quarta-feira, 14 de outubro de 2020

A quem imitar?

“Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados...” Ef 5;1

Dada a abissal diferença entre criatura e Criador, a imitação tencionada por Paulo nesse verso deve ser algo estrito, pontual; possível a seres finitos e falhos como nós.

A conjunção conclusiva, “pois” por sua natureza aponta para trás; para o contexto imediatamente anterior, uma vez que está concluindo um argumento, uma ideia.

Se, olharmos o verso anterior, veremos em quê, somos desafiados a imitar Deus; “sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo.” Cap 4;32 Imitarmos na prática do bem, no exercício da misericórdia, e sobretudo, perdoarmos ao semelhante como, por Ele fomos perdoados. Eis a imitação requerida ali!

O Salvador, quando desafiou ouvintes a darem a outra face (uma nova chance a quem falhou) ou, andar duas milhas quando a demanda fosse uma; ainda, solicitada a capa, dar também a túnica; enfim, amar inimigos, chamou essa postura de imitação da perfeição Divina; “Sede vós pois perfeitos, como é perfeito vosso Pai que está nos Céus.” Mat 5;48

Paulo disse expressamente isso; que imitássemos ele, na “arte” de imitar a Cristo; “Admoesto-vos, portanto, que sejais meus imitadores.” I Cor 4;16

Quando se diz vulgarmente que um exemplo vale por mil palavras, de modo oblíquo se diz também que tendemos muito mais a imitarmos o que vemos, que assimilarmos ao que ouvimos.

Nas relações interpessoais é assim; agora em se tratando da relação com Deus, carecemos certa acuidade auditiva, “Ouvir da Palavra de Deus” para sabermos como agiu e ensinou, deixando-nos um parâmetro para seguir.

De qualquer forma, a imitação requerida ainda que O Imitado seja O Senhor, se refere ao trato com o semelhante, pois, “Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia seu irmão é mentiroso. Quem não ama seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? Dele temos este mandamento: que quem ama Deus, ame também seu irmão.” I Jo 4;20 e 21

Entretanto, parece que, em nosso entorno o vício é um oceano, e a virtude raras ilhotas difíceis de se encontrar. Desgraçadamente as pessoas preferem nadar nas águas fáceis dos vícios, a palmilhar a terra firme das ações ponderadas, virtuosas e consequentes.

Não pouca vezes ouço, com sentimento de vergonha alheia, pessoas defendendo políticos corruptos com “argumentos” tipo: “Todo mundo tira uma lasquinha; tem mais é que levar vantagem mesmo;” Ou, nos domínios da promiscuidade, “ninguém é de ninguém, não existe mais fidelidade; então vou passar o rodo, o que vier eu traço.”

Ouvi isso ainda hoje de um colega de trabalho e respondi: “Se um cachorro te morder vais mordê-lo também? Eu sei que tem muito disso; maus exemplos existem à exaustão; mas, não altero o que sou pelo que os outros são; seja homem! Nade contra a corrente!”

Na verdade quem se corrompe, se prostitui, não o faz porque há muitos que fazem também; antes, faz porque é disso que gosta, porque se identifica com as aves das mesmas penas. A “justificativa" é só uma fuga hipócrita para acrescentar aos pecados praticados a covardia de lambuja.

Infelizmente, exemplos bons são raros; onde encontramos os que adotam as boas e virtuosas práticas, apenas por imitação de outrem que admiram?

Somos uma geração sem noção ao cubo; a ponto de, algumas pessoas postarem trechos de “músicas” pornográficas, cheias de expressões chulas, e versos bíblicos no mesmo dia, na mesma página!

Em outro contexto, no Desafio de Elias, a coisa foi posta assim: “Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; se Baal, segui-o. Porém o povo nada lhe respondeu.” I Rs 18;21

Posso parafrasear assim: “Até quando estareis divididos em vossos corações? Se o lixo imoral é bacana, espojai-vos no lixo. Agora se fizerdes menção da Palavra de Deus não O profanem.” Ele mesmo adverte: “Ao ímpio diz Deus: Que fazes tu que recitar os meus estatutos, e tomar Minha Aliança na tua boca? Visto que odeias a correção, e lanças as minhas palavras para detrás de ti.” Sal 50;16 e 17

O Senhor encerrando da Revelação desafiou a cada um que deixasse patentes suas escolhas; virtuosas, ou viciosas; “Quem é injusto, faça injustiça ainda; quem está sujo, suje-se ainda; quem é justo, faça justiça ainda; quem é santo, seja santificado ainda. Eis que cedo venho, Meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo sua obra.” Apoc 22;11 e 12

Para Confúcio imitação é o método mais fácil de aprendizado.

Imitar a Deus cercado de impiedade como vivemos não chega a ser fácil; mas, como citou Dave Hunt, “o que espera pelos salvos é glorioso demais para ser fácil”.

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