segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

O esconderijo


“Do preceito de Seus Lábios nunca me apartei, as palavras da Sua Boca guardei mais que a minha porção.” Jó 23:12

Jó desejando defender-se perante Deus; não podendo, o fazia ante seus amigos apenas. “Ah, se eu soubesse onde O poderia achar! Então me chegaria ao Seu tribunal, exporia ante Ele minha causa; minha boca encheria de argumentos. Saberia as palavras com que Ele me responderia, entenderia o que me dissesse.” Vs 3 a 5

Ele conhecia o que fora dito por Deus. Embora, alguns cronologistas defendam que o livro de Jó seja o mais antigo, precedendo até mesmo os de Moisés, tenho razões para acreditar que não. Como o patriarca mencionaria os preceitos Divinos sem os conhecer? Haveria possibilidade disso sem ser através dos escritos de Moisés?
Pois disse: “Do preceito de Seus lábios nunca me apartei, as palavras da Sua Boca guardei...” 

Adiante mencionou a fuga de Adão, quando buscado pelo Senhor, prova de que conhecia a saga do tal, de alguma maneira; “Se, como Adão, encobri minhas transgressões, ocultando meu delito no meu seio;” Cap 31:33 disse. Assim, me permito defender que ele conhecia à Torah, os primeiros cinco livros da Bíblia.

Falar da Palavra de Deus sem conhecer é um vício da atualidade. Não raro, nos acusam, os cristãos, de nos escondermos atrás da Bíblia. Quiçá, brotasse neles um rasgo de curiosidade, ao ponto de desejarem conhecer o nosso “esconderijo!”

Quando convém, quase todos se atrevem a fazer ousadas afirmações espirituais. Porém, se desafiados por quem entende, a levar a sério o que a Palavra ensina, então, fogem dela como o Capiroto da cruz.

Indiretamente assumem que temos uma coragem que eles não têm. O “Negue a si mesmo” não é para covardes. Uma coisa é ser ousado, valente ante perigos; qualquer boçal pode ser; outra, sê-lo, ante prazeres ilícitos. Essa valentia é para poucos, os capacitados pelo Senhor; “A todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1:12 

Os do “curta a vida porque a vida é curta”, no fundo fogem de medo; mal que não assola os que “morreram” com Cristo.

A “curtição” desses, é servidão ao jugo do pecado, por medo da morte; “Visto como os filhos participam da carne e do sangue, também Ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; e livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda vida sujeitos à servidão.” Heb 2:14,15

Uma vez, ante uma ousadia oca dessas, dei uma resposta baseada no que conheço das Escrituras. O sujeito, invés de considerar meus argumentos, e criticá-los, discordar até, se fosse o caso, apenas desfez da religião, como sendo mero “produto do meio”, que cada um acredita no que lhe é imposto pelo seu existenciário.

Quando era vez dele, se atreveu no que não entendia, ousou e foi fundo, fazendo uma afirmação religiosa; porém, desprovida de argumentação bíblica que a respaldasse; mostrada sua incoerência, quebrou os “brinquedos” e decidiu não brincar mais. “Se não vais brincar, nem desça para o play ground.”

No meu “meio” há espíritas, católicos, protestantes reformados, pentecostais, mórmons, testemunhas de jeová, ateus, gente que crê em horóscopos, macumbeiros, etc. Que raio de meio é esse, que produz credos tão diversificados? Talvez, seja mais que meio; digo, a fração seja mais múltipla.

Em geral, as pessoas procuram “pacificar” seus conflitos pela alienação de Deus, colocando alguma frase, um dito, no lugar vazio, como se isso bastasse para calar a voz íntima que os chama ao arrependimento.

Alguns, até começam a “brincar” com coisas sérias, sem um motivo; mas, desafiados a encarar as implicações do que afirmam, fogem como fez Pilatos. O Salvador dissera que os que eram da verdade escutariam Sua Voz; Pilatos replicou: “O que é a verdade?” Sem esperar resposta, pois, a rigor nem era uma pergunta, mas uma espécie defesa da impossibilidade de se conhecê-la, seguiu seu “julgamento” de costas para Cristo, A Verdade.

Franklin Roosevelt dizia: “devemos consertar o telhado em dias de tempo bom”. Não esperemos uma tragédia familiar, uma enfermidade, ou pandemia, para ajustarmos nossas vidas com Deus. Demos ouvidos a Ele, enquanto tudo está relativamente bem.

Desprezo das oportunidades, lança muitos no desespero da impossibilidade; “Conheço muitos que não puderam quando queriam, porque não quiseram, quando podiam.” Rabelais.

Jó foi atendido quanto a se defender perante O Eterno; porém, ao falar Dele, repensou, tapou a boca e desejou aprender mais; “... relatei o que não entendia; coisas que para mim eram inescrutáveis, eu não entendia. Escuta-me, pois, eu falarei; te perguntarei e me ensinarás.” Jó 42:3 e 4

Almas duplas


“Chegai-vos a Deus, Ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; vós de duplo ânimo, purificai os corações.” Tg 4:8

Duplicidade; tema de toda a epístola de Tiago. O que crê e o que duvida; o que ouve e não pratica; o que favorece aos ricos, fazendo acepção; o que cumpre um mandamento e despreza outros, o que crê e não pratica as obras correspondentes, etc.

Se a dualidade fosse entre coisas semelhantes, ou neutras, seria mero prejuízo psicológico a atrasar decisões, confundi-las; porém, a duplicidade que alberga virtude e vício no mesmo “ambiente”, necessariamente o torna impuro, adulterado; “... vós de duplo ânimo, purificai os corações.”

Como seria se nossas vidas fossem acompanhadas “full time”, como foi a de Cristo por três anos e meio? Atrevo-me a dizer que a maioria migraria de uma atitude virtuosa a outra, viciosa; duma boa ação a uma omissão; quiçá, outra má. Se, para cada uma fosse pintado em nosso chão um quadro preto e outo branco para identificá-las, talvez, tivéssemos ao dispor um belo tabuleiro de xadrez.

A santificação à qual somos desafiados pretende corrigir isso; não haverá silêncio nas consciências vivificadas pelo Espírito Santo, enquanto, algum vício inda tiver assento no modo de ser, de agir.

Uma coisa virtuosa quanto ao método, carece ser também, no que tange ao mérito. Muitas palavras que os amigos de Jó disseram são verdadeiras em linhas gerais; mas, eram falsas no contexto em que foram usadas, por atribuírem ao patriarca, culpas que ele não tinha.

A Palavra nos ensina a perseverarmos em nossos compromissos, mesmo que, eventualmente isso nos traga prejuízos; “Quem morará no Teu Santo Monte... aquele que jura com dano seu, contudo, não muda.” Sal 15:1 e 4

O Salvador ensinou: “Seja vosso falar sim, sim; e não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna.” Mat 5:37

A Bíblia traz o exemplo de um que jurou com dano seu, não mudou e pecou. Herodes, por ocasião de seu aniversário, já alto do vinho, após a dança da filha de sua esposa ter lhe agradado, jurou ante testemunhas, dar a ela o que ela pedisse; até a metade do seu reino. Instruída pela mãe, invés de pedir bens, pediu um mal; vingança contra o profeta que denunciara a ilicitude do adultério em que viviam. Isso custou a vida a João Batista.

Acaso o indigno rei poderia se vangloriar de ter sido fiel em sua promessa? Se ele foi íntegro no método, de cumprir o que falara, foi indigno no mérito, permitindo que tal cumprimento resultasse num crime, numa covardia.

Saul cometera o mesmo erro, amaldiçoando e condenando à morte qualquer dos seus que comesse algo, antes dele acabar com seus inimigos em batalha. Seu próprio filho, Jônatas, achou mel no campo e comeu, ignorando o dito de Saul. Ele pensava em “honrar sua palavra” estúpida, malgrado, seu filho tivesse se portado heroicamente; mas, foi impedido por alguém mais sensato que ele. “Porém o povo disse a Saul: Morrerá Jônatas, que efetuou tão grande salvação em Israel? Nunca tal suceda; vive o Senhor, que não lhe há de cair no chão um só cabelo sua cabeça! pois com Deus fez isso hoje. Assim o povo livrou Jônatas, para que não morresse.” I Sam 14:45

Quando deliberarmos algo, não o façamos de modo leviano; “uma coisa boa não é boa fora do seu lugar”, ensinava Spurgeon. Assim, falar inadvertidamente, depois, “honrar” o que falou, a despeito dos estragos disso.

Nossas aprovações ou reprovações na consciência, têm origem celeste; “Em verdade vos digo que tudo que ligardes na terra será ligado no céu; tudo o que desligardes na terra será desligado no céu.” Mat 18:18

Embora, por conveniências políticas, alguém tenha “entendido” isso como poder da igreja decidir quem pode ser salvo e quem não, a rigor, é O Espírito Santo, valorando nossas ações ainda no campo teórico, para que evitemos aprovar e praticar, o que Ele reprova. “Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não se condena, naquilo que aprova.” 14:22

O Salvador não estava “empoderando” aos apóstolos, antes, capacitando-os a agir na esfera do Espírito, e responsabilizando-os a isso.

O mesmo desafio se aplica a nós; “Andai em Espírito, não cumprireis a concupiscência da carne.” Gál 5:16

Sempre que O Espírito Santo nos der uma diretriz, se optarmos por uma “alternativa”, estará estabelecido em nosso comportamento, o duplo ânimo; impureza espiritual.

A salvação é prometida aos que se purificam em obediência; “... nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” Rom 8:1

“... vós de duplo ânimo, purificai os corações.”

O anticristo


“Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? É o anticristo esse mesmo que nega Pai e Filho.” I Jo 2:22

Segundo os mestres, o prefixo anti, tanto pode significar “oposto a”, quanto, “em lugar de” Cristo. Portanto do anticristo devemos esperar alguém que se oponha ao Salvador, bem como, proponha um novo meio de “salvação”.

No verso acima, temos o tal, atuando em oposição a Cristo; “nega que Jesus É O Cristo.” Noutra parte temos o mesmo querendo ocupar o lugar alheio; “... se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus.” II Tess 2:4

Então, a própria Palavra estabelece como válidos, os dois modos de interpretação.

Cristo disse: “Eu Sua o Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém vem ao Pai, senão, por mim.” Jo 14;6

Logo, o opositor mor, necessariamente será conta esses três aspectos. Como seria contraproducente se opor ao Caminho, dizendo: “Não passem por ele!” o traidor usa métodos mais sutis. Primeiro alarga à “porta estreita” permitindo “em nome do amor”, coisas que O Santo vetou, pela verdade, justiça e adequação ao propósito original.

Depois, convalida uma série de “caminhos” espúrios, não importa quão contraditórios sejam, e quão discrepantes dos ensinos do Senhor; “todos buscam a Deus, cada um a sua maneira; todos são igualmente válidos”, ensina o “Papa Francisco”, ao fomentar o ecumenismo. Até o islamismo, com sua “doutrina” de matar infiéis, estaria certo.

Ante dezenas de caminhos, que levariam ao “mesmo lugar”, só um completo idiota, um masoquista escolheria o mais estreito, o mais difícil. Assim age o traidor, para negar o Único Caminho, sem fazê-lo diretamente.

Anti-verdade. Na imprensa, política, judiciário, arte, esportes, religião, a mentira tem campeado como nunca. Alguém chegou a definir a presente era, como sendo da “pós-verdade”, dado, o mar de lama de mentiras, que grassa.

Isaías anteviu: “Por isso o direito se tornou atrás, a justiça se pôs de longe; porque a verdade anda tropeçando pelas ruas; equidade não pode entrar. Sim, a verdade desfalece, quem se desvia do mal arrisca-se a ser despojado; O Senhor viu, e pareceu mal aos Seus Olhos que não houvesse justiça.” Is 59:14 e 15

A exclusão da verdade, de lambuja exclui à justiça também. “quem se desvia do mal, arrisca-se a ser despojado...” Quantas prisões e tentativas de prisões, contra pessoas honestas, que se desviaram do mal, quando convidados a praticá-lo, e agora que o mal empoderou-se novamente, persegue-as!

Quem renuncia aos prazeres ilícitos por amor a Deus, e eventualmente ensina as consequências de se escolher aos tais, é tido como proponente de “discursos de ódio”; em muitos países são presos, mortos. Por aqui, inda não, mas a seguir a banda como está, chegaremos lá.

Essa “filosofia da falsidade” foi cantada em prosa e verso há algum tempo:

“Falso
Todo mundo admira um falso
Eu também preciso ser mais falso
A verdade gera confusão.”

Estrofe da música ‘Falso’, de Cláudio Lins retratando fielmente a triste realidade.

Anti-vida; a coisificação da vida, aprovação do aborto é já realidade em muitos países; os que ainda não o fizeram, estão “atrasados” em face à agenda dos globalistas em plena implementação. No Brasil em “stand by” com doze semanas a vida ainda pode ser descartada “sem culpa”; alguma mente brilhante entendeu que ela começa com 85 dias.

Drogas e seus efeitos colaterais, violências, crimes, coisas também deletérias à vida vêm sendo encorajadas; há enraizados pleitos pela descriminação das mesmas.

Então, malgrado a pessoa que fará esse papel no teatro global, inda possa ser alvo de dúvidas, o espírito do anticristo, e seus feitos prediletos são plenamente visíveis.

Francisco corre sozinho, sem nenhum pretendente que se aproxime, para o ministério de falso profeta mor, o pai de todos eles, denunciado no Apocalipse.

A marca da besta? Nunca pareceu tão óbvia. Embora os adventistas insistam no “decreto dominical” (esquecem que a atuação do traíra será como anticristo, não como antideus; falsificará a salvação) e muitos teólogos renomados esposem que será uma identificação espiritual com o dito, que marcaria testas, (entendimentos) ou, mãos direitas, (ações) a mim não convence. A identificação espiritual é necessária para aceitar o reino daquele; mas, a marca será outra.

O dinheiro será digital cem por cento. O sistema global dominará tudo. Para acesso ao mesmo será necessário certo número de identidade, que, antes de uma identificação particular, trará um “prefixo” global. Sem o qual, ninguém compra nem vende, como poderia?

Se a marca fosse mera identificação espiritual, não seria pontual, reservada ao fim dos tempos. Sempre houve quem se identificasse com a oposição. A primeira “marcada” foi Eva.

Quem já traz em si, as “Marcas de Cristo”, certamente não aceitará rasura nenhuma.

domingo, 7 de janeiro de 2024

O tesouro dos justos


“Na casa do justo há um grande tesouro, mas nos ganhos do ímpio há perturbação.” Prov 15:6

Não pretende essa antítese entre o justo e o ímpio, avaliar qual deles possui mais bens; antes, evidenciar a diferença entre valores como justiça e impiedade, e suas consequências, nos demais aspectos da vida.

Enfim, patentear a diferença entre as riquezas bem, e, as mal havidas.

É possível que o justo tenha muito menos coisas que o ímpio, dadas as limitações da justiça que lhe são caras, às quais não ousa transpor; aquele, por sua vez, desconhecendo às cercas da probidade, tende a amealhar o que puder, usando todos os meios; pois a aquisição de coisas é o “valor” que patrocina seus atos.

Amós, o profeta, denunciou gente religiosa, pelo menos, observadora externa de alguns rituais, como a guarda do Sábado, e outras datas; no entanto, mercadores desonestos, ladrões.

“... vós que anelais o abatimento do necessitado; destruís os miseráveis da terra, dizendo: Quando passará a lua nova, para vendermos o grão, e o sábado, para abrirmos os celeiros de trigo, diminuindo o efa, e aumentando o siclo, procedendo dolosamente com balanças enganosas, para comprarmos os pobres por dinheiro, os necessitados por um par de sapatos, e para vendermos o refugo do trigo?” Am 8:4-6

Se podiam fazer coisas assim, “sem culpa”, qual o problema de profanarem aos dias santos também?

Algumas coisas eram especiais, mandamentos a ser observados; o “não furtarás” poderia ser burlado, afinal, o que faziam era apenas “comércio.” Na sua ótica distorcida e parcial, não configurava um roubo.

Uma das perturbações que assolam aos ímpios é que eles perdem a noção da devida equivalência entre os valores e os motivos pelos quais eles existem. O amor a Deus e ao próximo resume a Bíblia inteira; o primeiro tolhe que venhamos a ferir à Santidade do Altíssimo, envolvendo Seu Nome Excelso em impiedades; o segundo, veta que lesemos ao semelhante, negando-lhe um tratamento equânime, justo.

A incredulidade oferece matéria-prima ao pai dos incrédulos que, completa o serviço sujo; “o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4:4 Com o entendimento cego, como veriam a total abrangência e a essência da justiça?

O “jeitinho brasileiro” não é tão brasileiro assim. Antes, a malversação das ações em busca de vantagens é um mal da humanidade ímpia, algo de que um justo deveria se envergonhar; mas, que por aqui foi glamourizado, para que parecesse uma coisa aceitável. Invés de desonestidade, o devido nome, “malandragem.” O verniz do Capeta.

Isaías também versou sobre eles: “Mas os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar; as suas águas lançam de si lama e lodo. Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus.” Is 57:20,21

Ainda que num primeiro momento, os metais amontoados de maneira desonesta possam fazer figura, “justificando” os meios ímpios pelos quais foram adquiridos, isso tem prazo de validade.

“Ai daquele que, para a sua casa, ajunta cobiçosamente bens mal adquiridos, para pôr seu ninho no alto, a fim de se livrar do poder do mal! Vergonha maquinaste para tua casa... Porque a pedra clamará da parede, a trave lhe responderá do madeiramento. Ai daquele que edifica a cidade com sangue e funda a cidade com iniquidade! ” Hc 2:9 a 12

A longanimidade Divina espera; envia mensagens de confronto desafiando à conversão, aguardando a reação humana. Porém, chega a hora em que o homem é chamado a responder pelos seus atos, como diz, noutro contexto: “Estas coisas tens feito, e Eu me calei; pensavas que era tal como tu, mas te arguirei e as porei por ordem diante dos teus olhos:” Sal 50:21

A prosperidade dos ímpios é uma permissão Divina, para que ele deixe patentes os valores que escolheu. Se, toda impiedade fosse punida de imediato, os homens deixariam de ser ímpios, por interesse, e não por amor à Justiça. Deus não é um mercador. 

Então, “Porquanto não se executa logo o juízo sobre a má obra, por isso o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para fazer o mal.” Ecl 8:11

Essa disposição inata, que grassa desde a queda, só pode ser mudada, mudando-se o coração do homem; o que Cristo faz, na conversão.

Ele justifica quem crê e obedece, e os chama de justos; malgrado, sejam apenas pecadores arrependidos.

A “riqueza” do justo, pois, é essa. A comunhão com O Senhor, por meio da qual, obtém Dele, em tempo, as coisas que necessita; pois, “A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.” Tg 5:16

sábado, 6 de janeiro de 2024

Qualidade de vida

“O caminho do insensato é reto aos próprios olhos, mas o que dá ouvidos ao conselho é sábio.” Prov 12:15

A Palavra desencoraja a tal temeridade. “Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3:5 a 7

Lembro a crítica de um amigo que faleceu mui jovem, infelizmente; “Para vocês tudo é Deus, - dizia - como se o homem não tivesse vontade própria, não pudesse fazer escolhas.” Quem dera tivéssemos essa estatura! Muitas vezes fazemos escolhas e tomamos decisões de moto próprio, pra tristeza e vergonha nossa. Se consultássemos ao Senhor, quão menos erros cometeríamos! Mas, insistimos aprendendo com nossas falhas, o valor da obediência.

Ora, alinhar o modo de viver ao Senhor da vida, confiando na segurança que Ele oferece é uma escolha, facultada aos homens; a única, pela qual podem ser salvos.

O convite à obediência foi feito com palavras bastante dramáticas, dado o que está em jogo; “Céus e terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e morte, a bênção e maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e tua descendência.” Deut 30:19 Não se trata de mera predileção; antes, de vida ou morte.

É preciso estupidez ou cegueira, para, podendo escolher a vida preferir antes, a morte. Esse é o trabalho do “libertador” da humanidade; “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4:4

Embora, a escolha por Cristo pareça masoquismo, negação da vida, a rigor, é o contrário. A discrepância se dá porque, os autônomos imaginam que a vida seja apenas o que acontece na terra. “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15:19

Aos que confiam no Senhor, é ensinado que aqui é apenas o “guichê” onde, os ingressos para a eternidade são distribuídos; embora sejam de graça, Cristo pagou o custo, têm um “preço” que podemos e devemos pagar; renúncias, obediência a Ele. “De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos também em novidade de vida.” Rom 6:4

Tendo “Vendido tudo” pela “Pérola de Grande Valor”, seria um contrassenso se ainda vivêssemos uma vida miserável. Não me refiro a posses, pois, O Salvador ensinou: “... Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui.” Luc 12:15

A vida eterna não é relativa apenas à duração; algo a fruirmos quando morrermos; antes, é novo modo de viver, do qual nos apossamos aqui, agora; peregrinando na terra, mas segundo valores e princípios dos Céus; “Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna...” I Tim 6;12

As pessoas deveriam se perguntar, por que, os que são de Cristo, à ameaça de morte pra que neguem sua fé, preferem o martírio, a fazer o que os ameaçadores desejam. Deixaram de vegetar segundo as premissas terrenas, tomaram posse da vida eterna; sabem pra onde vão; isso basta como antídoto ao medo da morte.

Caso alguém ignore, a salvação em Cristo, salva disso também; “visto como os filhos participam da carne e do sangue, também Ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; e livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda vida sujeitos à servidão.” Heb 2:14,15

Renunciando nossas ímpias escolhas naturais, somos guindados ao sobrenatural, podendo “ver” coisas que escapam ao vulgo; “A fé é o firme fundamento das coisas que se espera, e a prova das coisas que se não vê.” Heb 11:1

Ser “sábio” aos próprios olhos foi um conselho da oposição. “Vós sereis como Deus, sabereis o bem e o mal”, disse. Invés de chamar a si e conduzir mediante ensinos, doutrina como Faz O Senhor, ao canhoto basta cortar as cordas, e deixar cada um à deriva; pois, estando sua vítima alienada de Deus, serve a ele, para que sua “obra” esteja sendo feita. “O Ladrão não vem, senão, matar, roubar e destruir...” Jo 10;10

O Eterno ama e zela pelos que ama; mas, facultou escolhas e espera que façamos a melhor. “Porque o erro dos simples os matará, o desvario dos insensatos os destruirá. Mas o que Me der ouvidos habitará seguro, estará livre do temor do mal.” Prov 1:32,33

sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

Insana contenda

“Seja qual for, seu nome já foi nomeado; sabe-se que é homem, que não pode contender com o que é mais forte que ele.” Ecl 6:10 A limitação humana e sua incapacidade de contender contra Deus.

O fato de que ninguém pode, dada a disparidade de forças, não significa que ninguém queira, nem, faça. Apenas ninguém pode, de modo a obter êxito.

Estobeu, disse: “Termina com má fama, quem tenta duelar contra o mais forte.”

O Próprio Senhor questiona; “... Quem poria sarças e espinheiros diante de Mim na guerra? Eu iria contra eles e juntamente os queimaria. Ou que se apodere da Minha força, faça paz comigo; sim, que faça paz comigo.” Is 27:4 e 5
Dada a nossa impossibilidade, O Eterno aconselha esperteza: “... faça paz comigo.”

Contender com Ele, não significa, necessariamente, uma medição de forças visando derrotá-lo. Em geral, Deus Obra para persuadir o homem acerca do que lhe é melhor; esse contende, resistindo tal persuasão, endurecendo o coração. Jó pergunta: “... quem se endureceu contra Ele e teve paz?” Jó 9:4

Sempre que O Eterno fala com o pecador, o faz tentando levá-lo ao arrependimento para reconciliação consigo, mediante Cristo; “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5:19

O sinal mais evidente que alguém está perdendo o “combate” ao escolher a impiedade, é a ausência de paz, na vida do derrotado voluntário, em apreço; “Os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar; suas águas lançam de si lama e lodo. Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus.” Is 57:20 e 21

Muitas doenças psicossomáticas, (que começam na alma e se refletem no corpo) são sintomas da adversidade reiterada contra Deus e seus preceitos; pecados. O mundo ímpio que quer tolher a Mão de Deus, ressignifica, redefine às coisas, dando um rótulo de doenças a distúrbios comportamentais, para vetar a ação dos agentes Divinos.

Todos lembram da grande celeuma dos gayzistas, acusando aos pastores de proporem a “cura gay.” Ora, o homossexualismo nunca foi doença; sempre foi um erro moral, uma “contenda” humana, contra Deus. Um pecado como qualquer outro, cujo arrependimento recebe perdão, e a mudança de vida, aprovação Divina; finalmente, paz com Deus.

Qualquer vício comportamental, deixa de ser um, e recebe um nome bonitinho, de “transtorno”; a gula, por exemplo, sempre foi pecado, denunciado pela Palavra de Deus; agora, o mundo ímpio redefiniu como “transtorno alimentar.” Pronto, deixou de ser um assunto pastoral, para se tornar uma questão médica.

Igualmente fazem com as crianças rebeldes, invés da desobediência, para a qual a receita bíblica é a devida correção, mudaram a coisa para um transtorno; novamente, Deus é deixado de lado.

Os pedófilos, zoófilos, ladrões, todos sofrem de algum transtorno comportamental, ou, alguma mania; (cleptomania, no caso dos ladrões) O que são essas distorções, senão, traços do combate do mundo ímpio, que jaz no maligno e insiste em contender contra O Criador?

Para doenças cujo causa é o pecado, a única “medicina” eficaz é O Sangue de Cristo; antídoto capaz de levar ao arrependimento, para o perdão, e consequente salvação do “doente.”

A coisa progredirá até que, a própria paciência Divina cansará; chegará um tempo em que O Senhor nem convidará a uma mudança, mais; antes, desafiará cada um a fazer firmes imutáveis suas escolhas; “Quem é injusto, seja injusto ainda; quem é sujo, seja sujo ainda; quem é justo, seja justificado ainda; quem é santo, seja santificado ainda. Eis que cedo venho, e Meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo sua obra.” Apoc 22:11 e 12

Quando a iniquidade chega a uma “pujança” irremediável, O Eterno desiste da luta, por absoluta falta de perspectiva, como fez no dilúvio: “Então disse o Senhor: Não contenderá Meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne; porém, seus dias serão cento e vinte anos.” Gn 6:3

Então, se Deus ainda contende contigo, ainda luta para levar-te ao arrependimento, considere-se um venturoso, alguém que a Graça Divina ainda busca, para o qual, nem tudo está perdido.

Como disse alguém: “Se um homem consegue ser plenamente feliz, vivendo no pecado, isso é um sinal inequívoco que Deus desistiu dele.” 

Ele desiste, principalmente, dos que brincam com as coisas santas; “... é impossível que os que já uma vez foram iluminados, provaram o dom celestial, se fizeram participantes do Espírito Santo, provaram a boa Palavra de Deus, as virtudes do século futuro e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento...” Heb 6:4 a 6

Não brinquemos, pois, com nossas vidas. Poderá ser tarde para repensar.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

O fogo necessário


“Só sei que nada sei.” Sócrates

Como ele sabia disso, então? O “nada sei” não era uma medida precisa do seu saber. Antes, uma valoração humilde, uma vacina contra a arrogância, aplicada em si mesmo.

Quando, informado que, o Oráculo de Delfos o considerava o homem mais sábio de Atenas, disse: “Significa, segundo penso, que a sabedoria humana é muito pequena, insignificante. Se, serviu-se do meu nome para isso, talvez intentasse dizer: O mais sábio entre vós, é aquele que reconhece, como Sócrates, que sua sabedoria não é nada.”

O método dialético visava estimular os discípulos a encontrarem as respostas em si mesmos, levando-os a fazer perguntas que sozinhos não fariam; ajudava-os a encontrar bens escondidos, soluções não pensadas, a partir dos valores que já esposavam, sem conseguir extrair as consequências necessárias deles, em todos os aspectos. Mais que ter a resposta certa, pois, eventualmente é necessário fazer as perguntas certas.

Além de uma apreciação humilde do próprio saber, o “nada sei” também era uma premissa metodológica; nada pretendia impor aos seus discentes, senão, estimulá-los a descobrirem, as sapiências adormecidas.

Confúcio defendia a existência de três métodos de aprendizado; imitação, experiência e reflexão, esse, é o mais nobre; a imitação o mais fácil; a experiência, o mais doloroso.

Plutarco desenvolveu mais: “A mente não é um vaso para ser cheio, - disse - antes, um fogo a ser aceso.” Então, as platitudes e as respostas prontas que se pega na prateleira das frases feitas, servem apenas como tampões fúteis; entorpecentes, invés de estimulantes do saber. Assim, quanto mais “cheios” os vasos, a rigor estão mais vazios. Quanto mais me apoio nas alheias descobertas, menos me ocupo em fazer as minhas.

Na dialética de Sócrates, as perguntas que o aprendiz não faria por si, uma vez feitas, despertavam respostas que tinha em seu íntimo, mas ignorava a posse. Desse modo, o “nada sei” poderia ser lido como, nada imponho; ajudo a descobrir, apenas.

Na parábola do Bom Samaritano, Jesus contou-a porque alguém questionara: “Quem é o meu próximo?” O Mestre contou a história e devolveu a pergunta; o aluno sabia a resposta, sem O Mestre dizê-la. Assim, a dialética oferece um “casulo” para que sejam gestadas as asas do saber.

Infelizmente, vivemos um tempo em que a reflexão não tem muito espaço. As pessoas apreciam às coisas pela identificação, não por algum valor maior. Aquilo com o que me identifico tem livre curso, o que não, basta o cancelamento e não me incomodará mais. Assim, o porco abre portas à lavagem; o cão, aos ossos e restos de comida; o rato ao queijo e cereais vários; a ovelha aos verdes pastos, etc.

A implicação disso, é que cada um é já uma “obra acabada”; pode seguir sendo o que é, sem nenhum desafio a mudar. O pior é que, não raro, envolvem Deus nisso, como se, fosse Ele responsável por abençoar à escolha de cada homem, mesmo que, discrepante da Vontade dele.

Malgrado a pecha, dos que leem a Bíblia em Braille e dizem que a fé é cega, nunca foi o propósito Divino, que a gente cresse sem buscar entendimento; se fechasse em copas num fanatismo reiterado, malgrado, eventuais nuances da fé não pareçam inteligíveis.

Certa dose de ceticismo, questionamento, é necessária. O Criador colocou cérebros dentro dos nossos crânios, desejando que os usássemos.

Para esse mundo, os alvos são aquisição de bens, fama, prazeres... Deus desafia-nos às renúncias, para a regeneração da vida; “Porque a sabedoria serve de defesa, como de defesa serve o dinheiro; mas a excelência do conhecimento é que a sabedoria dá vida ao seu possuidor.” Ecl 7:12 Então, somos desafiados à aquisição de sabedoria, não, andar no escuro apalpando o que ignoramos.

Paulo ensinou que a ruptura com o mundo e seus valores invertidos, é necessária, para quem desejar conhecer a Deus e Sua Vontade. “... apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12:1,2

Se fosse mesmo assim, que cada um fizesse suas escolhas e Deus pudesse apenas vir abençoá-las, Ele seria o servo, e nós os senhores. Não haveria necessidade de Reino dos Céus; cada um reinaria airoso no império dos próprios desejos, e O Todo Poderoso soaria como acessório, dispensável até.

Ele pensou nisso antes; “Eu Sou O Senhor; este é Meu Nome; Minha Glória, pois, a outrem não darei...” Is 42:8

É tão fácil cancelar, excluir, bloquear... mas, a gente pode mais; “Melhor é a sabedoria que as armas de guerra...” 9:18