terça-feira, 19 de setembro de 2017

O Homem Livre

“Somente o homem livre é uma personalidade. Os demais são arranjos... Um homem verdadeiramente livre não deseja comandar os demais, mesmo que as condições o favoreçam. O líder das massas está no mesmo estado de servidão da massa - ele não tem existência autônoma alguma fora da massa.” Nicolai Berdiaev

Uma coisa que ocupava as reflexões do pensador ucraniano era a liberdade em oposição à massificação, que considerava a perda do indivíduo; fuga. Por outro lado, os dominadores das massas também eram de certo modo, servos dos anseios de amos; logo, também escravos.

Qualquer semelhança com Maduro, e os “madurenhos” que o sustentam na Venezuela não é coincidência, antes, demonstração prática do pensar correto do filósofo.

A massificação assumiu proporções tais que é muito difícil encontrar ainda um homem livre. A maioria não passa de peças de Lego que uma invisível mão encaixa como aprouver montando os arranjos que deseja. Essa mão usa “mantras,” datas, bandeiras, arte, conceitos “politicamente corretos,” etc. Cada pecinha servil no vasto tabuleiro se encaixa dócil presumindo-se livre.

Parece que outorgamos a outrem o direito de nos dizer como as coisas são; damos a eventuais ditos, uma anuência omissa, preguiçosa, como se estivéssemos diante de um conceito absoluto; quando, não raro, é mera opinião, inclinação, ou interesse de alguém tão falho quanto nós, quiçá, pior.

Ocorre-me um dito de Bernard Shaw: “Quando penso nas coisas como elas são me pergunto: Por quê? – disse – Se as considero do modo que não são, indago: Por que não?” Seu cérebro, pois, se exercitava tanto sobre as coisas “prontas” quanto, sobre as “aprontáveis”. Parecem-me traços de um homem livre.

Não que eu seja contra frases feitas; antes, delas lanço mão sempre que oportuno; muitas sentenças são insuperáveis sobre determinados temas; e só um tolo, a pretexto de ser “livre” de ideias alheias, as evitaria. Porém ao redor dessa chama propiciada por outro devemos atiçar o fogo com nossa lenha, colocarmos nossos neurônios atrás do arado, invés, de folgar lassos no trabalho alheio.

Entretanto, as facilidades das redes sociais, além das asas globais que nos dão servem de estímulo à preguiça mental; a indigência intelectual pode posar de diligência, de carona no labor de alheios pensares.

Para efeito de encenação, alegoria, isso funciona muito bem; entretanto, para edificação psíquico-intelectual é nocivo, deletério, mediocrizante, massificador. Henry Ford criador da famosa montadora dizia: “Pensar é o trabalho mais duro que há; essa é, talvez, a razão pela qual tão poucos se ocupem nele.”

Plutarco em seus dias dissera algo que é justo, um alerta contra isso: “A mente não é um vaso para ser cheio; antes, um fogo a ser aceso.” Se quisermos “encher o vaso” de asneiras, o Sistema nos oferece mais lixo que a exposição do Santander. Porém, o pensar vero deve ser feito com nossos insumos, as vivências, o aprendido e o ainda ignoto; sempre será uma labuta interior, diverso de ser manipulado por uma tela que presumimos operar.

Uma introspecção sincera, pesando motivos, avaliando rumos, custos, objetivos, ou, postulados alheios, até; requer tempo demais dessa geração vídeo, onde muitos ao deparar com um texto como esse, sequer, leem, satisfeitos com as demais coisas; afinal, têm pressa e querem antes, rir dos vídeos de “pegadinhas” do que encarar a si mesmos em considerações tão soturnas.

Isso explica o vero pavor nas redações do vestibular, pois, uma geração robotizada perde o prumo quando desafiada a se comportar de modo humano; pensar.

Saint-Exupérry chamava o sistema de “máquina de entortar homens”; por minha vez acho que imbeciliza desde a infância, e os torna amorais, dando acesso irrestrito pros fedelhos às piores perversões adultas; de modo que quando crescidos nem carecem mais ser entortados; estão mais curvilíneos que a pista do GP de Monza.

Apesar de ser Marxista, Berdiaev não aprovava a doutrinação ideológica de crianças nas escolas; “Sugestões e condicionamentos a que são submetidos homens desde sua infância fazem deles escravos. Um sistema educacional errôneo pode extrair totalmente de um homem sua capacidade de ser livre nos seus julgamentos e apreciações.”

No nosso contexto, na questão da forma os jovens são avessos a pensar, e no prisma do conteúdo têm sido enchidos de conceitos tortos e pré-concebidos, o que, inevitavelmente resultará numa geração de zumbis, aptos apenas para mantras, um “walking Dead" intelectual, invés, de seres livres como convém.

Ninguém precisa concordar com outrem para agradar, mas, a maioria não concorda consigo mesmo; digo, as ideias que defende não são suas, foram inoculadas a força, ou, adotadas por preguiça. Em ambos os casos, apenas um títere em lugar de um ser humano.

O veraz homem livre muitas vezes é desagradável, sobretudo, se desfilar sua liberdade na vereda dos algemados.

O pecado do Pecado

“Como por um homem entrou o pecado no mundo, pelo pecado a morte, assim, também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram.” Rom 5;12

A relação entre pecado e morte é tal, que Paulo chega a inverter causa e consequência, como se uma se tornasse a outra. Morte é consequência do pecado; porém, tendo passado ela a todos, por isso, todos pecaram; teria se tornado a causa.

Ora, chama a queda de reino da morte, ora, de reino do pecado, vejamos: “...a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não tinham pecado à semelhança da transgressão de Adão, o qual é a figura daquele que havia de vir.” V 14 “Para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna...” V 21

Parece que esse “casal” pecado e morte é tão “um” que tanto faz a ordem em que apareçam dá no mesmo; onde um estiver o outro estará. Adiante usou outra figura que restabeleceu, enfim, os lugares de cada. “Porque o salário do pecado é a morte, mas, o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor.” Cap 6;23

Por isso, aos olhos da Divina Justiça a necessidade da cruz; alguém tinha que receber o salário do pecado. Éramos seqüestrados do inimigo, cativos do pecado fadados à morte. Jesus Cristo pagou o resgate; a morte que nos cabia sofreu.

Personalizemos o pecado a título de ilustração; suponhamos que O Senhor lhe tenha dito: Domina sobre todos que lhe obedecem, dá-lhes teu salário livremente; mas, ai de ti se um dia matares um inocente; nesse dia tiro de ti o reino e dou àquele que foi injustiçado. Precisamente isso Cristo fez. O pecado do pecado, por dar a Cristo o salário imerecido foi a condenação dele; a vitória do Senhor sobre a morte.

“Porquanto o que era impossível à lei, pois, estava enferma pela carne, Deus, enviando Seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado, condenou o pecado na carne;” Rom 8;3

Notemos que a carne após a queda passou a ser carne do pecado; sua inclinação sempre se opunha a Deus. “Porque a inclinação da carne é morte; mas, a do Espírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus; não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, pode ser.” VS 6 e 7

O Salvador não nos resgatou estritamente para que fôssemos autônomos; comprou-nos para Si, do qual somos servos. Poderíamos reivindicar certa autonomia, caso tivéssemos livrado-nos por nossos méritos, mas, Isaías estragou tudo, disse: “Todos nós somos como o imundo, todas nossas justiças como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha; as nossas iniquidades como um vento nos arrebatam.” Is 64;6

Parece que nossas “qualidades” não serviam; dada a grandeza das iniquidades precisávamos mais que as melhores obras para ser readmitidos perante Deus. “Porque nos convinha tal, sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, feito mais sublime que os céus;” Heb 7;26

O fato de graciosamente ter se identificado conosco em nossas culpas dá ao Senhor sobejo direito de requerer de nós que nos identifiquemos com Ele na obediência.

Pedro ensina: “Se invocais por Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um, andai em temor, durante o tempo da vossa peregrinação; sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, mas, com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado, incontaminado.” I Ped 1;17 a 19

Nossa cruz, diferente da Dele que foi literal é figurada; requer submissão irrestrita; obediência tal, que nossas más inclinações naturais são mortificadas. Para isso nos dá o auxílio do Espírito Santo. “Não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte? De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos também em novidade de vida.” Rom 6;3 e 4

Vida; antes os bordões eram pecado, morte; agora, em Cristo a perspectiva mudou; “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem vida eterna, não entrará em condenação, mas, passou da morte para vida.” Jo 5;24

Agora a causa é outra: A Justiça de Cristo; a consequência também; vida eterna. Nossas escolhas nos encaminham ao Dom de Deus, ou, ao salário do pecado.

“Não posso escolher como me sinto, mas, posso escolher o que fazer a respeito.”
Shakespeare

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Caráter em falta

“O homem sábio é forte; o homem de conhecimento consolida a força.” Prov 24;5

Interessante apreço da força que, uma vez tida sob os auspícios da sabedoria, carece ser consolidada em consórcio com o conhecimento.

Uma coisa pode ser forte sem ser sólida. Por exemplo: O concreto usado na construção civil recém feito; sua constituição é forte capaz de sustentar enorme peso com a devida armação e cura; porém, assim novo é tal, que pode ser furado com as mãos. Sua força carece ser consolidada pela ação do tempo; o propósito há de ser alcançado mediante o conhecimento que projetou algo, e, forjou as ferragens e formas para determinado fim. Eis, uma força consolidada com auxílio do conhecimento. Senão resultará em mera pedra sem propósito, estorvo.

Se nosso apreço mirar no caráter humano, a consolidação de um que reputamos forte no prisma dos valores, constância, lealdade, não é necessariamente a ação do tempo que o testa, mas, as adversidades e até, as facilidades se encarregam de mostrar a “matéria prima” de cada um.

O concurso do tempo geralmente é necessário não pelo tempo em si, mas, para expor o caráter às circunstâncias que, não estão presentes “full time”; daí se diz que, para conhecer deveras, alguém, devemos comer um Kilo de sal juntos. Como o “gado” humano não come sal puro, isso demora um bocado.

Então, quando se diz, como vulgarmente, que a ocasião faz o ladrão, de duas uma: Ou a culpa é da ocasião que se assanhou e seduziu um bom caráter que estava quieto, ou, o sujeito era já mau caráter, e, falta de oportunidades para o testar fazia parecer que era algo diverso.

A Bíblia aquilata ao ser à partir de princípios, dizendo que o fiel no pouco há de ser também no muito. Como Deus pode ver corações, jamais terá por fiel um hipócrita, inda que nós, o possamos ter.

Sim, muitos posam de pessoas honrosas, ilibadas, em contextos de parcas oportunidades; avaliando como melhor uma reputação de homem decente que os frutos possíveis com a indecência; passam por homens de caráter até deparar com uma oportunidade que avaliem melhor que a honra; então seu vero ser assoma, como as unhas do gato que escondidas faziam macio seu toque. A ocasião não o faz; tira sua máscara.

Platão dizia mais ou menos o seguinte: “Quando alguém for tido por justo, honrado, lhe caberão por isso reconhecimentos, encômios, aplausos; nós ficaremos sem saber se é justo por amor à justiça, ou, aos muitos aplausos e louvores que recebe. Convém, pois, tirar-lhe tudo, expondo-o a um ambiente hostil sem o mínimo conforto, ou, favor; se ainda assim seguir sendo justo, por certo, esse, o é, por amor à justiça."

A ideia é que o caráter não se dobra às circunstâncias, quer agradáveis, quer adversas. Atestando a integridade de João Batista Jesus disse: “O que fostes ver? Uma cana agitada pelo vento?” Assim são os hipócritas, e a imensa maioria dos políticos; Inclinam-se sempre ao vento dominante; são o que sua plateia for.

“Como dente quebrado e pé desconjuntado é a confiança no desleal, no tempo da angústia” Prov 25;19 É; onde esperamos caráter, firmeza, probidade, eis um lapso! Muitas vezes a culpa é nossa, pois, esperamos de uma pessoa muito mais que ela é; tendo bom caráter costumamos balizar expectativas pelo que somos não pelo que as pessoas são; invariavelmente nos decepcionamos. “O caráter é como uma árvore e a reputação como sua sombra. A sombra é o que nós pensamos dela; a árvore é a coisa real.” Abraham Lincoln

Aos signos de nossa escrita chamamos caracteres; o plural de caráter. Cada tecla traz sobre si sua identidade; o que ele grafará quando premida; com escreveríamos se os resultados fossem variáveis? Assim deveríamos ser. Aquilo que a aparência promete deveria resultar sempre na escrita dos nossos atos, malgrado, a ocasião.

Marquês de Maricá dizia: “Deve-se julgar da opinião e caráter dos povos pelo dos seus eleitos e prediletos.” Estando ele certo, e acredito que está, essa corja que todos os dias testa nossa paciência com notícias sobre corrupção e deslizes de toda sorte é nossa cara; a cara da nação.

Nossos votos foram as sementes, agora que as árvores cresceram estamos furiosos com os frutos. Pior, tem gente que se alegra quando desafetos partidários são flagrados e ignora aos seus.

Mesmo depois de sofrer os venenos da corrupção ainda estão em paz com certos corruptos e irados com outros. 

Falta de informação, ignorância são males menores; mas, falta de caráter, justifica certa frase que achei meio ácida a princípio e começo a repensar, dizia: “Quanto mais conheço os humanos, mais gosto do meu cachorro.”

domingo, 17 de setembro de 2017

A Necessidade da dor

“Espancaram-me e não doeu; bateram-me e nem senti; quando despertarei? aí então beberei outra vez.” Prov 23;35

O ébrio “anestesiado” e, ao que parece disposto a continuar assim. O vulgo zomba: “Evite a ressaca, mantenha-se bêbado”. Pois, essa era a “filosofia” do nosso pinguço em apreço.

Não pretendo me deter sobre o vício do álcool e suas consequências, antes, tecer considerações sobre a dor. Tanto pode ser física, quanto, emocional; em ambas as faces, tem seu efeito benéfico, medicinal, uma espécie de profilaxia contra dores maiores.

“Melhor é ir à casa onde há luto do que ir ao banquete, porque naquela está o fim de todos os homens; os vivos o aplicam ao seu coração. Melhor é a mágoa que o riso, porque, com a tristeza do rosto se faz melhor o coração.” Ecl 7;2 e 3

Num ambiente assim as pessoas consideram a brevidade da vida, além de se colocarem empáticas com a dor alheia; desse modo, melhoram seus corações, se fazem mais sábias; crescem intelectual e emocionalmente.

Quanto à dor física seu “remédio” foi receitado até para crianças, dados os benefícios futuros; “O que não faz uso da vara odeia seu filho, mas, quem ama, desde cedo castiga.” Prov 13;24

Os Preceitos Divinos não trazem nenhuma “Lei da Palmada” onde é proibido aos pais disciplinarem seus filhos como melhor lhes parecer; a criação dos filhos sob disciplina não era assunto do Estado, mas, dever estrito deles. “Educa a criança no caminho em que deve andar; até quando envelhecer não se desviará dele.” Prov 22;6

Não deveriam os infantes serem treinados para ser homossexuais, ou coisas mais pervertidas como está na moda, antes, convinha a disciplina na senda do dever. Senão, o mau caminho seria inevitável, como disse mediante Jeremias: “Porventura pode o etíope mudar sua pele, ou o leopardo suas manchas? Então, podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal.” Jr 13;23

Assim, fazer leis mais tolerantes com toda sorte de vícios e más inclinações até pode saciar pleitos de uma sociedade ímpia; porém, desgraçadamente, ao fugir da dor da disciplina pontual, acaba mergulhando na dor maior da maldição global, sem falar na perdição eterna desses fugitivos. “Na verdade a terra está contaminada por causa dos seus moradores; porquanto têm transgredido as leis, mudado os estatutos, e quebrado a aliança eterna. Por isso a maldição consome a terra...” Is 24;5 e 6

Desse modo, só um completo analfabeto bíblico equacionaria a Bondade de Deus com ausência de dores em nossa caminhada, como se, por nos amar O Eterno nos levasse à eternidade voejando num tapete mágico e observado lindos vergéis para fazer mais agradável o voo.

O Senhor Inocente se fez “homem de dores”, e advertiu aos Seus, contra perseguições, calúnias, violências, morte até; coisas que devemos sofrer, se, necessárias; confiantes que a recompensa será dada no além. Aqui somos estrangeiros; o mundo nos odeia.

O Senhor não promete nos livrar de situações dolorosas, antes, passar conosco por elas, para que venhamos haurir o que elas têm de útil para nossa têmpera espiritual; “Quando passares pelas águas estarei contigo, quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.” Is 43;2

Sófocles escreveu na Tragédia, Édipo Rei, a sina de um homem cujos oráculos predisseram que mataria ao seu próprio pai; assustado com o vaticínio tentou fugir para bem longe evitando o cumprimento de tão nefasta previsão; porém, em sua fuga desentendeu-se com um ancião estranho e o matou. Mais tarde veio saber que aquele era ele seu pai; assim, ao tentar fugir do destino foi-lhe ao encontro.

Pois, mesma a Bíblia não sendo similar ao fatalismo grego, apresentando nossa saga como fruto de nossas escolhas, não dos deuses; mesmo assim, há certo símile entre os “ébrios” que fogem à dor da disciplina na embriaguez dos pecados; ao fazer isso, invés de fugir acabam indo em busca.

Pedro ensinou o que devemos esperar: “Porque é coisa agradável, que alguém, por causa da consciência para com Deus, sofra agravos, padecendo injustamente... Porque para isto sois chamados; pois, também Cristo padeceu por nós, deixando o exemplo, para que sigais suas pisadas.” I Ped 2;19 e 21

“Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo;” II Cor 11;24 e 25 Testemunhou Paulo; todavia, cotejando isso com a grandeza da salvação chamou de “leve e momentânea tribulação.”

A sociedade aconselha: “Se beber, não dirija”; Se Deus quer te dirigir em sendas estreitas, não beba.

“Podes fugir dos outros, mas, não de ti mesmo.” Sêneca

sábado, 16 de setembro de 2017

Obras parciais; perda total

“Agora, porém, completai também o já começado...” II Cor 8;11

Paulo se refere à confirmação da graça voluntaria em favor dos santos necessitados; mas, vamos abstrair isso para vermos melhor a situação dos que abandonam pela metade, algo que, começaram com intenções inteiras.

Melhor nem iniciar, que, lançando mão ao arado, olhar para trás. O Senhor ilustrou assim: “Qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro fazendo as contas dos gastos, para ver se tem com que acabar? Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces, não podendo acabar, todos que a virem comecem escarnecer dele, dizendo: Este homem começou edificar e não pôde acabar.” Luc 14;28 a 30

Isso posto deveria ensejar uma revisão em certas “conversões” em que o pecador é coagido a confessar com os lábios o que o coração não crê ainda, sequer, entende.

Se, careço calcular os gastos devo ter a mínima ideia do que está em jogo antes de decidir seguir a Cristo. Zelo sem entendimento, segundo Paulo, era a situação de muitos judeus; conversão sem entendimento não é possível. A decisão pode ser instintiva, pontual, depois, requer discipulado, ensino do exato peso do “jugo suave”. Conversões não acontecem em cultos; lá nascem decisões que precisam ser encorajadas, fomentadas, pois, a conversão veraz é um processo mais longo.

O Senhor nunca apoiou emoções superficiais, pretensos seguidores com mesquinhos interesses ou coisas assim. Na Parábola do Semeador mencionou as sementes caídas sobre pedras, cujas raízes superficiais não sustentariam a planta ao primeiro sol mais intenso, figurando os “convertidos” emocionais.

Spurgeon dizia: “Ninguém é obrigado a se declarar cristão; mas, se o fizer, diga e se garanta”. Ou seja, comporte-se como um dos tais. Não se entenda com isso, porém, o postulado de que os veros cristãos são fortalezas espirituais, perfeição moral, gente que jamais peca; longe disso. Somos fracos, suscetíveis às tentações, pecamos por atos, desejos, omissões...

Contudo, se somos convertidos deveras, cada vez que falhamos a consciência nos incomoda, sentimos pressa de buscar perdão, e, desejo íntimo de ser mais prudentes para, não incorrermos de novo no mesmo erro. Em suma, um convertido ainda peca, mas, sente-se desconfortável com a sombra do pecado.

Isso se dá porque a vera conversão não cogita como recurso abandonar a obra, antes, reparar eventuais brechas, seguir adiante. Alguns fraquejam, apostatam, mas, são exceções, não regra.

Pedro aludiu a uns que não apenas se apartaram da corrupção do mundo via conversão, mas, galgaram ministérios e depois deixaram a fé. Ouçamos sua apreciação: “Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se o seu último estado pior do que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado; deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao seu próprio vômito; a porca lavada ao espojadouro de lama.” II Ped 2;20 a 22

Sempre é possível voltar atrás, por mais longe que nos tenhamos afastado; porém, teremos que fazer isso com as informações que possuímos, como o pródigo entre os porcos. O “fato novo” foi apenas o agravamento da sua miséria que o instou a considerar com outro olhar a casa paterna.

Os que entristeceram gravemente ao Espírito Santo tendo maculado Sua Luz, também podem ainda voltar, mas, isso se dará mais ao peso de suas misérias, que ao auxílio de um renovo espiritual. “Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, provaram o dom celestial, se tornaram participantes do Espírito Santo, provaram a boa palavra de Deus, as virtudes do século futuro e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois, assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério.” Heb 6;4 a 6

Todos somos obras incompletas, anjos em construção guiados pelo Espírito Santo e assim será até o fim. “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo;” Fp 1;6

Quantas vezes ouvimos ou falamos o proverbial, “eu era feliz e não sabia”; às vezes dores que agora nos parecem insuportáveis nem são tão intensas assim; nossos devaneios por facilidades é que tendem a nos acovardar na luta.

Então, não deixe sua obra inacabada por difícil que ela pareça; o que nos está proposto é tão nobre que justifica e recompensa às agruras todas do mais estreito caminho. Se você está em Cristo e persevera, saiba que, mesmo chorando hoje, sua escolha é feliz; a chegada vai te mostrar.

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Por que o Temer não cai?

“Noventa por cento dos políticos dão aos 10% restantes uma péssima reputação.” Henry Kissinger

Há muito nossa política deixou de ser gládio de ideias e se tornou caso de polícia. Invés do saudável debate pela aprovação de projetos de interesse social, o que vemos é uma eterna luta por sobrevivência de criminosos apanhados nas mais flagrantes falcatruas; mesmo assim seguem impunes, graças aos conchavos políticos, e a um STF abaixo da linha de pobreza moral que é célere em libertar corruptos, e sonolento em aplicar as devidas punições.

Duas denúncias graves pesam sobre o Presidente Temer; a primeira já foi arquivada e a segunda certamente será também. Aí as pessoas se perguntam: “Se Dilma caiu por que não ele?”

Bem, duas coisas são vitais para um processo bem sucedido de impeachment; uma causa necessária e outra, suficiente. A causa necessária para a denúncia é que algum crime tenha sido cometido; a causa suficiente é o julgamento político onde o apoio de dois terços do Congresso basta para “blindar” e arquivar uma denúncia, ou, confirmá-la, como foi com Dilma.
.
No caso da Presidente houve flagrante crime de responsabilidade, bem como caixa dois, amplamente confirmado por robustas provas, que o suspeito Gilmar Mendes se ocupou em fazer vistas grossas. Além da denúncia do Palocci de que a coisa era bem pior que parecia; contudo, seu impedimento derivou apenas do crime de responsabilidade que era o que continha a denúncia.

Os números de seu governo desastrado, desemprego, aumento de tarifas, inflação, etc. minaram sua “base”; e na hora do processo, sequer um terço da casa estava com ela, de modo que, o concurso da causa necessária, o crime, e a suficiente, dois terços contra, culminou com sua queda.

Mesmo sendo enlameado por toda sorte de interesses mesquinhos, a coisa passa longe de ser golpe como dizem os petistas, pois, é prevista em Lei. Foi presidida pelo presidente do STF. Assim, justo, ou, injusto, sujo, ou, limpo, é processo legal.

Agora Temer, enlameado em denúncias de corrupção, porém, com a caneta na mão, leia-se cofre, e uma súcia de safados loucos para trocar “apoio” por liberação verbas para que façam bonito em suas bases, ( ano que vem tem eleição ) mesmo havendo sobejas causas reais para a denúncia, parece não haver a suficiente, a maioria no Congresso está à venda; com nosso dinheiro ele pode comprar.

Pior é que os esquerdistas, hoje oposição, gritam pelo impeachment do Temer não porque sejam contra à corrupção; basta ver como defendem o Lula, mas, porque são contra Temer, pelo qual sentem-se traídos afinal, era um dos deles.

Aliás, o desvio no fundo de pensão da Petros chega a 18 bilhões, no BNDS a coisa é daí para pior; mas, outro dia a Presidente do PT Gleisi Hoffmann comemorou a quebra do “porquinho” do Geddel dizendo que o PT não é o partido das malas de dinheiro.

Ora, dezoito bi são exatamente 360 montinhos daqueles que foram aprendidos na Bahia. Mas, parece que a ética que ela defende é que se os olhos não veem o bolso não sente. Que gente sem caráter, que nojo!!
Claro que, comprovadas as denúncias contra Temer sobram motivos para sua queda; contudo, duvido.

Malgrado seja um humor que nos dá prejuízo, chego a achar graça do esperneio dos petistas; acusaram ao Temer de comprar apoio para engavetar a denúncia; têm razão, ele comprou mesmo.

Porém, nos dias do mensalão nem era com liberação de emendas, mas, com uma mesada aos deputados corruptos que o Governo Lula os comprava e aprovavam o que ele quisesse; até, isenções de tributos às montadoras, leis vendidas, como denunciou o Palocci.

Provas pipocaram, mas, o Lula disse que foi traído, não sabia de nada; o Congresso e$clarecido “acreditou”; fez então o que o Temer faz agora.

Parece que Deus está julgando ao mesmo tempo os petistas que usaram dinheiro público pra comprar apoio, (agora esperneando enfraquecidos alienados dos cofres) e o país de modo geral; tanto o Temer, quanto, essa corja de safados venais estão lá porque foram votados.

Estamos entre a cruz e a espada; se ficar,como tudo indica, seguiremos roubados mais um ano; caso o processo seja aceito, a coisa arrasta-se uns seis meses ainda, a novela policial monopolizando o País, e a alternativa a ele é o porcaria do Rodrigo Maia, farinha da mesma espiga.

Isso durará por um ano ainda, acho; ano que vem haverá eleições, contudo, muitos dos “indignados” atuais são apenas indignos, pois, não veem a hora de votar outra vez nos corruptos de estimação. Não aprenderam nada.

Para mim, candidato sem ficha limpa, seja da PQP que for, está fora. Meu dinheiro não é capim.

Fraudes Espirituais

“Mas, tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de evangelista, cumpre teu ministério. Porque já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício; o tempo da minha partida está próximo.” II Tim 4;5 e 6

Paulo às portas da morte dando as últimas instruções ao seu discípulo Timóteo. Muitos vão se desviar da verdade, mas, tu, sê sóbrio, faze a Obra, porque estou indo já. Ele estava passando o bastão a alguém idôneo, e exortando-o a continuar assim.

Dois aspectos chamam atenção na final da carreira de Paulo: segurança e altruísmo. Que diferente a postura dele das de “cristãos” modernos que padecendo uma doença terminal, agarram-se com unhas e dentes à vida, “ordenam, determinam decretam” a cura, como se Deus lhes devesse porque resolveram se apossar de algumas promessas na hora difícil.

A entrega de nossas vidas a Cristo enseja a salvação, reconciliação com Deus; depois, como um efeito colateral, livra-nos do medo da morte. “Como os filhos participam da carne e do sangue, também ele ( Cristo ) participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; e livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda vida sujeitos à servidão.” Heb 2;14 e 15

Não significa que um convertido tenha pressa de morrer; tampouco, teme; sua fé acena com algo venturoso no porvir, isso “anestesia” eventuais temores naturais. O mesmo Paulo abordou assim: “Porque para mim viver é Cristo; morrer é ganho. Mas, se, viver na carne me der fruto da minha obra, não sei então o que deva escolher. De ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor.” Fp 1;21 a 23

Infelizmente, uma geração de pilantras modernos, travestidos de pregadores perverteu a fé, de uma confiança irrestrita em Deus, para uma força que nos serve e faz acontecer o que desejamos.

“Crede em Deus; crede também em mim”, ensinou O Salvador. Se, a fé é em Pessoas, descansa na integridade Delas, a despeito do que façam, confia; agora se tenho fé naquilo que quero, sequer a tenho estritamente; é apenas um instante desejo de me evadir às minhas angústias a todo custo; Deus é apenas um pretexto aos meus medos, uma ímpia tentativa do cooptar O Santo ao que quero, por desconfiar da sabedoria e conveniência do que Ele quer.

Os jovens ameaçados com a fornalha em Babilônia são um exemplo edificante de fé sadia. Nabucodonosor perguntara: “Qual Deus vos poderá livrar das minhas mãos?” Eles responderam: “O nosso Deus, a quem servimos nos pode livrar; ele nos livrará da fornalha de fogo ardente, e da tua mão, ó rei. Se, não, fica sabendo ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste.” Dn 3;17 e 18

Isso sim é uma fé! Não atrelou a obediência a nenhum livramento dizendo: “Porque cremos, nosso Deus nos livrará”; antes, “Ele pode; se não, mesmo assim obedeceremos ao Seu mandamento de não adorarmos imagens esculpidas”. Esse “se não” faz toda a diferença entre uma fé saudável que se entrega e confia, e outra arrogante que acha que Deus lhe deve satisfações somente porque ela diz crer. Deus quis e os livrou; mas, seguiria sendo Deus Santo e Justo se os deixasse perecer e os recompensasse apenas no porvir.

Até agora nos ocupamos somente da segurança de salvo de Paulo; porém, seu altruísmo fica evidente ao passo que, mesmo preso em Roma ocupou-se de escrever instruções pormenorizadas aos que seguiriam após ele. Invés de lavar as mãos dizendo, agora é com vocês, cumpri minha parte; antes, ansiava ficar, em espírito, nas instruções saneadoras que deixava.

“Pregues a palavra, instes a tempo, fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas próprias concupiscências;” II Tim 4;2 e 3

Enfim, tanto a conversão nos livra do medo da morte, quanto, do egoísmo; o ego deve ser deixado na cruz.

Então, “cristãos” tremendo de medo da morte, ou, com aspirações egoístas, são fraudes visíveis à distância como uma cidade sobre um monte. Infelizmente, grande leva de professos cristãos atuais ainda carece se converter de suas “conversões”.

“– O cristianismo de hoje não transforma as pessoas. Pelo contrário, está sendo transformado por elas. Não está elevando o nível moral da sociedade; está descendo ao nível da própria sociedade, congratulando-se com o fato de que conseguiu uma vitória, porque a sociedade está sorrindo enquanto o cristianismo aceita a sua própria rendição!” A. W. Tozer