domingo, 30 de junho de 2024

As ilhas


“... Porque a vossa benignidade é como a nuvem da manhã, como o orvalho da madrugada, que cedo passa.” Os 6;4

A “veia obediente” daqueles era mui breve, durava um momento. Uma vez que nos chama à eternidade, pretende, O Eterno, que nossa relação seja perene; “Em todo tempo sejam alvas tuas roupas, nunca falte o óleo sobre tua cabeça.” Ecl 9;8

Não que O Senhor requeira, santidade full time. O que Ele espera é compromisso integral. Que, quando errarmos, tenhamos isso bem claro, não o façamos “sem culpa”, como fazíamos antes de termos relação com Ele; “Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça.” Rom 6;20 

Antes que alguém se apresse a defender as vantagens daquela “liberdade”, a questão: “Que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte.” V 21

Em Cristo somos livres para obedecer, andar conforme Sua Palavra, para o que, somos capacitados por Ele mesmo; “a todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

Fazer o que quiser não é ser livre, antes, ser servo dos desejos de inspiração maligna; nossa natureza caída se opõe a Deus e Sua vontade. A liberdade pressupõe limites, uma vez que, me restringe ao meu “quadrado”; no do semelhante, a gestão é dele. Como no trânsito, todos são livres para ir e vir, conforme as regras.

Então, mesmo que nossa retidão não consiga ser integral, dadas as más inclinações, nosso compromisso com O Senhor deve ser pleno; nossas vidas são Dele.

Eventualmente, um famoso, mais comprometido com álcool que com Deus, em meio ao show tem um insight; para suas canções animadoras dos vícios e profere três ou quatro frases com cacoetes espirituais, para delírio da galera que o aplaude efusivamente; essas gotas de orvalho não deveriam confundir ninguém. Guardar 23,59 horas do seu dia, para viver à sua ímpia maneira, depois, reservar um “ganchinho” para decorar a própria popularidade com um souvenir “espiritual” é hipocrisia.

Se falasse e vivesse algo, devidamente espiritual, provavelmente seria vaiado.
A vida com Deus não é a permissão religiosa para singrarmos num mar de lama, e oportunamente ancorarmos em ilhotas “espirituais” em demanda por aplauso dos colegas de navegação.

Antes, é coragem concedida pelo Senhor, de dizer não, a esse sistema falido, confrontando seus valores inversos, em defesa da imutável Palavra da Vida.

Quando fazemos isso, não eclodem assovios, aplausos, interjeições de admiração. No melhor cenário encontraremos compunção, tristeza; no pior, seremos vaiados, xingados, rejeitados. O aplauso do mundo é a exposição do mundano paladar, não, do Divino. “... Vós sois os que justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece vossos corações, porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.” Luc 16;15

Isso, aos religiosos da época, que, naquela sociedade eram tidos como próceres espirituais.

Dizem que o avestruz é um animal tão estúpido que come qualquer coisa que achar, um relógio até, pode confundir com alimento. Se faz isso, não sei; mas A Palavra de Deus ensina que foi privado de sabedoria, incapaz de cuidar dos próprios ovos que bota;

“Ela deixa seus ovos na terra, os aquenta no pó, se esquece de que algum pé os pode pisar, ou que os animais do campo os podem calcar. Endurece-se para com seus filhos, como se não fossem seus; debalde é seu trabalho, mas ela está sem temor, porque Deus a privou de sabedoria, não lhe deu entendimento.” Jó 39;14 a 17

Ao homem foi dada a capacidade de aprender; a estupidez que deriva da rejeição a Deus e Seus valores, não é uma ignorância inocente, antes uma escolha culpada. “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam sabedoria e instrução.” Prov 1;7

Quisera, esses, quando aportam nas suas breves ilhotas, tivessem um lampejo de luz espiritual, para vislumbrarem deveras, como as coisas são! quão urgente é, abraçar à salvação! Mas, em geral sai o “sol”, o orvalho some.

A primeira coisa que precisa aprender, quem desejar excursionar nos domínios de Cristo, é que ser Dele é um desafiador compromisso, sem menor possibilidade de decorarmos vitrines para consumo externo.

Conversão nos leva a olharmos para dentro para nos lavarmos; a natureza joga para a “torcida” demandando aplausos. O primeiro passo é grave; “Negue a si mesmo;” o segundo, “suicida!” "Tome sua cruz e siga-me”.

Nenhum tipo de brilho foi posto na cruz; apenas vergonha. Porém, benditas consequências, uma vez recebida. “... a coroa da justiça... o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; não somente a mim, mas a todos que amarem Sua vinda.” II Tim 4;8

Ilusionistas


“O pecado de Judá está escrito com um ponteiro de ferro, com ponta de diamante, gravado na tábua do seu coração e nas pontas dos vossos altares.” Jr 17;1

Escritos em relevo; tanto o baixo, quanto o alto, podem ser lidos ao tato. Uma espécie de “Braille” mais antigo.

O fato dessa escrita estar gravada nas tábuas do coração é uma figura para a consciência culpada, de quem, recusava ver suas errôneas escolhas, demasiado evidentes, para que pudessem ser ignoradas.

Paulo aludiu a um “tato” espiritual que poderia encontrar a Deus, caso fizesse uma leitura honesta. Ensinou que O Criador limitou os homens no tempo e no espaço, “... para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, O pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17;27

Há tênues aprovações e reprovações nas consciências, que, mesmo quem não aprendeu dos Divinos preceitos, se atentar a elas, pode agir de modo correto: “Porque, quando os gentios, que não têm Lei, fazem naturalmente as coisas que são da Lei, não tendo eles Lei, para si mesmos são Lei; os quais mostram a obra da Lei escrita em seus corações, testificando juntamente, sua consciência, e seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os.” Rom 2;14 e 15 Fragmentos do homem original, que apontam o que O Eterno aprova, e vetam o que Ele reprova.

Quando são nossos pecados, não a Deus, que nosso dom táctil percebe, isso significa que, já o conhecemos, sabemos ainda que em parte, Seus preceitos, e identificamos que nosso agir fica aquém deles. Tanto que, os pecados daqueles, além de estar gravado nas tábuas do coração, também estava nas “pontas dos seus altares.” Evidências de um culto hipócrita, de quem recusando-se à obediência, tentava “compensar” com oferendas.

Pois, altares eram locais de culto. Nesses, além de eventual adoração, se buscava o perdão para os pecados.

Quando, um lugar destinado à remissão, se torna um ambiente de pecado, implica que, alguma coisa está poluindo o culto, profanando o que deveria ser santo. A intenção impura, bem como o erro premeditado, fiado na Divina misericórdia, profanam aos cultos; assim, os altares onde deveria manar a remissão se fazem apenas testemunhas de novos pecados.

A figura do ponteiro de ferro gravando erros, também alude à resiliência na maldade; à hipocrisia estabelecida, de quem se recusa a mudar.

Não por acaso, no mesmo contexto, alguns versos adiante o profeta traz: “Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne o seu braço, e aparta seu coração do Senhor!” Jr 17;5

Quando nos “firmamos” em nossas espertezas religiosas, não mais alinhando nosso coração ao do Senhor, deixamos a possibilidade venturosa de paz com Deus, descendo para a masmorra da maldição.

“... faz da carne seu braço...” Isso, mesmo em ambientes de cultos. Se, a mínima desobediência a Deus arbitrar, teremos as digitais da carne, onde deveria gerir, O Espírito. “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

O traço primeiro da maldição é a secura espiritual, associada à cegueira; “Porque será como a tamargueira no deserto, não verá quando vem o bem; antes, morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável.” Jr 17;6

Desgraçadamente, a maldade enseja uma cegueira seletiva: “... não verá quando vem o bem...” pois, para o mal, os que confiam no próprio braço, onde deveriam fazê-lo, no Senhor, costumam enxergar mui longe.

O que o canhoto, que os domina, busca cegar, é o caminho que conduz a Deus; o demais, deixa ver, estimula até; “Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Pois, atualmente a coisa “progrediu” muito, infelizmente. Os cultos vazios de Deus, plenos de pantomimas paralelas que furtam à Palavra do Santo, grassam por toda parte, infelizmente. Cenários e artifícios, distraem às sonolentas plateias, e os magos empurram seus ilusionismos baratos.

Ministros mercenários, egoístas; invés de dispostos ao confronto em defesa da verdade, na maioria das vezes, traficantes de entorpecentes espirituais, distribuidores de “calmantes” mentirosos, por falta de ousadia e honestidade para denunciar pecados.

No mesmo contexto, ainda, Jeremias mostra o lado da moeda que nos convém; “Bendito o homem que confia no Senhor, cuja confiança é o Senhor. Porque será como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; no ano de sequidão não se afadiga, nem deixa de dar fruto.” Vs 7 e 8

sábado, 29 de junho de 2024

Dias maus


“Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento;” Ecl 12;1

Não seria mais fácil, alguém “dedicar-se” a Deus nos seus dias maus, que nos bons? A coerência coloca uma pulga atrás da orelha, um questionamento se, privados pelo tempo, do melhor dos nossos dons, não nos aproximaríamos de Deus, de modo casuísta, oportuno, numa demanda egoísta por socorro, não, por desejo de servir.

Se, no auge de nossa força nos entregarmos à dissolução, como o filho pródigo, não significa que O Pai baterá a porta na nossa cara, voltando-nos, arrependidos, para Ele. Antes, receberá ao suplicante, como fez o pai daquele. Para o amor Divino, salvar alguém “nos acréscimos” como fez com o ladrão na cruz, faz parte do Seu Bendito Ser; Deus É Amor. Como as obras não contam para salvação, mas a fé no Feito de Cristo, quem crê, de coração, mesmo que, no último instante, será salvo.

O questionável é se, tendo alguém vivido na esbórnia nos dias de sua juventude, endurecido o coração no tocante a Deus, entortado a “boca” da alma com o “cachimbo” dos vícios, nos dias em que não tiver mais esse contentamento, volte-se para uma direção que sempre desprezou.

Há uma tendência para certa repetição, nas coisas naturais. “Nasce o sol e se põe, apressa-se e volta ao seu lugar de onde nasceu. O vento vai para o sul, faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo os seus circuitos. Todos os rios vão para o mar, contudo, o mar não se enche; ao lugar para onde os rios vão, para ali tornam a correr.” Ecl 1;5 a 7

O aprendido em tenra idade se torna parte do ser que acompanha aos dias futuros; “Porventura pode o etíope mudar sua pele, ou o leopardo suas manchas? Então podereis fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal.” Jr 13;23

Há urgente importância de sermos dirigidos nas veredas da virtude desde a infância, para que isso molde-nos, para os dias maduros; “Instrui o menino no caminho em que deve andar; até quando envelhecer, não se desviará dele.” Prov 22;6

Se, de coração tenro, alguém foi avesso aos clamores do Divino amor, quando o mesmo coração estiver endurecido, petrificado pela resiliência nos pecados, é pouco provável que se deixe encontrar. Para nosso hipotético pródigo, os dias maus tendem a ser muito maus.

Infelizmente não são todos que têm oportunidade de encontrarem-se com Deus, na juventude. Nessa enganosa idade, tudo parece fácil; quanto mais desafiador, melhor. Tanta adrenalina a pulsar, por que “perder tempo” com exercícios espirituais?

O pensador “tirou as cordas dos jovens; depois, advertiu-os do risco de serem “livres”; “Alegra-te, jovem, na tua mocidade, recreie-se teu coração nos dias da tua mocidade, anda pelos caminhos do teu coração, pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas estas coisas te trará Deus a juízo.” Ecl 11;9

Inegável, que vivemos um tempo de parcas referências espirituais; há mais mercenários, egoístas, que servos de Deus de testemunhos exemplares no horizonte comum. Toda hora um “famoso”, pregador, cantor, é exposto em seu viver miserável, onde, como Esaú, trocou sua “primogenitura” a intimidade com Deus, por um prato de “lentilhas”, a punção dos apetites rasos deveria ter sido tratada na cruz, não, na alcova.

Se, dentre dez expoentes, sete tiverem um bom andar, e três, causarem escândalo, esses três serão “apreciados” enquanto os outros, esquecidos; quando não, medidos com a mesma régua que os que desonraram a sublime chamada ministerial.

Assim como, cada um particular tem seus “dias maus”, tempo em que fraquejam os sentidos físicos, a Igreja também os tem, pela desordenada infiltração de gente indigna que emporcalha às coisas santas.

Paulo advertiu: “nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites que de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando sua eficácia. Destes afasta-te.” II Tim 3;1 a 5

Conversões genuínas são pouco encontráveis, infelizmente. Quem lembrou do Criador em tempo, fez na própria alma, o “bom depósito”, vive seu “albinismo”, rejeitado, mesmo nos ambientes “santos”.

A tendência dos jovens é buscar prazeres naturais. Quem ainda ousar nas coisas espirituais, descobrirá prazeres que escapam à carne, de origem sobrenatural. Invés de se incomodar com o tédio, exercitará sua “radicalidade” na escalada rumo à santificação. “Com que purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme Tua Palavra.” Sal 119;9

sexta-feira, 28 de junho de 2024

Os fiéis e os oportunistas


“Filho do homem, estes homens levantaram seus ídolos nos seus corações, o tropeço da sua maldade puseram diante da sua face; devo Eu, de alguma maneira ser interrogado por eles?” Ez 14;3

Viviam cultuando aos ídolos da sua predileção, alienados do Eterno e Seus preceitos. Todavia, em momentos de crise, de ameaças contra o sossego, pretendiam vir ao profeta do Senhor, então, Ezequiel, e através dele, consultarem ao Eterno sobre suas ansiedades.

O Senhor falou as palavras acima, deixando ver que, Ele não se deixa usar assim, pela maldade e o cinismo de gente espiritualmente obscena. Em horas amenas, cada um segue do seu jeito, alheio a Mim; em tempos de angústia pretendem que Eu lhes sirva por defesa?

Sempre foi assim, infelizmente. No usufruto de saúde, poder, fazem as coisas como lhe dão na telha; em momentos de enfermidade mortal, infortúnio, “Deus”. Hugo Chavez, o finado ditador venezuelano fazia e acontecia contra vidas e direitos alheios de quem se lhe opunha; visitado por um câncer mortal, se dizia, “convalesciendo con Cristo.” Se tivesse vivido com ele, certamente teria Sua ajuda.

Mesmo que morresse, o faria em paz com Ele e com os semelhantes. Não foi o caso.

Nós que tentamos reparar o telhado em dias de tempo bom, somos tidos por fanáticos, fundamentalistas, quando não, expositores de discursos de ódio. Afinal, Deus seria como um pneu reserva, para emergências apenas; será? Em horas de calmaria, por que perturbar às pessoas, com nossa mania de levar A Palavra, tão a sério?

O Criador pretende ser mais que lenitivo nas horas difíceis; “Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3;5 a 8

“Eu sei, ó Senhor, que não é do homem o seu caminho; nem do homem que caminha, dirigir os seus passos.” Jr 10;23

Ainda que Ele seja, “socorro bem presente nas angústias”, pretende estar presente em nossas horas de paz. Quem O “teme” apenas nas emergências, não O conhece. De Levi, O Senhor disse: “Minha Aliança com ele foi de vida e paz; Eu as dei para que temesse; então temeu-me, assombrou-se por causa do Meu Nome.” Ml 2;5 Não careceu uma enfermidade, uma calamidade para que temesse ao Eterno. O Santo Nome bastou.

Os ensinos do Eterno são diretrizes para pautar nosso viver, em todos os dias; sejam ensolarados ou, tempestuosos. Quem devaneia com uma relação “utilitária”, engana a si mesmo, privando-se dos cuidados amorosos do Pai; por sua aversão à disciplina, que visa “compensar” com religiosidade cínica e oportuna, nos seus momentos soturnos.

Deus, malgrado seja Criador, e de nada careça, porque nos ama, toma iniciativa em nos buscar mediante Sua Palavra. “A sabedoria clama lá fora; pelas ruas levanta sua voz. Nas esquinas movimentadas ela brada; nas entradas das portas, nas cidades profere suas palavras: Até quando, ó simples, amareis a simplicidade? Vós escarnecedores, desejareis o escárnio? Vós insensatos, odiareis o conhecimento?” Prov 1;20 a 22

Esse “até quando” busca pelo termo da loucura humana; Einstein dizia: “Duas coisas são infinitas; o universo e a estupidez humana; não estou muito certo, quanto ao universo.”

Embora, a longanimidade Divina, a Santa Paciência uma hora se cansa de chamar os errados ao arrependimento; “... porque clamei e recusastes; estendi Minha Mão e não houve quem desse atenção, antes rejeitastes todo Meu conselho, não quisestes a minha repreensão, também de Minha parte rirei na vossa perdição e zombarei vindo vosso temor. Vindo o vosso temor como a assolação, e vossa perdição como uma tormenta, sobrevirá a vós aperto e angústia. Então clamarão a Mim, mas Eu não responderei; de madrugada Me buscarão, porém não Me acharão.” Prov 1;24 a 28

Assim, voltamos ao caso dos oportunistas dos dias de Ezequiel. Sua alienação nas horas de calmaria, os colocava alheios, em seus pretensos clamores, nas angústias.

Não significa que o fiel não sofra enfermidades, calamidades, etc. Está sujeito às mesmas coisas que todos. Mas, por ter uma relação sadia com O Criador, certamente terá o socorro Nele, seja para o sarar, seja, para permitir repousar em paz. Há casos em que a morte é mais desejável que a cura; Deus, que sabe todas as coisas, certamente escolhe o melhor para os Seus.

Leva a liberdade humana às últimas consequências; permite que cada um creia, expresse, o que quiser. Porém, quando as consequências das escolhas forem danosas, deixa que as recebamos também.

Ama a pureza. Misturas religiosas estão fora do Seu conselho; “... Preparai para vós o campo de lavoura, não semeeis entre espinhos.” Jr 4;3

quinta-feira, 27 de junho de 2024

As Alianças


“Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que Eu te mostrarei.” Gn 12;1
“... Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos Céus.” Mat 3;2

Na primeira abordagem, a chamada a Abrão, para que deixasse tudo, indo após Deus, a uma terra que Ele lhe mostraria. Embora, fosse O Eterno a chamar, se tratava de assuntos da terra. O Criador anelava criar aqui, um povo para Si que lhe fosse propriedade peculiar, e O representasse diante dos demais. “Agora, pois, se diligentemente ouvirdes Minha Voz e guardardes Minha Aliança, então sereis Minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda Terra é Minha.” Ex 19;5

Isso foi dito algumas gerações adiante ao povo que derivara da promessa Divina a Abrão, que teve seu nome mudado para Abraão, porque, vocacionado em Deus, e ser pai de muitos povos.

Mateus apresentou um rol de gerações dede Abraão, até chegar a José, pai adotivo de Jesus Cristo. Resumiu sua lista assim: “De sorte que todas as gerações, desde Abraão até Davi, são catorze gerações; de Davi até a deportação para a babilônia, catorze gerações; da deportação para Babilônia até Cristo, catorze gerações.” Mat 1;17

Através de Jesus Cristo, enfim, foi cumprida a promessa de muitos povos descendendo de Abraão. Uma descendência, agora, espiritual. Paulo ensina: “Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o Evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti. De sorte que os que são da fé são benditos com o crente Abraão.” Gál 3;8 e 9

Adiante, explica: “As promessas foram feitas a Abraão e sua descendência. Não diz: Às descendências, como falando de muitas, mas como de uma só: À tua descendência, que é Cristo.” V 16

Se, a chamada a Abrão, atinava a estabelecer uma nação sobre a terra, a mensagem de Cristo, desde Seu precursor, João Batista, atina para um alvo mais alto; “Arrependei-vos porque é chegado O Reino dos Céus!”

O povo eleito recusou-se a produzir os frutos que O Eterno desejava. Isaías alegorizou: “Que mais se podia fazer à Minha vinha, que Eu não tenha feito? Por que, esperando que desse uvas boas, veio a dar uvas bravas?” Is 5;4

Depois, explicou: “A vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel, os homens de Judá são a planta das suas delícias; esperou que exercesse juízo, eis aqui opressão; justiça, eis aqui clamor.” V 7

Certamente, num contraponto Divino à videira degenerada, O Salvador disse: “Eu Sou a videira verdadeira, Meu Pai É O Lavrador. Toda a vara em Mim, que não dá fruto, tira; limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais.” Jo 15;1 e 2

Inegável que, o “povo eleito”, são os hebreus, descendentes de Abraão. Mas, ante a superioridade do elo espiritual sobre o carnal, esse, perde relevância em função daquele, como disse com duro linguajar, João Batista: “Não presumais, de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque Eu vos digo que, mesmo destas pedras, Deus pode suscitar filhos a Abraão.” Mat 3;9

Se eles, na Antiga Aliança tiveram o privilégio e a reponsabilidade de representar Deus, em Cristo, essas coisas pertencem a todos. “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, povo adquirido, para que anuncieis as virtudes Daquele que vos chamou das trevas para Sua maravilhosa luz; vós, que noutro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia.” I Ped 2;9 e 10

Se aqueles, produzindo frutos indesejáveis a Deus, foram rejeitados, mesmo como menos informações, e sem o auxílio do Espírito Santo, que temos, como será conosco, caso, caiamos no mesmo erro? “Porque a terra que embebe a chuva, que muitas vezes cai sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a bênção de Deus; mas a que produz espinhos e abrolhos, é reprovada, perto está da maldição; seu fim é ser queimada. Mas de vós, ó amados, esperamos coisas melhores, coisas que acompanham a salvação, ainda que assim falamos.” Heb 6;7 a 9

A questão à qual devemos responder, inquieta: “Porque, se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, toda a transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição, como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que ouviram?” Heb 2;2 e 3

“Vede que não rejeiteis ao que fala; porque, se não escaparam aqueles que rejeitaram o que na terra os advertia, muito menos nós, se nos desviarmos Daquele que É dos Céus;” Heb 12;25

terça-feira, 25 de junho de 2024

A dor de viver


“Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente;” II Cor 4;17

Quais foram os sofrimentos de Paulo por amor a Cristo, aos quais, chamou de leve e momentânea tribulação? Um pouco, narrou:

“Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; em viagens muitas vezes, em perigos de rios, de salteadores, dos da minha nação, dos gentios, na cidade, no deserto, no mar, em perigos entre os falsos irmãos; em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes; fome, sede, jejum muitas vezes, frio e nudez. Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas.” Cap 11;24 a 28

Tendo sofrido essas coisas, valorou-as como leve e momentânea tribulação; no verso seguinte explicou: “Não atentando nós nas coisas que se vê, mas nas que se não vê; porque as que se vê são temporais, as que se não vê são eternas.” V 18

Vendo nossas dores apenas da perspectiva terrena, duvidaremos da sapiência de servirmos a Jesus Cristo. Dado que, os que levam as vidas às suas errôneas maneiras, eventualmente, não sofrem nada semelhante.

A sina dos maus, em geral parece muito melhor que a nossa. Coisa que observou Asafe; “Não se acham em trabalhos como outros homens, nem são afligidos. Por isso a soberba os cerca como um colar; vestem-se de violência como de adorno. Os olhos deles estão inchados de gordura; têm mais do que o coração poderia desejar. São corrompidos e tratam maliciosamente de opressão; falam arrogantemente. Põem suas bocas contra os Céus, suas línguas andam pela terra.” Sal 73;5 a 9

Chegou a cogitar que preservar-se na pureza tivesse sido má escolha; “Na verdade que em vão tenho purificado meu coração; lavei minhas mãos na inocência. Pois todo dia tenho sido afligido, castigado cada manhã.” Vs 13 e 14
Depois, refez: “Se eu dissesse: Falarei assim; eis que ofenderia a geração de Teus filhos.” V 15

Então, fez a leitura correta de como toda aquela prosperidade e opulência arrogantes eram efêmeras. “Até que entrei no santuário de Deus; então entendi o fim deles. Certamente Tu os puseste em lugares escorregadios; Tu os lanças em destruição. Como caem na desolação, quase num momento! Ficam totalmente consumidos de terrores.” Vs 17 a 19

Ninguém consegue fazer uma leitura acurada do propósito da vida, sem entrar no Santuário de Deus.

As dores necessárias para quem abraça a santidade num mundo que prefere o pecado, podem ser aquilatadas como “breve e momentânea tribulação,” porque são vistas tendo a eternidade como “pano de fundo”. Quem não consegue ir além do imanente, achará qualquer, frustração, mera, pontual, um sofrimento muito grande.

Por isso Paulo aconselha a “atentarmos para as coisas que não se vê”, pois, em contraponto com elas, nossas dores, por grandes que sejam, se nos mostrarão com um peso bem menor. Na eternidade nossa riqueza nos espera: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19

A maturidade espiritual não prescreve que neguemos as dores que sentimos, tampouco, sejamos insensíveis à dor do próximo. Apenas, ampliando o horizonte do nosso ponto-de-vista, os dias de dores empalidecem ao gozo que está proposto.

Há uma qualidade didática nas dores, para nosso aperfeiçoamento, tanto que, O Senhor prefere passar por elas conosco, a livrar-nos; “Quando passares pelas águas estarei contigo, quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.” Is 43;2

Enfim, vida eterna, diferente do que possa pensar alguém desavisado, não é uma dádiva que receberemos após a morte; é um modo de viver a nós prescrito, que deve começar agora, ainda na fragilidade da vida terrena; “Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado, tendo já feito boa confissão diante de muitas testemunhas.” I Tim 6;12

Tem sua dieta peculiar: “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Ped 2;2

Sua academia: “... exercita a ti mesmo em piedade; porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” I Tim 4;7 e 8

Dores são inevitáveis, mas, produzirão um “peso de glória excelente”. Vida sem sofrimento, não é, necessariamente, vitoriosa; pode ser a oposição ninando nosso berço, para que sigamos dormindo. “A calmaria que te faz dormir, é mais perigosa que a tormenta que te mantém acordado.”

domingo, 23 de junho de 2024

A excelência da força


“Corroborados em toda fortaleza, segundo a força da Sua Glória, em toda a paciência, e longanimidade com gozo;” Col 1;11

Paulo escrevendo aos cristãos de Colossos, entre outras coisas, desejando essas. Que eles fossem confirmados em toda fortaleza, segundo a força da Glória de Deus.

Em geral, pensamos em força como a aptidão para fazer as coisas difíceis, que escapam aos fracos; não é errada essa ideia. Entretanto, para entendermos quais são as que nos são demandadas, precisamos algo que vai além de força; luz espiritual.

É mais difícil dominar-se, que exercitar-se em mansidão, crucificar às próprias paixões, que dominar outros. “Melhor é o que tarda em irar-se que o poderoso; o que controla seu ânimo, que aquele que toma uma cidade.” Prov 16;32

Soren Kirkegaard, o filósofo dinamarquês versou sobre dominar a muitos: “Para dominar às multidões - disse - basta conhecer as paixões humanas, certo talento e boa dose de mentiras.” 

Para ser mentiroso com conhecimento sobre as inclinações naturais, não é preciso força; com um reles talento para o engano, qualquer um arrebanha muitos; como a realidade mostra, infelizmente. Há tantos patifes que eu não receberia em minha casa, que montam verdadeiros impérios apenas com esses “dons.”

Qual tipo de força, O Senhor, através de Paulo, estava requerendo? “... a força da Sua Glória em toda paciência, e longanimidade com gozo.” Ora, a força da paciência é a capacidade de suportar; não, de fazer acontecer. A longanimidade é um paralelismo; desdobramento da mesma ideia.

Deus espera muito pela mudança dos errados de espírito; embora essa espera não perdure indefinidamente. “Estas coisas tens feito, e Me calei; pensavas que era tal como tu, mas Eu te arguirei, as porei por ordem diante dos teus olhos.” Sal 50;21 Isso contra um, que, fazendo menção de Deus, escondia muitos “esqueletos” no armário. Vivia à sua ímpia maneira, achando que o silêncio Divino significava aprovação.

O Senhor nos capacita à paciência, para que lhe sejamos imitadores. “Sede vós pois, perfeitos, como É Perfeito vosso Pai que está nos Céus.” Mat 5;48

Por isso, Paulo encorajou-nos a fazer como ele; “Sede meus imitadores, como também eu de Cristo.” I Cor 11;1

No âmbito espiritual as coisas não se desdobram como no aparente. Eventualmente, lutamos quando parece que fugimos à luta. Um dos ladrões crucificados ao lado do Senhor desejava que Ele mostrasse Seu poder, descendo da cruz, e os tirando também. Essa seria, para ele, a demonstração cabal da Força de Jesus. Aos Olhos de Deus, levar a Sua Vontade até às últimas consequências, no caso, à morte, foi a excelência, a Vitória Maiúscula do Salvador.

Aos mesmos colossenses, Paulo interpretou o significado da “não resistência” de Jesus Cristo. “Despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em Si mesmo.” Col 2;15 

A “filosofia” do Capeta, exposta no caso de Jó: “Pele por pele, tudo que homem tem, dará pela sua vida”, Jó 2;4 Foi desmentida, quando, O Filho do Homem deu Sua Vida pela observância da Vontade de Deus. Eis uma força, até então, desconhecida!

O problema que confunde aos obtusos, é que desejam nos ver lutando segundo a carne, quando o estamos fazendo, em espírito. Pois, “O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e de ninguém é discernido.” I Cor 2;14 e 15

Paulo aconselhou aos irmãos colossenses, pois, que sofressem o necessário por amor ao Senhor, “... com gozo.” 

Não se trata de masoquismo; que tenhamos algum prazer com a dor. Antes, que devemos ter em mente, quão honroso é, sofrermos pela nossa identificação com O Homem de Dores, que sofreu por nós; como fizeram os apóstolos quando açoitados por isso. “Retiraram-se, pois, da presença do conselho, regozijando-se de terem sido julgados dignos de padecer afronta pelo Nome de Jesus.” Atos 5;41

Se a resiliência deles em defesa da verdade provocou a fúria da oposição, isso significava que estavam no caminho certo. Pedro aconselhou que imitemos àquelas pisadas: “Porque é coisa agradável, que alguém, por causa da consciência para com Deus, sofra agravos, padecendo injustamente.” I Ped 2;19

Invés da capacidade para vingarmos uma injustiça, sofrermos à mesma, sem permitirmos que nossa confiança no Justo Juiz seja abalada; eis a força que nos foi dada, na qual, devemos nos exercitar!

Enfim, “cristãos” que “não levam desaforos para casa”, certamente precisam avaliar com honestidade, para ver se Cristo está nas suas casas. Se Ele, tão esplêndido, não aparecer no seu modo de agir, talvez nem esteja; pois, “... não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;” Mat 5;14