sábado, 5 de fevereiro de 2022

Senhores das moscas


“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! que dizimais hortelã, endro, cominho, e desprezais o mais importante da lei; juízo, misericórdia e fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas. Condutores cegos! que coais um mosquito e engolis um camelo.” Mat 23; 23 e 24

No afã de desautorizar aos mercenários da praça que usam a Obra de Deus como pretexto para suas cobiças, muitos paladinos dos desigrejados defendem que, o dízimo era coisa do Antigo Pacto, desnecessário agora, dado que os templos somos nós, nem congregações carecemos.

Que cada salvo em particular é “templo do Espírito” ou edificado para “morada de Deus no Espírito” isso é cristalino na Palavra.

Entretanto, a igreja é figurada como um corpo interativo, coeso, onde, membros mais nobres devem honrar aos mais frágeis; todos têm necessidade, uns dos outros.

Daí a exortação para que se mantenha assim segundo o projeto do Cabeça desse corpo, Cristo: “Não deixando nossa congregação, como é costume de alguns, antes, admoestando-nos uns aos outros; tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia.” Heb 10;25

A simples existência de congregações bem como, obreiros de tempo integral, traz certos custos que demandam contrapartida dos membros. O Salvador não vetou o dízimo apenas desfez a inversão de valores. Achavam que fazendo aquilo bastava, ou que era o mais importante. Recolocando cada coisa no seu lugar, dos dízimos disse: “Deveis fazer essas coisas...”

Segundo a metáfora do Senhor, as obrigações materiais com a obra seriam o “mosquito”, o menos valioso; enquanto, o “camelo”, seria negligenciar as coisas mais importantes da Lei; “juízo, misericórdia e fé.”

Logo, entendemos que dízimos e ofertas, embora necessários, são coisas de menor monta, sendo o juízo, pela aversão do Santo ao pecado, a misericórdia, nosso engajamento amoroso com as carências do semelhante, e a fé, nossa confiança irrestrita em Deus e Sua Palavra, valores que devem ocupar espaço principal em nosso serviço.

O problema dos mercadores da Palavra é maior que um mosquito. Se, anunciassem segundo o juízo, condenariam a simonia mediante o fetichismo, invés de estimulá-la; Segundo à misericórdia atentariam primeiro, às necessidades das pessoas, não da igreja; segundo a fé descansariam na suficiência de Deus.

Sendo nossas prioridades o que o Senhor avalia como prioritário, Ele suprirá as coisas menores também. “Mas, buscai primeiro o Reino de Deus, sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;33

Umas somos exortados a buscar, outras, nos são prometidas livremente. É perigoso, como já vimos, espiritualizar a interpretação dizendo que nós somos os templos do Espírito Santo, não carecemos edificar igrejas, e sim edificar pessoas, mediante ensino.

Em parte, isso é verdadeiro, mas não totalmente honesto. Há necessidades reais, com devidos custos de provisão e manutenção. O que tem ocorrido com frequência é que o mosquito tem virado camelo; o material tem preponderado. 

Num caso, quando amamos o dinheiro; sofremos ao fazermos nossa parte, nos vemos a discutir e forçar textos bíblicos, para “provar” que não carecemos mais dizimar;

noutro, quando a igreja faz do dinheiro o tema de suas mensagens constrangendo pessoas, seja, vendendo bênçãos, seja, ameaçando com maldições. Esse segundo caso, como que, ampara ao primeiro. "O amor ao dinheiro é a raiz de espécie de males."

Então ao permitir a “marca da besta” que, de certa forma será o dinheiro do porvir, O Eterno estará separando bodes de ovelhas ainda na terra.

Essa turba mercenária preocupada com ostentação, os “Templos de Salomão” e assemelhados, como escolherá O Senhor quando for “só Ele” sem honra nem conforto acessórios?

Como cada comichão tem defensores; materialistas associam-se aos semelhantes e passam a caçar insetos com rifles.

Verdade seja dita, a maioria dos que são roubados pelos mercenários merecem sê-lo. Sabem o que todo mundo sabe mas, preferem a mensagem fácil do “pare de sofrer” que a Cruz de Cristo.

Traídos pela própria cobiça e ilusão, acreditam que esses “ungidos” tem mesmo acesso a Deus, e podem manipulá-lo ao seu bel-prazer.

Não dói nada ser fiel nos bens do Senhor.
Se as árvores se conhecem pelos frutos, esses que, perturbam trabalhos sérios estabelecidos com seus ensinos parciais que tipos de frutos dão?

Aos mercenários da praça Deus julgará. A tentação mais perigosa nesse contexto é “justificar” nossa avareza, omissão, ou amor ao dinheiro, em nome duma “doutrina” de fundo de quintal. Cuidado!

Na verdade, é mais fácil honrar a Deus com “as primícias de nossa renda”, que com nosso modo de viver. Bebamos, pois, a pura Água da Vida, sem o mosquito e sem o camelo.

"A avareza é um tirano bem cruel; manda ajuntar e proíbe o uso daquilo que se junta; visita o desejo e interdiz o gozo." (Plutarco)

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

A rejeição ao Caminho


“Há um caminho que ao homem parece direito, mas no fim, são caminhos da morte.” Prov 14;12

Diferente de Deus escrevendo certo por linhas tortas, temos o homem andando por linhas tortas, presumindo que são retas.

O problema de determinado caminho me parecer direito, nem é o caminho em si; antes, minha presunção doentia, aconselhada pelo inimigo, que poderia atuar autônomo, alienado do Criador. “Vós mesmos sabereis o bem e o mal.” O mau caminho não é a causa do erro, antes, consequência de colocarmos o ego em lugar do Senhor; o erro capital.

Sendo o valor de um caminho conhecido no fim, seria necessária certa presciência, para sabermos aonde cada um leva. Pois, chagado ao fim, não haverá escolhas, só a ceifa devida.

Como a faculdade de antever não reside em humanos, nossa presumida sabedoria é só uma miragem a nos trair enquanto erramos, no deserto da ausência de Deus.

Por isso o ensino: “Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3;5 a 7

Se, aos servos Ele endireita as veredas, necessária a conclusão que, os que confiam em si mesmos entortam.

A rejeição à Palavra passou de, não concordar ao ouvi-la, a nem querer ouvir, vetar sua voz. Mesmo nas igrejas, em muitas delas, grassam “profetas” de “vitórias” “chaves” disso ou daquilo, adivinhadores de CPFs, e vetam homens da Palavra que instruem segundo Deus, sem manipular emoções, apenas buscando iluminar.

Parece direito acreditar em suas alegres mentiras, como um drogado que traga ou, inocula seu veneno, e passado o efeito sai em busca de mais; não importa que as “profecias” não se cumpram; seguem crédulos atrás desses salafrários, traindo a si mesmos, na ilusão de que um dia a coisa “dará certo”.

A principal razão para a rejeição ao Salvador foi não ter se enquadrado no modelo religioso vigente; ainda hoje não se enquadra em muito do se faz em “Seu Nome”; ainda é rejeitado, por trazer estritamente, Sua Palavra, sem artifícios nem alegorias rasteiras que o homem tanto gosta.

Um profeta autêntico é, antes de tudo, alguém que denuncia o erro; “Não mandei esses profetas, contudo foram correndo; não lhes falei, porém, profetizaram. Mas, estivessem no Meu Conselho, então teriam feito Meu povo ouvir Minhas palavras; o teriam feito voltar do seu mau caminho, da maldade das suas ações.” Jr 23;21 e 22 

Assim, se um profeta falando segundo Deus tende a denunciar erros, confrontar à maldade, um ímpio religioso manterá “distância segura” dele, cercando-se, antes, dessas “caixas de promessas” ambulantes, que adulam aos maus por interesses.

Religiosidade oca, sem obediência apenas aumenta a culpa; “Mas ao ímpio diz Deus: Que fazes tu em recitar Meus Estatutos e tomar a Minha Aliança na tua boca? Visto que odeias a correção, lanças as Minhas Palavras para detrás de ti. Quando vês o ladrão, consentes com ele, tens a tua parte com adúlteros. Soltas a tua boca para o mal, a tua língua compõe o engano. Assentas-te a falar contra teu irmão; falas mal contra o filho de tua mãe. Estas coisas tens feito, e Me Calei; pensavas que era tal como tu, mas te arguirei e as porei por ordem diante dos teus olhos.” Sal 50;16 a 21

O Salvador ensinou a possiblidade de se edificar sobre a Rocha e sobre a areia. A diferença entra as edificações seria notada em horas tempestuosas. Assim são os que estão edificados na Palavra, a ela obedecem, e segundo ela, vivem; as provações, por duras que sejam não os derrubam. Os demais, malgrado eventual religiosidade, seguem escolhendo a maldição, por colocarem o homem em lugar de Deus; primeiro, escolhendo suas predileções doentias à sã doutrina; depois escolhendo “ministros” que servem seus “manjares” favoritos em detrimento dos servos de Deus.

A Palavra é categórica: “Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne o seu braço e aparta o seu coração do Senhor! Porque será como a tamargueira no deserto, não verá quando vem o bem...” Jr 17;5 e 6

Claro que é mais fácil acreditar em promessas mirabolantes e incondicionais que alinhar nossa viver ao prumo da Palavra; mas, se O Salvador nos desafiou a tomarmos uma cruz, quem disse que Ele nos chamou a um caminho fácil?

Bijuterias até fazem figura ante incautos; mas O Santo Ourives prova os metais; “assentar-se-á como fundidor e purificador de prata; e purificará os filhos de Levi, e os refinará como ouro e como prata; então ao Senhor trarão oferta em justiça.” Ml 3;3

domingo, 30 de janeiro de 2022

Egoísmo "Gospel"


“Porventura é para vós tempo de habitardes nas vossas casas forradas, enquanto esta casa fica deserta?” Ag 1;4

Cada um se ocupava das coisas particulares, deixando em desprezo as de Deus. A construção do templo fora abandonada, cada qual se esmerava por sua casa, enquanto a casa coletiva, congregacional, estava esquecida.

Depois de “falar” várias vezes usando a natureza, O Eterno resolveu partir para uma fala mais direta; o profeta.

“Semeais muito e recolheis pouco; comeis, porém não vos fartais; bebeis, porém não vos saciais; vesti-vos, porém ninguém se aquece; o que recebe salário, recebe-o num saco furado.” v 6 Os céus retiveram suas bênçãos e eles não tentaram entender o motivo.

Então, Ageu foi escolhido para “desenhar”; “Subi ao monte, trazei madeira, edificai a casa; dela Me agradarei, Serei glorificado, diz O Senhor.” v 8

Partindo do princípio que, falando expressamente o que queria, O Senhor seria obedecido, prometeu mudar a “mensagem” da natureza também; “Porventura há ainda semente no celeiro? Além disso a videira, figueira, romeira, oliveira, não têm dado seus frutos; mas desde este dia vos Abençoarei.” Cap 2;19

Se, é doentia a tal “teologia da prosperidade”, onde se negocia com Deus por interesses rasos, mesquinhos, também é certo que O Eterno premia a obediência, a fidelidade. “Meus olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse Me servirá.” Sal 101;6

O caminhar reto busca a Deus, nãos coisas. Não significa que um servo Dele em dificuldade, seja infiel; pode estar em pleno teste, como estiveram tantos. Mas, via de regra, O Senhor estabelece aos que, se submetem a Ele, abençoando-os no Seu tempo.

Por outro lado, também não implica que um “cristão” de vida torta, testemunho indigno, que pareça estar abençoado, goze da Divina aprovação. Aí, a longanimidade do Eterno ainda espera por arrependimento; mas, um dia chamará o tal, a prestar contas. A um “próspero” assim, certa vez disse: “Estas coisas tens feito, e Me Calei; pensavas que era como tu, mas Eu te arguirei, as porei por ordem diante dos teus olhos.” Sal 50;21

Uma das coisas pouco entendidas da doutrina de Cristo é o “Negue a si mesmo.” Tendemos a restringir a incidência disso, sobre os desejos pecaminosos que devemos “crucificar”. Isso é parte do pacote. Nosso “si”, infelizmente é maior que isso.

O individualismo doentio que grassa no mundo invade a vida espiritual também, como vimos nos dias de Ageu, o particular era alvo de cuidados, enquanto, o coletivo estava relegado ao esquecimento.

Há muito “egoísmo gospel” atrapalhando à Bendita Obra de Deus. Meu dom de louvor, instrumentista, meu ministério de pregador, minhas predileções por cultos assim, ou assado, meu pregador favorito, usos e costumes com quais me identifico... onde já vi algo assim? Ah, “Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; outro: Eu de Apolo; porventura não sois carnais?” I Cor 3;4 

Paulo não disse que eles não eram salvos, mas, que eram carnais. Militavam ainda na carne, não obstante, O Espírito Santo estar disponível.

Se, a diversidade de ministérios, dons, características, personalidades, é necessária, saudável, a unidade espiritual do Corpo de Cristo é o objetivo celeste. “... Pai Santo, guarda em Teu Nome aqueles que me deste, ‘para que sejam um’, assim como Nós.” Jo 17;11

Paulo esmiuçou um pouco, os traços dessa unidade; “Há um só corpo, um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus, Pai de todos, o Qual é sobre todos, por todos e em todos vós. Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo.” Ef 4;4 a 7

Diante disso o incauto perguntaria: Por quê existem tantas religiões então? Deus não é Criador de religiões.

O número de salvos é pífio, infelizmente, embora vastos os religiosos. Os que seguem à Palavra sem distorções, são de Cristo, não importam denominações, rituais, costumes... os demais, que expliquem se quiserem, suas criações alternativas. Cristo segue categórico: “... Ninguém vem ao Pai, senão, por Mim.” Jo 14;6

Então, suponhamos que novo “Ageu” fale pelo Eterno: “Para vocês é tempo de escolher ministros, ministérios, cantores, pregadores... mas, vossas vidas seguem sem sinais de progresso espiritual nem material. As coisas atinentes à Minha Vontade tendes desprezado, diz O Senhor. Descei do monte da presunção carnal, submetei-vos ao Espírito Santo: Ele trará A Palavra para a Edificação que conta, (Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que edificam... Sal 127;1) para verdes a transformação que vou operar em vossas vidas; porque, assim fazendo, desse dia em diante vos abençoarei.”

sábado, 29 de janeiro de 2022

Perdoar ou engolir sapo?


“... Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste. Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti?” Mat 18;32 e 33

A isonomia do perdão. “Perdoa nossas dívidas, assim como perdoamos nossos devedores...” fragmento da oração ensinada por Jesus.

Se, não prestarmos atenção, orando assim podemos pedir para O Eterno não nos perdoar, uma vez que, o perdão Dele, será igual ao que oferecemos; caso não tenhamos perdoado ao semelhante estaremos pedindo o mesmo tratamento para nós, em prejuízo das nossas almas.

Já vivi e vivenciei nas igrejas, muitos, equacionando erradamente, perdão, que é um mandamento, com o “engolir sapos” que é uma burrice para prejuízo da própria saúde psicológica.

Qual a diferença? No perdão, a parte que errou reconhece que falhou; humildemente pede ao ofendido que perdoe. Em casos assim, como não perdoar? Todavia, muitos passam sobre nossas almas como tratores, desfilando ofensas gratuitas fruto de suas invejas doentias, ou sei lá; sequer se dão conta que nos magoaram. Suas vidas seguem como se nada tivessem feito.

Olhando de fora as consequências de atos assim, alguns, invés de exortarem quem ofendeu para que se arrependa, mude de atitudes, pois, em Cristo devemos nos edificar mutuamente, não agredir, invés disso fazem vistas grossas às ofensas do troglodita “gospel” e buscam ao ofendido, sugerindo que “ponha uma pedra em cima, perdoe”, quando, da outra parte não existe o menor indício de arrependimento.

Seria dar ao ofensor o que ele não quer; nem sabe que precisa. “Perdoar” assim não é perdoar; é engolir sapo.

Nunca recusei perdão a quem me pediu; muitas vezes tive que pedir também; porém, engolir sapos só maltrata nossas almas, numa espécie de “eu te amo por nós dois”, que não dá certo no amor eros, nem no ágape; o amor “folga com a verdade, não com a injustiça...” se, na verdade estou magoado por uma ofensa, mas finjo que está tudo bem, traio a mim mesmo para “proteger” meu ofensor.

O mandamento é: “Ame ao teu próximo como a ti mesmo.” Não ame-o de modo a trair a ti mesmo.

Portanto, esses bravos pregadores que gritam a plenos pulmões que o cristianismo é religião do perdão, deveriam também lembrar que é uma doutrina que demanda arrependimento de quem falha, antes de ser perdoado.

Cabe a quem apascenta exortar ao errado que se arrependa, e peça perdão, antes de requerer do ofendido que perdoe.

O não perdoado do nosso exemplo inicial era um que rogava por misericórdia; “Então seu companheiro, prostrando-se aos seus pés, rogava-lhe, dizendo: Sê generoso para comigo, e tudo te pagarei.” v 29

Nem pedia perdão estritamente, mas um prazo maior para saldar a dívida. Endurecer o coração num caso assim, e esperar o perdão Divino seria plantar espinhos desejando colher uvas.

Sem a bendita persuasão do Espírito Santo, as pessoas más se sentem boas. Por isso, o trabalho Dele começa aí: “Quando Ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo.” Jo 16;8

Privadas dessa ditosa Luz que convence, as pessoas seguem pecando e se sentindo as tais, a doentia falta de noção espiritual denunciada nos Provérbios. “Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30;12

Ora, essas já nos ofenderam por que viram determinada situação segundo seus próprios olhos, não segundo O Espírito Santo. Ninguém mais apto a ver “pelo em ovo” que o ímpio; esse atribui ao semelhante os vícios que habitam em si.

Por isso a exortação para que nossos olhos rasteiros não usurpem o Lugar do Senhor; “Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3;5 a 7

Pois, se ao ímpio a “purificação” se dá segundo suas predileções, para o que teme a Deus, essa deriva da Palavra; “Com que purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme Tua Palavra. Com todo o meu coração Te busquei; não me deixes desviar dos Teus Mandamentos. Escondi Tua Palavra no meu coração, para não pecar contra ti.” Sal 119;9 a 11

Para muitos sem noção, falta ouvidos ante O Espírito Santo, leitura, meditação na Palavra, para encontrarem o antídoto às suas malcriações.

No prisma estrito da justiça, o homem colhe tudo que planta; perdão é como um “secante” que mata as ervas daninhas do pecado, antes que frutifiquem.

Só que, a aplicação desse produto não está em poder de quem plantou; deve rogar humildemente ao ofendido, que refreie esse mal, para evitar a nefasta sega.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

A morte de Olavo e os rojões


“Morreu o pai do bolsonarismo; falta o filho.”
José de Abreu, sobre a morte de Olavo de Carvalho.

Além de comemorar a morte do professor, o ilustre representante do “ódio do bem” também desejou a do Presidente Bolsonaro.

Alguns são tão subterrâneos, que os adjetivos fraquejam na inglória tentativa de mensurá-los numa sentença minimamente verossímil.

Desse calibre o autoproclamado “Presidente do Brasil”. A gente cogita uma série de impropérios, mas, o risco de ofender os canalhas, temeridade de melindrar os patifes, pejo de ofender aos cafajestes, ou, a deselegância de magoar aos facínoras se impõem e quedamos inertes, privados do socorro das palavras.

Nem mesmo a vergonha alheia nos visita; pois, nos dá vergonha de sentir vergonha por seres abjetos assim.

A absoluta impossibilidade de se bater ao saudoso professor da arena dos argumentos, por dois motivos concomitantes: a genialidade dele e a boçalidade dos esquerdóides, enseja que esses sempre partam para ataques pessoais, não o contraponto das ideias.

Na sua visão, eles não têm oposição, antes, inimigos; quem não comunga de sua doentia e totalitária ideologia precisa ser combatido com todas as forças. A morte se faz “virtuosa” se for de um desafeto da causa; eis uma nuance de “la revolución” que pretende tornar a vida (???) no planeta, melhor! Vida de quem?

Com a mesma veemência que atacam presumidos pontos fracos dos que se lhes opõem, fazem vistas grossas aos crimes de corrupção e atentado aos direitos humanos dos “companheiros”. Mesmo assim, nós, conservadores, não desejamos a morte deles; antes, que aprendam um mínimo contato com a realidade; uma leitura em Braille, que seja, dos fatos; mas, admito, sonhamos alto demais.

Para os tais, Lula (defensor da ditadura chinesa, Maduro e dos Castro) é um democrata; malgrado condenado em três instâncias, é legítimo postulante ao poder; o preço da gasolina e derivados é por culpa do atual governo, não da sistêmica corrupção na Petrobrás havida em mandatos esquerdos; as “pesquisas” do IBOPE e Data Folha retratam os fatos...

A Força Tarefa da Lava Jato foi uma formação de quadrilha, não instrumento de combate à corrupção; direitos humanos existem para bandidos no exercício da “profissão”, policiais e cidadãos que se danem; militares no poder são uma ameaça, corruptos, meros defensores da democracia; aborto é um direito, ideologia de gênero, educação; Bolsonaro que defendeu o eficaz tratamento precoce para o Covid, e distribuiu milhões a prefeitos e governadores que agiram desonestamente é “genocida”; aqueles, são inocentes...

Enfim, com uma ficha corrida assim, numa sociedade minimamente sadia a maioria deles pleitearia por banho de sol no pátio, não por assentos em Brasília.

Todavia, tenho uma má notícia para eles: Como só sabem combater pessoas, não conseguem argumentar, Tendo O Saudoso Professor ingressado na eternidade, do lado de cá restaram “apenas” as coisas contra as quais os vermelhos não sabem como lidar; as ideias dele.

“Não se mede o valor de um homem pelas suas roupas ou pelos bens que possui, o verdadeiro valor do homem é o seu caráter, suas ideias e a nobreza dos seus ideais.” Charles Chaplin

É parte da doutrina comunista raiz, que seus praticantes falem dos oponentes, como se estivessem diante do espelho; “Xingue-os do que você é”, ensinam seus mentores.

Daí, seu inegável talento para o baixo nível, a defesa do indefensável, a falta de conexão com a realidade, e impossibilidade de raciocinar.

Se tivessem alguma conexão com a realidade saberiam que mais de uma dezena de homens importantes, empresários, jornalistas, etc. Que falaram ou escreveram desejando a morte de Bolsonaro, foram medidos com suas próprias réguas... já não estão mais entre nós.

Sabedores disso, não por decência, que desconhecem, mas por prudência maquiavélica, seriam menos velozes com suas salivas adoecidas.

Estou certo que as lúcidas ideias do professor Olavo serão esquadrinhadas agora, com o eloquente convite de sua partida, e mesmo não estando entre nós, estará mais influente do que antes.

Não existe um “bolsonarismo” fanático; tipo lulismo dos que acampam ao redor da cadeia, mijam e cagam outdoor, para poder dizer “Bom dia presidente”.

O que existe são valores, como patriotismo, Deus, Família, proteção às crianças, probidade... que O presidente representa; muitos, mesmo não gostando da pessoa, votam nele por identificação. Se deixasse de ser honesto e acabasse na cadeia, não iríamos ignorar envergonhados os fatos, nem gritar “Jair Livre!”

Sinceras condolências aos familiares do Professor Olavo, e a certeza de que eles perceberão, que o foguetório dos que comemoram a morte dele, não deriva de demérito nenhum do professor; antes, da ilusão dos que pensam que a luz apagou e poderão se esbaldar no escuro.

As férteis ideias do Professor gerarão muitos filhos. Pena que o cruzamento dos muares, também.

Andar sobre as águas


“O enchi do Espírito de Deus, sabedoria, entendimento e ciência em todo lavor.” Ex 31; 3 “Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito a palavra da ciência;” I Cor 12;8

Se a Bíblia nos apresenta ciência e sabedoria como coisas diversas, forçoso é admitirmos que seja assim. No entanto, são como gêmeos que nascem unidos e é preciso uma delicada cirurgia para separar.

Mesmo o mais hábil “cirurgião” não ousaria algo tão nobre sem “tirar as sandálias” como Moisés. Embora sem jeito com o bisturi, ficar descalço eu posso, antes de me atrever.

A ciência está ao alcance de qualquer ser humano e pode ser galgada mediante estudo, pesquisa, experiências. É um contingente; como tal, pode ser aumentado a cada passo na busca da sua aquisição. Seu produto é amoral; tanto que pode servir para a medicina hightec quanto, para armas de destruição em massa, por exemplo. Assim, a Árvore da Ciência faz conhecer o bem e o mal.

A sabedoria, mesmo parecendo gêmea da ciência, é um peixe de águas bem mais profundas.

Essa é absoluta, não pode ser ampliada; o fato novo não a enriquece, antes, manifesta. Claro que o Sujeito de tal predicado só pode ser Deus. Assim, tem conteúdo moral, excelso, santo. “… a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia, bons frutos, sem parcialidade, nem hipocrisia.” Tg 3; 17

Tiago opõe a Sabedoria do Alto, a outra que chamou de “terrena, animal e diabólica”. Sua abrangência: Terrena, não toca as coisas do céu; seu espectro, animal; atua na alma, não no espírito humano; seu inspirador, quem propôs desobedecer a Deus e comer da árvore da ciência, o diabo.

A sabedoria do alto atina a outra árvore que ficou meio esquecida no Jardim. A Árvore da Vida que mantém próximo ao Criador. Infelizmente mui poucos são “negacionistas” o bastante para isso.

Não pode ser buscada noutra fonte, senão, Nele. Como fez o mais sábio dos homens, Salomão. “Eis que fiz segundo as tuas palavras; te dei um coração tão sábio e entendido, que antes de ti igual não houve, e depois de ti igual não se levantará.” I Rs 3; 12

João ilustrou as multidões como águas. De carona nisso podemos dizer que, a sabedoria Divina personificada, Jesus Cristo, anda sobre as águas. “Dizia-lhes: Vós sois de baixo, Eu Sou de cima; vós sois deste mundo, Eu não Sou deste mundo. Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados, porque se não crerdes que Eu Sou, morrereis em vossos pecados.” Jo 8; 23 e 24

Notemos que o meio de preservação da vida proposto não é mediante a ciência, mas, a fé. “Se não crerdes…morrereis…”

A sabedoria não é posta como enriquecedora do portador, (ainda que seja uma vera riqueza) antes, como fonte de vida. “Porque a sabedoria serve de sombra, como de sombra serve o dinheiro; mas, a excelência da sabedoria é que ela dá vida ao seu possuidor.” Ecl 7;12 

E dessa “vacina” a maioria tem medo, pois ela ameaça com efeitos colaterais da cruz, aos pecadores que pecam “vendendo saúde.”

O existenciário onde estamos inseridos demanda respostas que fogem em muito aos domínios da ciência; então, os que refratários à fé em Deus criam fés alternativas e nomeiam de teorias. Quanto à fé proposta no Senhor chamam-na de cega, pois, lhes soa melhor isso que admitir que a sua ciência é limitada.

Não se entenda com isso uma eventual aversão à ciência, como se tal fosse o intento desse tratado. O progresso da ciência também pode ser tributário a certos dons de Deus como versam os textos introdutórios.

Mas, como o vínculo ao Divino não é necessário em seus domínios, o mau uso do conhecimento dá azo a coisas diversas que, embora ditas científicas não passam de simulacros, que Paulo aconselhou a evitar. “Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos e profanos e às oposições da falsamente chamada ciência,” I Tim 6;20

A tal é classificada como falsa, por não se ater ao seu objeto; mas, ousar além, fazendo oposição à fé. Deixa de ser ciência e se torna uma fé bastarda.

Onde ateus classificam a fé como cega encontram os limites de sua vista. Afinal, caminhar sobre as águas requer certa ousadia incomum, como teve Pedro. Só se atreveu a tanto porque viu o Mestre fazendo e tentou imitar.

Como quem fecha a porta à fé não “vê” ao Senhor, fica sem parâmetro. Náufragos na ilha da incredulidade, ateus fazem suas rústicas jangadas teóricas no mar existencial; mas, os ventos nunca lhes são favoráveis.

Fé; caminho sem volta


“Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, possais alcançar a promessa.” Heb 10;36

Exortação aos impacientes que começavam voltar atrás; nesse contexto foi dito: “O justo viverá da fé; se ele recuar, Minha Alma não tem prazer nele.” v 38

O Salvador também usara a figura do que lança a mão no arado e olha para trás, para ilustrar uma “entrega” parcial, dúbia, como sendo coisa indigna Dele.

A paciência demandada era, “... depois de haverdes feito a Vontade de Deus...” Entretanto, muitos sequer chegam a conhecê-la, dado o percurso necessário. Diz A Palavra: “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita Vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

“Bem aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes, tem seu prazer na Lei do Senhor, e na Sua Lei medita dia e noite.” Sal 1;1 e 2

Devemos fazer a Vontade Divina que já sabemos, nos separar de maus conselhos, caminhos, ambientes; feito isso meditarmos intensamente na Lei do Senhor; nela, O Divino querer está expresso. Quando falo em Lei, refiro aos ensinos, doutrina, não aos dez mandamentos estritamente, que foram aperfeiçoados e reduzidos a dois no Novo Testamento.

Óbvio que o risco de retroceder incide apenas sobre quem começou uma caminhada. Quem jamais deu um passo não poderia voltar.

Mas, por quê começamos algo e tendemos a abandonar?

Porque muitas vezes ousamos levianamente, sem a devida seriedade. Experimentamos a fé, tipo, vou ver onde leva; se “der certo” continuo. Jamais dará certo para os tímidos assim.

Um dos dois mandamentos a que A Lei foi reduzida é amar a Deus sobre todas as coisas, o que exclui minhas tendências voláteis, meus sentimentalismos rasos; se minha vontade fraqueja, devo perseverar sabendo que Essa é A Vontade Dele.

“Aquele que perseverar até o fim será salvo”. Perseverar enseja algo mui sério. Segundo o Site “Origem da Palavra” significa: “... manter-se firme, persistir”, formado por PER, “totalmente”, mais SEVERUS, “estrito, sério”.

Totalmente severo, sério, quando minhas frágeis inclinações ousarem se impor. Aliás, quando alguém pareceu duvidar da perseverança de João Batista, O Salvador perguntou: “O que fostes ver no deserto? Uma cana agitada pelo vento?” Ou seja: Um fracote que se inclina para o lado favorável sempre? Não. “Entre os nascidos de mulher, não há maior profeta que ele.” Acrescentou.

Essas “fés inteligentes” que vão indo enquanto as coisas “dão certo” ou fazem mandingas várias exigindo que passem a dar, assemelham-se à da mulher de Jó. Quando tudo deu errado para o marido exortou-o a negar a fé; “Ainda reténs tua sinceridade? Amaldiçoa Deus, e morre.” Cap 2;9

Porém, ele que era perseverante retrucou; “Como qualquer doida falas tu...” Sua fé era em Deus, não em circunstâncias favoráveis. “... receberemos o bem de Deus e não receberíamos o mal?” v 10

A exortação aos que ensinam é que falem “Segundo A Palavra”, não, segundo as volúveis inclinações de “qualquer doida”.

A Palavra versa que “todas as coisas contribuem juntamente para o bem dos que amam a Deus...” então, quando a Vontade Dele permite o concurso de males, é porque, Ele sabe do bem adjacente e permite a dura experiência visando o glorioso resultado. “... Ouvistes qual foi a paciência de Jó, e vistes o fim que O Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso.” Tg 5;11

Para o cumprimento dos sonhos que O Eterno dera a José, era necessário um período probatório, um teste sobre ser fiel no pouco, antes do muito; só então, O Poderoso deu o “sonho insolúvel” ao Faraó, mediante o qual promoveu Seu servo. Ele teve que sofrer mais de uma década de injustiças que pressionavam a voltar atrás, e não voltou.

A fé sadia não muda o que está me desalentado ao redor. Muda meu foco, dessas coisas passageiras, para a Sabedoria e Integridade Daquele, a cuja Vontade estou entregue. Se Ele permite que seja assim, é porque assim é melhor; nisso descanso.

Os que creem na realização dos seus desejos, ainda não passaram pela cruz; digo, passaram ao largo, não tomaram as suas, com as devidas renúncias implícitas.

Ainda que os frutos da terra e o gado pereçam, como disse Habacuque, nossa fé há de sobreviver; O Socorro Divino, em tempo chegará; pois, “... não somos daqueles que se retiram para perdição, mas daqueles que creem para a conservação da alma.” Heb 10;39