domingo, 9 de agosto de 2020

As luzes na fachada


“Como águas profundas é o conselho no coração do homem; mas o homem de inteligência o trará para fora.” Prov 20;5

Normalmente associamos à inteligência, rapidez de raciocínio, facilidade de compreensão, perspicácia... entretanto, na sentença supra, de Salomão ela foi anexa à arte de trazer para fora, o que já está no profundo de cada um.

Disse mais: “O homem sábio é forte, o homem de conhecimento consolida a força.” Prov 24;5 Isto é: faz valer, o depósito que possui em si.

Assim, se o tolo é visto como outrem que usa uma pedra preciosa na funda, o inteligente é o que faz o uso oportuno daquilo que tem alto preço, a sabedoria. Ela diz: “Riquezas e honra estão comigo; assim como bens duráveis e justiça. Melhor é meu fruto do que o ouro, do que o ouro refinado, os meus ganhos mais do que a prata escolhida.” Prov 8;18 e 19

Ter algo valioso no âmago e não trazer isso à luz, numa linguagem simples é saber o que é certo, e fazer o errado. O Salvador aconselhou a moldarmos ações ao conhecimento; “Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes.” Jo 13;17

Se observarmos as redes sociais, por exemplo, parecerá que somos a geração mais sábia que já viveu; dados os conselhos, as sentenças filosóficas, propostas existenciais, e as porções bíblicas que se partilham.

Contudo, se deixarmos o “País das Maravilhas” para Alice, e observarmos com algum critério à realidade depararemos com a pior de todas as épocas, também vaticinada nos provérbios; “Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas que nunca foi lavada da sua imundícia. Há uma geração cujos olhos são altivos, e suas pálpebras são sempre levantadas.” Cap 30;12 e 13

Pouco vale ter diamantes no fundo e trazer à luz o reles cascalho.

No antigo pleito entre o ser e o parecer algo, esse vai ganhando de lavada daquele; somos a geração vídeo, consumidora de cultura inútil, de hienas que riem da própria morte, nas tolices que as distraem, e evitam a buscar vida nas coisas profundas pelas quais recusam-se a mergulhar. Parece que descobrimos pérolas de superfície.

Assim, mesmo sentenças sábias partilhadas, não passam de “vídeos;” digo, de como as pessoas querem ser vistas...

Alhures se denuncia a inutilidade de um asno carregado de livros, o que para o tal não passaria de um peso; um amontoado de sentenças sábias apenas para consumo externo, para fazer pose ante terceiros acaba tendo a mesma função que os livros no dorso do jerico.

Sempre recorro a uma sentença de Plutarco: “A mente não é um vaso para ser cheio; é um fogo a ser aceso.”

Logo, invés de se empanturrar de frases profundas sem refletir sobre nenhuma, que tal ousar pensar detidamente sobre uma só? Moldar o agir por ela? Pode que, tico e teco produzam uma faísca atritando pedras, e o prazer da reflexão acenda um fogo que paulatinamente irá consumindo a ignorância.

O abençoado descrito no Salmo primeiro faz algo assim; “... tem seu prazer na lei do Senhor, e na Sua Lei medita de dia e de noite.” V 2

Claro que a coisa não será tão divertida quanto rir de memes; mas, enquanto aqueles laboram para distrair mortos, a sabedoria se esforça para ressuscitar.

Se o conhecimento fosse apenas uma posse para ostentação, ginástica intelectual, mero deleite a alimentar a vaidade, não teria relevância buscá-lo ou não; entretanto, o Criador que colocou cérebros dentro dos nossos crânios o fez tencionando que os usássemos em prol de nossas vidas; “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também Eu te rejeitarei...” Os 4;6

Nossa palavras (postagens) são registradas em memoriais celestes; “... o Senhor atentou e ouviu; um memorial foi escrito diante Dele ...” Mal 3;16

E pelas nossas palavras seremos julgados, ensinou O Salvador; por isso Tiago adverte a que se fale menos e ouça mais; “... muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo. Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito e poderoso para também refrear todo o corpo.” Cap 3;1 e 2

Ou seja, se tens esse conhecimento no fundo, por quê, não o trazes a luz? A luz espiritual não está no fim de um túnel; deve fulgir mostrando o lugar dos passos; “Lâmpada para os meus pés é Tua Palavra; luz para o meu caminho.” Sal 119;105

Então, “Se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o Sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo o pecado.” I Jo 1;7

Nenhum comentário:

Postar um comentário