, somos desafiados a mortificar nossas más inclinações; Paulo chamou de “sacrifício vivo.” “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita Vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

Ele descreveu o processo como se dava consigo mesmo; “... subjugo meu corpo, o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira ficar reprovado.” I Cor 9;27

Ensinou que nosso batismo em Cristo nos identifica com Sua Morte; “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida.” Rom 6;3 e 4

A perfeita identificação “mortifica-nos”, enquanto Cristo vive em nós. “Já estou crucificado com Cristo; vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o Qual me amou e se entregou por mim.” Gál 2;20

Não, mera religião, tampouco, o uso indiscriminado do Nome Santo; mas, andar Nele nos livra da condenação. “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” Rom 8;1

Reitero; antes eram escolhidos; os de hoje podem escolher se querem ou não, ser de Cristo. Antes Deus disse quem; atualmente diz, como; Primeiro, óbvio, é necessária a filiação espiritual; “... a todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

Depois, capacitação para o serviço, mediante uma postura reverente e santa; “Convém, pois, que ... seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento... Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo.” I Tim 3;2, 3 e 6

Enfim, temos direito de escolha, se queremos ser Dele ou não; mas, as condições para que sejamos, não são negociáveis. Ou seremos, nos Seus termos, ou, estaremos por nossa conta; “Para que, no tempo que vos resta na carne, não vivais mais segundo concupiscências humanas, mas segundo a Vontade de Deus.” I Ped 4;2

sábado, 4 de junho de 2022

A cor dos olhos


“Tens Tu porventura olhos de carne? Vês Tu como vê o homem?” Jó 10;4

Jó é estimado pelos melhores cronologistas como o mais antigo livro da Bíblia; precedendo até mesmo, à Torá.

Então essa pergunta antiga acerca dos Olhos de Deus foi respondida nos dias dos reis; Quando O Senhor ordenara que Samuel escolhesse um rei da Sua parte, ao rejeitar o desobediente Saul. “... Não atentes para sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o Senhor não vê como vê o homem; o homem vê o que está diante dos olhos, porém, o Senhor olha para o coração.” I Sam 16;7

O mesmo que foi dito do altivo filho de Jessé, poderia ser também, de Saul. Boa estatura, formoso; porém, rejeitado, pelo coração.

“O homem vê o que está diante dos olhos...” daí, quando descobre que não viu, sai filosofando: “As aparências enganam.”

Não são as aparências que enganam; mas as conclusões que derivamos delas. Outro adágio vulgar é que “Deus escreve certo por linhas tortas.” Na verdade, Deus escreve certo sempre; mesmo, quando Suas Linhas excedem à nossa compreensão: “Quem é sábio, para que entenda estas coisas? Quem é prudente, para que as saiba? Porque os caminhos do Senhor são retos; os justos andarão neles, mas os transgressores neles cairão.” Os 14;9

A fé guinda-nos para além do reino das aparências, onde, em parte, somos capacitados a ver as coisas como são, malgrado, como se pareçam. “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam; a prova das coisas que se não veem.” Hem 11;1

O que são os hipócritas, esses bichos tão encontráveis em nossa fauna, senão, seres que encenam aparências, mesmo alienados da essência?

Se soubessem como são os Olhos Divinos seriam mais cautelosos. “Porque A Palavra de Deus é viva e eficaz, mais penetrante do que espada alguma de dois gumes; penetra até à divisão da alma e do espírito, juntas e medulas; é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. Não há criatura alguma encoberta diante Dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos Daquele com Quem temos de tratar.” Heb 4;12 e 13

Quando diz que Deus vê os corações, é que Sua Palavra “... é apta para discernir pensamentos e intenções do coração.” Muitas coisas “certas” com intenções malignas saem dos humanos corações.

Até eventuais escolhas, aparentemente virtuosas, O Eterno já sabe onde conduzirão, antes de postas em prática; “Há um caminho que ao homem parece direito, mas no fim dele são caminhos da morte.” Prov 14;12

Antes de sermos capacitados a ver como Deus, inda que em parte, somos desafiados a pensar como Ele. Isso demanda recusarmos nossa “sabedoria” em prol da Sua Palavra. “Deixe o ímpio o seu caminho, o homem maligno seus pensamentos e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque Meus Pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus, diz o Senhor. Porque assim como os Céus são mais altos que a Terra, são os Meus Caminhos mais altos que os vossos, e Meus Pensamentos mais altos que os vossos.” Is 55;7 a 9

A consciência, faculdade Divina implantada em nós é totalmente impotente ante à vontade; mas, plenamente impoluta no que tange à verdade; silencia diante do que o Céu aprova, e denuncia o que não é assim. Seu bom ouvinte acabará aprendendo a ouvir Deus.

Fala antes das nossas escolhas, valorando-as; depois, julgando-as. Como disse Samuel Bolton: “Se a consciência não for um freio, ela será um chicote.”

Pode ser rejeitada de tal forma, até que cauterize; deixe de falar. Quem faz assim, já afundou na incredulidade, como advertiu Paulo: “Conservando fé e boa consciência, a qual alguns, rejeitando, fizeram naufrágio na fé.” I Tim 1;19

Assim, os Olhos Divinos capazes de ver corações, têm uma centelha em cada um de nós, que permitem vermos a nós mesmos com honestidade. Atuarmos conforme vemos é outro aspecto; o que é a desonestidade intelectual, senão, fingir não ver o que estamos vendo? Uma forma requintada de trair a si mesmo.

Onde lemos algo assim...? Ah! “A condenação é esta: Que a Luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a Luz, porque suas obras eram más.” Jo 3;19

Tendemos a pensar que o mal é algo fora de nós; aos nossos olhos, basicamente somos bons; A Palavra Divina confronta essa doença; “De que se queixa o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados.” Lam 3;39

Então, “Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3;7

sexta-feira, 3 de junho de 2022

Os sonhos de José


“... Acharíamos um homem como este em quem haja o Espírito de Deus?” Gn 41;38

Faraó impressionado com José; aquilo que fora um desafio insolúvel para todos os sábios do Egito, para ele estava transparente, visível, revelado. Tanto que, não só o soberano, mas mesmo os que falharam ante o enigma, concordaram que fora correta a interpretação. “Esta palavra foi boa aos olhos de Faraó e de todos os seus servos.” v 37

Não houve uma revisão processual para relaxar a prisão, tampouco, uma “liminar” ao STF pleiteando a soltura de José. Deus o estava exaltando; isso encerrava a questão. “... Pois que Deus te fez saber tudo isto, ninguém há tão entendido e sábio como tu. Tu estarás sobre minha casa; por tua boca se governará todo meu povo, somente no trono eu serei maior que tu.” vs 39 e 40

Não se fez menção mais à prisão: “Por tua boca se governará todo meu povo.” A cadeia era passado; o trono, nova realidade produzida por Deus.

Não poucas vezes ouvi pregações sobre os “Sonhos de José”, exortando as pessoas a “sonharem grande” para terem a sorte daquele.

Dois problemas expressivos ante essas pregações. Primeiro: os sonhos dados a José não refletiam desejos, anseios dele, como seriam os “sonhos” dos incautos que dessem ouvidos a tais mercenários. Foram revelações dadas por Deus, sobre o que o Eterno faria através dele; não o fundamento de uma doutrina, tipo: Quem sonha grande, Deus realiza.

Isso remete ao segundo problema; A Palavra de Deus nos aconselha a não devanearmos com grandezas terrenas; “... não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios em vós mesmos;” Rom 12;16 “... Acautelai-vos, guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui.” Luc 12;15 Então, “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo.” Fp 2;3 “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à Destra de Deus.” Col 3;1

Sonhar com grandezas terrenas, em demanda dessas, fazer grandes $acrifício$, como ensinam esses ladrões travestidos de pregadores, nada tem a ver com aprender com o exemplo do filho de Jacó.

O que podemos aprender da saga de José é que não devemos condicionar nossa fidelidade ao usufruto de circunstâncias favoráveis. Ele fora obediente ao seu Pai, enquanto, seus irmãos eram dissolutos, rebeldes; fora fiel na casa de Potifar, mesmo a esposa desse o chamando à infidelidade; seguira íntegro na cadeia, mesmo preso sem culpas; sua fidelidade não lhe trazia nenhum proveito imediato, exceto, paz de espírito, silêncio da consciência.

Esse negócio de embasar nossas más ações na maldade alheia circunstante é só um subterfúgio de quem já é inclinado ao mal. “Sou bom com quem é bom comigo”; “todos sonegam, por quê eu pagaria?” “Quem chega primeiro bebe água limpa”; etc. Quem jamais ouviu coisas assim? Cada um escolhe parâmetros com os quais se identifica.

Somos indivíduos, nossas digitais são únicas; “Ele (Deus) sela as mãos de todo homem, para que conheçam todos os homens a sua obra.” Jó 37;7 A administração de nossa alma é uma pasta intransferível; “De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.” Rom 14;12

Desde quando, o pecado do meu vizinho deve servir de estímulo ao meu? “... se tu, ó Israel, queiras prostituir-te, contudo, não se faça culpado Judá;” Os 4;15 O erro de um não faz, necessariamente, o descaminho do outro.

Não seria mais saudável, que eventuais virtudes de meus semelhantes despertassem às minhas?

Devemos nos espelhar em José sim; na sua resiliência em ser fiel, mesmo quando a vida parecia lhe punir por isso. Fidelidade é uma índole, uma “marca d’água” do caráter; não uma negociata em busca de vantagens duvidosas.

Isaías nos desafia a isso mesmo ante as circunstâncias mais desencorajadoras; “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do Seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor, firme-se sobre o seu Deus.” Is 50;10

A busca por vantagens rasteiras em nome da fé, mostra exatamente o oposto; a incredulidade. A fé sabe que onde está o coração aí está o tesouro e que devemos ter o nosso nos Céus.

Eventualmente, alguns passam por lugares altos aqui; como, a seu tempo, José. Mas, lugares “baixos” no Reino, inda são mais excelentes que os altos da terra. Como disse Spurgeon, “Não trocamos de lugar com reis em seus tronos, a menos que eles também conheçam a Jesus.”

Quem já está em alturas excelsas assim, por quê se inclinaria ante coisas biodegradáveis?

quinta-feira, 2 de junho de 2022

Nossa maldade "alheia"


“Quem pode entender seus erros? Livra-me Tu dos que me são ocultos.” Sal 19;12

Pergunta de Davi: Quem pode entender seus erros? Temos muita facilidade, perspicácia, para percebermos erros alheios. Como é a frase aquela? “Reconhecemos um louco sempre que o vemos; nunca, quando o somos.”

Quando oramos para que Deus nos livre da maldade, invariavelmente pensamos na maldade alhures, não, na nossa. Alguns inventaram uma “vacina” contra má índole de terceiros: “Que Deus te dê em dobro tudo o que me desejares.” Ou, deseje-me apenas coisas boas, senão, meu Deus te pega. 

A Bíblia ensina diferente: “... se teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre sua cabeça. Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.” Rom 12;20 e 21

O problema com a maldade alheia que torna contraproducente nossa intervenção é que ela é alheia. “... cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.” Rom 14;12 Óbvio que, quem milita na área do ensino espiritual, de certa forma deve “ingerir” na tentativa de ajudar na cura das almas; mas, estritamente cada um responde por si. Cada humano fará uso de seu arbítrio em cima do qual, fará suas escolhas.

Se, sou mordomo exclusivo de minha alma, dessa que devo cuidar. Terei que responder pelas minhas ações não, pelas de terceiros. Como disse Isaías ao Rei: “... Põe em ordem a tua casa, porque morrerás...” Is 38;1

Nunca fomos tão afetáveis como agora. Tudo é ofensivo, preconceituoso, invasivo; toda e qualquer palavra parece ser friamente calculada, para ferir os melindres da geração mais melindrosa de todas as eras, a atual. Até mesmo a pregação do Evangelho, com seus ensinos e correções, em muitos casos é reputada como “discurso de ódio.”

Ensinar que determinados comportamentos são erros, invés disso ser tido como amor pela verdade é visto como “fobia” aversão. Ora se fosse assim, ao vermos alguém a quem desprezamos errando o caminho, bastaria deixar o tal seguir, até se perder. Mas, silenciar ante o perigo de perdição do semelhante seria o silêncio do ódio. Quem ama não pode calar.

Essa doença de que o erro é um defeito alheio apenas, jamais foi tão evidente, quanto agora. Ao menor sinal de um ensino qualquer, presto as “ovelhas” mostram suas “peles” de porcos-espinhos: “Só dê palpites na minha vida depois que pagares minhas contas.”

Parece que, o fato de alguém pagar suas contas o “blinda” contra qualquer conselho ou ensino. O problema é que o desafio ao arrependimento para salvação é necessário por sermos todos devedores eternos, perante Deus. Cristo pagou nossas dívidas com Seu Sangue; mesmo assim, não Fala conosco para nos cobrar; antes, para nos convidar à vida.

Pagar contas é o mínimo necessário para o exercício da nossa cidadania. Agora, para a cidadania Celeste, devemos submeter nossas vidas ao Único que “carimba” passaporte para lá; O Salvador. “... ninguém vem ao Pai, senão por Mim.” Jo 14;6

Além dos nossos muitos erros habituais, a incredulidade se torna o maior de todos, por trazer uma blasfêmia; “... quem a Deus não crê mentiroso O fez, porquanto não creu no testemunho que Deus, de Seu Filho Deu.” I Jo 5;10

O risco de sermos mui perspicazes com os erros alheios é acabarmos julgando nos outros, os nossos. Davi foi chamado pelo profeta Natã o sentenciar um homem rico que recebera uma visita; invés de matar uma de suas muitas ovelhas tomou a única de um vizinho pobre.
O rei irou-se. Disse que o tal era digno de morte. Então, o profeta fez saber, que era ele. Pois, apesar de suas mulheres e concubinas várias, deixara-as para adulterar com a esposa de Urias. 

Os erros “alheios” que ele julgara tão severamente eram dele mesmo. Felizmente sua sentença de morte não foi aplicada. Ver II Samuel cap 12.

Então, esse incidente pode tê-lo inspirado sobre a cegueira para com os próprios erros.

Ao aprender isso, pediu livramento pela maldade escondida; “Quem pode entender seus erros? Livra-me Tu dos que me são ocultos. Também da soberba guarda teu servo, para que se não assenhoreie de mim. Então serei sincero, ficarei limpo de grande transgressão.” Sal 19;12 e 13

Pelo fato inegável da nossa maldade, somos desafiados a uma higienização de alma, antes de participarmos do “Corpo de Cristo.” “Examine-se, pois, o homem a si mesmo; assim coma deste pão e beba deste cálice.” I Cor 11;28

O homem prudente, pois, dirige sua perspicácia em julgar contra si mesmo, sabendo que, “... de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo.” Mat 12;36

quarta-feira, 1 de junho de 2022

A lâmpada alheia


“O escarnecedor busca sabedoria e não acha nenhuma, para o prudente, porém, conhecimento é fácil.” Prov 14;6

Uma anomalia entre prudente e escarnecedor: O normal seria que, na oposição estivesse o imprudente. Aquele seria cuidadoso, zeloso, esse, desleixado, relapso em relação aos valores úteis pra vida.

No entanto, o oposto não se contenta em ser descuidado naquilo em que o outro é consciente; além de não fazer como seu “rival”, zomba, escarnece.

Vai muito além da omissão nas coisas vitais, que seria o esperável do imprudente; parte para o ataque, como se, a virtude alheia fosse um defeito, lhe fizesse mal. Isso explicaria, por exemplo, porque os que defendem valores como Deus, Pátria e Família, sejam tachados, de “Nazistas, fascistas, racistas, homofóbicos...”

Caluniadores, não se contentam com sua imprudência; mas, precisam da “diatribe” dos escárnios, porque, talvez, o bom andar dos prudentes seja uma denúncia silenciosa, dos seus descaminhos.

Não basta a esses traidores de si mesmos, serem omissos; precisam ser avessos às virtudes alheias, como se, a incidência dessas, os incomodasse.

O Salvador quando expulsava um demônio, por exemplo, os que não O seguiam, acusavam-no de fazer isso pelo poder maligno. Não bastava rejeitarem-no; precisavam de um “motivo” que fizesse a culpa ser Dele. Como pactuariam com um “Endemoniado”?

O “defeito” da Luz é que ela é muito iluminante; deixa em maus lençóis aqueles de quem se aproxima. “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20 Não são necessárias palavras de reprovação; o simples porte de quem anda na luz, “denuncia” aos que não o fazem.

Avessos à Luz, tantos “iluminados” nas coisas humanas, se dizem ateus. Sempre oportuno lembrar a acusação do finado Stephen Howkins: “A fé é um brinquedo de crianças com medo do escuro.” E a resposta do pastor: “O ateísmo é um brinquedo de adultos, com medo da luz.”

O “problema” da luz espiritual é que ela não se limita a mostrar como as coisas são; nos desafia a andarmos segundo vemos, para que sua eficácia nos alcance; “Esta é a mensagem que Dele ouvimos, e vos anunciamos: Deus é luz, não há Nele trevas nenhumas. Se dissermos que temos comunhão com Ele, andarmos em trevas, mentimos, não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o Sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I Jo 1;5 a 7

A pessoa pode ser um gênio nos domínios humanistas, e uma toupeira nas coisas espirituais. A sabedoria espiritual é um Dom Divino aos prudentes; traz anexo um conteúdo que vai além do intelecto perspicaz; “Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade, para que guardem as veredas do juízo. Ele preservará o caminho dos Seus santos.” Prov 2;7 e 8

O fato de o saber espiritual ser escudo está diretamente ligado à “necessidade” de ataques, dos escarnecedores. O bom porte em Cristo dos fiéis deixa aqueles em maus lençóis; invés de cogitarem mudar suas “roupas de cama”, preferem enlamear com calúnias, as reputações dos que não andam como eles.

Sabedor dessas coisas O Senhor ensinou: “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus; bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem, perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por Minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande vosso galardão nos Céus...”

A imprudência foi abordada pelo Salvador na parábola das dez virgens; enquanto as néscias não guardaram azeite de reserva, as prudentes tinham.

O que poucos se dão ao trabalho de considerar, é o quê significa o “azeite”. Salomão ensinara: “... nunca falte o óleo sobre tua cabeça.” Ecl 9;8 

Os que pensam que o azeite significa se esbaldar em dons pentecostais, línguas e profecias, também estão no escuro.

O óleo (Espírito) sobre a cabeça, significa uma comunhão estreita que enseja discernimento, direção; “Os teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para direita nem para esquerda.” Is 30;21

A separação final não será no tocante a ter dons, assim ou assado; antes, em ter amado à verdade, ou não; “... Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam na mentira; para que sejam julgados todos que não creram na verdade, antes tiveram prazer na iniquidade.” II Tess 2;11 e 12

Os escarnecedores terão um reino pra chamar de seu, por uns dias; mas, quando sentirem na pele a essência do seu rei, lamentarão sua imprudência; ainda dá para repensar.

segunda-feira, 30 de maio de 2022

Suicidas escolhas

“Porque o ímpio gloria-se do desejo da sua alma; bendiz ao avarento, e renuncia ao Senhor.” Sal 10;3

Três erros. Um: Absolutiza ao relativo; faz de seu próprio desejo, um deus; ou, como disse Jeremias, “Faz da carne mortal, seu braço;"

Dois: espelha-se em maus referenciais; bendiz ao avarento; materialismo doentio, seu objetivo de vida; dinheiro, seu alvo.

Três: A cereja da torta; renuncia ao Senhor.

Eu diria que as três coisas são sintomas da mesma doença. A alienação do Eterno, forçosamente demandará confiança em si mesmo; falta de bens nos domínios do espírito, fatalmente desviará a confiança para os bens materiais; apego doentio e egoísta ao direito de dirigir os próprios rumos, necessariamente trará à tiracolo a renúncia ao Senhor. Como ensina A Palavra, “Um abismo chama outro abismo.”

A velha autonomia proposta pela oposição, “vocês mesmos resolvem tudo.” Continua fazendo vítimas até hoje.

O problema do homem se autodeterminar nas coisas espirituais, é que, alienado da revelação que diz como as coisas são, só pode descansar em suas presunções; pois, ao recusarmos a Palavra Divina que nos revela como é, ficamos por nossa conta. Mesmo dizendo que as aparências enganam, nos posicionamos ante as coisas, como melhor nos parece. E, “Há um caminho que ao homem parece direito, mas no fim dele são caminhos da morte.” Prov 14;12

O materialismo além de impotente para o outro lado, escraviza do lado de cá. “Caixão não tem gavetas”, dizem; mas, amealham como se pudessem adquirir bens após a morte com valores daqui. O excessivo apego às coisas que o dinheiro pode comprar (que são poucas) se torna um hábito como correr atrás das sombras.

“Quem amar o dinheiro jamais dele se fartará; quem amar a abundância nunca se fartará da renda; também isto é vaidade.” Ecl 5;10

Por renunciar a Deus o homem acaba endeusando a si mesmo. O Salvador ensinou que Ele fora rejeitado, não porque houvesse algum lapso em Seu Ser; antes, pelos que havia no homem; “... a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3;19 a 21

Renunciar a Deus é fugir da luz. Platão já dizia: "É normal as crianças temerem ao escuro; trágico é os adultos com medo da luz."

Teoricamente entendemos que o valor supremo é a vida; outros bens todos perdem sentido sem a vida para usufruto. Sendo, pois, O Senhor O Único que dá a vida, a rejeição a Ele, no fundo, equivale a rejeitar tudo.

Embora possamos, pois, em nossas filosofias de botecos, tagarelar as coisas certas, no âmago, no entendimento seguimos cegos, à mercê da oposição, enquanto não nos rendemos ao Salvador. “O deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Não existe como servir a Cristo sem obediência; “Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para morte, ou da obediência para justiça?” Rom 6;16

O canhoto sutilmente apelida a obediência a ele de “liberdade”, autonomia. Estando nossa natureza totalmente inclinada ao pecado, o homem sem Deus fatalmente se faz servo dele. E pela sua obsessão poluída, é a desobediência que o serve, seu caminho se faz mais fácil. Mas, leva para onde?

Quem tenciona andar com Deus precisa negar a si mesmo e se submeter à direção do alto. “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem seu caminho; nem do homem que caminha, dirigir os seus passos.” Jr 10;23 “Deixe o ímpio o seu caminho, o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso É em perdoar. Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus, diz o Senhor.” Is 55;7 e 8

Certa vez ouvi de um castelhano: “Los hombres prefiren ser cabezas de ratón, a ser cauda de león.” Infelizmente é assim. Preferem a autonomia suicida para cinco ou seis décadas, invés da eternidade ao lado do Senhor.

A “matéria-prima” da vida não é material. “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, não nas que são da terra;” Cal 3;1 e 2

domingo, 29 de maio de 2022

O leite ignorado


“Certamente que me tenho portado sossegado como uma criança desmamada de sua mãe; minha alma está como uma criança desmamada.” Sal 131;2

Eloquente figura, para ilustrar as ideias de descanso e suprimento por parte do Senhor. O sossego como a consequência de ter sido alimentado, e poder descansar Nele.

Desmamar acontece em duas situações distintas; uma, quando finda o período de lactação; a criança não mais será alimentada ao peito; chegado esse tempo, dizemos que a tal desmamou. Ou, como parece ser a ideia do texto, quando um bebê acabou de se alimentar o bastante, agora dorme sossegado nos braços maternos. Bastou, está saciado, desmamado.
Nesse caso, encerra-se uma ação pontual, por ser suficiente, naquele momento.

O sossego deriva de estar, a alma, satisfeita com o lugar recebido; “Senhor, meu coração não se elevou nem meus olhos se levantaram; não me exercito em grandes matérias, nem em coisas muito elevadas para mim.” V;1

A dificuldade em aceitar lugares humildes é uma enfermidade humana bastante comum, infelizmente; geralmente presumimos que mereceríamos lugares melhores. “Cada um fique na vocação em que foi chamado.” I Cor 7;20 “... não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios em vós mesmos;” Rom 12;16

Não obstante a renúncia necessária para sermos de Cristo, o “negue-se”; não poucos “cristãos” amantes de honras humanas e prazeres, partilham sua oposição a Cristo sem sequer perceber: “Permita-se”. Ora, isso é o velho conselho da oposição; “vós mesmos sabereis o bem e o mal”, com um verniz melhor.

Pois, assim como, “A vida de cada um não consiste da abundância do que possui.” Também, o valor de alguém não se mensura a partir do lugar que ocupa; muitas inversões grassam na Terra: “A estultícia está posta em grandes alturas, mas os ricos estão assentados em lugar baixo. Vi os servos a cavalo e príncipes andando sobre a terra como servos.” Ecl 10;6 e 7

Assim, o “leite” haurido é uma confiança irrestrita no Eterno, cuja consequência é sossego e paz. Mesmo que, eventualmente estejamos em posições insignificantes; se estamos na Divina Direção, podemos descansar. “Ah! se tivesses dado ouvidos aos Meus Mandamentos, então seria tua paz como o rio, e tua justiça como as ondas do mar!” Is 48;18

Pedro, falando aos novos convertidos usou a mesma figura, comparando A Palavra com leite, disse: “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Ped 2;2

Esse crescimento, contudo, tem a ver com nossa estatura espiritual, cujo exercício nos faz galgar entendimento, discernimento; nada a ver com hierarquias terrenas, cujo valor é dúbio. Basta vermos a nuvem de “Profetas e Apóstolos” que existe atualmente, para constatar sem esforços, que lugares humildes são de pouco apreço entre nós.

Os hebreus que se mostraram lentos no processo de crescimento espiritual foram exortados: “Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar os primeiros rudimentos das Palavras de Deus; vos haveis feito tais que necessitais de leite, não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na Palavra da Justiça, porque é menino. Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto o mal.” Heb 5;12 a 14

Pode parecer contraditório que num momento sejamos exortados a ser crianças; noutro, corrigidos por ainda sermos.

“Aquele que não se tornar como uma criança não pode entrar no Reino dos Céus”. Na ausência de malícia e confiança irrestrita, devemos ser infantes; todavia, no entendimento, no crescimento espiritual, devemos ser edificados até a estatura de “homens perfeitos.”

Paulo mostrou os dois lados da moeda num verso apenas: “Irmãos, não sejais meninos no entendimento, mas sede meninos na malícia, e adultos no entendimento.” I Cor 14;20

Num contexto de hiper-valorização dos dons espirituais, sem o devido concurso do amor, o apóstolo ensinou: “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino” I Cor 13;11

Meninices são perniciosas, onde devemos manifestar postura de adultos. O crescimento é “Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente.” Ef 4;14

Vendo a inversão de valores, pós-verdade, apostasia, a pressa dos arquitetos do Império de Satã na forja do motim global, meu homem espiritual não pode conter certos abalos alarmistas; todavia, olhando para a Palavra, os vaticínios de que a coisa seria mesmo assim, melhor, sabendo Quem vencerá no final, minha alma criança sossega, na suficiência do Pai.