terça-feira, 18 de agosto de 2020

O Cobertor curto


“As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, porém, as reveladas pertencem a nós e nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas palavras desta Lei.” Deut 29;29

Quando ouvimos que as coisas encobertas pertencem a Deus, muitas vezes passamos por alto; quiçá, nos permitimos uma inquietação superficial.

Ele saberia das amplitudes cósmicas, se há mais planetas habitáveis, extraterrestres, estrelas, galáxias... Nós outros saberíamos das coisas do nosso mundinho. Será? Digo, será que é assim que se interpreta?

Se, “há muito mais entre o Céu e a Terra do que supõe nossa vã filosofia”, também há muito mais coisas encobertas, que supõe nossa presunção de conhecimento.

As coisas reveladas, no contexto, eram as palavras ensinadas mediante Moisés; os Dez Mandamentos e seus desdobramentos em mais de seis centenas de variáveis. “Pertencia-lhes” para cumprir, não como um contingente autônomo de conhecimento.

As encobertas, invés de precisarmos uma nave “Enterprise” para a “jornada nas estrelas” como imaginado pelo cinema, estão muito mais perto que ousaríamos supor.

“A glória de Deus está nas coisas encobertas; mas, a honra dos reis em descobri-las.” Prov 25;2

Se, podem ser descobertas, então as que nos interessam não estão na estratosfera, no espaço; mas, em nosso existenciário mesmo.

A tendência de quem age mal é, acusado pela consciência, tentar ocultar, invés de corrigir; salvas felizes e raras exceções. Por isso, aliás, os coevos Dele mantinham distância do Salvador. “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz...” Jo 3;20

Ainda que possamos, como os gatos, cavar e esconder nossas... “obras”, diante de Deus não funciona; nosso “escuro” é nosso, não Dele. “O espírito do homem é a lâmpada do Senhor, que esquadrinha todo interior; até o mais íntimo do ventre.” Prov 20;27

A função da Palavra do Senhor, que atua em consórcio com Seu Espírito é acender essa “Lâmpada” para que nossas coisas encobertas sejam tratadas; se, não preferirmos que sigam enfermas, nossas almas.

“Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, mais penetrante do que espada alguma de dois gumes; penetra até à divisão da alma e espírito, das juntas e medulas; é apta para discernir pensamentos e intenções do coração. Não há criatura alguma encoberta diante Dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos Daquele com quem temos de tratar.” Heb 4;12 e 13

Quem tiver honestidade interior, além de assumir os erros que sabe que praticou, ainda suspeitará que sua ignorância seja maior que a honestidade; que poderia albergar erros ocultos de si mesmo, e orará como Davi. “Quem pode entender seus erros? Expurga-me Tu dos que me são ocultos.” Salm 19;12

Há coisas ignoradas à exaustão, muito além dos nossos erros, conhecidos ou não. Aquilo que, presumimos como “coisas reveladas” pelas aparências, muitas vezes é apenas o disfarce das encobertas que, vindo à luz ensejam grandes decepções, onde pareciam habitar as mais ricas bênçãos.

Por causa desse lapso, a observação que não sabemos orar como convém, a menos que O Espírito ore em nós; daí o conselho de, uma vez feitas nossas petições, anexarmos a ressalva aquela: “Todavia, não seja como Eu quero; mas, como tu queres.”

Vai que a água onde peço para nadar tem crocodilos e não sei... Os que “Determinam, ordenam, decretam” coisas foram devorados há muito pelos monstros da presunção blasfema e da ignorância espiritual.

É nessa dimensão, onde o vero ser das coisas nos escapa, que entram os “olhos da Fé”; esses não ensejam ver, mas confiar irrestritamente Naquele que tudo vê.

Às vezes Deus permite que deixemos nossos “esqueletos” no armário por muito tempo; não conseguindo nos persuadir ao arrependimento, resta-lhe o juízo que nos descobre e humilha. “Estas coisas tens feito, e me calei; pensavas que era tal como tu, mas te arguirei, e as porei por ordem diante dos teus olhos.” Sal 50;21 Pois, “O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz, de repente será destruído sem que haja remédio.” Prov 29;1

Quando demanda arrependimento e confissão dos que ama, O Senhor não busca com essa “delação premiada” descobrir algo; antes, despertar-nos ao amor pela verdade que liberta, mesmo que, eventualmente envergonhe.

Quem esconde seus erros, no fundo é um traidor de si mesmo em consócio com o Capeta que lhe persuade ao engano. “Quem encobre suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” Prov 28;13

Dizem que o avestruz esconde a cabeça na areia ao ser ameaçado e se sente “seguro”; parábola viva de tantos pecadores. Daquele se depreende certa inocência, pois, “Deus o privou de sabedoria, não lhe deu entendimento.” Jó 39;17

Dos Filhos Deus espera mais; “Filho meu, se teu coração for sábio, alegrar-se-á o meu...” Prov 23;15

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