domingo, 29 de setembro de 2024

O difamador


“Não estais estreitados em nós; mas, estais estreitados nos vossos próprios afetos.” II Cor 6;12

Alguns que se diziam apóstolos não sendo, iam após o trabalho de Paulo, desqualificando-o; cristãos na cidade de Corinto estavam, como que, envergonhados por terem se convertido pelo ministério do apóstolo.

Entre outras coisas, os difamadores diziam que era um valentão, apenas de longe. “Porque suas cartas, dizem, são graves e fortes, mas a presença do corpo é fraca, a palavra desprezível.” Cap 10;10 então, assegurou: “Pense o tal isto, que, quais somos na palavra por cartas, estando ausentes, tais seremos também por obra, estando presentes.” V 11

O “estreitamento”, uma espécie de “vergonha de ser honesto” como versou Ruy Barbosa, era derivado de darem crédito aos difamadores, não a algum lapso do apóstolo, um testemunho vexaminoso. Disso se defendeu, quando disse: “Não estais estreitados em nós...” Não dei nenhum escândalo, nenhum motivo para vergonha.

Nem todos se convertem a ouvir a boa nova do Evangelho. A fé é um dom particular, uns abraçam-na, outros, não; assim era naquela cidade.

Familiares dos que se convertiam, não tendo eles crido, se faziam adversários, insinuando coisas constrangedoras que, os mais tímidos sofriam; essa timidez, esse falar da própria conversão a boca miúda, como se fosse um erro, Paulo definiu como “estreitamento” derivado dos afetos deles.

O Salvador prevenira que seria assim: “Porque daqui em diante estarão cinco divididos numa casa: três contra dois, dois contra três. O pai estará dividido contra o filho, o filho contra o pai; a mãe contra a filha, a filha contra a mãe; a sogra contra sua nora, a nora contra sua sogra.” Luc 12;52 e 53

Então, aconselhou que assumissem a plenos pulmões sua decisão por Cristo. “Ora, em recompensa disto, (falo como a filhos) dilatai-vos.” V 13

A “dilatação”, por certo, aumentaria a aversão daqueles; então, preceituou uma postura mais radical, dos santos em relação aos que descriam. “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem justiça com injustiça? Que comunhão tem luz com trevas? Que concórdia há entre Cristo e Belial? Que parte tem o fiel com o infiel? Que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, entre eles andarei; serei o seu Deus, eles serão Meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; não toqueis nada imundo, e vos receberei; serei para vós Pai, vós sereis para Mim filhos e filhas, Diz O Senhor Todo-Poderoso.” Vs 14 a 18

Sociedade, concórdia, comunhão, consenso, óbvio que são coisas boas! Nem sempre essas são possíveis; pois, se uma outra coisa ainda melhor, a verdade, carecer ser sacrificada para a possibilidade dessas existirem, então, já não são mais desejáveis. 

Mesmo a paz, tão boa nem sempre encontra assento, quando as escolhas espirituais divergem. Devemos buscá-la quando possível, não como um bem supremo, acima da submissão ao Senhor; “Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.” Rom 12;18

Se, o preço para estarmos em paz for negarmos ao nosso Senhor, então será caro demais. Que se vá a paz, mas fique O Salvador.

As diferenças diametrais, no campo dos valores, não podem ser ignoradas, como se, a união entre opostos fosse algo possível, desejável. Aristóteles dizia: “A pior forma de desigualdade, é considerar iguais, às coisas diferentes.” Paulo não fez assim; antes, considerou a ideia de ver convertidos andando junto com os que não tinham os mesmos valores, um “jugo desigual.”

E isso, até no tocante aos animais, foi vetado por Deus; “Com boi e com jumento não lavrarás juntamente.” Deut 22;10 São dois animais de estatura diferente e forças desproporcionais; de igual modo, o crente e o incrédulo não podem formar uma “junta” em questões espirituais.

A ideia em gestação, do ecumenismo, onde todas as religiões estão “certas” são apenas linguagens diferentes da mesma fala, segundo O Papa Francisco, propõe que se faça as mais desconexas juntas imagináveis. Boi com jacaré; jumento com avestruz, leão com esquilo, etc.

O Salvador, por um pouco, se fez do “nosso tamanho”, e nos convida a formarmos uma junta com Ele, que nos capacita, para o peso da obediência necessária. “Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para vossas almas.” Mat 11;29

O mesmo jugo que propõe uma cruz, para o corpo, enseja descanso à alma, pela salvação que propicia. Qualquer coisa fora disso, seja oriunda do Papa, pastor, ou reverendo que for, é uma fraude do capeta. O difamador que atua para destruir, pois nada sabe construir.

sábado, 28 de setembro de 2024

Os paradoxos


“Um deles, seu próprio profeta, disse: Os cretenses são sempre mentirosos, bestas ruins, ventres preguiçosos.” Tt 1;12

Segundo historiadores, quem teria dito essa frase citada por Paulo, Epimênides, era uma espécie de Sacerdote daquela ilha. Estaria por trás da nomeação do altar “Ao Deus Desconhecido” citado nos Atos dos Apóstolos. Consta no livro “O Fator Melquisedeque” de Don Richardson.

Algum pensador mais perspicaz, atentando à frase, e ao fato de seu autor ser também cretense, elaborou o chamado “Paradoxo de Epimênides”. Uma vez que, “todos os cretenses são mentirosos,” e o autor era de Creta, significava que, ‘se ele estivesse mentindo, falaria a verdade; se fosse verdadeiro, estaria mentindo.’ Num primeiro momento dá um nó; mas pensando melhor, entendemos o sentido. Na análise estrita da letra, seria essa a conclusão, necessária.

Contudo, o simples fato dele declarar sua aversão ao comportamento dos demais ilhéus, implica que reprovava tal postura; donde seria legítimo concluir que, ele não faria parte dos “todos” tencionados na frase.

Às vezes acho graça quando alguém me aconselha que não me meta na vida alheia. Penso: Eis aí um que não vive o que prega. Pois, ao me aconselhar como agir, está se metendo na minha, me prescrevendo a fazer o contrário. Seu modo de agir se insurge contra seu jeito de falar.

Igual contradição cometem os que alardeiam o valor do silêncio, em vistosas e provocativas postagens. Se gostam tanto do silêncio, apreciam deveras o valor dele, por que não calam a boca?

Como vemos, o referido paradoxo, tipo a brincadeira antiga da “gata amarela” onde “quem falar primeiro come, fora eu” é a “filosofia” de vida de muitos presumidos sábios da praça.

Óbvio que há direitos inalienáveis, particularidades que são de foro específico de cada um. O indivíduo, como a palavra sugere, é indivisível, ímpar; na condição de partícula do tecido social, tem seus direitos particulares. Desgraçadamente, na grande maioria dos casos, quem deveria fazer silêncio, pelo lapso de conteúdo, é quem costuma fazer mais barulho, pois o lapso atinge à noção também.

Quando alguém ensina algo que mexe com as almas, confrontando-as com os preceitos Divinos, facilmente enseja desconforto, abala o comodismo indolente daqueles que vivem às suas ímpias maneiras, e não querem ser incomodados. Quem é escolhido pelo Eterno, para expoente da Palavra, “se mete” nas vidas de todos que interagem consigo, uma vez que o Amor de Cristo o constrange.

O que herdou do Senhor o estimula a querer igual, para o semelhante; o que recebeu como incumbência, o desafia a ser porta-voz do Reino dos Céus.

O risco é o mesmo dos paradoxos e contradições vistas. Paulo disse o seguinte: “Todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível. Pois, assim corro, não como a coisa incerta; assim combato, não como batendo no ar. Antes, subjugo meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira ficar reprovado.” I Cor 9;25 a 27

Na mesma carta a Tito citado ao princípio, o apóstolo mencionou uns que eram bons no reino das falas e inúteis onde imperam as ações; “Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, desobedientes e reprovados para toda a boa obra.” Cap 1;16

Embora o silêncio tenha lá seus méritos, ou, pelo menos a vantagem de não despertar problemas que hibernam sob a neve do esquecimento, tem também os hospedeiros mais indicados; “Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio; o que cerra os seus lábios é tido por entendido.” Prov 17;28

Quem foi incumbido de falar por Deus, da parte Dele, não pode se apegar a esses “méritos”. Num momento de grande fome em Samaria, a cidade cercada por inimigos, O Senhor criou um reboliço e os fez fugir abandonando tudo, inclusive os víveres; quatro leprosos que foram ao encontro dos inimigos, preferindo morrer pelas armas a morrer de fome, fartaram-se encontrando aquilo tudo.

Depois, a consciência os cobrou, para que fossem avisar daquela fartura na cidade também; “Então disseram uns para os outros: Não fazemos bem; este dia é dia de boas novas, e nos calamos; se esperarmos até à luz da manhã, algum mal nos sobrevirá; por isso agora vamos, e anunciaremos à casa do rei.” II Rs 7;9

Assim somos nós, ministros do Evangelho. Leprosos que foram curados e abençoados, sabem onde há fartura de alimento espiritual, pra socorro dos oprimidos pelo inimigo. Nesse caso, o mérito não está no silêncio; antes na proclamação a plenos pulmões, da boa notícia. “Quão formosos são, sobre os montes, os pés do que anuncia boas novas...” Is 52;7

O "poder" da fé


“... Não há profeta sem honra senão na sua pátria, entre os seus parentes, e na sua casa. Não podia fazer ali nenhuma obra maravilhosa; somente curou alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos.” Mc 6;4 e 5

Textos como esse podem dar azo a erros de interpretação. Alguns esposam que se não tivermos fé, Deus “não pode” fazer o que carecemos; seja, legar uma cura, prover uma necessidade, salvar.

Marcos menciona incredulidade e escândalo, até, daqueles que conheciam à família de Jesus, e se assustavam com as coisas que Ele fazia. Sem, contudo, darem crédito às Suas Palavras.

Há o risco de darmos à fé, um poder que ela não tem. Imaginemos, uma conta bancária muito vultosa, com recursos para suprir a todas as demandas; a qual, só estará disponível a quem necessitasse, se esse alguém digitasse determinada senha. Não seria a senha que potencializaria a conta, colocando recursos; eles já estariam lá. Assim, a fé é a “senha” que permite aos fiéis, acessar ao Poder de Deus, que não carece da minha fé para ser o que é, mas se agrada dela.

“Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe, e É galardoador dos que O buscam.” Heb 11;6

Se a fé agrada a Deus, a incredulidade desonra; traz consigo um efeito colateral mui grave; a resiliência incrédula implica uma blasfêmia; pois, o que duvida da Divina Palavra, é como se chamasse ao Santo de mentiroso. “Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho; quem a Deus não crê mentiroso O fez, porquanto não creu no testemunho que Deus de Seu Filho deu.” I Jo 5;10

Honra é algo que O Eterno preza, como disse desde dias antigos: “... aos que Me honram honrarei, porém os que Me desprezam serão desprezados.” I Sam 2;30

Disse mais: “... porque Eu clamei e recusastes; estendi Minha Mão e não houve quem desse atenção, antes, rejeitastes todo Meu conselho, e não quisestes Minha repreensão; também de Minha parte, rirei na vossa perdição e zombarei em vindo vosso temor.” Prov 1;24 a 26

O Senhor não disse que não podia fazer milagres em Sua terra, por causa da incredulidade adjacente. Antes queixou-se de ser desonrado. “... Não há profeta sem honra senão na sua pátria, entre seus parentes, na sua casa...”

Então, O Salvador fez algumas curas que julgou mais urgentes e os deixou. Não estava disposto a ser abençoador de incrédulos.

O Eterno criou a tudo que existe; bem poderia transferir a cada um de nós, as perguntas que fez a Jó: “Onde estavas tu, quando Eu fundava a terra? Faze-me saber, se tens inteligência. Quem lhe pôs as medidas, se é que o sabes? Ou quem estendeu sobre ela o cordel?” Jó 38;4 e 5

O Criador não precisou de nossa fé para fazer nada; tampouco, precisa. Acontece que, a queda da humanidade representada no primeiro casal, se deu, justamente por duvidarem eles, da Palavra de Deus abraçando a sugestão do “profeta” alternativo que estimulou à desobediência, acenando com resultados que não aconteceram. Prometeu que eles seriam como Deus, desobedecendo-o e se tornaram como o capiroto; caídos, desgraçados, privados da comunhão com O Santo.

A causa de todos os males de então, e os derivados, foi a negação da Palavra de Deus, a regeneração requer a negação de tudo o que esse mundo vive e ensina, que contraia à Palavra do Santo; além, é claro, do inefável Resgate de Jesus Cristo.

Por isso, Paulo ensina: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

Quando O Salvador dizia, a um abençoado por Ele: “Tua fé te salvou”, não estava corroborando um suposto “poder da fé”. O “Tudo é possível ao que crê”, deve ser entendido em consórcio com outro verso: “... a Deus tudo é possível.” Mat 19;26

Nossa fé nos salva, quando a depositamos Nele. Se alguém acha que é um poder independente, creia em qualquer coisa, “todos os caminhos levam a Deus” como disse o Papa.

Porém, entre o que o Chico fala e o que Jesus Cristo disse, não me é difícil escolher. O Senhor pontua: “a vida eterna é esta: que conheçam, a Ti só, por Único Deus Verdadeiro, e Jesus Cristo, a quem enviaste.” Jo 17;3

O resto, com ou sem fé, não passa de casulos vazios, incapazes de gestar as necessárias asas.

sexta-feira, 27 de setembro de 2024

A Face Divina


“Quanto a mim, contemplarei Tua Face na justiça; e me satisfarei da Tua semelhança quando acordar.” Salm 17;15

A “Face Divina”, não deve ser entendido literalmente. A bênção sacerdotal mencionava-a duas vezes, sem significar que a Mesma se tornaria visível. “O Senhor te abençoe e te guarde; O Senhor faça resplandecer Seu Rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti; O Senhor sobre ti levante Seu rosto e te dê paz.” Nm 6;24 a 26

A Face Divina voltada ao povo significava a boa vontade do Eterno, Seu cuidado Amoroso, Sua bênção. O povo também deveria ter seu “rosto” voltado para O Senhor, em dependência, comunhão, fidelidade. Quando não foi assim, O Santo denunciou: “Viraram-me as costas, não o rosto; ainda que Eu os ensinava, madrugando e ensinando-os, contudo, não deram ouvidos, para receber o ensino.” Jr 32;33

Também as Obras do Criador são testemunhas a evidenciar a Santa Face pra quem quiser ver. “... o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lhes manifestou. Porque suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto, Sua Divindade, se entende, e claramente se vê pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;” Rom 1;19 e 20

“eles” são os que, tendo visto isso tudo, preferiram subterfúgios à obediência; “ Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram; seu coração insensato se obscureceu.” V 21

Contemplar À Face de Deus na justiça, significa agir em justiça, que Deus ama, e fruir a paz derivada desse proceder.

Poderia essa expressão abarcar um sentido mais amplo, de enxergar deveras, O Senhor, na eternidade, quando O Justo Juiz, justificará uns e condenará outros, segundo as escolhas feitas na terra.

Qualquer pessoa minimamente esclarecida nas coisas espirituais sabe, que, nossa salvação deriva do Divino Amor e Graça, não de nos dar o que merecemos, como requereria a justiça. Em Cristo somos justificados, considerados justos; pelo Feito Dele; “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo Sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo.” Tt 3;5

Então, busquemos ter paz de consciência quando agimos em justiça; a aprovação do Espírito Santo em nosso espírito, é a “Face de Deus” que nos é possível contemplar em nossa peregrinação.

A regeneração final, quando a presença do pecado não mais será nossa inquilina como agora, nos levará de regresso à posição original em que o homem foi criado; Imagem e Semelhança. “... me satisfarei da Tua Semelhança, quando acordar.”

Se, as obras justas não bastam para nos salvar, a ventura de termos sido salvos requer que nosso proceder seja diferente. “De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela Glória do Pai, assim andemos em novidade de vida.” Rom 6;4

Cada possibilidade de cometer injustiça que nos assedia, deriva do “Pai da mentira”; toda a vez que atuarmos segundo O “Pai do Espíritos aperfeiçoados,” estaremos de rostos voltados para Ele, que certamente manifestará Sua aprovação em nosso espírito, confirmando que pertencemos a Ele; “O mesmo Espírito testifica com nosso espírito que somos filhos de Deus.” Rom 8;16

A inclinação à injustiça permeia a natureza do homem caído, que é egoísta, parcial, incapaz de agir segundo Deus, sem ser capacitado pelo Senhor. “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7 Por isso, “a todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

Mais do que um Nome Santo, Jesus Cristo é A Face de Deus que se deixou ver, aos olhos humanos; “O qual, sendo o resplendor da Sua glória, a Expressa Imagem da Sua Pessoa, sustentando todas as coisas pela palavra do Seu Poder, havendo feito por Si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da Majestade nas alturas;” Heb 1;3

Se queremos atingir a semelhança com Deus quando acordarmos, precisamos empreender esforços em santificação e edificação, para alcançarmos esse estágio antes de dormirmos.

Os mestres espirituais nos foram dados pelo Senhor, “Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, homem perfeito, à medida da Estatura Completa de Cristo.” Ef 4;12 e 13

Deus É Espírito. Sua Face se deixa ver nos valores que abraçamos. “Julgou a causa do aflito e necessitado; então lhe sucedeu bem; porventura não é isto conhecer-me? diz o Senhor.” Jr 22;16

quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Gravando!!


“Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons; por ela, depois de morto, ainda fala.” Heb 11;4

A capacidade de falar depois de morto não é derivada da fé; antes, as obras são; elas se fazem eloquentes, mesmo depois que alguém parte pro além.

Como ensina Tiago, “a fé sem obras é morta”; a viva produz um atuar consoante, e mesmo a morte não pode calar sua voz. Como, depois que o sol se põe, inda resta aproximadamente uma hora de luz residual, quando a vida de alguém “se põe” no horizonte do tempo, sua luz inda segue viva, pelo impacto do testemunho deixado.

“... Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz O Espírito, para que descansem dos seus trabalhos; suas obras os seguem.” Apo 14;13

Óbvio que estamos nos referindo a obras meritórias, de quem viveu como se estivesse morto, crucificando más inclinações, e tendo morrido é como se seguisse vivo, desafiando-nos a imitar seu proceder.

Quem vive de modo réprobo, já produz trevas antes mesmo da “noite” chegar; sai da vida, tristemente, deixando um suspiro de alívio após si, dos que acham que o tal, já foi tarde. De Jeoacaz, a Bíblia fala em termos nada elogiosos, na sua morte; “Era da idade de trinta e dois anos quando começou a reinar; reinou oito anos em Jerusalém; e foi sem deixar de si saudades; sepultaram-no na cidade de Davi, porém não nos sepulcros dos reis.” II Cron 21;20

Os meios dos quais dispomos, permitem a qualquer um, “falar” após sua partida, deixando gravada sua voz; contudo, não é esse o falar em apreço. A eloquência do exemplo, pelo modo de vida abraçado, é a “fala” à qual A Palavra de Deus se refere.

Alguns ensinos pretendem que os mortos “voltem” nas asas dos “médiuns” e ditem pelos lábios desses, supostas instruções, palavras de alento e coisas afins. O Juiz dos vivos e dos mortos veta essas coisas por duas razões.

1) o que carecemos saber sobre o além, está contido na Divina revelação, A Palavra de Deus; quando um morto pediu algo assim, foi dito que era impossível e desnecessário. “... Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos.” Luc 16;29 Hoje temos ainda, Jesus Cristo.

2) se os mortos não têm mais parte com esse lado, quem fala se passando por eles, certamente é uma fraude; “Seu amor, seu ódio, sua inveja já pereceram; já não têm parte alguma para sempre, em coisa alguma do que se faz debaixo do sol.” Ecl 9;6 Por isso, o veto categórico a que se faça isso: “Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares, os adivinhos, que chilreiam e murmuram: Porventura não consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos? À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles.” Is 8;19 e 20

Contudo não confundirmos o que as pessoas falam do morto, no velório, com o que o morto “fala”, pelo exemplo deixado. Nesses momentos, até invejosos se rasgam em elogios, não temem mais que, o que disserem venha a ser usado contra eles no “tribunal da vida”. “Podemos elogiar à vontade; está morto.” Machado de Assis.

Desse cinismo nasceu o dito que as pessoas ficam boas quando morrem. Na verdade, as más guardam suas armas, ao verem morto o “inimigo”.

Quando, quem parte é uma pessoa de viver exemplar, que deixará vasta lacuna sua ausência, pela grande capacidade que tem essa austera oradora, a morte, a partida desse que deveria ter ainda permanecido conosco, acaba ampliando o alcance dos seus feitos.

O que é motivo de dores, lamento, angústia entre os que veem da perspectiva terrena, é diverso quando valorado pelo apreço dos Céus; “Preciosa é à vista do Senhor a morte dos Seus santos.” Sal 116;15

Foi justo pelo teor filosófico que faz nos percebermos também, na fila da finitude, que o sábio considerou o dia da morte, mais eloquente que o do nascimento. “Melhor é a boa fama que o melhor unguento, e o dia da morte do que o dia do nascimento de alguém. Melhor é ir à casa onde há luto, que ir à casa onde há banquete, porque naquela está o fim de todos os homens, os vivos o aplicam ao seu coração.” Ecl 7;1 e 2

Enfim, nossas ações, escolhas, enquanto vivos, “gravam” o que falaremos depois. Não importa o que tenhamos protagonizado até hoje, se, coisas más; o arrependimento e mudança de vida em Cristo, “deleta” nossos maus passos, e capacita a palmilharmos, novos.

O tão falado, amor


“Tenho, porém, contra ti que deixaste teu primeiro amor.” Apoc 2;4

Fragmento, enviado mediante João, à igreja de Éfeso.

“deixar o primeiro amor”, não significava deixar a Deus colocando outro no lugar; antes, abandonar o zelo com o qual servia, permitir que a relação esfriasse. “sofreste, tens paciência; trabalhaste pelo Meu Nome, não te cansaste.” V 3

Notemos que os verbos que arrolam as virtudes estão todos no pretérito; sofreste, trabalhaste, cansaste... conclusão necessária que não fazia as mesmas coisas. Ainda diz: “Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e pratica as primeiras obras...” v 5

O abandono do amor a Deus era o desleixo com as coisas espirituais, como se, as tivesse feito por alguma recompensa imediata; não a tendo recebido, o interesse tivesse esfriado. Paulo ensinou: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19

Há um barateamento do amor, nas relações interpessoais, que não o diminuem, no que ele é; antes, evidencia o mau uso daquele excelso nome, rotulando paixões egoístas, como se o produto fosse o mesmo.

Alguns ostentam número de casamentos na casa de dois dígitos, segundo eles, sempre, porque o “amor acabou”. A Palavra de Deus ensina diferente: “O amor nunca falha...” I Cor 13;8 Tanto que, ao se firmar um compromisso de amor entre dois cônjuges, o ministrante diz; “Até que a morte os separe,” invés de, até que o amor acabe.

Que seja mera chama, “eterno enquanto dure” como disse Vinícius de Morais, pode ter sua beleza poética; mas, falta vínculo com a verdade. Descreve à efêmera paixão, colocando na mesma, as vestes nobres do amor.

Quando inquiriam ao Salvador sobre o mais importante da Lei, Ele resumiu os Dez Mandamentos a dois, tendo o amor como traço comum. “... Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, toda tua alma e todo teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.” Mat 22;37 a 39

Acontece que o vero amor é uma decisão moral, não um sentimento inconstante. Se fosse reles sentimento, sequer poderia ser um mandamento. Deus nos mandaria sentir algo, Invés de agir conforme determinado princípio? Não temos controle sobre nossos sentires.

O amor que “não busca os próprios interesses, não folga com a justiça, mas, com a verdade”, envolve ter como caro a nós, aquilo que apraz ao Amado; “Se Me amais, guardai os Meus Mandamentos.” “Aquele que tem Meus Mandamentos e os guarda esse é o que Me ama; aquele que Me ama será amado de Meu Pai; Eu o amarei, e Me manifestarei a ele.” Jo 14;15 e 21 Claro que esse amor correspondido produz um sentimento de paz, harmonia. Mas, como derivado, não como a causa.

O amor a Deus deve moldar nosso agir conforme os Santos preceitos; nada tem a ver com loquacidade vazia, tampouco, com mero sentimentos que geralmente têm um viés egoísta. Dos marqueteiros do amor sem o produto, O Salvador disse: “Este povo se aproxima de Mim com a sua boca e Me honra com os seus lábios, mas o seu coração está longe de Mim.” Mat 15;8

Enquanto não conseguirmos ver beleza em Deus, dificilmente O amaremos; precisamos conhecê-lo em Seus Benditos predicados, para entendermos o quão amável É; “Dai ao Senhor a glória devida ao Seu Nome, adorai O Senhor na beleza da santidade.” Sal 29;2 “Tributai ao Senhor a glória de Seu Nome; trazei presentes, e vinde perante Ele; adorai ao Senhor na beleza da Sua Santidade.” I Cron 16;29 etc.

A dissonância entre o que ama a Deus, e o que se engana, amando a si mesmo, acreditando amar ao Santo, é que aquele, busca ao Senhor; esse, busca coisas do Senhor, apenas. A Palavra ensina: “... é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e é galardoador dos que O buscam.” Heb 11;6

A diferença entre requerer coisas do Senhor, e buscar a Ele é muito grande. Se, busco coisas viso minha vontade, meu deleite; se busco a Ele, espero aprender sobre Sua vontade ao meu respeito, à qual, procurarei me adequar, para que fique manifesto o meu amor.

O que mais nos incomoda? As coisas que pensamos que nos faltam, ou a adoração, reverência e respeito que esse mundo mau, blasfemo, nega ao Eterno? Dependendo de qual for nossa reposta, saberemos se amamos a Deus, ou apenas a nós mesmos. “... as afrontas dos que te afrontam caíram sobre mim.” Sal 69;9

Quem precisa de um escândalo “gospel” para justificar-se na impiedade, ama aos lugares sujos, como os porcos, e folga quando encontra um.
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terça-feira, 24 de setembro de 2024

Os sedentos

“Aquele que beber da água que Eu lhe der nunca terá sede, porque a água que Eu lhe der se fará nele uma que salte para a vida eterna.” Jo 4;14

O Senhor usou uma metáfora, para ilustrar Sua Doutrina, comparando-a com uma água que saciaria a sede espiritual, de uma vez por todas.

Assim, aquele que cumprir e guardar suas Palavras, nunca mais terá carências de ordem espiritual. Contudo, os fatos que observamos sugerem que alguns teriam bebido da referida água e continuado com sede; por quê?

Primeiro, vamos aos indícios de que a sede espiritual permanece depois da “conversão”. Muitos “cristãos” aos quais foi ensinado a devida ordem de coisas segundo a escala dos Céus, “Buscai primeiro O Reino de Deus e a Sua Justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;33 andam na contramão da Água da Fonte do Salvador.

Suas prioridades são materialistas; até onde deveriam viver e ensinar estritamente O Evangelho, poluem com seu amor ao vil metal, ocupando a primazia nas saídas das suas vidas. Ao menor escândalo no seio cristão, as pessoas se apressam a dizer seu, ainda bem que o tal, não é da “minha igreja”, denominação; mostrando mais cuidado com a própria reputação, que com a de Cristo. Por que inda tem sede dessas coisas? Quem bebe de Cristo não carece antes, negar a si mesmo?

A Palavra ensina: “Saiamos, pois, a Ele fora do arraial, levando o Seu vitupério.” Heb 13;13 Quem professa pertencer a Cristo, se entristece mas, não foge quando alguém envergonha ao Seu Nome. Se amamos aos Senhor, devemos ser partícipes da Sua humilhação. Levar Seu vitupério.

Muitos que se dizem de Cristo inda jogam em loterias sonhando com grandes “boladas”; outros, consultam horóscopos, citam autores espíritas sem a menor noção do que significa. Todas essas coisas e muitas similares evidenciam sede espiritual; um viver mal resolvido nesse âmbito.

Será que O Senhor se enganou ao valorar a Água que trazia? “nunca mais terá sede...” Pela Divina Graça ter me encontrado em ocasião oportuna, bebi dessa água, e, nunca mais tive sede espiritual.

Quando leio algum ensino diverso, antagônico, o faço por dever ministerial, de buscar o devido preparo, conhecer os motivos dos que bebem de outras fontes. Tudo o que há de válido na filosofia, ou nalgum credo paralelo, só será visto por esse prisma, à medida que se alinhar aos Ensinos do Mestre. Afinal, não busco essas fontes alternativas por estar com sede; antes para entender por que, outros buscam.

Todo dia somos testados. Sempre tem um “Indiana Jones” espiritual que excursiona às cavernas da terra em busca de algum “tesouro” escondido, o qual, uma vez encontrado toca trombetas anunciando-o. Um, concluiu que o preterismo anula a esperança dos cristãos; outro, “descobriu O Evangelho de Tomé” ou de “Maria Madalena” o Livro de Enoque, uma EQM onde algum anjo, finalmente lhe mostrou a verdade, etc. Todos esses tipos de excursões à terra do nunca são sintomas de sede.

Forçosa a conclusão que, malgrado o sedento em foco tenha usado o rótulo de cristão, eventualmente, nunca bebeu, deveras, de Jesus Cristo. Se o tivesse feito, teria encontrado descanso para a alma, invés de errar num ativismo inquieto, a buscar peixes onde só existem cobras. “... Por que buscais O Vivente entre os mortos?” Luc 24;5

Termos bebido do Senhor, não nos faz hermeticamente fechados, refratários a outras formas de conhecimento. Mas, sacia-nos de tal forma, que supera ao que conhecemos antes, relegando-o à insignificância; desde então, nossa busca acaba sendo por mais de Cristo, não de fontes espúrias.

Li muitas coisas antes da conversão, buscando preencher um vazio interior; cada novo ensino parecia superar ao outro; não sei se, pelo mero sabor de novidade, ou porque o antes aprendido era mais pobre mesmo. Chegando À Palavra de Deus, todos os outros livros, “Poder da mente”, “Poder do pensamento positivo”, astrologia, numerologia, espiritismo, nada disso parecia ter algum apelo, desde então.

Quem encontrou o “Manancial de águas vivas” carece ser muito estúpido para buscar fontes mortas. Como os hebreus fizeram um dia; “Meu povo fez duas maldades: a Mim deixaram, o Manancial de Águas Vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm águas.” Jr 2;23

Beber do Senhor não é tomar para si um rótulo; antes, uma cruz. Identificar-se com Ele em obediência. “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte?” Rom 6;3

Por um pouco, O Senhor inda chama aos sedentos oferecendo da Sua Água; “O Espírito e a esposa dizem: Vem. Quem ouve, diga: Vem. Quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da Água da Vida.” Apoc 22;17