domingo, 7 de abril de 2024

Os mortos dormem?


“Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, tampouco, terão eles, recompensa, mas sua memória fica entregue ao esquecimento. Também seu amor, ódio e inveja já pereceram; já não têm parte para sempre, em coisa alguma do que se faz debaixo do sol.” Ecl 9;5 e 6

Quando Salomão circunscreve suas observações ao que se passa “debaixo do sol”, evidencia que não pretende ter conhecimento do além; apenas do que lhe foi possível ver desde seu “mirante”.

“Apliquei meu coração a esquadrinhar, informar-me com sabedoria de tudo quanto sucede debaixo do céu; esta enfadonha ocupação deu Deus aos filhos dos homens, para nela os exercitar. Atentei para todas as obras... tudo era vaidade e aflição de espírito.” Ecl 1;13 e 14

Afirmou que os mortos não terão recompensa, pelas suas obras, no final, disse: “Porque Deus há de trazer a juízo toda obra; até tudo o que está encoberto, seja bom, ou mau.” Cap 12;14 Por que Deus julgaria a todas as obras, senão, para recompensá-las?

O “não terão recompensa” atina ao que ele pode ver, apenas. Agur também viu a distorção onde os ímpios pareceram mais venturosos que os santos;

“Não se acham em trabalhos como outros homens, nem são afligidos. Por isso a soberba os cerca como um colar; vestem-se de violência como de adorno. Os olhos deles estão inchados de gordura; têm mais que o coração poderia desejar. São corrompidos e tratam maliciosamente de opressão; falam arrogantemente. Põem suas bocas contra os céus, suas línguas andam pela terra. Por isso o povo deles volta aqui e águas de copo cheio se lhes espremem. Eles dizem: Como sabe Deus? Há conhecimento no Altíssimo? Estes são ímpios, e prosperam no mundo; aumentam em riquezas.” Vs 5 a 12

O que lhe parecera extremo injusto, entendeu quando olhou um pouco além; “Até que entrei no santuário de Deus; então entendi o fim deles. Certamente Tu os puseste em lugares escorregadios; Tu os lanças em destruição. Como caem na desolação, quase num momento! Ficam totalmente consumidos de terrores.” V 17 a 19

Sendo o lado de cá, apenas lugar onde está o guichê para ingresso, não, a vida propriamente, Paulo advertiu: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19

Aos atenienses ensinou que a “vida” terrena é apenas um limite de tempo e espaço, para encontrarmos a Deus; “De um só sangue (Deus) fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17;26 e 27

Os que derivam doutrinas eternas, de um tratado como o Eclesiastes, que fez uma análise efêmera das coisas, incorrem na mesma miséria retratada pelo apóstolo.

Segundo os mestres hermeneutas, a Bíblia interpreta-se; assim, um texto dela que soe ambíguo, obscuro, poderá ser entendido tranquilamente, com o auxílio de outro que verse sobre o mesmo assunto. Defender a inconsciência dos mortos, como fazem os adventistas, é uma imperícia hermenêutica.

Expressões, como “sono da morte” ou “dormem no Senhor” são metáforas que apreciam o estado do corpo, não necessariamente, das almas, dos “mortos”.

O Salvador mencionou um rico “morto” fazendo rogos do outro lado, invés de “dormindo.” No Apocalipse também temos alguns “sonâmbulos”; “Havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da Palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. Clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó Verdadeiro e Santo Dominador, não julgas e vingas nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” Apoc 6;9 e 10

Se ainda clamam a Deus, mesmo tendo deixado o fôlego de vida, óbvio que suas almas preservam a consciência, depois do sono do corpo.

Além de dizer que os mortos não sabem nada (debaixo do sol) o que elimina as falácias “psicografadas” dos que “voltam” pra aconselhar aos vivos, Salomão disse: “... sua memória fica entregue ao esquecimento.”

Perante Deus é diferente: “... um memorial foi escrito diante Dele, para os que temeram o Senhor, os que se lembraram do Seu Nome. Eles serão Meus, diz O Senhor dos Exércitos; naquele dia serão para Mim joias; poupá-los-ei, como um homem poupa seu filho, que o serve.” Ml 3;16 e 17

Deus escreve reto por linhas retas. A incompreensão humana costuma entortá-las. “São justas todas as palavras da Minha Boca: não há nelas nenhuma coisa tortuosa nem pervertida. Todas elas são retas para aquele que as entende bem...” Prov 8;8 e 9

sábado, 6 de abril de 2024

Falácias


“Não te precipites com tua boca, nem teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus, tu, sobre a terra; assim sejam poucas tuas palavras.” Ecl 5;2

“Portanto, meus amados irmãos, todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar.” Tg 1;19

“Porque, como na multidão dos sonhos há vaidades, assim também nas muitas palavras; mas tu, teme a Deus.” V 7 “Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio; o que cerra seus lábios é tido por entendido.” Prov 17;28

O apóstolo Tiago pormenorizou razões; “... a língua é um pequeno membro, e gloria-se de grandes coisas. Vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia. A língua também é um fogo; como mundo de iniquidade; está posta entre os nossos membros, contamina todo o corpo, inflama o curso da natureza, e é inflamada pelo inferno. Porque toda a natureza, tanto de bestas feras quanto aves, tanto de répteis quanto animais do mar, se amansa e foi domada pela natureza humana; mas, nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal.” Tg 3;5 a 8

Quem jamais se precipitou com seus lábios, falando algo inoportuno? Atrevo-me a dizer que é um erro que todos já cometemos. Como seria se, todos nossos ditos fossem escritos, armazenados num livro, depois, cotejados um como outro, estudados, como A Palavra de Deus é?

Eventualmente alguns se jactam: “Não tenho medo da colheita, pois, bem sei da semeadura.” Bom é que tenhamos convicção das escolhas, dos valores que esposamos, das nossas atitudes. Entretanto, mesmo os melhores caracteres, sempre carecerão pedir perdão, cientes que nem todas suas ações foram probas, prudentes, oportunas como desejaria a pura sabedoria. Admitirmos nossos erros, aliás, é uma das nossas melhores falas, dado o concurso da verdade e da honestidade intelectual.

O salvador ensinou-nos a ser avisados quanto ao exercício da fala; “Mas, vos digo que de toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo.” Mat 12;36

Há um testemunho preservado num memorial, que, arrola as falas dos que temem a Deus; certamente, o faz, O Eterno, para recompensá-los por elas; se fosse para punir seria atinente a todos, não apenas aos que O servem;
“Então aqueles que temeram ao Senhor falaram frequentemente um ao outro; O Senhor atentou e ouviu; um memorial foi escrito diante Dele, para os que temeram O Senhor, para os que se lembraram do Seu Nome. Eles serão Meus, diz O Senhor dos Exércitos; naquele dia serão para Mim joias; poupá-los-ei, como um homem poupa seu filho, que o serve. Então voltareis e vereis a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus, e o que não serve.” Ml 3;16 a 18

Meras falas não bastam. Os hipócritas costumam falar muito bem. Todavia, aqueles que têm o hábito de ser honestos, suas falas refletem à verdade; seus corações podem ser “vistos” pelas coisas que deles vertem; “Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus? Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca.” Mat 12;34

Certas coisas são impossíveis sem a palavra; o ensino, sobretudo. Embora os bons exemplos tenham lá sua eloquência, a explanação dos motivos, costuma emprestar sentido às ações. Nossas atuações serão motivo de demanda, como ensinou Pedro: “... estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós...” I Ped 3;15

Não se trata de vetar à fala trocando-a por comunicação alternativa, vias sinais, por exemplo; antes, de conselhos práticos advertindo contra a incontinência verbal, que costuma ser veículo de grandes males.

Abstém-se de erros, quem reverbera de modo idôneo o que O Senhor diz: “Se alguém falar, fale segundo as Palavras de Deus...” I Ped 4;11 

Entre as muitas coisas que a Palavra prescreve temos: “Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor, aparta-te do mal.” Prov 3;5 a 7

Os que cobrem o mundo com decibéis falsos, apregoando aos quatro ventos o que “O Senhor lhes mostra”, deveriam aprender a calar a boca, para ouvir o que O Senhor diz: “Não mandei esses profetas, contudo eles foram correndo; não lhes falei, mas eles profetizaram. Mas, se estivessem no Meu conselho, então teriam feito Meu povo ouvir as Minhas Palavras, o teriam feito voltar do seu mau caminho e da maldade das suas ações.” Jr 23;21 e 22

O dia do Senhor


“O dia do Senhor virá como o ladrão de noite...” II Ped 3;10

Não que os demais dias sejam fortuitos, ou nossos; apenas um, seja do Senhor. Porém, assim é chamado o período em que O Senhor, finalmente, decidirá acertar contas com a humanidade, trazendo o juízo.

“Ai do dia! Porque o dia do Senhor está perto, virá como uma assolação do Todo-Poderoso.” Jl 1;15

“Ai daqueles que desejam o dia do Senhor! Para que quereis vós este dia do Senhor? Será de trevas e não de luz.” Am 5;18

“O grande dia do Senhor está perto, sim, está perto, se apressa muito; amarga é a voz do dia do Senhor; clamará ali o poderoso.” Sof 1;14

Pedro cita Joel: “O sol se converterá em trevas, a lua em sangue, antes de chegar o grande e glorioso dia do Senhor;” Atos 2;20 etc.

Vemos, pois, que o dia do Senhor não é um texto solto numa névoa obscura que algum profeta soprou sobre os ares da revelação; antes, algo categórico, afirmado, explicitado e reiterado; no devido tempo, sua incidência será inevitável.

Pedro pontuou que a “demora” do Senhor em tratar com a humanidade seria usada como se significasse falaciosa Sua Palavra; “... nos últimos dias virão escarnecedores, andando segundo suas próprias concupiscências, dizendo: Onde está a promessa da Sua vinda? porque desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação.” II Ped 3;3 e 4

A relação do Eterno com o tempo não é a mesma nossa; “Amados, não ignoreis uma coisa, que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia. O Senhor não retarda Sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânime para conosco, não querendo que alguns se percam, senão, que todos venham a arrepender-se.” II Ped 3;8 e 9

“O dia do Senhor virá como o ladrão, de noite...”
embora O Senhor venha para buscar o que é Seu, usa a figura do ladrão para ilustrar o “modus operandi”.

O ladrão vem inesperadamente; leva o que há de mais valioso; e o seu “feito” só é percebido depois, quando é tarde demais para evitar.

Embora muitos alardeiem um tempo de avivamento, isso brota do desejo dos seus corações, não, da Palavra. O Salvador ensinou que voltará em tempos de apostasia. “... Quando, porém, vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?” Luc 18;8

O que há de precioso para O Senhor? Cada alma salva, segundo o Salvador, vale mais que o mundo inteiro perdido. Os fiéis a Ele são o objetivo da Sua volta; “Os Meus Olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse Me servirá.” Sal 101;6

Se, para o mundo soam a “fundamentalistas, radicais, donos da verdade, feitores de discursos de ódio...” os fiéis ao Senhor, para Ele, isso é o que há de mais precioso; precisamente, por terem se mantido separados do mundo, por amor a Ele, como Ele prescreveu; “Dei-lhes A Tua Palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como Eu não sou.” Jo 17;14

O “roubo” será percebido tardiamente; só será entendido pelos desviados da verdade, que, a tendo aprendido, não foram resilientes o bastante, para nela perseverar.

Mas, perguntaria o mais atento; estou falando sobre o arrebatamento, ou o juízo do Senhor? Ambas as coisas fazem parte do “Dia do Senhor.” Remover os Dele do ambiente onde cairá Seu Juízo, é por assim dizer, o “juízo” do Senhor, quanto aos que nele creram. “... quem ouve Minha Palavra, e crê Naquele que Me enviou, tem a vida eterna; não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida.” Jo 5;24

Quando ensinou que não veio julgar, mas salvar, deixou evidente que o mundo já está condenado, como sistema ímpio; embora, individualmente as pessoas que se arrependem e mudam, ainda serão salvas. “Quem crê Nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no Nome do Unigênito Filho de Deus.” Jo 3;18

Quem tomou posse da vida eterna aqui, não vive contando os dias com sofreguidão, como os que acham que tudo se resume à existência terrena; “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19

Invés de olhar sôfregos ao “horizonte” em busca de sinais da volta do Senhor, desejamos que demore um tiquinho ainda; afinal, há tantos que gostaríamos de ver salvos.

Quando acontecer, se cumprirá a sentença de Rabelais, poeta francês: “Conheço muitos que não puderam quando queriam, porque não quiseram, quando podiam.” Hoje, ainda podes.

sexta-feira, 5 de abril de 2024

Desgraçando a Graça


“... Pecaremos porque não estamos debaixo da Lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum. Não sabeis que, a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis; do pecado para morte, ou da obediência para justiça?” Rom 6;1 e 16

A Graça, desde a vitória de Cristo na Cruz, nos abriu uma porta que estava fechada, possibilitando a salvação dos que creem e obedecem; mas, nem sempre é devidamente entendida, ou, honestamente interpretada.
Quando, “desentendidos” são advertidos sobre determinadas posturas pecaminosas, exortados para que nelas não incorram, presto se escudam nela. Tratam-na como se fosse uma carta branca para pecar, acusando-nos de religiosidade, legalismo, como se, depois de Cristo, obediência tivesse se tornado desnecessária.

O que graça tem de gracioso é que nenhum de nós merece a salvação; ainda assim é salvo, quem crê e obedece ao Salvador; a justiça Dele é atribuída aos Seus, que pelos Seus méritos são remidos.

O Objetivo da Lei não era salvar; apenas deixar patente nossa necessidade do Salvador. “De maneira que a lei nos serviu de aio, para conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados.” Gál 3;24

Se, alguém imagina que a fé seja um substituto para a obediência, precisa refazer seu pensamento; a fé desafia-nos a agir conforme cremos; essa ação, coerente ou não, é que determinará a quem servimos. “... a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis...” Por isso a advertência de Tiago: “Mas, ó homem vão, queres tu saber que a fé sem obras é morta?” Tg 2;20 O que são as obras da fé, senão, agirmos conforme cremos?

Se a Graça possibilita atingirmos algo que a Lei não possibilitava, traz consigo uma responsabilidade maior. Antes, a obediência se restringia a sentenças estritas; “Não matarás!” Cristo disse que só odiar já nos coloca sob juízo; “Não adulterarás!” Ensinou que, olhar alguém com desejo, já polui nossos corações.

A desobediência se faz maior, por termos recebido dádivas que não estavam presentes na época da Lei, como o Bendito Auxílio do Espírito Santo, além do Precioso Resgate de Cristo. “Quebrantando alguém a Lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais será julgado merecedor aquele que, pisar o Filho de Deus, tiver por profano o Sangue da Aliança com que foi santificado e fizer agravo ao Espírito da Graça?” Heb 10;28 e 29

Logo, os fugazes inconsequentes que acham que a graça é sinônimo de alargamento do “caminho estreito” precisam entender o que significa o, “Negue a si mesmo; ou perder a vida para ganhar”.

O “Jugo de Cristo” que cada cristão deve tomar, não é outra coisa, senão, submissão cabal à vontade do Pai. “Se possível, passa de Mim esse cálice; todavia, não seja como Eu quero, mas como Tu queres.” “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte?” Rom 6;3

Nossa “morte” é uma identificação, mortificação das vontades pecaminosas. “Sabendo isto, que nosso homem velho foi com Ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado.” Rom 6;6

Quando diz que Ele “aboliu a Lei”, refere-se à lei do sacerdócio que sacrificava animais; “Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei.” Heb 7;12

O sábado, Cristo é senhor dele e disse: “É lícito fazer bem nos sábados.” Mat 12;12 Quanto ao mal, não é lícito dia nenhum. “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, beber, por causa dos dias de festa, da lua nova, ou dos sábados.” Col 2;16

Não saímos da Lei, pela conversão, como quem pode andar, doravante, à sua maneira; antes, como uma mulher que viúva, e casa novamente, com um cônjuge ainda mais especial. “... vivendo o marido, será chamada adúltera se for de outro marido; mas, morto o marido, livre está da lei; não será adúltera, se for de outro marido. Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a Lei pelo corpo de Cristo, para que sejais de outro, daquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus.” Rom 7;3 e 4

A remissão de Cristo nos chama a frutificar, não a esbanjar nosso viver profanando ao Santo Nome, em libertinagens.

A Lei veio manifestar o pecado, e continua valendo. Como Deus julgaria o mundo sem ela? Os que são de Cristo, já “morreram”; receberam a graça da salvação. Perseverando, nada a temer.

Em suma, a graça nos tirou do deserto e levou ao oásis; sujaríamos a fonte, invés de beber e preservar? “Pecaremos porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça?”

quinta-feira, 4 de abril de 2024

A Água da Vida


“... Se tu conhecesses o dom de Deus, e quem é que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e Ele te daria água viva.” Jo 4;10

A mulher se espantara por Jesus, um judeu, falar com ela. Judeus não se comunicam com samaritanos, era a “regra”. Havia uma rivalidade étnica a ser “preservada”; O Salvador parecia não se importar. Para espanto dela, O Senhor disse a frase acima. Se conhecesses o dom de Deus e quem Sou Eu, seria você a pedir água.

Maravilhosa lição de humildade! Podendo dispor de tudo, uma vez que a tudo criou, andarilhar como se, frágil, entre pecadores, desejando um pouco de atenção para falar do Seu amor. Um profeta previra: “Porque eis que O Senhor está para sair do Seu lugar, descerá e andará sobre as alturas da terra.” Miq 1;3

O amor desconhece distanciamento étnico, “leis de silêncio” estabelecidas pela inveja humana, melindres periféricos que poderiam ser óbices à sua manifestação. Apenas ama, a despeito das mesquinharias nossas.

Certas barreiras existem mais na alma que na realidade. Depois que se revelou à mulher, e falou alguns aspectos da vida dela que só Deus poderia conhecer, não tendo convivido, ela foi à sua aldeia e trouxe a muitos para que também escutassem ao “judeu” que pela convenção silenciosa estabelecida, sequer deveria ser ouvido.

Não apenas esqueceram da rivalidade, como constataram que, nem precisavam mais do testemunho da mulher sobre o Messias; eles próprios também criam pelo que tinham ouvido Dele. “muitos mais creram Nele, por causa da Sua Palavra. Diziam à mulher: Já não é pelo teu dito que cremos; porque nós mesmos o temos ouvido, e sabemos que este é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo.” Vs 41 e 42

Temos ouvido. O Senhor não operou portentosos milagres entre os samaritanos. Antes, eles cream “por causa da Sua Palavra.” Entretanto, entre os judeus, milagres espetaculares, como curas de cegos, surdos, mudos, leprosos, ressurreições de mortos, foram operados; além, do concurso da Sua Palavra. Entretanto, nem assim os principais O receberam.

“Veio para o que era Seu, os Seus não O receberam. Mas, a todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;11 e 12

Quantos se mantêm distantes do Messias e Seus ensinos, por terem algum preconceito. Alguém ser conhecido como cristão em determinados ambientes, soa como uma coisa maldita; uma ameaça.

O Salvador continua ignorando as barreiras e falando do Seu amor, tentando salvar a alguns mais, antes que o tempo esteja cumprido. Se alguém pensa que o ministério de ensino do Mestre acabou naqueles dias, não entendeu.
Lucas escreveu: “Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo que Jesus começou, não só a fazer, mas a ensinar...” Atos 1;1

O “primeiro tratado” fora o Evangelho de Lucas. Os atos eram o segundo. Ele disse que Jesus “começara” a ensinar. O ensino não era um trabalho acabado. Os obreiros que Ele escolhe e capacita são extensões Suas, meios pelos quais Ele ainda ensina. “Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos.”

Cada um que trilha na vereda que Ele propôs, tem um quê de mestre, outro, de discípulo; isto é; tanto ensina a outros o que já aprendeu, quanto, é alvo de ensino de gente que sabe mais, e o estimula a crescer, em edificação.

As barreiras humanas, “fundamentalismo, radicalismo, religiosidade, discurso de ódio,” etc. são “proteções” para os que se escondem atrás delas; não, óbices a restringir a caminhada do Senhor, ainda em busca de quem tenha sede espiritual. Como disse à mulher samaritana, reitera: “Aquele que beber da água que Eu lhe der nunca terá sede, porque a água que Eu lhe der se fará nele uma fonte que salta para a vida eterna.” Jo 4;14

Quantos de nós que, vencemos essas e outras barreiras, movidos pelo testemunho de alguém que conheceu ao Messias antes, e nos apresentou. Agora, conhecendo-o também, podemos repetir a fala dos Samaritanos: “já não é pelo teu dito que cremos; más nós ouvimos Sua Palavra, e entendemos que, de fato, Ele É O Salvador; O Filho de Deus."

Conhecer Cristo e andar com Ele, não é fazer parte de um festival de adivinhações, como tantos patifes fazer parecer, furtando A Palavra da Vida, colocando em seu lugar suas obscenidades espirituais que chamam de “revelações.”

Requer conhecer melhor a si próprio, as más inclinações latentes em nós, e sermos gratos ao Salvador, por nos capacitar a triunfar sobre elas. “Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte? Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor...” Rom 7;24 e 25

quarta-feira, 3 de abril de 2024

Varas escolhidas


“... no dia seguinte Moisés entrou na tenda do testemunho, e a vara de Arão, pela casa de Levi, florescia; porque produzira flores, brotara renovos e dera amêndoas.” Nm 17;8

Houvera uma disputa acerca do sacerdócio. O povo acusara a Moisés de favorecimento ao seu irmão Arão, que fora escolhido para sumo sacerdote. O Senhor ordenara que se pusesse doze varas diante de Si no tabernáculo, prometendo que faria florescer a do que fosse Seu escolhido, o que, poria termo à disputa.

Passada a noite, a vara de Arão “... produzira flores, brotara renovos e dera amêndoas.”

A acusação não procedera de todos, mas de dois ou três que desejavam a honra do sacerdócio. Todavia, chamados a colocar suas varas perante O Senhor, não houve um que dissesse: “Estou fora! Confio que Arão e Moisés foram escolhidos por Deus, portanto, não preciso de sinais. Não quero pecar pela insubmissão.”

Infelizmente, más conversações, ruins suspeitas, logram adeptos mais rapidamente que os ensinos santos. Convoquemos alguns a uma renúncia, em prol da santificação, depois, desafiemos aos mesmos a uma rebelião qualquer, prometendo vantagens, e presto veremos assomar a desobediência. “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

Todos estão prontos a pleitear por seus “direitos”; embora, mui poucos se deem por avisados quanto aos deveres. Em momentos de crise, falta de água, carne até, chamaram o Maná de “alimento vil”, ninguém se voluntariava à liderança; sempre iam cobrar de Moisés. Mas, na calmaria, presto pipocavam candidatos a líderes.

Ainda acontece isso no seio do cristianismo infelizmente. Quem se “voluntaria” a coisas com esse grau de seriedade, certamente não o faz tendo em mira as responsabilidades inerentes; antes, supostos privilégios.

O Eterno prometera que a vara de seu escolhido floresceria; porém, fez melhor. Além de flores deu frutos, amêndoas.

Quando da chamada de Jeremias, que se sentiu mui “criança” para a missão, O Senhor lhe mostrou uma visão e perguntou ao profeta: “... Que é que vês, Jeremias? Eu disse: Vejo uma vara de amendoeira. Disse-me o Senhor: Viste bem; porque velo sobre Minha Palavra para cumpri-la.” Jr 1;11 e 12

Assim como velei pela escolha de Arão que fiz naqueles dias, confirmo tua chamada, era a mensagem a Jeremias.

O “simples” florescer de uma vara morta seria já um estupendo milagre; no entanto, Deus a fez frutificar. 

No Novo Testamento, somos chamados a algo mais que flores; “Não escolhestes a mim, mas Eu vos escolhi e nomeei, para que vades e deis fruto; e vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em Meu Nome pedirdes ao Pai, Ele vos conceda.” Jo 15;16

Óbvio que esse “tudo” se restringe às coisas que alguém pediria estando em Cristo. “... Se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram e tudo se fez novo.” II Cor 5;17

Mesmo quanto ao Sacerdócio de Cristo antes Dele ter vindo, houve pelo menos dois “voluntários”. “Porque antes destes dias levantou-se Teudas, dizendo ser alguém; a este se ajuntou o número de uns quatrocentos homens; o qual foi morto, todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos, reduzidos a nada. Depois deste levantou-se Judas, o galileu, nos dias do alistamento, e levou muito povo após si; mas também este pereceu, e todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos.” Atos 5;36 e 37

A Palavra ensina: “Ninguém toma para si esta honra, senão o que é chamado por Deus, como Arão.” Heb 5;4 O Salvador também pontuou: “Todos quantos vieram antes de Mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não os ouviram.” Jo 10;8

Sendo o primeiro e indispensável passo, o “negue a si mesmo”, sempre que surge um “convertido” com muita sede de renome, privilégios, glória, confundindo púlpitos com pódios, temos fundadas razões para duvidar que o tal nasceu de novo.

Quem se converte deveras, muda seus alvos, necessariamente; “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, não nas da terra;” Col 3;1 e 2

Ninguém se voluntaria para sofrer. Entretanto, nossa chamada em Cristo, inclui o sofrimento no pacote; nos é honroso passar por ele; “Porque a vós foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer Nele, como também padecer por Ele.” Fp 1;29

Desde a igreja embrionária, “voluntários” já faziam estrago; “... alguns que saíram dentre nós vos perturbaram com palavras, transtornaram as vossas almas, dizendo que deveis circuncidar-vos e guardar a Lei, não lhes tendo nós dado mandamento.” Atos 15;24

Na presença de Cristo, nossas “varas” frutificam, sem necessidade de disputas.

terça-feira, 2 de abril de 2024

Sementes de justiça


“O fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz.” Tg 4;18

Na verdade, um fruto é uma colheita; embora, traga em si as sementes para nova semeadura. Isaías ensina: “O efeito da justiça será paz; a operação da justiça, repouso e segurança para sempre.” Is 32;17

A consequência da justiça, a paz; que será semeada outra vez; terá reflexos nas relações interpessoais, daqueles que fruem paz com Deus.

A conversão é uma reconciliação, mediada e provida por Cristo; o convertido, não é, necessariamente, uma pessoa boa; antes, alguém mau que, inteirado da sua inimizade com Deus, e da possibilidade de desfazê-la pelos méritos do Salvador, foi ao encontro dessa reconciliação.

“Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamos, pois, da parte de Cristo, que vos reconcilieis com Deus.” II Cor 5;19 e 20

Depois de reconciliados somos feitos “agentes” de reconciliação também; Cristo “... pôs em nós a Palavra da reconciliação.” A Justiça de Cristo atribuída a nós, nos levou à paz com Deus; esse “fruto” que recebemos de graça, também devemos “semear”, para, quiçá, persuadir a outros.

“... para os que exercitam a paz.” A ideia vulgar de paz é atrelada à inércia, ausência de muitos movimentos; uma calmaria contínua, que os amantes da paz desejariam manter.

Entretanto, a exortação menciona a paz como carecendo um exercício, por quê?
O Salvador fez questão de pontuar que a paz que Ele trouxera era diferente da mundana. “Deixo-vos a paz, Minha paz vos dou; não vos dou, como o mundo dá. Não se turbe vosso coração, nem se atemorize.” Jo 14;27

Eva se fizera amiguinha da serpente, com a qual levara altos papos. A promessa do Eterno, que levantaria um “da semente da mulher” para pisar na cabeça da serpente, trazia também um fato novo experimentado pelos que se convertem.

Mesmo que tenham vivido suas vidas pretéritas “como o diabo gosta”, uma vez nascidos de novo, pertencentes a Cristo, a inimizade entre a semente do canhoto e os cristãos se torna inevitável.

Pertencendo a Cristo, seremos atacados em todo o tempo, pelo inimigo Dele; esse, porfia por nos separar do Senhor ao qual passamos a pertencer. Por isso, a manutenção de nossa paz com Deus, requer contínuo “exercício”, de renúncias, aprendizado, edificação, para que não venhamos a ser vítimas do Pai da mentira.

Escrevendo a Timóteo, Paulo também explanou o exercício necessário: “... rejeita as fábulas profanas e de velhas; exercita a ti mesmo em piedade; porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” I Tim 4;7 e 8

A promessa de bênçãos do Salvador acena aos pacificadores, o que também requer certo exercício. “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;” Mat 5;9

Alguém de índole dócil, avesso a disputas, cordato, se diz que é um sujeito pacífico; outrem, ideologicamente contrário às guerras, defensor e medidas políticas que, supostamente evitem às mesmas, se diz que é um pacifista;

O pacificador é um promotor da paz; alguém que intervém onde há conflito, e labora tentando levar as partes ao armistício. Todo pregador idôneo, do Evangelho, é alguém que, inteirado pela Palavra, da inimizade entre o homem e Deus, sabedor também, da boa notícia, que, em Cristo todos podem reconciliar com Ele, ao ensinar e viver essas coisas, torna-se alguém que semeia a paz, na qual aprendeu a viver, depois de redimido.

O fruto da justiça de Cristo, é a salvação do próprio e a transformação decorrente, a semeadura que tanto pode ser com palavras, quanto, como o exemplo, o convite expresso ou implícito para que outros sigam seus exemplos.

Nem todos os que ainda carecem reconciliar com O Eterno recebem em paz a mensagem de salvação. Uns desdenham outros, usam meios violentos até. No que tange a esses, a justiça terá que usar, oportunamente, outros “argumentos.” “O homem de grande indignação deve sofrer o dano; porque se tu o livrares ainda terás de tornar a fazê-lo.” Prov 19;19

O Evangelho genuíno sempre será um convite; sóbrio, responsável, consequente, confrontador; jamais, uma coação. Quem, invés do exercício da Paz ao qual será chamado, preferir outra postura, considere suas forças e veja se pode lutar contra O Todo Poderoso.

O pré-socrático Estobeu, dizia: “Termina com má fama, quem decide duelar contra o mais forte;” Então, O Santo aconselha: “Que se apodere da Minha força, e faça paz comigo; sim, que faça paz comigo.” Is 27;5