quinta-feira, 20 de agosto de 2020

As riquezas ignoradas


“... me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo” Ef 3;8

Falar das riquezas de Cristo, desejá-las, sentir-se partícipe delas, quem não quer?

Não são nada módicas, aliás; “... estejam unidos em amor, enriquecidos na plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus Pai, e Cristo, em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e ciência.” Col 2;2 e 3

Contudo, quando a condição para participar disso é posta, “... por meio do Evangelho...” a coisa muda de figura. Pois, o Evangelho tem algumas nuances desagradáveis ao homem natural.

Se, traz a alentadora notícia do amor imensurável de Deus, a ponto de dar Seu Filho para nosso resgate; a correspondência necessária desafia-nos a crucificarmos o que de mais amado temos, o ego; “negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.” Correr atrás de riquezas é muito fácil.

Porém, tais, para nós seriam bens materiais, com quais construiríamos nossos impérios particulares, alheios ao Reino de Deus. No entanto, os tesouros aludidos mencionam “sabedoria e ciência”, não prata, ouro, ou outros metais quaisquer.

Afinal, se a condição indispensável ao ingresso no Reino é o “negue-se”, as riquezas em apreço já não podem ser as minhas, mas as que O Rei prescreve. Se vou atrás dos meus “valores”, que tipo de renúncia pratico?

A sabedoria discursa sobre valores em “causa própria”; “Aceitai minha correção, não a prata; e conhecimento, mais que o ouro fino escolhido. Porque melhor é a sabedoria que os rubis; tudo o que mais se deseja não se pode comparar com ela. Eu, a sabedoria, habito com a prudência; acho o conhecimento dos conselhos. O temor do Senhor é odiar o mal; soberba, arrogância, mau caminho e boca perversa, eu odeio. Meu é o conselho, a verdadeira sabedoria; sou o entendimento; minha é a fortaleza.” Prov 8;10 a 14

Quando mencionam o dito do Salvador, que veio para que tivéssemos vida e vida em abundância, “convenientemente” os que apreciam o casulo mais que a borboleta, pervertem a interpretação para que coisa signifique, vida com fatura.

A abundância prometida é de vida, não de coisas. Paulo amplia: “Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes. Mas os que querem ser ricos caem em tentação; em laço e muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males; nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e traspassaram a si mesmos com muitas dores.” I Tim 6;8 a 10

Vejo seguido uns dizendo que esse foi um ano perdido; referindo-se às restrições de diversão. Eis o seu conceito de “vida!” Porém, no meio desses males todos, muitos se acham; reconciliam com O Príncipe da vida; daí não se trata de mero ano, mas de uma vida toda ganha.

A sabedoria espiritual nunca desfila na passarela das cobiças naturais trajando um modelo para se ganhar dinheiro ou prazeres; antes, por ser muito mais excelente que quaisquer metais, seu “produto” é superior também; “Porque a sabedoria serve de sombra, como de sombra serve o dinheiro; mas a excelência do conhecimento é que a sabedoria dá vida ao seu possuidor.” Ecl 7;12

Então, se, as riquezas de Cristo mediante o Evangelho são “tesouros de sabedoria e ciência” que atinam à vida não às coisas, qualquer um pode ser enriquecido; se, invés dos pregoeiros das moedas ouvir aos que apregoam o genuíno Evangelho.

Se, vulgarmente se diz, reverberando a Maquiavel que “os fins justificam os meios”, nas coisas atinentes ao Reino de Deus, esse Nobre Fim, restringe os meios. “Entrai pela porta estreita...” Mat 7;13

Spurgeon dizia: “Ninguém é obrigado a se dizer cristão; mas, se o fizer, diga e se garanta.” Ou seja: Porte-se como tal.

Alguns incautos presumem que a “porta estreita” seja a igreja. Frequentar uma igreja te faz tão “cristão”, quanto, morar numa garagem te transformaria em carro.

A porta estreita é a cruz; renúncia das tendências naturais nocivas pelos valores do Reino. “Os que são de Cristo crucificaram a carne com suas paixões e concupiscências.” Gál 5;24

Enfim, as riquezas de Cristo estão ao alcance de qualquer um; entretanto, assim como a tempestade testa a resistência de uma casa, as provações testam-nos a fé; “A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual é a obra de cada um.” I Cor 3;13

E, o “fogo” só é uma ameaça para quem o sofre sem Deus; não, os enriquecidos Nele; “... Estarei contigo... quando passares pelo fogo, não te queimarás...” Is 43;2

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