domingo, 4 de outubro de 2020

Nossos inimigos íntimos


“Foi o número dos dias, que Davi habitou na terra dos filisteus, um ano e quatro meses.” I Sam 27;7

Inusitados dezesseis meses de Davi. Ele fora ungido por Samuel para ser rei, vencera ao gigante Golias, fora amado e reconhecido pelo príncipe Jônatas como sucessor de Saul; aclamado pelo povo como grande guerreiro, agora refugiava-se com um “exército” de seiscentos proscritos, entre os inimigos de Israel.

Humildemente pedira para não ficar na cidade real, Gate e recebera de Aquis, o rei filisteu, a cidade de Ziclague.

Tornara-se mero salteador dos povos circunstantes; malgrado o rei soubesse que fora ele que derrotara Golias, no passado, ignorava isso; considerava as vantagens de tê-lo por perto. “Aquis confiava em Davi, dizendo: Fez-se ele por certo aborrecível para com o seu povo em Israel; por isso me será por servo para sempre.” I Sam 27;12 Essa “moral” atual, tipo, se me traz vantagens danem-se as demais coisas vem de larga data.

A sina de que “Os inimigos do homem são os da sua própria casa”, era coisa antiga também, quando O Salvador mencionou-a.

Entre os filisteus Davi era respeitado, bem quisto; no palácio de Saul, odiado; de modo que, o rei tentara matá-lo mais de uma vez. Com “amigos” assim, desnecessários os inimigos.

Oportuna uma citação de Voltaire: “Deus me livre dos meus amigos, que dos inimigos eu me cuido.”

Se, é vera a máxima que “um profeta não é bem-vindo, na sua terra”, naquele caso era um guerreiro valente que não era bem vindo; as qualidades proféticas e unção de rei só afloraram ulteriormente. Davi não era o inspirado salmista, tampouco rei; apenas o guerreiro precoce e ousado que matara ao gigante.

A inveja foi avaliada em dia futuros pelo filho seu que nasceria, Salomão; Sua essência violenta; “O furor é cruel, a ira impetuosa, mas quem poderá enfrentar a inveja?” Prov 27;4 Por fim, sua causa; “Também vi que todo o trabalho, toda a destreza em obras, traz ao homem a inveja do seu próximo.” Ecl 4;4 A destreza em obras, popular talento, atrai a inveja alheia.

Portanto, quem recebe um talento do Senhor, seja para o que for, recebe um peso para carregar; ou, usa-o e será alvo da inveja, ou, enterra-o e será réu, no Tribunal do Senhor.

Um fragmento de uma antiga canção diz: “Na verdade o homem se sente mais realizado, se invés da dizer parabéns! Ele fala, coitado!” Quem invejaria um coitado? Possivelmente sua triste sina fará a minha parecer melhor do que é; quiçá, dar vez ao orgulho de me presumir também, melhor do que sou.

Tipo antigos palhaços de circo, que faziam brejeirices sobre pernas-de-pau, assim é o orgulho. Leva um palhaço bobo a ostentar uma estatura muito maior que possui, e seu valor é pueril, para um riso momentâneo e mais nada.

Então, quando virmos alguém com unção na vida, potencial ministério, em situação, eventualmente desvantajosa, não significa, necessariamente, que o tal “enterrou o talento”; pode que, como Davi esteja sendo exercitado em circunstâncias desvantajosas até o tempo oportuno, aprazado por Deus, para que saia à luz, enfim, o Divino propósito.

Não esqueçamos que a Onisciência do Eterno Lhe permite “Chamar às coisas que ainda não são, como se, já fossem.”

Somos imediatistas; veríamos em José, mero prisioneiro; em Davi, um fugitivo fora-da-lei, como viu o finado Nabal; em Jesus, um amigo da ralé social, como fizeram os religiosos da época.

Em José Deus via o primeiro ministro de Faraó; em Davi o rei de Israel; em Jesus Deus É, Rei dos Reis e Senhor dos Senhores.

Se, vulgarmente se diz, atribuindo a Maquiavel, que os fins justificam os meios, numa espécie de vale-tudo pelo fim almejado, em se tratando das coisas espirituais, o fim, (objetivo) qualifica os meios, ou o caminho.

Não importam circunstâncias adversas que enfrentemos; se, no fim redundar em salvação, vida eterna, será esse um caminho bendito, e vice-versa. “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.” Prov 14;12

Não estranhemos pois, se, malgrado andando retamente tivermos que, eventualmente “comer do ruim” como se diz, estando mais seguros distante dos “chegados” que perto deles.

A presença deles por perto não é essencial. A que É já está; “Quando passares pelas águas Estarei contigo, quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem chama arderá em ti. Porque Eu sou o Senhor teu Deus, o Santo de Israel ...” Is 43;2 e 3

A grandeza das rejeições e perseguições que sofremos é proporcional à chamada ministerial do Senhor. Ele não faria um lutador peso-pesado par segurar a toalha de fora do ringue.

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